Entendimento Correto
Samma Ditthi
Entendimento correto é o primeiro dos oito
elementos do Nobre Caminho Óctuplo e, pertence
ao grupo da sabedoria
Definição
"E o que é entendimento correto? Compreensão do sofrimento,
compreensão da origem do sofrimento, compreensão da cessação do sofrimento, compreensão do caminho da prática que conduz à cessação do
sofrimento. A isto se chama entendimento correto."
-- SN XLV 8
Sua
relação com os outros elementos do caminho.
"E como é que o entendimento correto vem
primeiro? A pessoa compreende entendimento incorreto como entendimento incorreto
e, entendimento correto como entendimento correto: esse é o entendimento
correto de uma pessoa. E o que é entendimento incorreto? 'Não existe nada que é
dado, nada que é oferecido, nada que é
sacrificado; não existe fruto ou resultado de ações
boas ou más; não existe este mundo nem um mundo seguinte; não existe mãe,
nem pai; nenhum ser que renasça espontaneamente; não existem sacerdotes nem
contemplativos bons e virtuosos que, após terem conhecido e compreendido
diretamente por eles mesmos, proclamam este mundo e o próximo.' Isto é
entendimento incorreto.
"A pessoa faz o esforço para abandonar o
entendimento incorreto e penetrar o entendimento correto: esse é o esforço correto da pessoa. A pessoa com atenção plena
abandona o entendimento incorreto e penetra e permanece com o entendimento
correto. Essa é a atenção plena de uma
pessoa. Assim essas três qualidades - entendimento correto, esforço correto e atenção
plena correta – giram em torno do entendimento correto."
-- MN 117
Um
emaranhado de entendimentos incorretos
“Neste caso bhikkhus, uma pessoa comum sem instrução
que não respeita os nobres, que não é proficiente nem treinada no Dhamma
deles, que não respeita os homens verdadeiros, que não é proficiente nem
treinada no Dhamma deles, não entende o tipo de coisas que merecem atenção
e que tipo de coisas não merecem atenção. Assim sendo, ela se preocupa com
aquelas coisas que não merecem atenção e não se preocupa com as coisas que
merecem atenção.”
É desta forma
que ela se ocupa sem sabedoria: ‘Eu existi no passado? Não existi no passado? O
que fui no passado? Como eu era no passado? Tendo sido que, no que me tornei no
passado? Existirei no futuro? Não existirei no futuro? O que serei no futuro?
Como serei no futuro? Tendo sido que, no que me tornarei no futuro?’ Ou então
ela está no seu íntimo perplexa acerca do presente: ‘Eu sou? Eu não sou? O que
sou? Como sou? De onde veio este ser? Para onde irá?’
“Quando ela se ocupa dessa forma, sem sabedoria, uma
entre seis idéias surgem nela. A idéia de que ‘um eu existe em
mim’ surge como verdadeira e consagrada; ou a idéia de que ‘um eu não existe em
mim’ surge como verdadeira e consagrada; ou a idéia de que ‘eu percebo o eu
através do eu’ surge como verdadeira e consagrada; ou a idéia de que ‘eu
percebo o não-eu através do eu’ surge como verdadeira e consagrada; ou a idéia
de que ‘eu percebo o eu através do não-eu’ surge como verdadeira e consagrada;
ou então ela tem uma idéia como esta: ‘É esse meu eu que fala e sente e
experimenta aqui e ali o resultado de boas e más ações; mas esse meu eu é
permanente, interminável, eterno, não sujeito à mudança e que irá durar tanto
tempo quanto a eternidade.’ Essas idéias especulativas,
bhikkhus, se denominam um emaranhado de idéias, uma confusão de idéias, idéias
contorcidas, idéias vacilantes, idéias que agrilhoam. Aprisionado pelas idéias que agrilhoam, a pessoa comum sem
instrução não se vê livre do nascimento, envelhecimento e morte, da tristeza,
lamentação, dor, angústia e desespero; ela não se vê livre do sofrimento, eu
digo.
“Bhikkhus, um nobre discípulo bem instruído, que
respeita os nobres, que é proficiente e treinado no Dhamma deles, que
respeita os homens verdadeiros, que é proficiente e treinado no Dhamma
deles, entende quais são as coisas que merecem atenção e quais são as coisas
que não merecem atenção. Sendo assim, ele não se ocupa com as coisas que não
merecem atenção, ele se ocupa com as
coisas que merecem atenção.
“Ele aplica sua atenção com sabedoria, Isto é sofrimento...Esta é a
origem do sofrimento...Esta é a cessação do
sofrimento...Este é o caminho que conduz à
cessação do sofrimento. Quando ele aplica a sua atenção com sabedoria
desta forma, três grilhões são abandonados: a idéia da existência de um eu, a
dúvida e o apego a preceitos e rituais."
-- MN 2
Quando o
conhecimento de uma pessoa é verdadeiramente seu
[Kaccayana:] “Venerável senhor, é dito ‘Entendimento
correto, entendimento correto.’ De que forma existe entendimento correto?”
[O Buda:] “Kaccayana, em geral este mundo
depende de uma dualidade, a noção da existência e a noção da não existência.
Mas para aquele que vê com correta sabedoria a origem do mundo, tal como na
verdade ela ocorre, a noção da ‘não existência’ com relação ao mundo não lhe
ocorrerá. Aquele que vê com correta sabedoria a cessação do mundo, tal
como na verdade ela ocorre, a noção da ‘existência’
com relação ao mundo não lhe ocorrerá.
“Kaccayana, em geral este mundo é aprisionado por
adesões, apegos e preconceitos. Mas uma pessoa como essa [com entendimento
correto] não se envolve ou se apega através dessas adesões, apegos, fixações
mentais, inclinações ou obsessões; e ela não toma uma determinação com relação
ao ‘meu eu’; ela não tem dúvida ou perplexidade que aquilo que surge é apenas o
sofrimento surgindo, aquilo que cessa é apenas o sofrimento cessando. O
conhecimento dela com relação a isso não depende dos outros. É com referência a
isso, Kaccayana, que existe o entendimento correto.
-- SN XII.15
Abandonando
o que é inábil, cultivando o que é hábil
"Não se deixem levar pelos relatos, pelas tradições,
pelos rumores, por aquilo que está nas escrituras, pela razão, pela
inferência, pela analogia, pela competência (ou confiabilidade) de alguém, por respeito por alguém, ou pelo pensamento, ‘Este contemplativo é o nosso
mestre.’ Quando vocês souberem por vocês mesmos que, ‘Essas qualidades são
inábeis; essas qualidades são culpáveis; essas qualidades são criticáveis pelos
sábios; essas qualidades quando postas em prática conduzem ao mal e ao
sofrimento’ - então vocês devem abandoná-las…
"Quando vocês souberem por vocês mesmos que, ‘Essas
qualidades são hábeis; essas qualidades são isentas de culpa; essas qualidades
são elogiadas pelos sábios; essas
qualidades quando postas em prática conduzem ao bem e à felicidade’ - então
vocês devem penetrar e permanecer nelas."
-- AN III.65
O
passo seguinte no Treinamento Gradual: Ação
Intencional (Kamma)
Revisado: 27 Abril 2007
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