Digha Nikaya 33
Sangiti Sutta
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1.1. Assim
ouvi. Em certa ocasião, o Abençoado estava viajando em Malla com uma grande
sangha de bhikkhus, com quinhentos bhikkhus. Chegando em Pava, a capital Malla,
ele ficou no mangueiral do ferreiro Cunda.
1.2. Agora,
naquela ocasião, um novo salão para assembléias, chamado Ubbhataka, havia sido
construído recentemente para os Mallas de Pava e ele ainda não havia sido
habitado de modo nenhum por nenhum contemplativo ou brâmane ou ser humano.
Tendo ouvido que o Abençoado estava no mangueiral de Cunda, os Mallas de Pava
foram vê-lo. Depois de cumprimentá-lo eles sentaram a um lado e disseram:
“Venerável senhor, um novo salão para assembléias, chamado Ubbhataka, foi
recentemente construído para os Mallas de Pava e ele ainda não foi habitado de
modo nenhum por nenhum contemplativo ou brâmane ou ser humano. Venerável
senhor, que o Abençoado seja o primeiro a usá-lo. Depois que o Abençoado tiver
primeiro usado o salão, então, os Mallas de Pava irão usá-lo. Isso será para a
felicidade e bem-estar deles por muito tempo.”
1.3. O
Abençoado concordou em silêncio. Então, quando eles viram que ele havia
concordado, eles se levantaram dos seus assentos e depois de homenagear o
Abençoado, mantendo-o à sua direita, foram até o salão de assembléias. Eles
cobriram o salão completamente com coberturas e prepararam assentos, e eles
arranjaram um grande jarro com água e penduraram uma lamparina de azeite.
Então, eles foram até o Abençoado e depois de cumprimentá-lo, ficaram em pé a
um lado e relataram o que haviam feito, acrescentando: “Agora é o momento para
o Abençoado fazer aquilo que julgar adequado.”
1.4. Então,
o Abençoado se vestiu e tomando a sua tigela e o manto externo, foi com a Sangha
dos bhikkhus até o salão de assembléias. Ao chegar, ele lavou os pés e depois
entrou no salão e sentou próximo à coluna central olhando para o leste. E os
bhikkhus lavaram os pés e depois entraram no salão e sentaram na parede do lado
oeste olhando para o leste, com o Abençoado à sua frente. E os Mallas de Pava
lavaram os pés e entraram no salão e sentaram na parede do lado leste olhando
para o oeste, com o Abençoado à sua frente. Então, o Abençoado, até tarde da
noite, instruiu, motivou, estimulou e encorajou os Mallas de Pava com um
discurso do Dhamma. Então, ele os dispensou dizendo: “Vasetthas, a noite já
terminou. Agora façam aquilo que julgarem adequado.” - “Muito bem, venerável
senhor,” os Mallas responderam. Então, os Mallas homenagearam o Abençoado e
mantendo-o à sua direita, partiram.
1.5. Assim
que os Mallas haviam partido o Abençoado inspecionando a comunidade de bhikkhus
sentados em silêncio, disse para o venerável Sariputta: “Os bhikkhus estão
livres da preguiça e torpor, Sariputta. Sariputta, discurse o Dhamma para eles.
As minhas costas estão me incomodando. Eu irei descansá-las.” - “Sim, venerável
senhor,” o venerável Sariputta respondeu. Então, o Abençoado dobrou em quatro o
seu manto feito de retalhos e deitou no seu lado direito, na postura do leão,
com um pé sobre o outro, atento e plenamente consciente, após anotar na mente o
horário para levantar.
1.6. Agora,
naquela ocasião, o Nigantha Nataputta havia acabado de falecer em Pava. Com a
sua morte os Niganthas se dividiram, partiram ao meio; envolvidos em rixas e
brigas... (igual ao DN 29.1). Parecia que não havia
nada além de um massacre entre os discípulos de Nigantha Nataputta. E os
discípulos leigos, vestidos de branco, estavam desgostosos, consternados e
desapontados com os discípulos de Nigantha Nataputta. E sentiam-se da mesma
forma em relação ao Dhamma e Disciplina dele, que havia sido mal proclamado e
mal exposto, que não conduzia à emancipação, não conduzia à paz, exposto por
alguém que não era perfeitamente iluminado; agora eles estavam com o santuário
quebrado, sem um refúgio.
1.7. E o
venerável Sariputta se dirigiu aos bhikkhus, referindo-se àquela situação,
dizendo: “Tão mal proclamada era a sua doutrina e disciplina, tão mal exposta e
tão ineficaz em conduzir à emancipação a à paz, doutrina esta exposta por
alguém que não era perfeitamente iluminado. Mas, amigos, este Dhamma foi bem
proclamado pelo Abençoado, um arahant, perfeitamente iluminado. E assim nós
deveríamos recitá-lo juntos [1] sem
dissensões, para que esta vida santa possa continuar e se manter durante muito
tempo, pelo bem-estar e felicidade de muitos, com compaixão pelo mundo, pelo
bem, pelo bem-estar e felicidade de devas e humanos. E qual é o Dhamma que foi
bem proclamado pelo Abençoado ... ?
“Há uma
coisa que foi perfeitamente proclamada pelo Abençoado que sabe e vê, o Buda
perfeitamente iluminado. E assim nós deveríamos recitá-la juntos ... pelo
bem-estar e felicidade de devas e humanos.
1.8. “Qual é essa uma coisa? (eko dhammo).
(1) “Todos
os seres se mantêm por meio do alimento, (aharatthitika).
(2) “Todos
os seres se mantêm por meio de condições, (sankharatthitika).
1.9. “Há [conjuntos de] duas coisas que foram perfeitamente proclamadas
pelo Abençoado ... Quais são elas?
(1) “Mentalidade-materialidade (nome e forma), (naman ca rupan ca).
(2)
“Ignorância e desejo por ser/existir, (avijja ca bhavatanha ca).
(3) “A
idéia da existência e a idéia da não existência, (bhava-ditthi ca vibhava-ditthi ca).
(4)
“Ausência de vergonha de cometer transgressões e ausência de temor de cometer
transgressões, (ahirikan ca anottappan ca).
(5)
“Vergonha de cometer transgressões e temor de cometer transgressões, (hiri ca ottappan ca).
(6) “Rudeza
e simpatia pelo prejudicial, (dovacassata ca papamittata ca).
(7)
“Gentileza e simpatia pelo benéfico, (sovacassata ca kalyanamittata ca).
(8)
“Habilidade de compreender as transgressões e os procedimentos para
reabilitação, (apatti-kusalata ca apatti-vutthana-kusalata ca).
(9)
“Habilidade de entrar e sair dos jhanas, (samapatti-kusalata ca
samapatti-vutthana-kusalata ca).
(10)
“Habilidade de compreender os dezoito elementos [2] e habilidade para prestar atenção neles, (dhatu-kusalata ca
manasikara-kusalata ca).
(11)
“Habilidade de compreender as doze bases dos sentidos, (ayatana-kusalata) e
a origem dependente.
(12)
“Habilidade de compreender o que são causas e o que não são, (thana-kusalata
ca atthana-kusalata).
(13) “Honestidade e modéstia, (ajjavan ca lajjavan ca).
(14) “Paciência
e gentileza, (khanti ca soraccan ca).
(15)
“Linguagem gentil e cortesia, (sakhalyan ca patisantharo ca).
(16) “Não
crueldade e pureza, (avihimsa ca soceyyan ca).
(17) “Falta
de atenção plena e de plena consciência, (muttha-saccan ca asampajannan ca).
(18)
“Atenção plena e plena consciência, (sati ca sampajannan ca).
(19)
“Portas dos sentidos desguardadas e falta de contenção na alimentação, (in-driyesu
aguttadvarata ca bhojane amattannuta ca).
(20)
“Portas dos sentidos guardadas e contenção na alimentação, (... guttadvairata
... mattannuta).
(21)
“Poderes de reflexão e poderes de desenvolvimento mental, [3] (pati-sankhana-balan ca bhavana-balan ca).
(22)
“Poderes de atenção plena e concentração, (sati-balan ca samadhi-balan ca).
(23)
“Tranqüilidade e insight, (samatho ca vipassana ca).
(24) “O
sinal da tranqüilidade e a apreensão do sinal, (samatha-nimittan ca
paggaha-nimittan ca).
(25)
“Esforço e não distração, (paggaho ca avikheppo ca).
(26)
“Realização da virtude e realização do entendimento correto, (sila-sampada ca
ditthi-sampada ca).
(27)
“Fracasso na realização da virtude e fracasso no entendimento, (sila-vipatti ca
ditthi-vipatti ca).
(28)
“Purificação da virtude e purificação do entendimento, (sila-visuddhi ca ditthi-visuddhi
ca).
(29) “Purificação
do entendimento e o esforço para realizá-lo, (ditthi-visuddhi kho pana yatha
ditthissa ca padhanam).
(30) “Ter
um sentimento de urgência por aquilo que qualquer pessoa deveria ter, e o
esforço sistemático de alguém que assim esteja motivado, (samvego ca
samvejaniyesu thanesu samviggassa ca yoniso padhanam).
(31) “Não
estar satisfeito apenas com ações benéficas e não se esquivar do esforço, (asantutthita
ca kusalesu dhammesu appati-vanita ca padhanasmim).
(32)
“Conhecimento e libertação, (vijja ca
vimutti ca).
(33)
“Conhecimento da destruição das impurezas e conhecimento da sua não-reaparição, (khaye
ñanam anuppade ñanam).
“Esses são os [conjuntos de] duas coisas que foram perfeitamente proclamadas pelo Abençoado ...
E assim nós deveríamos recitá-las juntos ... pelo bem-estar e felicidade de
devas e humanos.
1.10. “Há [conjuntos de] três coisas ... Quais são elas?
(1) “Três raízes inábeis e prejudiciais: cobiça, raiva, delusão, (lobho
akusala-mulam, doso akusala-mulam, moho akusala-mulam).
(2) “Três raízes hábeis e benéficas: não-cobiça, não-raiva, não-delusão,
(alobho ...).
(3) “Três
tipos de conduta incorreta: através do corpo, linguagem e mente, (kaya-duccaritam,
vaca-duccaritam, mano-duccaritam).
(4) “Três tipos
de conduta correta: através do corpo, linguagem e mente, (kaya-succaritam
...).
(5) “Três
tipos de pensamento inábil e prejudicial, (akusala-vitakka):
sensual, má vontade, crueldade, (kama-vitakko, vyapada- vitakko,
vihimsa-vitakko).
(6) “Três tipos
de pensamento hábil e benéfico: renúncia, (nekkhamma-vitakko), boa
vontade, não crueldade.
(7) “Três
tipos de pensamento inábil e prejudicial, (sankappa): por meio do
sensual, má vontade, crueldade.
(8) “Três
tipos de pensamento hábil e benéfico: por meio da renúncia, boa vontade, não-crueldade.
(9) “Três
tipos de percepção inábil e prejudicial, (sañña): do sensual, má
vontade, crueldade.
(10) “Três
tipos de percepção hábil e benéfica: da renúncia, boa vontade, não-crueldade.
(11) “Três
elementos inábeis e prejudiciais, (dhatuyo): sensual, má vontade,
crueldade.
(12) “Três
elementos hábeis e benéficos: renúncia, boa vontade, não-crueldade.
(13) “Mais três elementos: o elemento desejo sensual,[4]
o elemento matéria sutil (ou com forma), o elemento imaterial (ou sem forma) (kama-dhatu,
rupa-dhatu, arupa-dhatu).
(14) “Mais
três elementos: o elemento matéria sutil, o elemento imaterial, o elemento
cessação [5], (rupa-dhatu, arupa-dhatu,
nirodha-dhatu).
(15) “Mais
três elementos: o elemento inferior, o elemento médio, o elemento sublime, (hina
dhatu, majjhima dhatu, panita dhatu).
(16) “Três tipos de desejo: desejo sensual, desejo por ser/existir,
desejo por não ser/existir, (kama-tanha, bhava-tanha, vibhava-tanha).
(17) “Mais
três tipos de desejo: desejo pelo reino da esfera sensual, pelo reino da
matéria sutil, pelo reino imaterial, (kama-tanha, rupa-tanha, arupa-tanha).
(18) “Mais
três tipos de desejo: pelo reino da matéria sutil, pelo reino imaterial, pela
cessação, (igual ao (14)).
(19) “Três
grilhões, (samyojanani): idéia da existência de um eu, dúvida,
apego a preceitos e rituais, (sakkaya-ditthi, vicikiccha, silabbata-paramaso).
(20) “Três
impurezas, (asava): desejo sensual, desejo por ser/existir, ignorância,
(kamasavo, bhavasavo, avijjasavo).
(21) “Três
tipos de ser/existir: no reino da esfera sensual, no reino da matéria sutil, no
reino imaterial, (kama-bhavo,
rupa-bhavo, arupa-bhavo).
(22) “Três
buscas: por desejos sensuais, por ser/existir, pela vida santa, (kamesana,
bhavesana, brahmacariyesana).
(23) “Três
formas de presunção: ‘Eu sou superior a ...’, ‘Eu sou igual a ...’, ‘Eu sou
inferior a ...’, (“seyyo 'ham asmiti”
vidha, “sadiso 'ham asmiti” vidha, “hino 'ham asmiti” vidha).
(24) “Três
tempos: passado, futuro, presente, (atito addha, anagato addha, paccuppanno
addha).
(25) “Três
‘finais’, (anta): [6] da identidade, da
origem da identidade, da cessação da identidade, (sakkaya anto, sakkaya-samudayo anto,
sakkaya-nirodho anto).
(26) “Três sensações: prazerosa,
desprazerosa, nem prazerosa, nem desprazerosa, (sukha vedana dukkha vedana,
adukkham-asukha vedana).
(27) “Três
tipos de sofrimento: devido à dor, inerente às formações, devido à mudança, (dukkha-dukkhata,
sankhara-dukkhata, viparinama-dukkhata).
(28) “Três
acumulações: ruim com resultado fixo; [7] bom com resultado fixo; [8] indeterminado, (micchatta-niyato rasi, sammatta-niyato rasi,
aniyato-rasi).
(29) “Três
obscurecimentos, (tama): hesitação, (kankhati), dúvida. (vicikicchati),
indecisão, (nadhimuccati), incerteza, (na sampasidati), com
relação ao passado, ao futuro e ao presente.
(30) “Três
coisas contra as quais um Tathagata não precisa se proteger: um Tathagata tem a
conduta corporal, verbal e mental perfeitamente purificada, (parisuddha-kaya-,
-vaca-, -mano-samacaro). Não há ação inábil com o corpo, linguagem ou mente
que ele tenha que ocultar para que não seja do conhecimento dos outros.
(31) “Três
obstáculos: cobiça, raiva, delusão, (rago kincanam, dosa kincanam, moho
kincanam).
(32) “Três
fogos: cobiça, raiva, delusão, (ragaggi, dosaggi, mohaggi).
(33) “Mais
três fogos: o fogo daqueles que devem ser reverenciados, do chefe de família,
daqueles dignos de oferendas, (ahuneyyaggi, gahapataggi, dakkhineyyaggi).
(34)
“Classificação tríplice das formas: visível e resistente, invisível e
resistente, invisível e não resistente, (sanidassana-sappatigham rupam,
anidassana-sappatigham rupam, anidassana-appatigham rupam).
(35) “Três
tipos de formação de kamma: meritória, demeritória, imperturbável, [9], (punnabhisankharo, apunnabhisankharo,
anenjabhisankharo).
(36) “Três
pessoas: o treinando, além do treinamento, nenhum dos dois, (sekho puggalo,
asekho puggalo, n'eva sekho nasekho puggalo).
(37) “Três seniores: por idade, no Dhamma, por convenção, (jati-thero,
dhamma-thero, sammuti-thero).
(38) “Três
fundamentos para o mérito: generosidade, virtude, meditação, (danamayam
punna-kiriya-vatthu, silamayam punna-kiriya-vatthu, bhavanamaya
punna-kiriya-vatthu).
(39) “Três
fundamentos para a censura: baseado no que foi visto, ouvido e suspeitado, (ditthena,
sutena, parisankaya).
(40) “Três
tipos de renascimento no reino da esfera sensual, (kamupapattiyo):[10] Há seres que desejam aquilo que se lhes
apresenta, (paccuppatthita-kama), e que são aprisionados por esse
desejo, tal qual os seres humanos, alguns devas e alguns nos estados
miseráveis. Há seres que desejam aquilo que eles criaram, (nimmita-kama),
... tal qual os devas que se deliciam com a criação, (Nimmanarati). Há
seres que se deliciam com a criação dos outros, ... tal qual os devas que
exercem poder sobre a criação de outros, (Paranimmita-vasavatti).
(41) “Três
renascimentos felizes, (sukhupapattiyo): Há seres que, tendo produzido a
felicidade de modo contínuo, agora permanecem com a felicidade, tal qual os
devas do cortejo de Brahma. Há seres que transbordam felicidade, imersos na
felicidade, cheios de felicidade, encharcados de felicidade, de modo que de
tempos em tempos eles exclamam: “Oh! Que bem-aventurança!” assim são os devas
do Abhassara. Há seres ... imersos na
felicidade, que na bem-aventurança suprema, experimentam apenas a perfeita
felicidade, assim são os devas do Subhakinna.
(42) “Três
tipos de sabedoria: do treinando, do além do treinamento, de nenhum dos dois
(igual ao 36).
(43) “Mais
três tipos de sabedoria: baseada no estudo [audição], no pensamento, no
desenvolvimento da mente [meditação], (sutamaya-pañña, cintamaya-pañña,
bhavanamaya-pañña).
(44) “Três
armamentos, [11] (avudhani): aquilo que ele aprendeu, desapego, sabedoria, (sutavudham,
pavivekavudham, paññavudham).
(45) “Três
faculdades: saber que irá compreender aquilo que é desconhecido, do
conhecimento superior, daquele que sabe, (anannatam- nassamitindriyam,
annindriyam, annata-v-indriyam).
(46) “Três
olhos: o olho carnal, o olho divino, o olho da sabedoria, (mamsa-cakkhu,
dibba-cakkhu, pañña-cakkhu).
(47) “Três
tipos de treinamento: virtude superior, mente superior, sabedoria superior, (adhisila-sikkha,
adhicitta-sikkha, adhipañña-sikkha).
(48) “Três
tipos de desenvolvimento: corpo, mente, sabedoria, (kaya-bhavana,
citta-bhavana, pañña-bhavana).
(49) “Três
insuperáveis: visão, prática, libertação, (dassananuttariyam,
patipadanuttariyam, vimuttanuttariyam).
(50) “Três tipos de concentração: com o pensamento aplicado e
sustentado, com o pensamento sustentado sem o pensamento aplicado, sem nenhum
dos dois, [12] (savitakko savicaro
samadhi, avitakko vicara-matto samadhi, avitakko avicaro samadhi).
(51) “Mais
três tipos de concentração: vacuidade, sem sinais, não dirigida, [13]
(suññato samadhi,
animitto samadhi, appanihito samadhi).
(52) “Três
purezas: corpo, linguagem, mente, (kaya-socceyyam, vaca-socceyyam,
mano-socceyyam).
(53) “Três
qualidades de um sábio: com relação ao corpo, linguagem e mente, [14]
(kaya-moneyyam, vaca-moneyyam, mano-moneyyam).
(54) “Três
habilidades: progredir, retroceder, meios hábeis, [15] (aya-kosallam, apaya-kosallam, upaya-kosallam).
(55) “Três
tipos de embriaguez: com a saúde, com a juventude, com a vida, [16]
(arogya-mado, yobbana-mado, jivita-mado).
(56) “Três
influências predominantes: da própria pessoa, do mundo, do Dhamma, (attadhipateyyam,
lokadhipateyyam, dhammadhipateyyam).
(57) “Três
tópicos para discussão: sobre o passado: ‘Assim é como era’; sobre o futuro:
‘Assim é como será’; sobre o presente: ‘Assim é como é agora.’
(58) “Três conhecimentos: das próprias vidas passadas, da morte e
renascimento dos seres, da destruição das impurezas, (pubbenivasanussati-ñanam
vijja, sattanam cutupapate ñanam vijja, asavanam khaye ñanam vijja).
(59) “Três
permanências: devas, Brahma, nobre, [17] (dibbo
viharo, Brahma-viharo, ariyo viharo).
(60) “Três
milagres: poderes espirituais, telepatia, ensinamentos, [18]
(iddhi-patihariyam, adesana-patihariyam,
anusasani-patihariyam).
“Esses são os [conjuntos de] três coisas que foram perfeitamente proclamadas pelo Abençoado ...
E assim nós deveríamos recitá-las juntos ... pelo bem-estar e felicidade de
devas e humanos.
1.11. “Há [conjuntos de] quatro coisas ... Quais são elas?
(1) “Quatro fundamentos da atenção plena: Aqui, um bhikkhu permanece
contemplando o corpo como um corpo, ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Ele
permanece contemplando as sensações como sensações ... mente como mente ... os
objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.[19]
(2) ‘Quatro esforços corretos, (sammappadhana): Aqui, um bhikkhu
gera desejo para que não surjam estados ruins e prejudiciais que ainda não
surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se
esforça. Ele gera desejo de abandonar estados ruins e prejudiciais que já
surgiram ... ele gera desejo para que
surjam estados benéficos que ainda não surgiram ... gera desejo para a
continuidade, o não desaparecimento, o fortalecimento, o incremento e a
realização através do desenvolvimento de estados benéficos que já surgiram e
ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça.[20]
(3) “Quatro bases do poder espiritual, (iddhipada): Aqui um
bhikkhu desenvolve a base do poder espiritual que possui concentração devido ao
desejo e às formações volitivas do esforço ... devido à energia ... devido à
mente ...devido à investigação e às formações volitivas do esforço.[21]
(4) “Quatro jhanas: Aqui um bhikkhu afastado dos prazeres sensuais, afastado das qualidades não hábeis, entra e permanece no primeiro jhana, que é caracterizado pelo pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos do afastamento. Abandonando o pensamento aplicado e sustentado, um bhikkhu entra e permanece no segundo jhana, que é caracterizado pela segurança interna e perfeita unicidade da mente, sem o pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos da concentração. Abandonando o êxtase, um bhikkhu entra e permanece no terceiro jhana que é caracterizado pela felicidade sem o êxtase, acompanhada pela atenção plena, plena consciência e equanimidade, acerca do qual os nobres declaram: ‘Ele permanece numa estada feliz, equânime e plenamente atento.’ Com o completo desaparecimento da felicidade, um bhikkhu entra e permanece no quarto jhana, que possui nem felicidade nem sofrimento, com a atenção plena e a equanimidade purificadas.
(5) “Quatro desenvolvimentos da concentração, (samadhi-bhavana).
Há o desenvolvimento da concentração que, quando desenvolvida e cultivada,
conduz (a) a uma permanência prazerosa aqui e agora, (ditthadhamma-sukha), (b) à realização
do conhecimento e visão, (ñana-dassana-patilabha), (c) à atenção plena e
plena consciência, (sati-sampajanna), (d) ao fim das impurezas, (asavanam
khaya). [22]
(6) “Quatro libertações imensuráveis. Aqui um bhikkhu com o coração pleno de amor bondade, permanece permeando
o primeiro quadrante com a mente imbuída de amor bondade, da mesma forma o
segundo, da mesma forma o terceiro, da mesma forma o quarto; assim acima,
abaixo e em volta, e em todos os lugares, para todos bem como para si mesmo,
ele permanece permeando o mundo todo com a mente imbuída de amor bondade,
abundante, transcendente, imensurável, sem hostilidade e sem má vontade. Ele
permanece permeando o primeiro quadrante com a mente imbuída de compaixão ... com a mente imbuída de alegria
altruísta ... com a mente imbuída de
equanimidade … abundante, transcendente, imensurável, sem hostilidade e sem má
vontade. Isso é chamado de libertação imensurável da mente. [23]
(7) “Quatro realizações imateriais. Aqui um bhikkhu com a completa superação das percepções da forma, com o desaparecimento das percepções do contato
sensorial, sem dar atenção às percepções da diversidade, consciente de que o
‘espaço é infinito,’ ele entra e permanece na base do espaço infinito. Com a
completa superação da base do espaço infinito, consciente de que a ‘consciência
é infinita,’ ele entra e permanece na base da consciência infinita. Com a
completa superação da base da consciência infinita, consciente de que ‘não há
nada,’ ele entra e permanece na base do nada. Com a completa superação da base
do nada, ele entra e permanece na base da nem percepção, nem não-percepção.
(8) “Quatro
controles, (apassenani): Aqui um bhikkhu avalia que uma coisa deve ser
desenvolvida, uma coisa dever suportada, uma coisa deve ser evitada, uma coisa
deve ser suprimida. [24]
(9) “Quatro tradições dos nobres, (ariya-vamsa). Aqui um bhikkhu
(a) está satisfeito com qualquer tecido para um manto. Ele enaltece o
contentamento com qualquer tecido para um manto. Por causa do tecido para um
manto ele não faz nada que seja inadequado ou não apropriado. Não obtendo o
tecido ele não fica agitado. Obtendo o tecido, ele o utiliza sem gerar apego,
desencantado, sem culpa, vendo as
desvantagens (resultantes do apego ) e discernindo como escapar dele. Por conta
da sua satisfação com qualquer tecido para um manto, ele não exalta a si mesmo
e nem menospreza os outros . Nisso ele é habilidoso, energético, alerta e
plenamente atento. Dessa forma, bhikkhus, se caracteriza um bhikkhu que se
mantém firme nas antigas e originais tradições dos Nobres. Além disso, (b) ele está
satisfeito com qualquer alimento esmolado... Além disso, (c) ele está satisfeito com
qualquer moradia... Além disso, (d) ele encontra prazer e alegria no
desenvolvimento (de qualidades mentais benéficas), encontra prazer e alegria no
abandono (de qualidades mentais prejudiciais). Por conta do seu prazer e
alegria no desenvolvimento e abandono, ele não exalta a si mesmo e nem
menospreza os outros. Nisso ele é habilidoso, energético, alerta e plenamente
atento. Dessa forma, bhikkhus, se caracteriza um bhikkhu que se mantém firme
nas antigas e originais tradições dos Nobres.[25]
(10) “Quatro esforços. O esforço de (a) contenção, (samvara-padhanam),
(b) abandono, (pahana-padhanam), (c) desenvolvimento da mente, (bhavana-padhanam),
(d) preservação, (anurakkharana-padhanam). Qual é (a) o esforço de
contenção? Aqui um bhikkhu ao ver uma forma com o olho, ele não se agarra aos
seus sinais ou detalhes. Visto que, se permanecer com a faculdade do olho
descuidada, ele será tomado pelos estados ruins e prejudiciais de cobiça e
tristeza. Ele pratica a contenção, ele protege a faculdade do olho, ele se
empenha na contenção da faculdade do olho (do mesmo modo com os sons, aromas,
sabores, tangíveis e objetos mentais). Qual é
(b) o esforço de abandono? Aqui um bhikkhu não aceita um pensamento do
sensual, de má vontade, de crueldade que tenha surgido, mas o abandona, dissipa,
destrói, faz com que desapareça. Qual é
(c) o esforço de desenvolvimento da mente? Aqui um bhikkhu desenvolve o fator da
iluminação da atenção plena, que tem como base o afastamento, desapego e cessação
que amadurece no abandono. Ele desenvolve o fator da iluminação da investigação
dos fenômenos ... Ele desenvolve o fator da iluminação da energia ...
Ele desenvolve o fator da iluminação do êxtase ... Ele desenvolve o fator da
iluminação da tranqüilidade ... Ele desenvolve o fator da iluminação da
concentração ... Ele desenvolve o fator da iluminação da equanimidade,
que tem como base o afastamento, desapego e cessação que amadurece no abandono. Qual é (d) o esforço de preservação?
Aqui um bhikkhu mantém com firmeza na sua mente um objeto de concentração
favorável que tenha surgido, assim como a percepção de um esqueleto, ou a percepção de um cadáver cheio de vermes, a percepção de um cadáver lívido, a percepção de um cadáver supurando, a percepção de um cadáver fissurado, a percepção de um cadáver inchado.
(11) “Quatro conhecimentos: conhecimento do Dhamma, daquilo que está de
acordo com ele, (anvaye ñanam), conhecimento da mente dos outros, (paricce
ñanam), conhecimento convencional, (sammuti-ñanam).
(12) “Mais quatro conhecimentos: conhecimento do sofrimento, da sua
origem, da sua cessação e do caminho.
(13) “Quatro fatores para entrar na correnteza, (sotapattiyangani),
associar-se com pessoas verdadeiras, (sappurisa-samseva), ouvir o
verdadeiro Dhamma, atenção com sabedoria,
(yoniso manasikara), prática de acordo com o Dhamma, (dhammanudhamma-patipatti).
(14)
“Quatro fatores daquele que entrou na correnteza: Aqui, o nobre discípulo
possui convicção comprovada no Buda assim: ‘O Abençoado é um arahant,
perfeitamente iluminado, consumado no verdadeiro conhecimento e conduta,
bem-aventurado, conhecedor dos mundos, um líder insuperável de pessoas
preparadas para serem treinadas, mestre de devas e humanos, desperto,
sublime.’ (b) Ele possui convicção comprovada no Dhamma assim: ‘O Dhamma é bem
proclamado pelo Abençoado, visível no aqui e agora, com efeito imediato, que
convida ao exame, que conduz para adiante, para ser experimentado pelos sábios
por eles mesmos.’ (c) Ele possui
convicção comprovada na Sangha assim: ‘A Sangha dos discípulos do Abençoado
pratica o bom caminho, pratica o caminho reto, pratica o caminho verdadeiro,
pratica o caminho adequado, isto é, os quatro pares de pessoas, os oito tipos
de indivíduos; esta Sangha dos discípulos do Abençoado é merecedora de dádivas,
merecedora de hospitalidade, merecedora de oferendas, merecedora de saudações
com reverência, um campo inigualável de mérito para o mundo.’ (d) Ele possui
as virtudes apreciadas pelos nobres – intactas, não-laceradas, imaculadas,
não-matizadas, libertadoras, elogiadas pelos sábios, desapegadas, que conduzem à concentração.
(15) “Quatro frutos da vida contemplativa: os frutos de: entrar na
correnteza, retornar uma vez, não retornar, Arahant
(16)
“Quatro elementos: o elemento terra, água, fogo, ar, (pathavi-, apo-, tejo-,
vayo-dhatu).
(17) “Quatro alimentos, (ahara): o alimento comida, grosseira ou
sutil, [26] o contato como o segundo, a
volição mental como o terceiro e a consciência como o quarto.
(18)
“Quatro estações da consciência, (viññana-tthitiyo): A consciência se
estabelece (a) em relação à materialidade (forma), com a materialidade (forma) como base e
objeto, como um suporte, de modo semelhante com relação a (b) sensações, (c)
percepções ou (d) formações mentais, e assim ela cresce, se expande e prospera.
(19)
“Quatro modos de dar errado, (agata-gamanani): através do desejo, raiva,
delusão e medo.
(20)
“Quatro estímulos para o desejo: o desejo surge num bhikkhu devido aos mantos,
comida esmolada, moradia, ser/existir e não ser/existir, (iti- bhavabhava-hetu).
(21) “Quatro tipos de progresso:
(a) prática dolorosa com lenta sabedoria, (b) prática dolorosa com
rápida sabedoria, (c) prática prazerosa com lenta sabedoria, (d) prática
prazerosa com rápida sabedoria. [28]
(22) “Mais quatro tipos de progresso: progresso com impaciência, (akkhama
patipada), (b) progresso paciente, (khama patipada), (c) progresso
controlado, (dama patipada), (d) progresso tranqüilo, (sama patipada).[29]
(23) “Quatro formas do Dhamma: (a) sem anseio, (b) sem inimizade, (c) com
atenção plena correta, (d) com concentração correta.
(24)
“Quatro modos de praticar o Dhamma: Há o modo que é (a) doloroso no presente e
que traz resultados futuros dolorosos, (dukkha-vipakam), (b) doloroso no
presente e que traz resultados futuros prazerosos, (sukha-vipakam), (c)
prazeroso no presente e que traz resultados futuros dolorosos, e (d) prazeroso
no presente e que traz resultados futuros prazerosos.
(25) “Quatro divisões do Dhamma: virtude, concentração, sabedoria,
libertação.
(26)
“Quatro poderes: energia, atenção plena, concentração, sabedoria.
(27)
“Quatro tipos de determinação, (adhitthanani): [realizar] (a) sabedoria.
(b) verdade, (sacca), (c) abrir mão, (caga),
(d) tranqüilidade, (upasama).
(28) “Quatro formas de responder perguntas: (a) resposta categórica, (ekamsa-vyakaraniyo
panho), (b) que requer análise, (vibhajja-vyakaraniyo panho), (c)
que requer uma contra pergunta, (patipuccha-vyakaraniyo panho), (d) para
ser deixada de lado, (thapaniyo panha).
(29)
“Quatro tipos de kamma: (a) escuro com
um resultado sombrio, (kanha-vipakam), (b) claro com um resultado
luminoso, (sukka-vipakam), (c) escuro e claro com um resultado sombrio e
luminoso, (kanha-sukka vipakam), (d) nem escuro, nem claro, (akanham-asukkam),
com um resultado nem sombrio, nem luminoso, conduzindo à destruição de kamma.
(30)
“Quatro coisas para serem realizadas com a visão, (sacchikaraniya dhamma):
(a) vidas passadas, realizada através da recordação, (satiya); (b)
falecimento e renascimento, realizado através do olho divino, (c) as oito
libertações, realizadas através do corpo mental, (kayena), (d)
destruição das impurezas, realizada através da sabedoria.
(31) “Quatro torrentes, (ogha):
sensual, ser/existir, idéias, ignorância.
(32) “Quatro jugos, (yoga) = (31)
(33) “Quatro libertações dos jugos, (visamyoga): do sensual,
ser/existir, idéias, ignorância.
(34)
“Quatro amarras, (gantha): [30] a
amarra do corpo [31], (kaya-gantha),
anseio, (abhijjha), má vontade, (vyapada), apego a preceitos e
rituais, (silabbata-paramasa), fanatismo dogmático, (idam-sacca-bhinivesa).
(35)
“Quatro apegos, (upadanani): sensual, idéias, (ditthi),
preceitos e rituais, (silabbata-paramasa), idéia de um eu, (attavada).
(36)
“Quatro tipos de geração: num ovo, num ventre, na umidade, espontânea, (opapatika-yoni).
[32]
(37) “Quatro modos de estabelecimento no ventre: (a) ele se estabelece
no ventre materno sem plena consciência, permanece sem plena consciência e sai
sem plena consciência; (b) ele se estabelece no ventre materno com plena
consciência, permanece sem plena consciência e sai sem plena consciência; (c)
ele se estabelece no ventre materno com plena consciência, permanece com plena
consciência e sai sem plena consciência; (d) ele se estabelece no ventre
materno com plena consciência, permanece com plena consciência e sai com plena
consciência. [33]
(38) “Quatro modos de obter uma nova identidade, (attabhava-patilabha):[34] Obtenção de uma identidade que é realizada
por (a) própria volição, não de outrem, (b) a volição de outrem, não a própria,
(c) ambos, (d) nenhum.
(39)
“Quatro purificações das oferendas, (dakkhina-visuddhiyo): há a oferenda
purificada (a) pelo doador mas não pelo receptor, (b) pelo receptor mas não
pelo doador, (c) por nenhum dos dois, (d) por ambos. [35]
(40) “Quatro bases para a simpatia, (samgaha-vatthuni): generosidade,
linguagem agradável, conduta benéfica e imparcialidade.
(41)
“Quatro tipos de linguagem não nobre: mentirosa, maliciosa, grosseira, frívola.
(42)
“Quatro tipos de linguagem nobre: abster-se da linguagem mentirosa, abster-se da linguagem maliciosa,
abster-se da linguagem grosseira, abster-se da linguagem frívola.
(43) “Mais
quatro tipos de linguagem não nobre: reivindicar ter visto, ouvido, sentido,
sabido aquilo que ele não viu, ouviu, sentiu ou soube.
(44) “Mais
quatro tipos de linguagem nobre: afirmar que não viu, não ouviu, não sentiu,
não sabe aquilo que ele não viu, ouviu, sentiu ou sabe.
(45) “Mais
quatro tipos de linguagem não nobre: reivindicar não ter visto, ouvido,
sentido, sabido aquilo que ele viu, ouviu, sentiu ou sabe.
(46) “Mais
quatro tipos de linguagem nobre: afirmar que viu, ouviu, sentiu, sabe aquilo
que ele viu, ouviu, sentiu ou sabe.
(47)
“Quatro pessoas: Aqui uma pessoa (a) se tortura, (attan-tapo hoti), é
dada a se torturar, (b) tortura os outros, (paran-tapo hoti),... (c) se
tortura e tortura os outros, ... (d) não se tortura nem tortura os outros ...
visto que não se tortura nem tortura os outros, ela está aqui e agora sem fome,
saciada, arrefecida, permanece experimentando a bem-aventurança, tendo assim se
tornado santa.
(48) “Mais
quatro pessoas: Aqui alguém beneficia
(a) a si mesmo, mas não os outros, (b) os outros, mas não a si mesmo (c)
nenhum, (d) ambos.
(49) “Mais
quatro pessoas: (a) vive nas trevas e se dirige para as trevas, (tamo
tamaparayana), (c) vive nas trevas e se dirige para a luz, (tamo
jotiparayana), (c) vive na luz e se dirige para as trevas, (d) vive na luz
e se dirige para a luz. [36]
(50) “Mais quatro pessoas: (a) o contemplativo inabalável, (samanam-acalo),
(b) o contemplativo “lótus azul” (c) o
contemplativo “lótus branco”, (d) o contemplativo de perfeição sutil, (samana-sukhumalo).
[37]
“Esses são os [conjuntos de] quatro coisas que foram perfeitamente proclamadas pelo Abençoado ...
E assim nós deveríamos recitá-las juntos ... pelo bem-estar e felicidade de devas
e humanos.
[Fim da
primeira recitação]
2.1. “Há [conjuntos de] cinco coisas ... Quais são elas?
(1) “Cinco
agregados: forma, sensação, percepção, formações mentais, consciência, (rupa, vedana, sañña, sankhara, viññana).
(2) “Cinco agregados influenciados pelo apego, (pancupadana-kkhandha)
(igual a (1))
(3) “Cinco
elementos do desejo sensual, (panca
kama-guna): uma forma vista pelo olho, um som ouvido pelo ouvido, um aroma
cheirado pelo nariz, um sabor saboreado pela língua, um tangível tocado pelo
corpo como desejável, atraente, agradável, encantador, associado à cobiça e que
desperta a paixão.
(4) “Cinco
destinos [após a morte], (gatiyo): inferno, (nirayo), mundo
animal, (tiracchana-yoni), mundo dos fantasmas famintos, (peta),
mundo humano, mundos dos devas.
(5) “Cinco
tipos de ressentimento, (macchariyani): [38] com relação à moradia, famílias, ganhos, beleza, Dhamma.
(6) “Cinco obstáculos: desejo sensual, (kamacchanda), má vontade,
(vyapada), preguiça e torpor, (thina-middha), inquietação e
ansiedade, (uddhacca- kukkucca), e dúvida, (vicikiccha).
(7) “Cinco
primeiros grilhões, (ou cinco grilhões inferiores): idéia da existência de um eu, (identidade), (sakkaya-ditthi);
dúvida, (vicikiccha); apego a preceitos e rituais, (silabbata-paramasa);
desejo sensual, (kama-raga); má vontade, (vyapada).
(8) “Cinco
grilhões superiores: desejo pela forma, (rupa-raga), desejo pelos
fenômenos sem forma, (arupa-raga), presunção, (mana),
inquietação, (uddhacca), e ignorância, (avijja).
(9) “Cinco
preceitos de treinamento, (sikkhapadani): abster-se de tirar a vida de
outros seres (panatipata), de tomar aquilo que não for dado (adinadana), da conduta sexual imprópria (Kamesu micchacara), da linguagem mentirosa (musavada),
do álcool, vinho e outros embriagantes, (sura-meraya-majja-pamadatthana).
(10) “Cinco
coisas impossíveis: Um Arahant (1) é incapaz de tirar a vida de um ser vivo de
modo deliberado; (2) é incapaz de tomar aquilo que não for dado de modo a
constituir um roubo (3) é incapaz de manter relações sexuais; (4) é incapaz de
contar uma mentira deliberada; (5) é incapaz de armazenar coisas para o gozo
sensual tal como fazia na vida em família.[39]
(11) “Cinco tipos de perda, (vyasanani): parentes, riqueza,
saúde, virtude, entendimento [correto]. Nenhum ser renascerá num destino ruim,
no inferno ... após a morte, devido à perda de parentes, riqueza ou saúde; mas
os seres renascem nesses estados devido à perda da virtude e a perda do entendimento
correto.
(12) “Cinco
tipos de ganho (sampada): parentes, riqueza, saúde, virtude,
entendimento [correto]. Nenhum ser renascerá num destino feliz, no paraíso,
após a morte, devido ao ganho de parentes, riqueza ou saúde; mas os seres
renascem nesses estados devido ao ganho de virtude e ao ganho do entendimento correto.
(13) “Cinco
perigos para o não-virtuoso devido à perda da virtude: (igual ao DN 16.1.23).
(14) “Cinco
bênçãos para o virtuoso ao preservar a virtude: (igual ao DN 16.1.24).
(15) “Cinco
pontos que um bhikkhu que quiser censurar outro deve ter em mente: (a) Eu falarei no momento apropriado, não no
momento inapropriado, (b) Eu direi a verdade, não aquilo que é falso, (c) Eu
falarei de modo gentil, não grosseiro, (d) Eu falarei em benefício dele, não em
seu prejuízo, (e) Eu falarei com amor no meu coração, não com má vontade.
(16) “Cinco fatores para o esforço: Aqui um bhikkhu (a) tem fé, ele deposita fé na iluminação do
Tathagata, assim : ‘Esse Abençoado é um arahant, perfeitamente iluminado,
consumado no verdadeiro conhecimento e conduta ...’ (igual ao MN 85.58), (b) ele se vê livre de enfermidades e
aflições, possuindo uma boa digestão que não é nem demasiado fria, nem
demasiado quente, mas média e capaz de suportar a tensão do esforço, (c) ele é
honesto e sincero e se mostra como ele na verdade é para o Mestre e os seus companheiros
na vida santa
(17) “Cinco
Moradas Puras, (suddhavasa): Aviha,
Atappa, Sudassa, Sudassi, Akanittha.
(18) “Cinco
tipos daquele que não retorna, (anagami):
Nibbana é realizado no intervalo, Nibbana é realizado ao pousar, Nibbana é
realizado sem esforço, Nibbana é realizado com esforço, ele estará destinado a
um plano superior, o plano Akanittha.[40]
(19) “Cinco obstruções na Mente, (cetokhila):
Aqui um bhikkhu tem dúvida, incerteza, indecisão e insegurança (a) com relação
ao Mestre e dessa forma a mente dele não se inclina pelo ardor, devoção,
perseverança e esforço ; (b) com relação ao Dhamma ... ; (c) com relação à
Sangha ... ; (d) com relação ao
treinamento ... ; (e) ele tem raiva e
descontentamento em relação aos seus companheiros na vida santa,
demonstrando-lhes ressentimento e insensibilidade e dessa forma a mente dele
não se inclina pelo ardor, devoção, perseverança e esforço.[41]
(20) “Cinco grilhões na mente, (cetaso vinibandha): Aqui um
bhikkhu não está livre da paixão, desejo, afeição, sede, cobiça e ambição (a)
pelos prazeres sensuais, e dessa forma a mente dele não se inclina pelo ardor,
devoção, perseverança e esforço ; (b) pelo corpo (kaye), ... (c) pela
forma (rupe), ... ou (d) ele come
tanto quanto quiser, até que a sua barriga esteja cheia e se entrega aos
prazeres do sono, indolência e cochilo; ou (e) vive a vida santa aspirando
por algum plano divino assim: ‘Por esta virtude ou observância, ou
ascetismo, ou vida santa, eu me tornarei um [grande] deva ou algum deva
[menor], e desse modo a mente dele não se inclina pelo ardor, devoção,
perseverança e esforço.[42]
(21) “Cinco faculdades, (indriyani): a faculdade do olho, ouvido,
nariz, língua, corpo.
(22) “Mais
cinco faculdades: sensação de prazer, (sukha), dor, (dukkha),
alegria (somanassa), tristeza (domanassa), sensação neutra (upekha).
(23) “Mais cinco faculdades: convicção (saddha), energia (viriya),
atenção plena (sati), concentração (samadhi), sabedoria (pañña).
(24) “Cinco elementos que fazem a libertação, (nissaraniya dhatuyo):
(a) Aqui quando um bhikkhu considera o desejo sensual, a sua mente não salta e busca
gratificação nisso, não ganha confiança e firmeza e não se liberta nisso, mas
quando ele considera a renúncia a sua mente salta e busca gratificação nisso,
ganha confiança, firmeza e libertação. E o seu pensamento se estabelece com
firmeza, bem desenvolvido, bem livre e desconectado do desejo sensual. E assim
ele se liberta das impurezas, (asava), da paixão e da febre que surgem
do desejo sensual e ele não sente aquela sensação [do sensual]. Isso é
chamado de libertação do desejo sensual. E o mesmo se aplica a (b) má
vontade, (c) crueldade (d) formas, (rupa),
(e) identidade, (sakkaya).
(25) “Cinco bases para a libertação, (vimuttayatanani): Aqui, (a)
o Mestre ou um respeitado bhikkhu na posição de um mestre, ensina o Dhamma para um bhikkhu. Mesmo enquanto
o mestre lhe ensina o Dhamma, aquele bhikkhu experimenta o significado e o Dhamma. Com essa experiência
surge nele a satisfação (pamojja), dessa satisfação surge o êxtase (piti),
com o êxtase o corpo se acalma, com o corpo acalmado ele sente felicidade (sukham),
como resultado, com essa felicidade, a mente se concentra (samadhi); (b) ele não ouviu
dessa forma, mas no processo de ensinar o Dhamma aos outros ele experimenta o significado e o Dhamma ...;
ou (c) ele recita o Dhamma ... ; ou (d) ele pondera, examina e investiga mentalmente o Dhamma, (anupekkhati) ... ;
ou (e) ele está bem familiarizado com
algum sinal da concentração, (samadhi-nimittam), considerou-o bem,
investigou-o com a sua mente, (supadharitam), e penetrou-o corretamente
com a sabedoria, (suppatividdham paññaya). Com essa experiência
surge nele a satisfação, dessa satisfação surge o êxtase,
com o êxtase o corpo se acalma, com o corpo acalmado ele sente felicidade,
como resultado, com essa felicidade, a mente se concentra.[42A]
(26) “Cinco
percepções que amadurecem a libertação: a percepção da impermanência, (anicca-sañña),
do sofrimento na impermanência, (anicce dukkha-sañña), da impessoalidade
do sofrimento, (dukkhe anatta-sañña), do abandono, (pahana-sañña),
do desapego, (viraga-sañña).
“Esses são
os [conjuntos de] cinco coisas que foram
perfeitamente proclamadas pelo Abençoado ... E assim nós deveríamos
recitá-las juntos ... pelo bem-estar e felicidade de devas e humanos.
2.2. “Há
[conjuntos de] seis coisas ... Quais são elas?
(1) “Seis bases dos sentidos internas, (ajjhattikani ayatanani):
olho, ouvido, nariz, língua, corpo, mente.
(2) “Seis
bases dos sentidos externas, (bahirani ayatanani): formas, sons, aromas,
sabores, tangíveis, objetos mentais.
(3) “Seis
grupos de consciência, (viññana-kaya): consciência no olho, no ouvido, no
nariz, na língua, no corpo, na mente.
(4) “Seis
grupos de contato, (phassa-kaya): olho, ouvido, nariz, língua, corpo,
mente.
(5) “Seis
grupos de sensações, (vedana-kaya): sensação com base no contato no olho,
(cakkhu-samphassaja vedana), no ouvido, no nariz, na língua, no corpo,
na mente.
(6) “Seis
grupos de percepções, (sañña-kaya): percepção das formas, dos sons, dos
aromas, dos sabores, dos tangíveis, dos objetos mentais.
(7) “Seis
grupos de volição, (sancetana-kaya): volição baseada nas formas, sons,
aromas, sabores, tangíveis, objetos mentais.
(8) “Seis grupos de desejo, (tanha-kaya): desejo por formas,
sons, aromas, sabores, tangíveis, objetos mentais.
(9) “Seis tipos de desrespeito, (agarava): Aqui um bhikkhu se
comporta de forma desrespeitosa e descortês em relação ao Mestre, ao Dhamma, à
Sangha, ao treinamento, à diligência, (appamade), à hospitalidade, (patisanthare).
(10) “Seis tipos de respeito, (garava): Aqui um bhikkhu se
comporta de forma respeitosa ... (igual ao 9).
(11) “Seis
investigações prazerosas, (somanassupavicara): Quando ao ver uma forma
com o olho, ouvir ..., cheirar ..., saborear ..., tocar ..., conscientizar um objeto
mental com a mente, ele investiga um objeto correspondente produtor de prazer.
(12) “Seis
investigações desprazerosas: (igual ao 11, mas produtor de desprazer).
(13) “Seis
investigações indiferentes: (igual ao 11, mas produtor de equanimidade) (upekha).
(14) “Seis coisas que contribuem para a vida em comunidade, (saraniya
dhamma): Enquanto os bhikkhus praticarem em público e em particular ações
com amor bondade com a mente, corpo e linguagem para com os seus companheiros
na vida santa, ... compartirem o que quer que seja com os seus companheiros
virtuosos na vida santa, sem fazer qualquer reserva, compartirem com eles tudo
que for ganho e que tenha sido obtido de acordo com o Dhamma, incluindo até
mesmo o conteúdo da tigela de alimentos, ... permanecerem, tanto em público
como em particular, possuindo, juntamente com os seus companheiros da vida
santa, aquelas virtudes que são inquebrantáveis, que não podem ser
despedaçadas, manchadas, matizadas, que são libertadoras, recomendadas pelos
sábios, que não são mal interpretadas e que conduzem à concentração, ...
permanecerem, tanto em público como em particular, possuindo, juntamente com os
seus companheiros da vida santa, aquele entendimento que é nobre, que emancipa
e que conduz aquele que pratica de acordo com ele à completa destruição do
sofrimento. [43]
(15) “Seis causas para disputas, (vivada-mulani): Aqui (a) um
bhikkhu tem raiva e má vontade, ele se comporta de forma desrespeitosa e
descortês em relação ao Mestre, ao Dhamma, à Sangha, e não conclui o seu
treinamento. Ele provoca disputas na Sangha que trazem tristeza e sofrimento
para muitos, com conseqüências ruins, mal-estar e infelicidade para devas e
humanos. Se, amigos, vocês descobrirem entre vocês ou entre os outros essas
causas para as disputas, vocês devem se esforçar para eliminar essa causa. Se
vocês não encontrarem essas causas..., então vocês devem se esforçar para
evitar que elas surjam no futuro. Ou (b) um bhikkhu é dissimulador e trapaçeiro ...,
(c) um bhikkhu é invejoso e avarento ..., (d) um bhikkhu é insolente e desprezativo ..., (e) um bhikkhu está tomado por desejos ruins e idéias incorretas
..., (f) um bhikkhu é teimoso, arrogante e vaidoso. Se, amigos, vocês descobrirem
entre vocês ou entre os outros essas causas para as disputas, vocês devem se
esforçar para eliminar essa causa. Se vocês não encontrarem essas causas ...,
então vocês devem se esforçar para evitar que elas surjam no futuro.
(16) “Seis
elementos: água, terra, fogo, ar, espaço, (akasa-dhatu), consciência, (viññana-dhatu).[44]
(17) “Seis elementos para a libertação, (nissaraniya-dhatuyo):
Aqui um bhikkhu poderá dizer: (a) ‘Eu desenvolvi a libertação da mente, (ceto-vimutti)
através do amor bondade, (metta), fiz dela o meu veículo, a minha base,
estabilizei-a, me exercitei nela e a aperfeiçoei. Mas no entanto a má
vontade ainda prende a minha mente.’ A resposta deveria ser: ‘Não! Não diga
isso! Não deturpe o Abençoado; não é bom deturpar o Abençoado. O Abençoado não
falaria dessa forma! As suas palavras não têm fundamento e são impossíveis. Se
você desenvolver a libertação da mente através do amor bondade, a má vontade
não terá oportunidade para envelopar a sua mente. Essa emancipação através do
amor bondade é a cura para a má vontade.’ Ou (b) ele poderá dizer: ‘Eu
desenvolvi a libertação da mente através da compaixão, (karuna), ... Mas
no entanto a crueldade ainda prende a minha mente ...’ Ou (c) ele poderá dizer:
‘Eu desenvolvi a libertação da mente através da alegria altruísta, (mudita),
... Mas no entanto o descontentamento, (arati) ainda prende a minha mente ...’
Ou (d) ele poderá dizer: ‘Eu desenvolvi a libertação da mente através da
equanimidade, (upekha), ... Mas no entanto a cobiça (rago) ainda
prende a minha mente ...’ Ou (e) ele poderá dizer: ‘Eu desenvolvi a libertação
da mente sem sinais, (animitta ceto-vimutti), ... Mas no entanto a minha
mente ainda anseia por sinais, (nimittanusari hoti) ...’ Ou (f) ele
poderá dizer: ‘A idéia “Eu sou” é repelente para mim, eu não dou atenção para a
idéia: “Eu sou isso.” Mas no entanto dúvidas, incertezas e problemas ainda
prendem a minha mente ...’ (A resposta em cada caso é similar a (a)).
(18) “Seis coisas insuperáveis, (anuttariyani): certas formas,
coisas ouvidas, ganhos, treinamentos,
formas de serviço, (paricariyanuttariyam), objetos de recordação.
[45]
(19) “Seis objetos de recordação, (anussati-tthanani):
Buda, Dhamma, Sangha, virtude, renúncia, os devas.
(20) “Seis permanências estáveis, (satata-vihara): Ao ver uma
forma com o olho, ... ouvir um som com o ouvido, ... cheirar um aroma com o
nariz ..., tocar um tangível com o corpo ..., conscientizar um objeto mental com a
mente, ele não fica nem satisfeito e tampouco insatisfeito, mas permanece
equânime, com atenção plena e plena consciência.
(21) “Seis
espécies, (abhijatiyo): Aqui, (a) alguém nascido em condições escuras vive
uma vida escura, (b) alguém nascido em condições escuras vive uma vida
luminosa, (c) alguém nascido em condições escuras realiza Nibbana, que não é
nem escuro tampouco luminoso, (d) alguém nascido em condições luminosas vive
uma vida escura, (e) alguém nascido em condições luminosas vive uma vida
luminosa (f) alguém nascido em condições luminosas realiza Nibbana, que não é
nem escuro tampouco luminoso.
(22) “Seis
percepções que conduzem ao insight, (nibbedha-bhagiya-sañña): a
percepção da impermanência, do sofrimento na impermanência, da impessoalidade
do sofrimento, do abandono, do desapego (igual ao verso 2.1 (26)) e a percepção
da cessação, (nirodha-sañña).
“Esses são
os [conjuntos de] seis coisas que foram perfeitamente
proclamadas pelo Abençoado... E assim nós deveríamos recitá-las juntos ... pelo
bem-estar e felicidade de devas e humanos.
2.3. “Há
[conjuntos de] sete coisas ... Quais são elas?
(1) “Sete tesouros nobres, (ariya-dhanani): convicção, virtude,
vergonha de cometer transgressões, (hiri), temor de cometer
transgressões, (ottappa), aprendizado (suta), generosidade (caga),
sabedoria.
(2) “Sete fatores da iluminação, (sambojjhanga): atenção plena,
investigação dos fenômenos, energia, êxtase, tranqüilidade, concentração,
equanimidade.
(3) “Sete suportes da concentração: entendimento correto, pensamento
correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto
e atenção plena correta.[46]
(4) “Sete práticas incorretas, (asaddhamma):
Aqui um bhikkhu não tem convicção, virtude, vergonha de cometer transgressões,
temor de cometer transgressões, tem pouco aprendizado, é negligente, (kusito),
desatento, (mutthassati), sem sabedoria.
(5) “Sete práticas corretas, (saddhamma): Aqui um bhikkhu tem
convicção, virtude, vergonha de cometer transgressões, temor de cometer
transgressões, tem muito aprendizado, despertou a energia, (araddha-viriyo),
estabeleceu a atenção plena, (upatthita-sati hoti), possui sabedoria.
(6) “Sete qualidades de um homem verdadeiro (sappurisa-dhamma):
Aqui um bhikkhu conhece o Dhamma, o significado, noção de si mesmo, moderação,
noção do tempo, encontros sociais, diferenças entre os indivíduos.[47]
(7) “Sete razões para admiração, (niddasa-vatthuni)
Aqui um bhikkhu está entusiasmado com
(a) o desenvolvimento do treinamento e quer persistir nisso, (b) o
estudo do Dhamma a fundo, (c) o livrar-se dos desejos, (d) o ficar solitário,
(e) o despertar da energia, (f) o desenvolvimento da atenção plena e do
discernimento, (sati-nepakke), (g) o desenvolvimento do insight
penetrante.
(8) “Sete percepções: percepção da impermanência, não-eu, repulsivo, (asubhasañña),
perigos, abandono, desapego, cessação.
(9) “Sete
poderes, (balani): convicção, energia, vergonha de cometer
transgressões, temor de cometer transgressões, atenção plena, concentração,
sabedoria.
(10) “Sete estações da consciência: Seres (a) diferentes no corpo e
diferentes na percepção; (b) diferentes no corpo e iguais na percepção; (c)
iguais no corpo e diferentes na percepção; (d) iguais no corpo e iguais na
percepção; (e) que realizaram a base do espaço infinito; (f) .... da
consciência infinita; (g) ... do nada (igual ao DN 15.33).
(11) “Sete
pessoas dignas de oferendas: uma pessoa libertada de ambos os modos, libertada através da sabedoria, que toca com o corpo, com entendimento realizado, libertada pela fé, discípulo do Dhamma,
discípulo pela fé (igual ao DN 28.8).
(12) “Sete obsessões, (anusaya): desejo sensual, aversão, idéias,
dúvida, presunção, desejo por ser/existir, ignorância.
(13) “Sete
grilhões, (samyojanani): condescendência, (anunaya), aversão
(depois igual ao (12)).
(14) “Sete
formas de resolver um litígio: (a) remoção do litígio por meio da confrontação,
(b) por meio da memória, (c) devido à insanidade no passado, (d) confissão de
uma transgressão, (e) opinião da maioria, (f) denunciar o mau caráter de alguém e (g) cobrir com capim. [48]
“Esses são os [conjuntos de] sete coisas que foram perfeitamente proclamadas pelo Abençoado ...
E assim nós deveríamos recitá-las juntos ... pelo bem-estar e felicidade de
devas e humanos.
[Fim da
segunda recitação
3.1. “Há
[conjuntos de] oito coisas ... Quais são elas?
(1) “Oito fatores incorretos, (micchatta): entendimento incorreto
... (reverso do item (2) abaixo).
(2) “Oito
fatores corretos, (sammatta): entendimento correto, pensamento correto, linguagem
correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena
correta, concentração correta.
(3) “Oito
pessoas dignas de oferendas; aquele que entrou na correnteza e aquele que
pratica para realizar o fruto de entrar na correnteza, aquele que retorna uma
vez ..., aquele que não retorna ..., o Arahant e aquele que pratica para
realizar o fruto de Arahant.
(4) “Oito razões para a preguiça, (kustta-vatthuni): Aqui um
bhikkhu (a) tem algum trabalho a ser feito. O pensamento lhe ocorre: 'Eu terei
que fazer este trabalho. Porém, quando tiver feito este trabalho, meu corpo
estará cansado. Por que eu não me deito? Então, ele se deita. Ele não faz
esforço para alcançar o que ainda não foi alcançado, a realização do que ainda
não foi realizado. Ou (b) ele fez algum trabalho. O pensamento lhe ocorre: 'Eu
fiz algum trabalho. Agora que fiz o trabalho, meu corpo está cansado. Por que
não me deito? Então ele se deita ... Ou (c) ele tem que fazer uma viagem. O
pensamento lhe ocorre: 'Eu terei de fazer esta viagem. Porém, quando tiver
feito a viagem, meu corpo estará cansado ...’ Ou (d) ele foi viajar ... Ou (e)
tendo ido esmolar alimentos num vilarejo ou cidade, ele não ganha tanta comida
comum ou refinada quanto necessita para se satisfazer ... meu corpo está cansado e inadequado para
o trabalho ...’ Ou (f) tendo ido esmolar alimentos ... ele ganha tanta comida comum ou refinada
quanto necessita para se satisfazer ... O pensamento lhe ocorre: 'Depois de
esmolar alimentos ... meu corpo está pesado e inadequado para o trabalho, como
se eu estivesse com muitos meses de gravidez ... Ou (g) ele está abatido por
uma leve enfermidade, ... É necessário deitar ...’ Ou (h) ele se recuperou de
sua enfermidade, não muito depois de sua recuperação o pensamento lhe ocorre:
'Eu me recuperei da minha enfermidade. Não muito tempo depois da minha
recuperação o meu corpo está fraco e inadequado para o trabalho. Por que não me
deito? Então ele se deita. Ele não faz esforço para alcançar o que ainda não
foi alcançado, atingir o que não foi atingido,
realizar o que ainda não foi realizado.[49]
(5) “Oito razões para o estimulo da energia, (arabbha-vatthuni):
Aqui um bhikkhu (a) tem algum trabalho a ser feito. O pensamento lhe ocorre:
'Eu terei que fazer este trabalho. Porém, enquanto estiver fazendo esse
trabalho, não será fácil ocupar-me com a mensagem do Buda. Porque não faço um
esforço antecipado para alcançar o que ainda não foi alcançado, atingir o que
não foi atingido, realizar o que ainda não foi realizado.’ Ou (b) ele fez algum
trabalho. O pensamento lhe ocorre: 'Eu fiz o trabalho. Enquanto fazia o
trabalho, não pude ocupar-me com a mensagem do Buda. Porque não faço um esforço
...’ Ou (c) ele tem que fazer uma viagem ... Ou (d) ele foi viajar, o
pensamento lhe ocorre: 'Eu fui viajar. Enquanto viajava, não pude ocupar-me com
a mensagem do Buda ...’ Ou (e) tendo ido esmolar alimentos num vilarejo ou
cidade, ele não ganha tanta comida comum ou refinada quanto necessita para se
satisfazer ... O pensamento lhe ocorre ... Este meu corpo está leve e adequado
para o trabalho ...’ Ou (f) tendo ido esmolar alimentos ... ele ganha tanta comida comum ou refinada
quanto necessita para se satisfazer ... O pensamento lhe ocorre: Porque não
faço um esforço ...’ Ou (g) ele está abatido por uma leve enfermidade ... O
pensamento lhe ocorre: existe a possibilidade de que piore. Porque não faço um
esforço...’ Ou (h) ele se recuperou de sua enfermidade ... O pensamento lhe
ocorre: existe a possibilidade de que a enfermidade retorne. Porque não faço um
esforço antecipado para alcançar o que ainda não foi alcançado, atingir o que
não foi atingido, realizar o que ainda não foi realizado.
(6) “Oito
razões para a generosidade: Alguém dá (a) conforme a ocasião, (b) por medo, (c)
pensando: ‘Ele me deu algo’, (d)
pensando: ‘Ele me dará algo’, (e) pensando: ‘Dar é bom’, (f) pensando: ‘Eu
estou cozinhando, eles não estão. Não seria correto não dar algo para aqueles
que não estão cozinhando’, (g) pensando: ‘Se eu der isso, obterei boa
reputação’, (h) para embelezar e preparar a mente. [50]
(7) “Oito tipos de renascimento devido à generosidade: Aqui alguém dá
para um contemplativo ou Brâmane, comida, bebida, roupas, um veículo, um
ornamento, perfume e ungüento, roupas de cama, moradia, uma lamparina, buscando
seu próprio benefício. Ele vê um nobre ou brâmane, ou chefe de família rico
desfrutando dos prazeres dos cinco sentidos e ele pensa: ‘Se pelo menos depois
de morrer eu renascesse como uma dessas
pessoas ricas!’ Ele coloca a sua mente nesse pensamento, fixa nisso e
desenvolve isso. E esse pensamento tendo sido fixado num nível tão baixo e não
tendo sido desenvolvido num nível superior, conduz a um renascimento exatamente
ali. Mas eu digo isso de uma pessoa virtuosa, não de uma pessoa sem virtude. A
aspiração mental de uma pessoa virtuosa tem eficácia devido à sua pureza. Ou
(b) ele dá aquelas dádivas e tendo ouvido que os devas dos Quatro Grandes Reis
vivem muito tempo, são belos e felizes, ele pensa: ‘Se eu pudesse renascer lá!’
Ou de modo semelhante ele aspira renascer nos paraísos dos (c) devas do Trinta
e Três (d) devas do Yama, (e) devas
do Tusita, (f) devas do Nimmanarati, (g) devas do Paranimmita-vasavatti. E esse pensamento
conduz a um renascimento exatamente ali ... A aspiração mental de uma pessoa
virtuosa tem eficácia devido à sua pureza. Ou (h) de modo semelhante ele aspira
renascer no mundo de Brahma ... Mas eu digo isso de uma pessoa virtuosa, não de
uma pessoa sem virtude, uma pessoa livre das paixões, não alguém ainda
influenciado pelas paixões. [51] A aspiração
mental dessa pessoa virtuosa é realizada através da libertação das paixões.
(8)
“Oito assembléias: a assembléia dos
nobres, (Khattiyas), Brâmanes, chefes de família, contemplativos, devas dos
Quatro Grandes Reis, do Trinta e Três, maras, Brahmas, (igual ao DN 16.3.21).
(9) “Oito condições mundanas, (loka-dhamma): ganho e perda,
elogio e crítica, fama e má reputação, alegria e tristeza.
(10) “Oito estágios: (a) percebendo a forma no interior, ele vê as
formas no exterior, limitadas, bonitas ou feias; (b) igual a (a) porém
ilimitadas; (c) não percebendo a forma no interior, ele vê as formas no
exterior, limitadas...; (d) igual a (c) porém ilimitadas; não percebendo a
forma no interior, ele percebe formas que são (e) azuis (f) amarelas, (g)
vermelhas, (h) brancas (igual ao DN 16.3.25-32).
(11) “Oito libertações: (a) possuindo forma material, ele vê a forma;
(b) não percebendo a forma no interior, ele vê a forma no exterior; (c)
pensando; ‘É belo’, ele se decide por aquilo; ele entra (d) na base do espaço
infinito; (e) ... na base da consciência infinita; (f) ... na base do nada; (g)
... na base da nem percepção, nem não percepção; (h) ... na cessação da
percepção e sensação (igual ao DN 15.35).
“Esses são
os [conjuntos de] oito coisas que foram
perfeitamente proclamadas pelo Abençoado ... E assim nós deveríamos
recitá-las juntos ... pelo bem-estar e felicidade de devas e humanos.
3.2. “Há
[conjuntos de] nove coisas ... Quais são elas?
(1) “Nove causas da hostilidade, (aghata-vatthuni): A hostilidade
é provocada pelo pensamento: (a) ‘Ele me feriu’, (b) ‘Ele está me ferindo’, (c)
‘Ele irá me ferir’, (d)-(f) ‘Ele feriu, está ferindo ou irá ferir alguém que me
é querido e simpático’, (g)-(i) ‘Ele fez, está fazendo, irá fazer um favor para
alguém a quem não quero e que me é antipático.’
(2) “Nove formas para superar a hostilidade, (aghata-pativinaya):
A hostilidade é superada com o pensamento: (a)-(i) ‘Ele me feriu ...’ (igual a
(1)). ‘Que benefício teria [em abrigar hostilidade]?’
(3) “Nove permanências dos seres: Seres (a) diferentes no corpo e
diferentes na percepção; (b) diferentes no corpo e iguais na percepção; (c)
iguais no corpo e diferentes na percepção; (d) iguais no corpo e iguais na
percepção; (e) que realizaram a base do espaço infinito; (f) .... da
consciência infinita; (g) ... do nada (igual ao DN 15.33).
(4) “Nove
épocas desafortunadas, inoportunas para viver a vida santa, (akkhana asamaya
brahmacariya-vasaya): (a) Um Tathagata surgiu no mundo, um arahant, perfeitamente iluminado, e o Dhamma que conduz à paz e nibbana é ensinado,
conduzindo à iluminação ensinada pelo Abençoado, mas essa pessoa nasce no
inferno, (nirayam), (b) ... entre os
animais, (c) .... entre os petas, (d) ... entre os asuras, (e) ... num mundo
dos devas com vida longa ou (f) ele nasce nas regiões fronteiriças entre os
bárbaros tolos onde os bhikkhus e bhikkhunis ou discípulos leigos não podem
chegar, ou (g) ele nasce na região certa mas ele tem entendimento incorreto e a
visão distorcida, pensando: ‘Não existe nada que é dado, nada que é oferecido,
nada que é sacrificado; não existe fruto ou resultado de ações boas ou más; não
existe este mundo nem outro mundo; não existe mãe, nem pai; nenhum ser que
renasça espontaneamente; não existem no mundo brâmanes nem contemplativos bons e
virtuosos que, após terem conhecido e compreendido diretamente por eles mesmos,
proclamam este mundo e o próximo’;[52] ou
(h)... ele nasce na região certa mas não tem sabedoria e é estúpido, ou é surdo
e mudo e não é capaz de dizer se algo foi bem dito ou dito de modo incorreto;
ou então ... (i) um Tathagata não surgiu ... e essa pessoa nasce no lugar certo
e é inteligente, não é estúpida, não é surda ou muda, e é bem capaz de
distinguir se algo foi bem dito ou dito de modo incorreto.
(5) “Nove permanências sucessivas: os jhanas e as bases do espaço
infinito, consciência infinita, nada, nem percepção, nem não-percepção,
cessação da percepção e cessação da sensação.
(6) “Nove cessações sucessivas, (anupubba-nirodha): Alcançando o
primeiro jhana, as percepções do sensual, (kama-sañña) cessam;
alcançando o segundo jhana, o pensamento aplicado e sustentado cessam;
alcançando o terceiro jhana, o êxtase, (piti) cessa; alcançando o quarto
jhana, a inspiração e a expiração cessam; alcançando
a base do espaço infinito, a percepção das formas cessa; alcançando a base da
consciência infinita, a percepção da base do espaço infinito cessa; alcançando
a base do nada, a percepção da base da consciência infinita cessa; alcançando a
base da nem percepção, nem não percepção, a percepção da base do nada cessa; alcançando a cessação da
percepção e sensação, a percepção e a sensação cessam.
“Esses são
os [conjuntos de] nove coisas que foram
perfeitamente proclamadas pelo Abençoado ... E assim nós deveríamos
recitá-las juntos ... pelo bem-estar e felicidade de devas e humanos
3.3. “Há
[conjuntos de] dez coisas ... Quais são elas?
(1) “Dez coisas que proporcionam proteção, (natha-karana-dhamma):
Aqui um bhikkhu (a) é virtuoso, ele permanece contido de acordo com as regras
do Patimokkha, perfeito na conduta e na sua esfera de atividades. Temendo a
menor falha, ele treina adotando os preceitos de virtude; (b) ouviu muito,
reteve o que ouviu, memorizou o que ouviu. Todo o ensinamento que é admirável
no início, admirável no meio, admirável no final, com o correto significado e
fraseado e que revela uma vida santa que é completamente perfeita e
imaculada: esses ensinamentos ele ouviu com freqüência, memorizou, se recorda, discutiu,
investigou com a sua mente e penetrou corretamente com o entendimento; (c) é um amigo, companheiro e íntimo das pessoas boas; (d) é afável, gentil e
paciente, ágil na compreensão dos ensinamentos; (e) qualquer tarefa que tenha
de ser feita para os seus companheiros bhikkhus, ele demonstra habilidade; ele
não é relaxado, emprega a perspicácia na sua execução e é habil no planejamento
e na realização; (f) ama o Dhamma e se delicia em ouvi-lo, ele tem uma
afeição especial pelo Dhamma superior e pela Disciplina superior, (abhidhamme
abhivinaye); (g) está satisfeito com qualquer tipo de: mantos, comida
esmolada, moradia, medicamentos; (h) sempre se esforça em estimular a
energia para livrar-se dos estados inábeis, para estabelecer estados hábeis,
infatigável e energético na manutenção desses bons estados, nunca se esquivando
da sua tarefa; (i) tem atenção plena com grande capacidade para se recordar
com clareza de coisas ditas e feitas há muito tempo; (j) é sábio, com sábia
percepção da origem e cessação, a percepção nobre que conduz à completa
destruição do sofrimento.
(2) “Dez objetos para alcançar a absorção, (kasinayatanani): Ele
percebe uma kasina da terra, uma kasina da água, uma kasina do fogo, uma kasina
do ar, uma kasina azul, uma kasina amarela, uma kasina vermelha, uma kasina
branca, a kasina do espaço, a kasina da consciência; acima, abaixo e em todos
os lados, inteira e ilimitada.
(3) “Dez tipos de conduta inábil, (akusala-kammapatha): tirar a
vida de outros seres, tomar aquilo que não é dado, conduta sexual imprópria,
linguagem mentirosa, linguagem maliciosa, linguagem grosseira, linguagem frívola, cobiça, má vontade,
entendimento incorreto.
(4) “Dez tipos de conduta hábil: abster-se de tirar a vida ... (e assim por
diante, igual ao (3) acima).
(5) “Dez nobres inclinações, (ariya-vasa): Aqui um bhikkhu (a)
eliminou cinco fatores, (b) possui seis fatores, (c) estabeleceu uma guarda,
(d) observa os quatro apoios, (e) eliminou crenças, (f) abandonou por completo
as buscas, (g) tem motivação pura, (h) tranqüilizou o corpo mental (i) está
com a mente bem libertada (j) e está
com a mente libertada através da sabedoria. (a) Como ele eliminou cinco fatores?
Aqui, ele eliminou o desejo sensual, a má vontade, a preguiça e o torpor, a
inquietação e a ansiedade, e a dúvida; (b) quais seis fatores ele possui? Ao
ver uma forma com o olho, ... ouvir um som com o ouvido, ... cheirar um aroma
com o nariz ..., tocar um tangível com o corpo ..., conscientizar um objeto mental
com a mente, ele não fica nem satisfeito e nem insatisfeito, mas permanece
equânime, com atenção plena e plena consciência; (c) como ele estabeleceu uma
guarda? Guardando a sua mente com a atenção plena; (d) quais são os quatro
apoios? Ele julga que uma coisa deve ser desenvolvida, uma coisa agüentada, uma
coisa evitada, uma coisa suprimida (igual ao verso 1.11 (8)); (e) como ele
eliminou as crenças? Quaisquer crenças que a maioria dos contemplativos e
Brâmanes possua, ele as dispensou, abandonou, rejeitou, largou; (f) como ele abandonou por completo as buscas? Ele
abandonou por completo as buscas pelos prazeres sensuais, pelo renascimento,
pela vida santa; (g) como ele tem motivação pura? Ele abandonou os pensamentos
do sensual, má vontade, crueldade; (h) como ele tranqüilizou o corpo
mental? Com o completo desaparecimento da felicidade, ele entra e permanece
no quarto jhana, que possui nem felicidade nem sofrimento, com a atenção plena e a
equanimidade purificadas; (i) como ele está com a mente bem libertada? Ele está libertado
dos pensamentos de cobiça, raiva e delusão; (j) como ele está com a mente libertada através da
sabedoria? Ele compreende: ‘Em mim a cobiça, raiva e delusão foram abandonadas,
cortadas pela raiz, feitas como com um tronco de palmeira, eliminadas de modo
que não estarão mais sujeitas a um futuro surgimento.’
(6) “Dez qualidades daquele que está além do treinamento, (asekha):
O entendimento correto daquele que está além do treinamento, pensamento correto
..., linguagem correta ..., ação correta ..., modo de vida correto ..., esforço
correto ..., atenção plena correta ..., concentração correta ..., conhecimento
correto ..., e a libertação correta daquele que está além do treinamento.
“Esses são
os [conjuntos de] dez coisas que foram perfeitamente proclamadas pelo Abençoado
que sabe e vê, o Buda perfeitamente iluminado. E assim nós deveríamos
recitá-las juntos sem dissensões, para que esta vida santa possa continuar e se
manter durante muito tempo, pelo bem-estar e felicidade de muitos, com
compaixão pelo mundo, pelo bem, pelo bem-estar e felicidade de devas e humanos
3.4. Então,
o Abençoado se levantou e disse para o Venerável Sariputta: “Muito bem,
Sariputta! Você de fato proclamou muito bem o modo pelo qual os bhikkhus devem
recitar juntos!”
Isso foi o
que disse o Venerável Sariputta, confirmado pelo Mestre. Os bhikkhus ficaram
satisfeitos e contentes com as palavras do Venerável Sariputta.
Notas:
[1] Tal como proposto no DN 29.17. [Retorna]
[2] As seis bases internas dos sentidos, as seis bases externas e as
consciências correspondentes, veja o MN 115. [Retorna]
[3] Bala: “poder” empregado de
modo pouco comum. [Retorna]
[4] Neste caso o reino da esfera sensual (kama-loka).[Retorna]
[5] Observe a sobreposição ao item anterior, que representa os “Três
Reinos”. Aqui temos os dois “Reinos Superiores” e o supramundano (lokuttara), mencionado como a “cessação”
(como na Terceira Nobre Verdade). [Retorna]
[6] Corresponde à idéia da existência de um eu. A destruição deste
grilhão constitui o olho do Dhamma ou o ‘entrar na correnteza’. [Retorna]
[7] Certos crimes (como o parricídio) têm um resultado fixo que não
poderá ser evitado. [Retorna]
[8] Quando a consciência do primeiro caminho supramundano (entrar na
correnteza) é realizada, o progresso é inevitável e o retrocesso aos estados
miseráveis é impossível. [Retorna]
[9] Isto se refere ao renascimento no reino imaterial (ou sem forma). [Retorna]
[10] Todos os mundos desde os infernos até o paraíso dos devas Paranimmita-vasavatti. [Retorna]
[11] Modos através dos quais alguém está “protegido”. [Retorna]
[12] Diferentes estágios de jhana.
A distinção feita entre os dois primeiros reflete a subdivisão do primeiro jhana em dois encontrada no Abhidhamma.
[Retorna]
[13] Veja o SN XLIII.4. [Retorna]
[14] Moneyya é derivado de
muni “sábio”. Veja o AN III.120. [Retorna]
[15] Apaya em geral se refere
aos renascimentos ruins nos estados miseráveis; upaya, meios hábeis, ganhou proeminência na tradição Mahayana. [Retorna]
[16] Veja o AN III.39. [Retorna]
[17] Brahma se refere aos Brahmaviharas (DN 13),
Nobre ao Arahant. [Retorna]
[18] Conforme o DN 11. [Retorna]
[19] Veja o MN 10, DN 22, SN XLVII. [Retorna]
[20] Veja o SN XLIX. [Retorna]
[22] Veja o MN 123.22 e AN
IV.41. [Retorna]
[25] Veja o AN IV.28. [Retorna]
[26] Comida sutil é o alimento dos devas. Veja o SN
XII.64. [Retorna]
[28] Veja o DN 28.10.[Retorna]
[29] Desenvolvendo samadhi.[Retorna]
[30] Que amarram juntos a mentalidade (nome), (nama )
e materialidade, (forma), (rupa). [Retorna]
[31] Kaya neste caso significa
nama-kaya, “corpo mental”. [Retorna]
[33] Igual ao DN 28.5. [Retorna]
[34] Numa outra existência. Veja o MN 114.11.
[Retorna]
[36] Veja o SN III.21. [Retorna]
[37] Estas designações curiosas se supõe referir-se ao que entrou na
correnteza, que retorna uma vez, que não retorna e Arahant respectivamente. [Retorna]
[38] Num bhikkhu. [Retorna]
[39] Igual ao DN 29.26. [Retorna]
[40] Veja o SN XLVI.3. [Retorna]
[41] Veja o MN 16.3. [Retorna]
[42] Veja o MN 16.8. [Retorna]
[42A] Veja o AN V.26. [Retorna]
[43] Igual ao DN 16.1.11, veja também o MN 48. [Retorna]
[45] Recordação do Buda, Dhamma, Sangha. [Retorna]
[46] Veja o MN 117 e o DN
18.27. [Retorna]
[47] Veja o AN VII.64. [Retorna]
[48] Veja o MN 104.13 [Retorna]
[49] Veja o AN VIII.80. [Retorna]
[50] Para a prática da meditação. [Retorna]
[51] Brahma para o Buda não é imortal e não é o Deus criador. A sua
sabedoria, embora considerável, é limitada e ele pode ser arrogante (veja o DN 11), mas ele está livre das paixões sensuais e assim
também estão aqueles que renascem no seu mundo, embora as suas paixões tenham
sido suprimidas só através dos jhanas, que é a libertação da mente, (cetovimutti), e não eliminadas através
do insight, que é a libertação através da sabedoria, (paññavimutti). Mas aqueles que renascem no mundo de Brahma não
eliminaram o desejo de ser/existir, (bhavatanha).
[Retorna]
[52] A doutrina de Ajita Kesakambali (DN 2.23).
[Retorna]
Revisado: 8 Dezembro 2015
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