Paraíso
Sagga
Na cosmologia Budista, os
mundos paradisíacos são moradas maravilhosas cujos habitantes atuais, (os devas), obtiveram o seu renascimento ali
pelo poder das suas ações meritórias feitas
no passado. No entanto, como todos os seres ainda aprisionados no samsara,
os devas no final das contas sucumbem ao envelhecimento, enfermidade e morte,
e precisarão renascer em um outro mundo - prazeroso ou não - de acordo com a
qualidade e força do seu kamma. Os devas nem sempre são
particularmente sábios ou maduros espiritualmente - na verdade eles parecem com
freqüência estar bastante embriagados
por sua submissão à sensualidade - e nenhum é considerado digno de veneração
ou devoção. Todavia os devas - e os
mundos paradisíacos que eles habitam servem como lembretes importantes dos
benefícios positivos trazidos pela realização de ações meritórias e,
finalmente, em última análise, das
limitações da sensualidade (veja Desvantagens (adinava)).
Um
renascimento raro
Essa população do mundo está cega,
poucos são aqueles que enxergam.
Tal como os pássaros que se libertam da armadilha,
poucos são aqueles que renascem nos paraísos.
--
Dhp 174
Vendo por si mesmo
"Eu vi seres que –
favorecidos pela boa conduta corporal, boa conduta verbal e boa conduta mental;
que não insultavam os Nobres, que possuíam o Entendimento Correto, e que praticavam ações sob a influência do entendimento correto
- na dissolução do corpo, após a morte, renasceram num destino feliz, no
paraíso. Não é por ter ouvido isto de outros brâmanes e contemplativos que eu
lhes digo que eu vi seres que – favorecidos pela boa conduta corporal, boa
conduta verbal e boa conduta mental; que não insultavam os nobres, que possuíam
o entendimento correto, e que praticavam ações sob a influência do entendimento
correto - na dissolução do corpo, após a morte, renasceram num destino feliz,
no paraíso. É por saber por mim mesmo, tendo visto eu mesmo, entendido eu
mesmo, que eu lhes digo que seres que – favorecidos pela boa conduta corporal,
boa conduta verbal e boa conduta mental; que não insultavam os nobres, que
possuíam o entendimento correto, e que praticavam ações sob a influência do
entendimento correto - na dissolução do corpo, após a morte, renasceram num
destino feliz, no paraíso."
-- It 71
Recordando-se
dos devas
"Novamente, Mahanama, você deveria se recordar dos devas assim: 'Há os devas dos Quatro Grandes Reis, os devas do Trinta e três, os devas de Yama, os devas de Tusita, os devas que se deliciam com a criação, os devas que possuem poderes sobre a criação dos outros, os devas do cortejo de Brahma, os devas que estão mais além. Seja qual for a convicção com a qual eles estiveram dotados pela qual - ao falecer desta vida - eles ressurgiram lá, o mesmo tipo de convicção está presente em mim também. Seja qual for a virtude com a qual eles estiveram dotados pela qual - ao falecer desta vida - eles ressurgiram lá, o mesmo tipo de virtude está presente em mim também. Seja qual for o aprendizado com o qual eles estiveram dotados pelo qual - ao falecer desta vida - eles ressurgiram lá, o mesmo tipo de aprendizado está presente em mim também. Seja qual for a generosidade com a qual eles estiveram dotados pela qual - ao falecer desta vida - eles ressurgiram lá, o mesmo tipo de generosidade está presente em mim também. Seja qual for a sabedoria com o qual eles estiveram dotados pelo qual - ao falecer desta vida - eles ressurgiram lá, o mesmo tipo de sabedoria está presente em mim também.' Em todos os momentos em que um nobre discípulo estiver se recordando da convicção, virtude, aprendizado, generosidade e sabedoria encontrado tanto nele como nos devas, nessa ocasião a sua mente não está obcecada pela cobiça, raiva, ou delusão; nessa ocasião a sua mente seguirá firme, baseada nos devas. Um nobre discípulo cuja mente segue firme obtém inspiração do significado, obtém inspiração do Dhamma, obtém satisfação do Dhamma. Estando satisfeito, o êxtase surge nele; naquele que está em êxtase, o corpo se torna tranqüilo; naquele, cujo corpo está tranqüilo, sente felicidade; naquele que sente felicidade, a mente fica concentrada.
-- AN XI.12
Felizes,
porém com sabedoria limitada
“Certa
vez, Kevaddha, este pensamento surgiu na mente de um certo bhikkhu nesta mesma
comunidade de bhikkhus: ‘Onde esses quatro grandes elementos – o elemento
terra, o elemento água, o elemento fogo, o elemento ar – cessam sem deixar
vestígios?’ Então ele alcançou uma tal concentração
da mente que, quando a sua mente estava concentrada, o caminho que conduz aos
devas apareceu na sua frente.
“Então
chegando ao mundo dos devas dos Quatro Grandes Reis ele perguntou: ‘Amigos,
onde os quatro grandes elementos – o elemento terra, o elemento água, o
elemento fogo, o elemento ar – cessam sem deixar
vestígios?’ Quando isto foi dito, os devas dos Quatro Grandes Reis
responderam: ‘Bhikkhu, nós não sabemos onde os quatro grandes elementos cessam
sem deixar vestígios. Mas os Quatro Grandes Reis são mais elevados e sublimes
que nós, eles devem saber onde os quatro grandes elementos cessam sem deixar
vestígios.’”
“Então
aquele bhikkhu foi até os Quatro Grandes Reis e fez a mesma pergunta, e eles
responderam: ‘Nós não sabemos ... Mas os
devas do Trinta e Três que são mais elevados e sublimes que nós, eles devem
saber...’”
“Sakka,
o senhor dos devas respondeu: ‘Os devas de Yama devem saber ...”
“Os
devas de Yama disseram: ‘Suyama, o filho dos devas, deve saber ...”
“Suyama
disse: ‘Os devas de Tusita devem saber ...”
“Os
devas de Tusita disseram: ‘Santusita, o filho dos devas, deve saber ...”
“Santusita
disse: ‘Os devas de Nimmanarati devem saber ...”
“Os
devas de Nimmanarati disseram: ‘Sunimmita, o filho dos devas, deve saber ...”
“Sunimitta
disse: ‘Os devas de Paranimmita-Vasavatti devem saber ...”
“Os
devas de Paranimmita-Vasavatti disseram: ‘Vasavatti, o filho dos devas, deve
saber ...”
“Vasavatti
disse: Os devas do cortejo de Brahma devem saber ...”
“Então
aquele bhikkhu alcançou uma tal concentração da mente que, quando a sua mente
estava concentrada, o caminho que conduz aos devas do cortejo de Brahma
apareceu na sua frente. Então ele foi até os devas do cortejo de Brahma e fez a
mesma pergunta e eles responderam: ‘Nós também não sabemos ... Mas ali está Brahma, o Grande Brahma, o
Conquistador, o Não-conquistado, Onisciente, Todo Poderoso, Senhor, Deus e
Criador, Soberano, Providência Divina, Pai de todos aqueles que são e serão.
Ele é maior e mais sublime que nós. Ele deve saber onde os quatro grandes
elementos cessam sem deixar vestígios.’ ‘Mas onde, amigos, está o Grande Brahma
agora?’ ‘Bhikkhus, nós também não
sabemos onde, como ou quando Brahma irá aparecer. Porém quando os sinais são
vistos - uma luz aparece e surge um brilho - então Brahma aparecerá. Pois esses
sinais são os presságios da aparição de Brahma.’
“Então
não demorou muito para que Brahma aparecesse. E aquele bhikkhu foi até o Grande
Brahma e perguntou: ‘Amigo, onde os
quatro grandes elementos – o elemento terra, o elemento água, o elemento fogo,
o elemento ar – cessam sem deixar vestígios?’ Quando isto foi dito, o Grande
Brahma respondeu: ‘Bhikkhu, eu sou Brahma, o Grande Brahma, o Conquistador, o
Não-conquistado, Onisciente, Todo Poderoso, Senhor, Deus e Criador, Soberano,
Providência Divina, Pai de todos aqueles que são e serão.’
“Uma
segunda vez, o bhikkhu disse para o Grande Brahma: ‘Amigo, eu não lhe perguntei
se você é Brahma, o Grande Brahma, o Conquistador, o Não-conquistado, Onisciente,
Todo Poderoso, Senhor, Deus e Criador, Soberano, Providência Divina, Pai de
todos aqueles que são e serão. Eu perguntei onde esses quatro grandes elementos – o elemento
terra, o elemento água, o elemento fogo, o elemento ar – cessam sem deixar vestígios.’
E uma segunda vez o Grande Brahma respondeu da mesma forma ao bhikkhu.
“Uma
terceira vez o bhikkhu disse: ‘Amigo, eu não lhe perguntei isso, eu perguntei
onde esses quatro grandes elementos – o elemento terra, o elemento água, o
elemento fogo, o elemento ar – cessam sem deixar vestígios.’ Então, Kevaddha, o
Grande Brahma tomou o braço daquele bhikkhu e o conduziu para um lado e disse:
‘Bhikkhu, esses devas acreditam que não há nada que Brahma não veja, não há
nada que ele não saiba, não há nada que ele não tenha conhecimento. É por isso
que não falei na presença deles. Mas bhikkhu, eu não sei onde os quatro grandes
elementos cessam sem deixar vestígios. Portanto, bhikkhu, você agiu de modo
incorreto ao passar pelo Abençoado em busca de uma resposta para essa pergunta
noutro lugar. Agora, bhikkhu, você deve ir até o Abençoado e fazer-lhe essa
pergunta, e qualquer resposta que ele der, aceite-a.’
-- DN 11
O passo seguinte no Treinamento Gradual: Os Trinta e Um Mundos de Existência
Revisado: 9 Fevereiro 2013
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