Desvantagens (Perigos)
Adinava
As
desvantagens da sensualidade
Mesmo que chovam moedas de ouro
os desejos sensuais não são saciados,
desejos sensuais são dukkha, proporcionam pouca alegria,
isso o sábio compreende.
Mesmo os prazeres celestiais
não oferecem deleite,
o discípulo do perfeito Buda
apenas se delicia com o fim do desejo.
“Chefe de família, suponha que um cão, subjugado pela fome e fraqueza, estivesse esperando num açougue. Então um açougueiro habilidoso ou o seu aprendiz, descarnasse um osso e o deixasse lambuzado de sangue sem nada de carne e o arremessasse ao cão. O que você pensa chefe de família? Aquele cão iria dar fim à sua fome e fraqueza roendo aquele osso lambuzado de sangue e sem carne ?” - “Não, venerável senhor. Porque não? Porque aquilo é apenas um osso lambuzado de sangue e sem carne. No final das contas, aquele cão iria só colher cansaço e desapontamento.”
“Da mesma forma, chefe de família, um nobre discípulo considera o seguinte: ‘Os prazeres sensuais foram comparados a um osso pelo Abençoado; eles proporcionam pouca gratificação, muito sofrimento, muito desespero e quanto perigo eles contêm.’
-- MN 54
A gratificação, o perigo e a escapatória da sensualidade
“E
o que, bhikkhus, é a gratificação no caso dos prazeres sensuais? Bhikkhus,
existem esses cinco elementos do prazer sensual. Quais cinco? Formas conscientizadas
pelo olho que são desejáveis, agradáveis e fáceis de serem gostadas, conectadas
com o desejo sensual e que provocam a cobiça. Sons conscientizados pelo
ouvido…Aromas conscientizados pelo nariz…Sabores conscientizados pela língua…Tangíveis
conscientizados pelo corpo que são
desejáveis, agradáveis e fáceis de serem gostados, conectados com o desejo
sensual e que provocam a cobiça. Esses são os cinco elementos do prazer
sensual. Agora o prazer e a alegria que surgem na dependência desses cinco
elementos do prazer sensual são a gratificação no caso dos prazeres sensuais.
“E
o que , bhikkhus, é o perigo no caso dos prazeres sensuais? Aqui, bhikkhus, por
conta da atividade pela qual um membro de um clã ganha a vida – quer seja
registrando ou contabilizando, ou calculando, ou cultivando, ou comerciando, ou
administrando, ou como arqueiro, ou a serviço do rei, ou qualquer outra
atividade que seja – ele tem que enfrentar o frio, ele tem que enfrentar o
calor, ele se fere pelo contato com moscas, mosquitos, vento, sol e
criaturas rastejantes; ele se arrisca a morrer de fome e sede. Agora, esse é um
perigo no caso dos prazeres sensuais, uma massa de sofrimento visível no aqui e agora tendo o prazer sensual como
condição, tendo o prazer sensual como fonte, tendo o prazer sensual como base,
tendo como causa, simplesmente, os
prazeres sensuais.
“Se
nenhum bem é recebido pelo membro de um clã ao se empenhar e se esforçar no seu
trabalho, ele fica triste, se angustia e lamenta, ele chora batendo no peito e
fica perturbado, clamando: ‘Meu trabalho é em vão, meu esforço infrutífero!’
Agora, esse também é um perigo no caso dos prazeres sensuais uma massa de sofrimento visível no aqui e agora tendo o prazer sensual como
condição, tendo o prazer sensual como fonte, tendo o prazer sensual como base,
tendo como causa, simplesmente, os
prazeres sensuais.
“Se
algum bem é recebido pelo membro de um clã ao se empenhar e se esforçar no seu
trabalho, ele experimenta dor e angústia ao protegê-lo: ‘Como farei para que
nem reis nem ladrões roubem os meus bens, nem o fogo os queime, nem as águas os
carreguem, nem herdeiros odiosos os levem?’ E enquanto ele guarda e protege os
seus bens, reis ou ladrões os roubam ou o fogo os queima, ou as águas os
carregam, ou herdeiros odiosos os levam. E ele fica triste, se angustia e
lamenta, ele chora batendo no peito e fica perturbado, clamando: ‘O que eu
tinha não tenho mais!’ Agora, esse também é um perigo no caso dos prazeres
sensuais…tendo como causa, simplesmente, os prazeres sensuais.
“Além
disso, tendo o prazer sensual como condição, tendo o prazer sensual como fonte,
tendo o prazer sensual como base, tendo como causa, simplesmente, os prazeres sensuais, reis
brigam com reis, nobres com nobres, brâmanes com brâmanes, chefes de família
com chefes de família; a mãe briga com o filho, o filho com a mãe, o pai com o
filho, o filho com o pai, o irmão briga com o irmão, o irmão com a irmã, a irmã
com o irmão, o amigo com o amigo. E nas suas brigas, rixas e disputas eles se
atacam uns aos outros com punhos, pedras, paus ou facas e com isso eles causam
a si próprios a morte ou sofrimento igual à morte. Agora esse também é um perigo no
caso dos prazeres sensuais…tendo como causa, simplesmente, os prazeres
sensuais.
“Além
disso, tendo o prazer sensual como condição...os homens tomam espadas e escudos
e afivelam arcos e coldres e eles se lançam na batalha, concentrados em fila
dupla com flechas e lanças voando e espadas cintilando; e ali eles são feridos
por flechas e lanças e as suas cabeças são decepadas por espadas e com isso
eles causam a si próprios a morte ou sofrimento igual à morte. Agora esse também é
um perigo no caso dos prazeres sensuais…tendo como causa, simplesmente, os
prazeres sensuais.
“Além
disso, tendo o prazer sensual como condição...os homens tomam espadas e escudos
e afivelam arcos e coldres, e eles se lançam contra bastiões escorregadios, com
flechas e lanças voando e espadas cintilando; e ali eles são feridos por
flechas e lanças e molhados com líquidos ferventes e esmagados sob objetos pesados
e as suas cabeças são decepadas por espadas e com isso eles causam a si
próprios a morte ou sofrimento igual à morte. Agora esse também é um perigo no caso
dos prazeres sensuais…tendo como causa, simplesmente, os prazeres sensuais.
“Além
disso, tendo o prazer sensual como condição...homens arrombam casas, pilham
riquezas, cometem roubo, emboscam nas estradas, seduzem as mulheres dos outros
e quando capturados, os reis lhes infligem muitos tipos de tortura. Os reis
fazem com que eles sejam açoitados com chicotes, golpeados com vara, golpeados
com clavas; as mãos são cortadas, os pés
são cortados, as mãos e os pés são cortados; as orelhas são cortadas, o nariz é
cortado, as orelhas e o nariz são cortados; eles são sujeitos ao ‘pote de
mingau,’ ao ‘barbeado com a concha polida,’ à ‘boca de Rahu,’ à ‘grinalda
ardente,’ à ‘mão ardente,’ às ‘lâminas de capim,’ à ‘túnica de casca de
árvore,’ ao ‘antílope,’ aos ‘ganchos de carne,’ às ‘moedas,’ à ‘conserva em
desinfetante’ ao ‘pino que gira,’ ao ‘colchão de palha enrolado’; eles
são molhados com óleo fervente, atirados para serem devorados pelos cães,
empalados vivos em estacas, decapitados com espadas – e com isso eles causam a
si próprios a morte ou sofrimento igual à morte. Agora esse também é um perigo no
caso dos prazeres sensuais…tendo como causa,
simplesmente, os prazeres sensuais.
“Além
disso, tendo o prazer sensual como condição, tendo o prazer sensual como fonte,
tendo o prazer sensual como base, tendo como causa, simplesmente, os prazeres sensuais, as pessoas
se entregam ao comportamento impróprio com
o corpo, linguagem e mente. Tendo feito isso, na dissolução do corpo,
após a morte, elas reaparecem em estados de privação, um destino infeliz, nos
reinos inferiores, até mesmo no inferno. Agora esse também é um perigo no caso
dos prazeres sensuais, uma massa de sofrimento na vida que está por vir tendo o prazer sensual como
condição, tendo o prazer sensual como fonte, tendo o prazer sensual como base,
tendo como causa, simplesmente, os
prazeres sensuais.
“E
o que , bhikkhus, é a escapatória no caso dos prazeres sensuais? É a remoção do
desejo e cobiça, o abandono do desejo e cobiça pelos prazeres sensuais. Essa é a escapatória no caso dos prazeres sensuais.
-- MN 13
As desvantagens
do corpo
“E o que, bhikkhus, é a gratificação no caso da forma material? Suponham que houvesse uma jovem da classe dos nobres ou da classe dos brâmanes ou da casa de um chefe de família, no seu décimo quinto ou décimo sexto aniversário, nem muito alta nem muito baixa, nem muito magra nem muito gorda, nem com a tez muito escura nem muito clara. A sua beleza e graciosidade estão no seu auge?” – “Sim, venerável senhor.” – “Agora o prazer e a alegria que surgem na dependência dessa beleza e graciosidade são a gratificação no caso da forma material.”
“E o que, bhikkhus, é o perigo no caso da forma material? Mais tarde alguém poderá ver aquela mesma mulher com oitenta, noventa ou cem anos, idosa, curvada como o suporte de um teto, redobrada, apoiada numa bengala, cambaleante, frágil, a juventude perdida, os dentes quebrados, os cabelos grisalhos, careca, enrugada, com os membros todos manchados. O que vocês pensam bhikkhus? A antiga beleza e graciosidade desapareceram e o perigo se tornou evidente?” – “Sim, venerável senhor” – “Bhikkhus, esse é o perigo no caso da forma material.”
“Além disso, alguém poderá ver aquela mesma mulher aflita, sofrendo e gravemente enferma, deitada suja em seu próprio excremento e urina, levantada por alguns e deitada por outros. O que vocês pensam bhikkhus? A antiga beleza e graciosidade desapareceram e o perigo se tornou evidente?” – “Sim, venerável senhor” – “Bhikkhus, esse também é o perigo no caso da forma material.”
“Além disso, alguém poderá ver aquela mesma mulher como um cadáver descartado num cemitério, um, dois ou três dias morta, inchada, lívida e ressumando matéria. O que vocês pensam bhikkhus? A antiga beleza e graciosidade desapareceram e o perigo se tornou evidente?” – “Sim, venerável senhor” – “Bhikkhus, esse também é o perigo no caso da forma material.”
“Além disso, alguém poderá ver aquela mesma mulher como um cadáver descartado num cemitério, sendo devorada por corvos, gaviões, urubus, cães, chacais ou vários tipos de vermes…um esqueleto com carne e sangue, mantidos unidos pelos tendões…um esqueleto descarnado lambuzado de sangue, mantido unido pelos tendões…ossos desconectados espalhados em todas as direções – aqui um osso da mão, ali um osso do pé, aqui um osso da perna, ali um osso das costelas, aqui um osso do quadril, ali um osso da coluna, aqui o crânio…ossos esbranquiçados, com a cor das conchas…ossos empilhados, com mais de um ano…ossos apodrecidos e convertidos em pó. O que vocês pensam bhikkhus? A antiga beleza e graciosidade desapareceram e o perigo se tornou evidente?” – “Sim, venerável senhor” – “Bhikkhus, esse também é o perigo no caso da forma material.”
“E o que, bhikkhus, é a escapatória no caso da forma material? É a remoção do desejo e cobiça, o abandono do desejo e cobiça pela forma material. Essa é a escapatória no caso da forma material.”
“Que esses contemplativos e brâmanes, que não compreendem como na verdade é a gratificação como gratificação, o perigo como perigo e a escapatória como escapatória no caso da forma material, possam eles mesmos compreender completamente a forma material ou instruir outra pessoa de modo que ela possa compreender completamente a forma material – isso é impossível. Que esses contemplativos e brâmanes, que compreendem como na verdade é a gratificação como gratificação, o perigo como perigo e a escapatória como escapatória no caso da forma material, possam eles mesmos compreender completamente a forma material ou instruir outra pessoa de modo que ela possa compreender completamente a forma material – isso é possível.
-- MN 13
"E qual é a percepção dos perigos? É o caso em que um bhikkhu, dirigindo-se
à floresta, ou à sombra de uma árvore, ou a um local isolado, reflete assim: ‘Este corpo é a
fonte de muitas dores, muitos perigos,
pois neste corpo surgem todos os tipos de aflição, tais como: doenças do olho, doenças
do ouvido, doenças do nariz, doenças da língua, doenças do corpo; dores de cabeça,
caxumba, doenças da boca, dores de dente, tosse, asma, catarro, azia, febre, dor de
estomago, desmaio, disenteria, gripe, cólera, lepra, furúnculo, tuberculose,
epilepsia, coceiras, micoses, varíola, sarna, pústulas, icterícia, diabetes, hemorróidas,
câncer, úlceras; doenças que surgem da bílis, da fleuma, dos ventos, de um desequilíbrio
[dos três], do comportamento descuidado, da violência, dos resultados de Kamma; frio,
calor, fome, sede, defecação, urina.’ Assim ele permanece contemplando os perigos
nesse mesmo corpo. Isso é chamado a percepção dos perigos."
-- AN X.60
As
desvantagens do envelhecimento, doença, morte, e contaminação
"Agora, essas quatro são
buscas nobres. Quais quatro? É o caso em que uma pessoa, sujeita ela mesma ao
envelhecimento, dando-se conta das desvantagens daquilo que está sujeito ao
envelhecimento, busca aquilo que não envelhece, o descanso insuperável do jugo:
Libertação. Sendo sujeita ela mesma à doença,
dando-se conta das desvantagens daquilo que está sujeito à doença, ela busca
aquilo que não adoece, o descanso
insuperável do jugo: Libertação. Sendo sujeita ela mesma à morte, dando-se
conta das desvantagens daquilo que está sujeito à morte, ela busca aquilo que é
imortal, o descanso insuperável do jugo: Libertação. Sendo sujeita ela mesma à
contaminação, dando-se conta das desvantagens daquilo que está sujeito à
contaminação, ela busca aquilo que não se contamina, o descanso insuperável do
jugo: Libertação."
-- AN IV.252
As
desvantagens da raiva
Uma
pessoa colérica é feia e dorme mal.
-- AN VII.60
As
desvantagens de todos fenômenos que geram apego
Agora, quando alguém permanece contemplando o perigo nas coisas
passíveis de apego, o desejo cessa. Da cessação do desejo cessa o apego. Da
cessação do apego cessa o ser/existir.
Da cessação do ser/existir cessa o
nascimento. Da cessação do nascimento,
então o envelhecimento e morte, tristeza, lamentação, dor, angústia e
desespero, tudo cessa. Essa é a cessação de toda
essa massa de sofrimento.
-- SN XII.52
O passo seguinte no Treinamento Gradual: Renúncia
Revisado: 16 Abril 2013
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