Sotapanna - Aquele que Entrou na Correnteza
Um Guia de Estudo preparado por Thanissaro Bhikkhu
Índice:
Associar-se com pessoas verdadeiras é um fator
para entrar na correnteza.
Ouvir o verdadeiro Dhamma é um fator para entrar na correnteza.
Atenção com sabedoria é um fator para entrar na correnteza.
Prática de acordo com o Dhamma é um fator para entrar na correnteza.
[SN LV.5]
Entrar na Correnteza (Sotapanna)
é o primeiro dos quatro níveis do Despertar ou Libertação, Iluminação. Esta
denominação tem origem no fato de que a pessoa que tenha conquistado este nível
“entrou na correnteza” que flui inevitavelmente em direção a Nibbana. A pessoa
obtém a certeza de alcançar o pleno Despertar em no máximo sete vidas e nesse
meio tempo tem a garantia de que não irá renascer em nenhum dos planos
inferiores.
Os trechos dos suttas aqui
apresentados, organizados em torno dos quatro fatores mencionados acima, tratam
de questões de interesse para todos meditadores, independente se o objetivo da
sua prática é de alcançar o Despertar. Como você pode reconhecer um mestre
digno de confiança? Como você pode distinguir o verdadeiro Dhamma do falso
Dhamma? Quais são as recompensas obtidas em ouvir o verdadeiro Dhamma? Quais
perguntas você se deveria fazer no transcurso da prática? Que tipo de prática
está de acordo com o Dhamma? Que tipo de qualidades você precisa desenvolver
para obter o máximo benefício da sua prática?
* * *
Kapadika Bharadvaja:
“Mas de que forma, Mestre Gotama, ocorre a descoberta da verdade? De que forma
uma pessoa descobre a verdade? Nós perguntamos ao Mestre Gotama sobre a
descoberta da verdade.”
O
Buda: “Aqui, Bharadvaja, um bhikkhu pode estar vivendo na dependência de algum
vilarejo ou cidade. Então um chefe de família ou o filho de um chefe de família
vai até ele e o examina com relação a três tipos de estados: em relação aos
estados baseados na cobiça, em relação aos estados baseados na raiva e em
relação aos estados baseados na delusão: ‘Nesse venerável existe algum estado
baseado na cobiça de tal forma que com a mente obcecada por esse estado e
apesar de não saber, ele possa dizer, “Eu sei,” ou sem ver, ele possa dizer,
“Eu vejo,” ou ele possa incitar os outros a agirem de forma a causar o seu
próprio dano e sofrimento por muito tempo?’ Ao examiná-lo ele chega à
conclusão: ‘Não existem estados baseados na cobiça neste venerável. O
comportamento corporal e o comportamento verbal deste venerável não são aqueles
de alguém afetado pela cobiça. E o Dhamma que este venerável ensina é profundo,
difícil de ser visto e difícil de ser compreendido, pacífico, sublime, que não
pode ser alcançado pelo mero raciocínio, sutil, para ser experimentado por
um sábio. Este Dhamma não pode ser
facilmente ensinado por alguém afetado pela cobiça.’
“Ao
tê-lo examinado e visto que ele está purificado de estados baseados na cobiça,
ele em seguida o examina com relação a estados baseados na raiva: ‘Nesse
venerável existe algum estado baseado na raiva de tal forma que com a mente
obcecada por esse estado e apesar de não saber, ele possa dizer, “Eu sei,” ou
sem ver ele possa dizer, “Eu vejo,” ou ele possa incitar os outros a agirem de
forma a causar o seu próprio dano e sofrimento por muito tempo?’ Ao examiná-lo
ele chega à conclusão: ‘Não existem estados baseados na raiva neste venerável.
O comportamento corporal e o comportamento verbal deste venerável não são
aqueles de alguém afetado pela raiva. E o Dhamma que este venerável ensina é
profundo, difícil de ser visto e difícil de ser compreendido, pacífico,
sublime, que não pode ser alcançado pelo mero raciocínio, sutil, para ser
experimentado por um sábio. Este Dhamma não pode ser facilmente ensinado por
alguém afetado pela raiva.’
“Ao
tê-lo examinado e visto que ele está purificado de estados baseados na raiva,
ele em seguida o examina com relação a estados baseados na delusão: ‘Nesse
venerável existe algum estado baseado na delusão de tal forma que com a mente
obcecada por esse estado e apesar de não saber, ele possa dizer, “Eu sei,” ou
sem ver ele possa dizer, “Eu vejo,” ou ele possa incitar os outros a agirem de
forma a causar o seu próprio dano e sofrimento por muito tempo?’ Ao examiná-lo
ele chega à conclusão: ‘Não existem estados baseados na delusão neste
venerável. O comportamento corporal e o comportamento verbal deste venerável
não são aqueles de alguém afetado pela delusão. E o Dhamma que este venerável
ensina é profundo, difícil de ser visto e difícil de ser compreendido,
pacífico, sublime, que não pode ser alcançado pelo mero raciocínio, sutil, para
ser experimentado por sábio. Este Dhamma não pode ser facilmente ensinado por
alguém afetado pela delusão.’
“Ao tê-lo
examinado e visto que ele está purificado de estados baseados na delusão, então ele deposita fé nele;
cheio de fé ele o visita e o homenageia; ao homenageá-lo, ele lhe dá ouvidos; ao dar ouvidos, ele ouve o
Dhamma; ao ouvir o Dhamma, ele o memoriza e examina o significado dos ensinamentos que ele memorizou;
ao examinar o significado, ele aceita esses ensinamentos com base na reflexão; ao obter a aceitação
desses ensinamentos baseado na reflexão, a aspiração brota; ao brotar a aspiração, ele aplica a sua
vontade; ao aplicar a sua vontade, ele examina cuidadosamente; ao examinar cuidadosamente, ele
se esforça; com esforço decidido, ele realiza com o corpo a verdade suprema, vendo-a e penetrando-a
com sabedoria. Dessa forma, Bharadvaja, ocorre a descoberta da verdade; dessa forma uma pessoa descobre
a verdade; dessa forma descrevemos a descoberta da verdade. Mas ainda não existe a chegada final à verdade.”
Kapadika
Bharadvaja: “Dessa forma, Mestre Gotama, ocorre a descoberta da verdade; dessa
forma uma pessoa descobre a verdade; dessa forma nós reconhecemos a descoberta
da verdade. Mas de que forma, Mestre Gotama, ocorre a chegada final à verdade?
De que forma uma pessoa chega finalmente à verdade? Nós perguntamos ao Mestre
Gotama sobre a chegada final à verdade.”
O
Buda: “A chegada final à verdade, Bharadvaja, encontra-se na repetição,
desenvolvimento e cultivo dessas mesmas coisas. Dessa forma, Bharadvaja, ocorre
a chegada final à verdade; dessa forma uma pessoa chega finalmente à verdade;
dessa forma descrevemos a chegada final à verdade.”
[MN 95]
Associar-se com Pessoas Verdadeiras
“Com relação a fatores externos, eu não vejo nenhum outro único fator como a amizade com pessoas admiráveis que faça tanto por um bhikkhu em treinamento, que ainda não atingiu o objetivo, mas que permanece decidido a alcançar a insuperável libertação do apego. Um bhikkhu que tem amizade com pessoas admiráveis abandona o que não é hábil e desenvolve o que é hábil.”
Um bhikkhu que tenha pessoas admiráveis
como amigos
- que os honra, os respeita,
que faz aquilo que os amigos lhe aconselham -
com atenção plena e plena consciência,
realiza passo a passo
a eliminação de todos os grilhões.
[It.17]
“Venerável senhor, isto é
metade da vida santa, ter pessoas admiráveis como bons amigos, companheiros e
camaradas.”
“Não diga isso, Ananda. Não
diga isso, Ananda. Isso é toda a vida santa, Ananda, isto é, ter pessoas
admiráveis como bons amigos, companheiros e camaradas. Quando um bhikkhu tem
pessoas admiráveis como bons amigos, companheiros e camaradas, é de se esperar
que ele desenvolva e se dedique ao nobre caminho óctuplo.
“E como, Ananda, um
bhikkhu, que tem pessoas admiráveis como bons amigos, companheiros e camaradas,
desenvolve e se dedica ao nobre caminho óctuplo? Aqui, Ananda, um bhikkhu
desenvolve o entendimento correto, que tem por base o afastamento, o desapego e
a cessação, que amadurece no abandono. Ele desenvolve o pensamento correto
... linguagem correta ... ação correta ... modo de vida correto ... esforço
correto ... atenção plena correta ... concentração correta, que tem por base o
afastamento, o desapego, a cessação, que amadurece no abandono. Assim é como um
bhikkhu, que tem pessoas admiráveis como bons amigos, companheiros e camaradas,
desenvolve e se dedica ao nobre caminho óctuplo.
“E seguindo esse método,
Ananda, também é possível compreender como toda a vida santa é ter pessoas admiráveis
como bons amigos, companheiros e camaradas: é contando comigo como um bom amigo
que os seres sujeitos ao nascimento se libertam do nascimento, que os seres
sujeitos ao envelhecimento se libertam do envelhecimento, que os seres sujeitos
à morte se libertam da morte, que os seres sujeitos à tristeza, lamentação,
dor, angústia e desespero se libertam da tristeza, lamentação, dor, angústia e
desespero. Seguindo esse método, Ananda, é possível compreender como toda a
vida santa é ter pessoas admiráveis como bons amigos, companheiros e
camaradas.”
[SN
XLV.2]
E o que significa ser
consumado em convicção? É o caso em que um nobre discípulo tem convicção, está
convencido da iluminação do Tathagata: 'De fato, o Abençoado é um arahant,
perfeitamente iluminado, consumado no verdadeiro conhecimento e conduta,
bem-aventurado, conhecedor dos mundos, um líder insuperável de pessoas
preparadas para serem treinadas, mestre de devas e humanos, desperto,
sublime.’ A isto se denomina ser consumado em convicção.
"E o que significa ser
consumado em virtude? É o caso em que um nobre discípulo se abstém de matar, se
abstém de roubar, se abstém de conduta sexual imprópria, se abstém de mentir, se
abstém de tomar vinho, álcool e outros embriagantes que causam a negligência. A
isto se denomina ser consumado em virtude.
"E o que significa ser
consumado em generosidade? É o caso em que um nobre discípulo permanece em casa
com uma mente desprovida da mácula da avareza, espontaneamente generoso, mão
aberta, que se delicia com a renúncia, devotado à caridade, deliciando-se em
dar e compartir. A isto se denomina ser consumado em generosidade.
"E o que significa ser
consumado em sabedoria? É o caso em que um nobre discípulo tem sabedoria, com a
completa compreensão da origem e cessação - nobre, penetrante,
que conduz ao fim do sofrimento. A isto se denomina ser consumado em sabedoria.
“Para a pessoa que transgride em uma coisa, eu lhes digo, não haverá nenhum mal que ela não possa cometer. Qual coisa? Isto: dizer uma mentira de forma deliberada.”
A
pessoa que mente,
que transgride nesta única coisa,
sem tomar em conta o próximo mundo:
não existe mal
que ela não possa cometer.
[It.25]
"Vale a pena ter um amigo que possui estas três qualidades. Quais três? Ele dá o que é difícil de dar. Ele faz o que é difícil de fazer. Ele aguenta pacientemente o que é difícil de aguentar. Vale a pena ter um amigo que possui estas três qualidades."
“Estas três coisas foram
prescritas pelas pessoas sábias, por pessoas que são verdadeiramente boas.
Quais três? Generosidade … a vida santa … prestar assistência à mãe e ao pai.
Estas três coisas foram prescritas pelas pessoas sábias, por pessoas que são
verdadeiramente boas.”
"E qual é o nível da pessoa falsa? Uma pessoa falsa é ingrata, não reconhece a ajuda que lhe é dada. Essa ingratidão, essa falta de reconhecimento é o costume entre as pessoas falsas. Isto está totalmente de acordo com o nível das pessoas falsas.
"E qual é o nível da pessoa verdadeira? Uma pessoa verdadeira é grata, e reconhece a ajuda que lhe é dada. Essa gratidão, esse reconhecimento é o costume entre as pessoas verdadeiras. Isto está totalmente de acordo com o nível das pessoas verdadeiras."
[AN II.32]
"É vivendo junto com
uma pessoa que a sua virtude pode ser conhecida e somente após um longo período
de tempo, não um período curto; por alguém que seja atento, não por alguém que
seja desatento; por alguém que tenha sabedoria, não por alguém que não tenha
sabedoria.
"É lidando com uma
pessoa que a sua pureza pode ser conhecida e somente após um longo período de
tempo, não um período curto; por alguém que seja atento, não por alguém que
seja desatento; por alguém que tenha sabedoria, não por alguém que não tenha
sabedoria.
"É através da
adversidade que a tolerância de uma pessoa pode ser conhecida e somente após um
longo período de tempo, não um período curto; por alguém que seja atento, não
por alguém que seja desatento; por alguém que tenha sabedoria, não por alguém
que não tenha sabedoria.
"É através da
discussão que a sabedoria de uma pessoa pode ser conhecida e somente após um
longo período de tempo, não um período curto; por alguém que seja atento, não
por alguém que seja desatento; por alguém que tenha sabedoria, não por alguém
que não tenha sabedoria.
[1] "’É vivendo junto
com uma pessoa que a sua virtude pode ser conhecida e somente após um longo
período de tempo, não um período curto; por alguém que seja atento, não por
alguém que seja desatento; por alguém que tenha sabedoria, não por alguém que
não tenha sabedoria’. Assim foi dito e em referência a que foi dito isto?
"É o caso em que um
indivíduo, através da convivência com outro, descobre o seguinte: ‘Por um
longo tempo esta pessoa através das suas
ações tem sido despedaçada, quebrada, manchada, suja. Ela não tem sido consistente
nas suas ações. Ela não pratica consistentemente de acordo com os preceitos.
Ela é uma pessoa sem princípios, não é uma pessoa virtuosa, com princípios.’ E
então existe o caso em que um indivíduo, através da convivência com outro,
descobre o seguinte: ‘ Por um longo tempo esta pessoa através das suas ações
não tem sido despedaçada, quebrada, manchada, suja. Ela tem sido consistente
nas suas ações. Ela pratica consistentemente de acordo com os princípios. Ela é
virtuosa, uma pessoa de princípios, não uma pessoa sem princípios.'
"’É através da convivência
com uma pessoa que a sua virtude pode ser conhecida e somente após um longo
período de tempo, não um período curto; por alguém que seja atento, não por
alguém que seja desatento; por alguém que tenha sabedoria, não por alguém que
não tenha sabedoria’. Assim foi dito e em referência a isso é que foi dito.
[2] '"É lidando com
uma pessoa que a sua pureza pode ser conhecida e somente após um longo período
de tempo, não um período curto; por alguém que seja atento, não por alguém que
seja desatento; por alguém que tenha sabedoria, não por alguém que não tenha
sabedoria.’ Assim foi dito e em referência a que foi dito isto?
"É o caso em que um
indivíduo, por lidar com outro, descobre o seguinte: ‘Esta pessoa lida de uma
forma com uma pessoa, de outra forma com duas pessoas, de outra forma com três
pessoas, de outra forma com muitas. As suas primeiras negociações não estão em
harmonia com as subsequentes. Ela é impura no seu comportamento, não pura.’ E
então existe o caso em que um indivíduo, por lidar com outro, descobre o
seguinte: a forma como essa pessoa lida com uma pessoa, é a mesma forma como
ele lida com duas, com três, com muitas. As suas primeiras negociações estão em
harmonia com as subsequentes. Ela é pura no seu comportamento, não impura.’
"É lidando com uma
pessoa que a sua pureza pode ser conhecida, e somente após um longo período de
tempo, não um período curto; por alguém que seja atento, não por alguém que
seja desatento; por alguém que tenha sabedoria, não por alguém que não tenha
sabedoria.’ Assim foi dito e em referência a isso é que foi dito.
[3] "É através da
adversidade que a tolerância de uma pessoa pode ser conhecida e somente após um
longo período de tempo, não um período curto; por alguém que seja atento, não por
alguém que seja desatento; por alguém que tenha sabedoria, não por alguém que
não tenha sabedoria. Assim foi dito e em referência a que foi dito isto?
"É o caso em que um
indivíduo, sofrendo a perda de parentes, perda de riqueza, ou perda por doença,
não reflete: 'Assim é a convivência no mundo. Assim é quando se tem uma
identidade pessoal [atta-bhava, literalmente “estado do eu"]. Quando se
vive no mundo, quando se tem uma identidade pessoal, essas oito condições
mundanas revolvem acompanhando o mundo e o mundo revolve acompanhando essas
oito condições mundanas: ganho e perda, fama e má reputação, elogio e crítica,
alegria e tristeza.’ Sofrendo a perda de parentes, perda de riqueza, ou perda
por doença, ele fica triste, sofre e se lamenta, bate no peito, fica
perturbado. E então existe o caso em que um indivíduo, sofrendo a perda de
parentes, perda de riqueza ou perda por doença, reflete: ‘Assim é a convivência
no mundo. Assim é como se tem uma identidade pessoal. Quando se vive no mundo,
quando se tem uma identidade pessoal, essas oito condições mundanas revolvem
acompanhando o mundo e o mundo revolve acompanhando essas oito condições
mundanas: ganho e perda, fama e má reputação, elogio e crítica, alegria e
tristeza.’ Sofrendo a perda de parentes, perda de riqueza, ou perda por doença,
ele não fica triste, sofre ou lamenta, não bate no peito ou fica perturbado.
"É através da
adversidade que a tolerância de uma pessoa pode ser conhecida e somente após um
longo período de tempo, não um período curto; por alguém que seja atento, não
por alguém que seja desatento; por alguém que tenha sabedoria, não por alguém
que não tenha sabedoria Assim foi dito e em referência a isso é que foi dito
[4] "’É através da
discussão que a sabedoria de uma pessoa pode ser conhecida e somente após um
longo período de tempo, não um período curto; por alguém que seja atento, não
por alguém que seja desatento; por alguém que tenha sabedoria, não por alguém
que não tenha sabedoria. Assim foi dito e em referência a que foi dito isto?
"É o caso em que um
indivíduo, através da discussão com outro fica sabendo o seguinte: ‘Pela forma
como essa pessoa aborda um assunto, pela forma como ela aplica (a sua lógica),
pela forma como ela responde a uma pergunta, ela é tola, não tem sabedoria. Por que
isso? Ela não faz declarações profundas, tranquilas, refinadas, além do escopo
da conjectura, sutis, dignas dos sábios. Ela não consegue entender o
significado, ensiná-lo, descrevê-lo, revelá-lo, explicá-lo ou torná-lo simples.
Ela é tola, sem sabedoria.’ Como se um homem com boa visão estando em pé na
margem de um lago pudesse ver um pequeno peixe emergir. O seguinte pensamento
lhe ocorreria, ‘Pela forma como esse peixe emerge, pelo quebrar das ondas, pela
sua velocidade, é um peixe pequeno, não é um peixe grande.’ Da mesma forma um
indivíduo, em uma discussão com um outro, sabe o seguinte: Pela forma como essa
pessoa aborda um assunto, pela forma como ela aplica (a sua lógica), pela forma
como ela responde a uma pergunta … ela é tola, não tem sabedoria.’
"E então é o caso em
que um indivíduo, discutindo com um outro sabe o seguinte: ‘Pela forma como
essa pessoa aborda um assunto, pela forma como ela aplica (a sua lógica), pela
forma como ela responde a uma pergunta, ela tem sabedoria, ela é sábia. Por que
isso? Ela faz declarações que são profundas, tranquilas, refinadas, além do
escopo de conjectura, sutis, dignas dos sábios. Ela consegue declarar o
significado, ensiná-lo, descrevê-lo, revelá-lo, explicá-lo ou torná-lo simples.
Ela tem sabedoria, ela é sábia.’ Como se um homem com boa visão estando em pé
na margem de um lago pudesse ver um pequeno peixe emergir. O pensamento lhe
ocorreria, ‘Pela forma como esse peixe emerge, pelo quebrar das ondas, pela sua
velocidade, é um peixe pequeno, não é um peixe grande.’ Da mesma forma um
indivíduo em uma discussão com um outro, descobre o seguinte: Pela forma como
essa pessoa aborda um assunto, pela forma como ela aplica (a sua lógica), pela
forma como ela responde a uma pergunta … ela tem sabedoria, ela é sábia.’
"’É através da
discussão que a sabedoria de uma pessoa pode ser conhecida e somente após um
longo período de tempo, não um período curto; por alguém que seja atento, não
por alguém que seja desatento; por alguém que tenha sabedoria, não por alguém que
não tenha sabedoria . Assim foi dito e em referência a isso é que foi dito.
“Bhikkhus, uma pessoa falsa
distingue uma outra pessoa falsa? ‘Esta é uma pessoa falsa’?” – “Não, venerável
senhor.” – “Bom, bhikkhus. É impossível, não pode ser, que uma pessoa falsa
possa distinguir uma outra pessoa falsa: ‘Esta é uma pessoa falsa.’ Mas uma
pessoa falsa distinguiria uma pessoa verdadeira: ‘Esta é uma pessoa
verdadeira’?” – “Não, venerável senhor.” – “Bom, bhikkhus. É impossível, não
pode ser, que uma pessoa falsa possa distinguir uma pessoa verdadeira: ‘Esta é
uma pessoa verdadeira’
“Bhikkhus, uma pessoa
verdadeira distingue uma outra pessoa verdadeira? ‘Esta é uma pessoa
verdadeira’?” – “Sim, venerável senhor.” – “Bom, bhikkhus. É possível que uma
pessoa verdadeira possa distinguir uma outra pessoa verdadeira: ‘Esta é uma
pessoa verdadeira.’ Mas uma pessoa verdadeira distinguiria uma pessoa falsa:
‘Esta é uma pessoa falsa’?” – “Sim, venerável senhor.” – “Bom, bhikkhus. É
possível que uma pessoa verdadeira possa distinguir uma pessoa falsa: ‘Esta é
uma pessoa falsa.’
“Bhikkhus,
uma pessoa verdadeira possui qualidades boas; ela se associa como uma pessoa
verdadeira, ela tem a volição como uma pessoa verdadeira, ela aconselha como
uma pessoa verdadeira, ela fala como uma pessoa verdadeira, ela age como uma
pessoa verdadeira, ela tem idéias como uma pessoa verdadeira e ela dá presentes
como uma pessoa verdadeira.
“E como uma
pessoa verdadeira possui boas qualidades? Neste caso, uma pessoa verdadeira tem
fé, vergonha e temor das transgressões; ela é instruída, é energética,
plenamente atenta e sábia. Assim é como uma pessoa verdadeira possui boas
qualidades.
“E como uma
pessoa verdadeira se associa como uma pessoa verdadeira? Neste caso, uma pessoa
verdadeira tem como amigos e companheiros aqueles contemplativos e brâmanes que
possuem fé, vergonha e temor das transgressões; que são instruídos, são
energéticos, plenamente atentos e sábios. Assim é como uma pessoa verdadeira se
associa como uma pessoa verdadeira
“E como uma
pessoa verdadeira tem a volição como uma pessoa verdadeira? Neste caso uma
pessoa verdadeira não intenciona a sua própria aflição, nem a aflição dos
outros e nem a aflição de ambos. Assim é como uma pessoa verdadeira tem a
volição como uma pessoa verdadeira.
“E como uma
pessoa verdadeira aconselha como uma pessoa verdadeira? Neste caso uma pessoa
verdadeira não aconselha para a sua própria aflição, para a aflição dos outros
e para a aflição de ambos. Assim é como uma pessoa verdadeira aconselha como
uma pessoa verdadeira.
“E como uma
pessoa verdadeira fala como uma pessoa verdadeira? Neste caso uma pessoa
verdadeira se abstém da linguagem mentirosa, da linguagem maliciosa, da
linguagem rude e da linguagem frívola. Assim é como uma pessoa verdadeira fala
como uma pessoa verdadeira.
“E como uma
pessoa verdadeira age como uma pessoa verdadeira? Neste caso uma pessoa
verdadeira se abstém de matar seres vivos, de tomar aquilo que não é dado e da
conduta imprópria em relação aos prazeres sensuais. Assim é como uma pessoa
verdadeira age como uma pessoa verdadeira
“E como uma
pessoa verdadeira tem idéias como uma pessoa verdadeira? Neste caso uma pessoa
verdadeira tem idéias como estas: ‘Existe aquilo que é dado e o que é oferecido
e o que é sacrificado; existe fruto e resultado de boas e más ações; existe
este mundo e o outro mundo; existe a mãe e o pai; existem seres que renascem
espontaneamente; existem no mundo sacerdotes e contemplativos bons e virtuosos
que, após terem conhecido e compreendido diretamente por eles mesmos, proclamam
este mundo e o próximo.’ Assim é como uma pessoa verdadeira tem idéias como uma
pessoa verdadeira.
“E como uma
pessoa verdadeira dá presentes como uma pessoa verdadeira? Neste caso uma
pessoa verdadeira dá um presente de forma cuidadosa, dá com as suas próprias
mãos, dá demonstrando respeito, dá um presente valioso, dá com a idéia de que
algum fruto provém dessa ação. Assim é como uma pessoa verdadeira dá presentes
como uma pessoa verdadeira.
“Essa pessoa verdadeira que
assim possui qualidades boas, que assim se associa como uma pessoa verdadeira,
que tem a volição como uma pessoa verdadeira, que aconselha como uma pessoa verdadeira,
que fala como uma pessoa verdadeira, que age como uma pessoa verdadeira, que
tem idéias como uma pessoa verdadeira e que dá presentes como uma pessoa
verdadeira - na dissolução do corpo após a morte, ela renasce na destinação das
pessoas verdadeiras. E qual é o destino das pessoas verdadeiras? É a magnitude
entre os devas ou a magnitude entre os seres humanos.”
[MN
110]
Considere-o
como um guia
que mostra o caminho para um
tesouro,
o sábio que
vendo os seus defeitos
lhe censura.
Permaneça com tal sábio.
Pois para aquele que permanece
com tal sábio,
as coisas melhoram,
não pioram.
[Dhp 76]
O Buda: “Existem cinco coisas,
que podem ter dois tipos de resultados no aqui e agora. Quais cinco?
[Conhecimento baseado na] Fé, preferência, tradição, razão e idéias. Essas cinco coisas podem ter dois
tipos de resultados no aqui e agora. Agora, algo pode ser completamente aceito
pela fé e ainda assim ser vazio, oco e falso; mas, alguma outra coisa pode não
ser completamente aceita pela fé e mesmo assim pode ser factual, verdadeira e
certa. Novamente, algo pode ser preferido ... pode ser tradicional ... pode ser
cogitado com base na razão ... pode ser baseado em idéias e no entanto ser
vazio, oco e falso; mas alguma outra coisa pode não ser preferida ... pode não
ser tradicional ... pode não ser cogitada com base na razão ... pode não ser
baseada em idéias e mesmo assim ser factual, verdadeira e certa. Sob essas
condições não é apropriado que um homem sábio, que preserva a verdade, chegue a
essa conclusão definitiva: ‘Somente isso é verdadeiro, todo o restante é
falso.’”
Kapadika Bharadvaja: “Mas,
Mestre Gotama, de que forma ocorre a preservação da verdade? De que forma uma
pessoa preserva a verdade? Nós perguntamos ao Mestre Gotama sobre a preservação
da verdade.”
O Buda: “Se uma pessoa
possui fé, Bharadvaja, ela preserva a verdade quando ela diz: ‘Minha fé é
assim’; mas ela ainda não chega a esta conclusão definitiva: ‘Somente isso é
verdadeiro, todo o restante é falso.’ Dessa forma, Bharadvaja, ocorre a
preservação da verdade; dessa forma ela preserva a verdade; dessa forma nós
descrevemos a preservação da verdade. Mas até esse ponto não existe a
descoberta da verdade.”
“Se uma pessoa prefere algo
... se ela aceita uma tradição ... se ela chega a uma conclusão baseada na
razão ... se ela aceita alguma idéia, ela preserva a verdade quando
ela diz: ‘Eu prefiro isso ... aceito esta tradição oral ... cheguei a esta
conclusão baseado na razão ... aceito esta idéia’; mas ela ainda não
chega a esta conclusão definitiva: ‘Somente isso é verdadeiro, todo o restante
é falso.’ Dessa forma, Bharadvaja, ocorre a preservação da verdade; dessa forma
ela preserva a verdade; dessa forma nós descrevemos a preservação da verdade.
Mas até esse ponto não existe a descoberta da verdade.”
[MN 95]
Tendo sentado, os Kalamas de
Kesaputta disseram ao Abençoado, “Senhor, existem alguns sacerdotes e
contemplativos que vêm para Kesaputta. Eles explicam e glorificam as suas
doutrinas, porém com relação às doutrinas de outros, eles as desaprovam, as
repelem, demonstram desprezo por elas e fazem pouco delas. E então outros
sacerdotes e contemplativos vêm para Kesaputta. Eles explicam e glorificam as
suas doutrinas, porém com relação às doutrinas de outros, eles as desaprovam,
as repelem, demonstram desprezo por elas e fazem pouco delas. Eles nos deixam
confusos e em dúvida: quais desses sacerdotes e contemplativos estão falando a
verdade e quais estão mentindo?”
“Claro
que vocês estão confusos Kalamas. Claro que vocês têm dúvidas. Porque a dúvida
surge com relação a qualquer assunto que cause a perplexidade. Dessa forma,
Kalamas, nesse caso não se deixem levar pelos relatos, pelas tradições, pelos
rumores, por aquilo que está nas escrituras, pela razão, pela
inferência, pela analogia, pela competência (ou confiabilidade) de alguém, por respeito por alguém, ou pelo pensamento, ‘Este contemplativo é o nosso
mestre.’ Quando vocês sabem por vocês mesmos que, ‘Essas qualidades são
inábeis; essas qualidades são culpáveis; essas qualidades são passíveis de
crítica pelos sábios; essas qualidades quando postas em prática conduzem ao mal
e ao sofrimento’ - então vocês devem abandoná-las.
“O que vocês pensam Kalamas? Quando
a cobiça surge em uma pessoa, ela surge para o bem ou para o mal?”
“Para o mal, senhor.”
“E essa pessoa que está tomada pela
cobiça, sua mente obcecada com a cobiça, mata seres vivos, toma o que não lhe é
dado, busca a mulher do próximo, mente, e induz outros a fazerem o mesmo, tudo
o que resulta é dano e sofrimento por um longo tempo.”
“Sim, senhor”
(Da mesma forma para a aversão e delusão)
“Então Kalamas o que vocês pensam.
Essa qualidades são hábeis ou inábeis?”
“Inábeis, senhor.”
“Culpáveis ou isentas de culpa?”
“Culpáveis, senhor.”
“Criticadas pelos sábios ou
elogiadas pelos sábios?”
“Criticadas pelos sábios, senhor.”
“Quando postas em prática elas
conduzem ao mal e ao sofrimento ou não?”
“Quando postas em prática elas
conduzem ao mal e ao sofrimento…
“... Agora Kalamas, não se
deixem levar pelos relatos, pelas tradições, pelos rumores, por aquilo que está
nas escrituras, pela razão, pela inferência, pela analogia, pela competência (ou confiabilidade) de alguém, por respeito por alguém, ou pelo
pensamento, ‘Este contemplativo é o nosso mestre.’ Quando vocês souberem por vocês mesmos que,
‘Essas qualidades são hábeis; essas qualidades são isentas de culpa; essas
qualidades são elogiadas pelos sábios; essas qualidades quando postas em
prática conduzem ao bem-estar e à felicidade” - então vocês devem penetrar e
permanecer nelas..
“O que vocês pensam Kalamas? Quando
a ausência de cobiça surge em uma pessoa, ela surge para o bem ou para o mal?”
“Para o bem, senhor.”
“E essa pessoa que não está tomada
pela cobiça, sua mente não está obcecada pela cobiça, não mata seres vivos, não toma o que não lhe é dado,
não busca a mulher do próximo, não mente, e não induz outros a fazerem o mesmo,
tudo o que resulta para o bem-estar e felicidade por um longo tempo.”
“Sim, senhor”
(Da mesma forma para a aversão e delusão)
“Então Kalamas o que vocês pensam. Essa
qualidades são hábeis ou inábeis?”
“Hábeis, senhor.”
“Culpáveis ou isentas de culpa?”
“Isentas de culpa, senhor.”
“Criticadas pelos sábios ou
elogiadas pelos sábios?”
“Elogiadas pelos sábios, senhor.”
“Quando postas em prática elas conduzem
ao bem e à felicidade ou não?”
“Quando postas em prática elas
conduzem ao bem e à felicidade…”
"Gotami,
as qualidades que você provavelmente conhece, ' Essas qualidades conduzem à
cobiça, não ao desapego; a estar agrilhoada, não a estar livre dos grilhões; ao
acúmulo, não à renúncia; ao engrandecimento pessoal, não à modéstia; à
insatisfação, não à satisfação; ao
enredamento, não ao isolamento; à preguiça, não a estimular a energia; a ser um
incômodo, não a não ser um incômodo': Você deve definitivamente entender, '
Isto não é o Dhamma, isto não é o Vinaya, essas não são as instruções do
Mestre.'
"Quanto
às qualidades que você provavelmente conhece. ' Essas qualidades conduzem ao
desapego, não à cobiça; a estar livre dos grilhões, não a estar agrilhoada; à
renúncia, não ao acúmulo; à modéstia, não ao engrandecimento pessoal; à
satisfação, não à insatisfação; ao
isolamento, não ao enredamento; a estimular a energia, não à preguiça; a não
ser um incômodo, não a ser um incômodo: Você deve definitivamente entender, '
Isto é o Dhamma, isto é o Vinaya, essas são as instruções do Mestre.'"
"Ouvir o Dhamma resulta nessas
cinco recompensas. Quais cinco?
"[1] A pessoa ouve o que nunca
ouviu antes. [2] Esclarece o que já foi ouvido antes. [3] Elimina suas dúvidas.
[4] O entendimento se torna correto. [5] A mente fica tranqüila.
"Essas são as cinco recompensas
para aqueles que ouvem o Dhamma."
[AN
V.202]
"Dotado
dessas seis qualidades, uma pessoa é capaz de se dar conta da legitimidade, da
correção de qualidades mentais hábeis mesmo ouvindo o Dhamma verdadeiro. Quais
seis?
"Ela
não está dotada de uma obstrução por kamma (presente), um impedimento por contaminações, um
impedimento resultante de kamma (passado); ela tem convicção, tem o desejo (de escutar) e possui
sabedoria.
"Dotado
dessas seis qualidades, uma pessoa é capaz se dar conta da legitimidade, da
correção de qualidades mentais hábeis mesmo ouvindo o Dhamma verdadeiro.
"Dotada dessas seis qualidades, uma pessoa é capaz de se dar conta da legitimidade, da correção de qualidades mentais hábeis mesmo ouvindo o bom Dhamma. Quais seis? Quando a Doutrina e Disciplina proclamada pelo Tathagata está sendo ensinada (1) ela deseja ouvir, (2) dá ouvidos, (3) aplica a sua mente para compreender, (4) compreende o significado, (5) descarta aquilo que não tem valor, e (6) possui a convicção que está em conformidade com os ensinamentos. Dotada dessas seis qualidades, uma pessoa é capaz de se dar conta da legitimidade, da correção de qualidades mentais hábeis mesmo ouvindo o bom Dhamma."
Sariputta:
“Com que virtude,
qual comportamento,
praticando quais ações,
alguém estará bem fundamentado
e alcançará o objetivo último?”
O Buda:
“Que ele respeite
os superiores;
não tenha inveja,
tenha noção do momento certo
para ver o seu mestre,
ouça atentamente
quando um discurso do Dhamma estiver sendo proferido;
Que ele visite o seu mestre no momento apropriado,
seja obediente, deixando de lado a teimosia.
Que ele se recorde e pratique
o ensinamento,
o autocontrole e a virtude.
Que se alegra e se delicia com o Dhamma,
que está bem estabelecido no Dhamma;
alguém que não fala em oposição ao Dhamma;
que evita as conversas que não trazem benefício,
que ele apenas empregue palavras verdadeiras, bem ditas.
Abandonando as gargalhadas,
a tagarelice, as reclamações
a má vontade, a fraude,
a hipocrisia, a cobiça,
a maldade, o mal humor,
a impureza e o apego,
que ele permaneça livre
do orgulho,
com a mente estável.
O cerne das palavras bem ditas é o entendimento.
O cerne do entendimento e aprendizado é a concentração.
A sabedoria daquele que é apressado e negligente não se incrementa.
Aqueles que se deliciam com os ensinamentos dos nobres,
são incomparáveis em linguagem, ação e mente;
Estão estabelecidos na
paz,
tranqüilidade e
concentração,
e alcançam
aquilo que a sabedoria e o aprendizado
possuem como cerne."
[Snp II.9]
Atenção com Sabedoria
(Yoniso Manasikara)
“Com relação a fatores internos, eu não vejo nenhum outro único fator como a atenção com sabedoria que faça tanto por um bhikkhu em treinamento, que ainda não atingiu o objetivo, mas que permanece decidido a alcançar a insuperável libertação do apego. Um bhikkhu que dá atenção com sabedoria abandona o que não é hábil e desenvolve o que é hábil.”
Atenção
com sabedoria
como uma qualidade
num bhikkhu em treinamento:
nada mais
pode fazer tanto
para a realização do objetivo supremo.
Um bhikkhu, esforçando-se de modo apropriado,
realiza o fim do sofrimento.
[It 16]
“Neste caso bhikkhus, uma
pessoa comum sem instrução que não respeita os nobres, que não é proficiente
nem treinada no Dhamma deles, que não respeita os homens verdadeiros, que
não é proficiente nem treinada no Dhamma deles, não entende o tipo de
coisas que merecem atenção e que tipo de coisas não merecem atenção. Assim
sendo, ela se ocupa com aquelas coisas que não merecem atenção e não se
ocupa com as coisas que merecem atenção.
“Quais
são as coisas que não merecem atenção e com as quais ela se ocupa? São coisas tais que quando ela se ocupa com
elas, a impureza do desejo sensual que ainda não surgiu, surge nela e a
impureza do desejo sensual que já surgiu, aumenta nela; a impureza de
existir/ser que ainda não surgiu, surge nela e a impureza de existir/ser que já
surgiu, aumenta nela; a impureza da ignorância que ainda não surgiu, surge nela
e a impureza da ignorância que já surgiu, aumenta nela. Essas são as coisas que
não merecem atenção e com as quais ela se ocupa. E quais são as
coisas que merecem atenção mas com as quais ela não se ocupa? São coisas tais
que quando ela se ocupa com elas, a impureza do desejo sensual que ainda não
surgiu, não surge nela e a impureza do desejo sensual que já surgiu é
abandonada; a impureza de existir/ser que ainda não surgiu, não surge nela e a
impureza de existir/ser que já surgiu é abandonada; a impureza da ignorância
que ainda não surgiu, não surge nela e a impureza da ignorância que já surgiu é
abandonada. Essas são as coisas que merecem atenção mas com as quais ela não se
ocupa. Ocupando-se com coisas que não merecem atenção e não se ocupando com
coisas que merecem atenção, ambas, as impurezas que ainda não surgiram, surgem
e as impurezas que já surgiram, aumentam.
É desta forma que ela se
ocupa sem sabedoria: ‘Eu existi no passado? Não existi no passado? O que fui no
passado? Como eu era no passado? Tendo sido que, no que me tornei no passado?
Existirei no futuro? Não existirei no futuro? O que serei no futuro? Como serei
no futuro? Tendo sido que, no que me tornarei no futuro?’ Ou então ela está no
seu íntimo perplexa acerca do presente: ‘Eu sou? Eu não sou? O que sou? Como
sou? De onde veio este ser? Para onde irá?’
“Quando ela se ocupa dessa
forma, sem sabedoria, uma entre seis idéias surgem nela. A idéia
de que ‘um eu existe em mim’ surge como verdadeira e consagrada; ou a idéia de
que ‘um eu não existe em mim’ surge como verdadeira e consagrada; ou a idéia de
que ‘eu percebo o eu através do eu’ surge como verdadeira e consagrada; ou a
idéia de que ‘eu percebo o não-eu através do eu’ surge como verdadeira e
consagrada; ou a idéia de que ‘eu percebo o eu através do não-eu’ surge como
verdadeira e consagrada; ou então ela tem uma idéia como esta: ‘É esse meu eu
que fala e sente e experimenta aqui e ali o resultado de boas e más ações; mas
esse meu eu é permanente, interminável, eterno, não sujeito à mudança e que irá
durar tanto tempo quanto a eternidade.’ Essas idéias
especulativas, bhikkhus, se denominam um emaranhado de idéias, uma confusão de
idéias, idéias contorcidas, idéias vacilantes, idéias que agrilhoam.
Aprisionado pelas idéias que agrilhoam,
a pessoa comum sem instrução não se vê livre do nascimento, envelhecimento e
morte, da tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero; ela não se vê livre
do sofrimento, eu digo.
“Bhikkhus, um nobre
discípulo bem instruído ... entende quais são as coisas que merecem atenção e
quais são as coisas que não merecem atenção. Sendo assim, ele não se ocupa com
as coisas que não merecem atenção, ele
se ocupa com as coisas que merecem atenção ... E quais são as coisas que
merecem atenção com as quais ele se ocupa? Elas são coisas tais que quando ele
se ocupa com elas, a impureza do desejo sensual que ainda não surgiu, não surge
nele e a impureza do desejo sensual que já surgiu é abandonada; a impureza de
existir/ser que ainda não surgiu, não surge nele e a impureza de existir/ser
que já surgiu é abandonada; a impureza da ignorância que ainda não surgiu, não
surge nele e a impureza da ignorância que já surgiu é abandonada.
“Ele aplica sua atenção com
sabedoria: ‘Isto é sofrimento’; ele aplica a sua atenção com sabedoria: ‘Esta é
a origem do sofrimento’; ele aplica a sua atenção com sabedoria: ‘Esta é a
cessação do sofrimento’; ele aplica a sua atenção com sabedoria” ‘Este é o
caminho que conduz à cessação do sofrimento’. Quando ele aplica
a sua atenção com sabedoria desta forma, três grilhões são abandonados: a idéia
da existência de um eu, a dúvida e o apego a preceitos e rituais. Essas são
chamadas as impurezas que devem ser abandonadas através da visão."
[MN 2]
MahaKotthita: “Sariputta,
meu amigo, quais coisas deveria um bhikkhu virtuoso observar observar com
cuidado?”
Sariputta: “Um bhikkhu
virtuoso, meu amigo Kotthita, deveria observar com cuidado os cinco agregados
influenciados pelo apego como impermanentes, sofrimento, uma enfermidade, um
câncer, uma flecha, dolorosos, uma aflição, estranhos, uma dissolução, um
vazio, não-eu. Quais cinco? A forma como um agregado influenciado pelo apego,
sensação ... percepção ... formações ... consciência como um agregado
influenciado pelo apego. Um bhikkhu virtuoso deveria observar com cuidado esses
cinco agregados influenciados pelo apego como impermanentes, sofrimento, uma
enfermidade, um câncer, uma flecha, dolorosos, uma aflição, estranhos, uma
dissolução, um vazio, não-eu. Pois, é possível que, um bhikkhu virtuoso, que
observe com cuidado esses cinco agregados como impermanentes ... não-eu, possa
alcançar o fruto de ‘entrar na correnteza’”
MahaKotthita: “Então, quais
coisas deveria um bhikkhu que ‘entrou na correnteza’ observar com cuidado?”
Sariputta: “Um bhikkhu que
‘entrou na correnteza’ deveria observar com cuidado os cinco agregados do apego
como impermanentes, sofrimento, uma enfermidade, um câncer, uma flecha,
dolorosos, uma aflição, estranhos, uma dissolução, um vazio, não-eu. Pois, é
possível que um bhikkhu, que ‘entrou na correnteza,’ que observe com cuidado
esses cinco agregados como impermanentes ... não-eu, possa alcançar o fruto de
‘retornar apenas uma vez.’”
MahaKotthita: “Então quais
coisas deveria um bhikkhu que ‘retorna apenas uma vez’ observar com cuidado?”
Sariputta: “Um bhikkhu que
‘retorna apenas uma vez’ deveria observar com cuidado os cinco agregados
influenciados pelo apego como impermanentes, sofrimento, uma enfermidade, um
câncer, uma flecha, dolorosos, uma aflição, estranhos, uma dissolução, um
vazio, não-eu. Pois, é possível que um bhikkhu, que ‘retorna apenas uma vez,’
que observe com cuidado esses cinco agregados como impermanentes ... não-eu,
possa alcançar o fruto de ‘não retorno.’”
MahaKotthita: “Então quais
coisas deveria um bhikkhu que ‘não retorna’ observar com cuidado?”
Sariputta: “Um bhikkhu, que
‘não retorna’, deveria observar com cuidado os cinco agregados influenciados
pelo apego como impermanentes, sofrimento, uma enfermidade, um câncer, uma
flecha, dolorosos, uma aflição, estranhos, uma dissolução, um vazio, não-eu.
Pois, é possível que um bhikkhu, que ‘não retorna,’que observe com cuidado
esses cinco agregados como impermanentes ... não-eu, possa alcançar o fruto de
‘arahant’.”
MahaKotthita: “Então quais
coisas deveria um arahant observar com cuidado?”
Sariputta: “Um arahant
deveria observar com cuidado os cinco agregados influenciados pelo apego como
impermanentes, sofrimento, uma enfermidade, um câncer, uma flecha, dolorosos,
uma aflição, estranhos, uma dissolução, um vazio, não-eu. Apesar de não existir
nada mais a ser feito e nada a acrescentar àquilo que já foi feito por um
arahant, ainda assim, quando essas coisas são desenvolvidas e cultivadas, elas
conduzem a um estado prazeroso no aqui e agora,
à atenção plena e à completa compreensão.
Prática de Acordo com o Dhamma
“O verdadeiro
conhecimento e libertação também tem o seu alimento, bhikkhus; ele não está desprovido de alimento.
E qual é o seu alimento? Os sete fatores da Iluminação ... E qual é
o alimento dos sete fatores da Iluminação? Os quatro fundamentos da atenção
plena ... E qual é o alimento dos quatro fundamentos da atenção plena? Os três
modos de conduta correta ... E qual é o alimento dos três modos de conduta
correta? A contenção dos sentidos ... E qual é o alimento para a contenção dos
sentidos? Atenção plena e plena consciência ... E qual é o alimento para a
atenção plena e plena consciência? Atenção com sabedoria ... E qual é o alimento
para a atenção com sabedoria? Convicção ... E qual é o alimento para a convicção?
Ouvir o verdadeiro Dhamma ... E qual é o alimento para ouvir o verdadeiro Dhamma?
Associar-se com pessoas verdadeiras.
“Tal como quando os devas trovejam e vertem gotas pesadas de chuva no alto das montanhas: a água flui pelas encostas, enchendo as fissuras, rachaduras e valas. Quando as fissuras, rachaduras e valas estão preenchidas, as gotas pesadas de chuva enchem as pequenas lagoas. Quando as pequenas lagoas estão preenchidas, elas enchem os grandes lagos. Quando os grandes lagos estão preenchidos, elas enchem os pequenos rios. Quando os pequenos rios estão preenchidos, elas enchem os grandes rios. Quando os grandes rios estão preenchidos, elas enchem o grande oceano, e assim o grande oceano é alimentado, assim ele é preenchido.
"Do mesmo modo, bhikkhus, quando a associação com pessoas
verdadeiras prevalece, ouvir o verdadeiro Dhamma também irá prevalecer …
convicção … atenção com sabedoria … atenção plena e plena
consciência … contenção dos sentidos … os três modos de conduta correta … os
quatro fundamentos da atenção plena … os sete fatores da Iluminação.
Quando os sete fatores da iluminação prevalecem, o
verdadeiro conhecimento e libertação também irá prevalecer. Esse é o alimento do
verdadeiro conhecimento e libertação, e assim ele prevalece.”
[AN X.61]
Atenção Plena e Plena Consciência
Em Savatthi. “Bhikkhus, um
bhikkhu deve permanecer com atenção plena e plena consciência. Essa é a nossa
instrução para vocês.
“E como, bhikkhus, um
bhikkhu tem atenção plena? Neste caso, bhikkhus, um bhikkhu permanece
contemplando o corpo como um corpo, ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Ele
permanece contemplando as sensações como sensações ... mente como mente ...
objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. É
desse modo, bhikkhus, que um bhikkhu tem atenção plena.
“E como, bhikkhus, um
bhikkhu exerce a plena consciência? Neste caso, bhikkhus, para um bhikkhu as
sensações são compreendidas quando surgem, compreendidas enquanto estão
presentes, compreendidas quando desaparecem. Os objetos mentais são
compreendidos quando surgem, compreendidos enquanto estão presentes,
compreendidos quando desaparecem. As percepções são compreendidas quando
surgem, compreendidas enquanto estão presentes, compreendidas quando
desaparecem. É desse modo bhikkhus, que um bhikkhu exerce a plena consciência.
“Bhikkhus, um bhikkhu deve
permanecer com atenção plena e plena consciência. Essa é a nossa instrução para
vocês.”
“Ao ver uma forma com o
olho, um bhikkhu não se agarra aos seus sinais ou detalhes. Visto que, se
permanecer com a faculdade do olho descuidada, ele será tomado pelos estados
ruins e prejudiciais de cobiça e tristeza. Ele pratica a contenção, ele protege
a faculdade do olho, ele se empenha na contenção da faculdade do olho. Ao ouvir
um som com o ouvido ... Ao cheirar um aroma com o nariz … Ao saborear um sabor
com a língua … Ao sentir um tangível com o corpo … Ao conscientizar um objeto mental com a
mente, ele não se agarra aos seus sinais ou detalhes. Visto que, se
permanecer com a faculdade da mente descuidada, ele será tomado pelos estados
ruins e prejudiciais de cobiça e tristeza. Ele pratica a contenção, ele protege
a faculdade da mente, ele se empenha na contenção da faculdade da mente. Dotado
dessa nobre contenção das faculdades, ele experimenta dentro de si uma
felicidade que é imaculada. Assim é como um bhikkhu guarda as portas dos seus
meios dos sentidos.
[DN 2]
Os Três Modos de Conduta Correta
"E como alguém se
torna puro de três formas pela ação corporal? É o caso em que alguém,
abandonando tirar a vida de outros seres, se abstém de tirar a vida de outros
seres; ele permanece com a sua vara e arma postas de lado, bondoso e gentil,
compassivo com todos os seres vivos. Abandonando tomar o que não seja dado, ele
se abstém de tomar o que não é dado; ele não toma, como se fosse um ladrão, os
bens e propriedades de outros num vilarejo ou na floresta. Abandonando a
conduta imprópria com relação aos prazeres sensuais, ele se abstém da conduta
imprópria com relação aos prazeres sensuais; ele não se envolve sexualmente com
quem está sob a proteção da mãe, do pai, dos irmãos, das irmãs, dos parentes,
que possuem esposo, protegidas pela lei ou mesmo com quem esteja coroada de
flores por um outro homem. Assim é como alguém se torna puro de três formas
pela ação corporal.
"E como alguém se
torna puro de quatro formas pela ação verbal? É o caso em que alguém,
abandonando a linguagem mentirosa, se abstém da linguagem mentirosa; tendo sido
chamado para uma corte, uma reunião, um encontro com seus parentes, com a sua
corporação, com a família real, se assim for questionado como testemunha:
'Então, bom homem, diga o que você sabe,' se ele não souber, dirá, 'Eu não
sei'; se ele souber, dirá, 'Eu sei'; se ele não viu, dirá, 'Eu não vi'; se ele
viu, dirá, 'Eu vi'. Assim com plena consciência ele não conta mentiras em seu
próprio benefício, pelo benefício de outros ou para obter algum benefício
mundano insignificante. Abandonando a linguagem maliciosa, ele se abstém da
linguagem maliciosa; o que ouviu aqui ele não conta ali para separar aquelas
pessoas destas, ou, o que ouviu lá ele não conta aqui para separar estas
pessoas daquelas; assim ele reconcilia aquelas pessoas que estão divididas,
promove a amizade, ele ama a concórdia, se delicia com a concórdia, desfruta da
concórdia, diz coisas que criam a concórdia. Abandonando a linguagem grosseira,
ele se abstém da linguagem grosseira. Ele diz palavras que são gentis, que
agradam aos ouvidos, carinhosas, que penetram o coração, que são corteses,
desejadas por muitos e que agradam a muitos. Abandonando a linguagem frívola,
ele se abstém da linguagem frívola. Ele fala na hora certa, diz o que é fato,
aquilo que é bom, fala de acordo com o Dhamma e a Disciplina; nas horas
adequadas ele diz palavras que são úteis, racionais, moderadas e que trazem
benefício. Assim é como alguém se torna puro de quatro formas pela ação verbal.
"E como alguém se
torna puro de três formas pela ação mental? É o caso em que alguém não é
cobiçoso. Ele não cobiça as posses dos outros, pensando, 'Ah, que aquilo que
pertence aos outros seja meu!' A sua mente não possui má vontade e as suas
intenções estão isentas de raiva: 'Que esses seres possam estar livres da
inimizade, aflição e ansiedade! Que eles vivam felizes!’ Ele tem entendimento
correto e não vê as coisas de forma distorcida: ‘Existe aquilo que é dado e o
que é oferecido e o que é sacrificado; existe fruto e resultado de boas e más
ações; existe este mundo e o outro mundo; existe a mãe e o pai; existem seres
que renascem espontaneamente; existem no mundo brâmanes e contemplativos bons e
virtuosos que, após terem conhecido e compreendido diretamente por eles mesmos,
proclamam este mundo e o próximo.’ Assim é como alguém se torna puro de três
formas pela ação mental.
[AN
X.176]
Os Quatro Fundamentos da Atenção Plena
"Bhikkhus, sempre que um
bhikkhu, inspirando longo, compreende: ‘eu inspiro longo,’ ou expirando longo,
compreende: ‘eu expiro longo,’ inspirando curto, compreende: ‘eu inspiro
curto,’ ou expirando curto, compreende: ‘eu expiro curto’; ele treina assim:
‘eu inspiro experienciando todo o corpo (da respiração)’; ele treina assim: ‘eu
expiro experienciando todo o corpo (da respiração)’; ele treina assim: ‘eu inspiro tranqüilizando a formação do corpo’;
ele treina assim: ‘eu expiro tranqüilizando a formação do corpo’ – nessa
ocasião um bhikkhu permanece contemplando o corpo como um corpo, ardente,
plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o
desprazer pelo mundo. Eu digo que esse é um
corpo entre os corpos, ou seja, a inspiração e a expiração. Por isso,
nessa ocasião um bhikkhu permanece contemplando o corpo como um corpo, ardente,
plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o
desprazer pelo mundo.
"Bhikkhus,
quando um bhikkhu treina assim: ‘eu inspiro experienciando o êxtase’; ele
treina assim: ‘ eu expiro experienciando o êxtase’; ele treina assim: ‘eu
inspiro experienciando a felicidade’; ele treina assim: ‘eu expiro
experienciando a felicidade’; ele treina assim: ‘eu inspiro experienciando a
formação da mente’; ele treina assim: ‘eu expiro experienciando a
formação da mente’; ele treina assim: ‘eu inspiro tranqüilizando a
formação da mente’; ele treina assim: ‘eu expiro tranqüilizando a
formação da mente’ – nessa ocasião um bhikkhu permanece contemplando
sensações como sensações, ardente, plenamente consciente e com atenção plena,
tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Eu digo que essa é
uma certa sensação entre as sensações, ou seja,
a cuidadosa atenção à inspiração e à expiração. Por isso, nessa ocasião,
um bhikkhu permanece contemplando sensações como sensações, ardente, plenamente
consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer
pelo mundo.
"Bhikkhus,
quando um bhikkhu treina assim: ‘eu inspiro experienciando a mente’; ele treina
assim: ‘eu expiro experienciando a mente’; ele treina assim: ‘eu inspiro
satisfazendo a mente’; ele treina assim: ‘eu expiro satisfazendo a mente’; ele
treina assim: ‘eu inspiro concentrando a mente’; ele treina assim: ‘eu expiro
concentrando a mente’; ele treina assim: ‘eu inspiro libertando a mente’; ele
treina assim: ‘eu expiro libertando a mente’ – nessa ocasião um bhikkhu
permanece contemplando a mente como mente, ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Eu
digo que não há o desenvolvimento da atenção plena na respiração naquele que é
desatento e desprovido de plena consciência.
É por isso que nessa ocasião, um bhikkhu permanece contemplando a mente
como mente, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado
de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.
"Bhikkhus,
quando, um bhikkhu treina assim: ‘eu inspiro contemplando a impermanência’; ele
treina assim: ‘eu expiro contemplando a impermanência’; ele treina assim: ‘eu
inspiro contemplando o desaparecimento’; ele treina assim: ‘ eu expiro
contemplando o desaparecimento’; ele treina assim: ‘eu inspiro contemplando a
cessação’; ele treina assim: ‘ eu expiro contemplando a cessação’; ele treina
assim: ‘ eu inspiro contemplando a renúncia’; ele treina assim: ‘eu expiro
contemplando a renúncia’- nessa ocasião, um bhikkhu permanece contemplando
objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Tendo
visto através da sabedoria o abandono da cobiça e desprazer, ele é aquele que
observa atento com equanimidade. É por isso que nessa ocasião um bhikkhu
permanece contemplando objetos mentais como objetos mentais, ardente,
plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o
desprazer pelo mundo.
"Bhikkhus,
é quando a atenção plena na respiração é desenvolvida e cultivada desse modo
que esta realiza os quatro fundamentos da atenção plena.
"E como Bhikkhus, os
quatro fundamentos da atenção plena são desenvolvidos e cultivados de modo que
realizem os sete fatores da iluminação?
"Bhikkhus, quando um
bhikkhu permanece contemplando o corpo como um corpo, ardente, plenamente
consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer
pelo mundo – nessa ocasião a atenção plena constante é estabelecida naquele
bhikkhu. Sempre que a atenção plena constante tenha sido estabelecida num
bhikkhu, nessa ocasião o fator da iluminação da atenção plena é estimulado pelo
bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação da atenção
plena; nessa ocasião o fator da iluminação da atenção plena alcança a sua
plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.
“Permanecendo assim com
atenção plena, ele investiga aquele dhamma com sabedoria, ele o examina, faz
uma análise. Sempre que um bhikkhu permanece assim com atenção plena, nessa
ocasião o fator da iluminação da investigação dos fenômenos é estimulado pelo
bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação da
investigação dos fenômenos; nessa ocasião o fator da iluminação da investigação
dos fenômenos alcança a sua plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.
“Enquanto ele investiga
aquele dhamma com sabedoria, ele o examina, faz uma análise, a energia dele é
estimulada sem enfraquecimento. Sempre que a energia de um bhikkhu é estimulada
sem enfraquecimento enquanto ele investiga aquele dhamma com sabedoria, nessa
ocasião o fator da iluminação da energia é estimulado pelo bhikkhu; nessa
ocasião o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação da energia; nessa ocasião o
fator da iluminação da energia alcança a sua plenitude através do
desenvolvimento naquele bhikkhu.
“Quando a energia dele é
estimulada, surge nele o êxtase. Sempre que o êxtase surge num bhikkhu cuja
energia é estimulada, nessa ocasião o fator da iluminação do êxtase é
estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação
do êxtase; nessa ocasião o fator da iluminação do êxtase alcança a sua
plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.
“Naquele cuja mente está
elevada pelo êxtase o corpo fica tranqüilo e a mente fica tranqüila. Sempre que
o corpo fica tranqüilo e a mente fica tranqüila num bhikkhu cuja mente está
elevada pelo êxtase, nessa ocasião o fator da iluminação da tranqüilidade é
estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu desenvolve o fator da
iluminação da tranqüilidade; nessa ocasião o fator da iluminação da
tranqüilidade alcança a sua plenitude através do desenvolvimento naquele
bhikkhu.
“Naquele em que o corpo
está tranqüilo e que sente felicidade a mente se torna concentrada. Sempre que a
mente fica concentrada num bhikkhu cujo corpo está tranqüilo e que sente felicidade,
nessa ocasião o fator da iluminação da concentração é estimulado pelo bhikkhu;
nessa ocasião o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação da concentração; nessa
ocasião o fator da iluminação da concentração alcança a sua plenitude através
do desenvolvimento naquele bhikkhu.
“Ele olha de perto com
equanimidade para a mente assim concentrada. Sempre que um bhikkhu olhe de
perto para a mente assim concentrada, nessa ocasião o fator da iluminação da
equanimidade é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu desenvolve o
fator da iluminação da equanimidade; nessa ocasião o fator da iluminação da
equanimidade alcança a sua plenitude através do desenvolvimento naquele
bhikkhu.
[Da mesma forma com os
outros três fundamentos da atenção plena: sensações, mente e objetos mentais.]
"Bhikkhus, é quando os
quatro fundamentos da atenção plena são desenvolvidos e cultivados desse modo
que estes realizam os sete fatores da iluminação.
Verdadeiro Conhecimento e Libertação
"E como, bhikkhus, os
sete fatores da iluminação são desenvolvidos e cultivados de modo que realizem
o verdadeiro conhecimento e libertação?
"Aqui, bhikkhus, um
bhikkhu desenvolve o fator da iluminação da atenção plena, que tem como base o
afastamento, desapego e cessação que amadurece no abandono. Ele
desenvolve o fator da iluminação da investigação dos fenômenos ... o fator da
iluminação da energia ... o fator da iluminação do êxtase ... o fator da
iluminação da tranqüilidade ... o fator da iluminação da concentração ... o
fator da iluminação da equanimidade, que tem como base o afastamento, desapego
e cessação que amadurece no abandono.
"Bhikkhus, é quando os
sete fatores da iluminação são desenvolvidos e cultivados desse modo que estes
realizam o verdadeiro conhecimento e libertação.”
[MN
118]
* * *
“Então, quais são os oito
pensamentos de uma pessoa eminente? Este Dhamma é para aquele que é modesto,
não para aquele que quer o auto-engrandecimento. Este Dhamma é para aquele que
está satisfeito, não para aquele que está insatisfeito. Este Dhamma é para
aquele que é isolado, não para aquele que é enredado. Este Dhamma é para aquele
cuja persistência está desperta, não para aquele que é preguiçoso. Este Dhamma
é para aquele cuja atenção plena está estabelecida, não para aquele cuja
atenção plena é confusa. Este Dhamma é para aquele cuja mente está concentrada,
não para aquele cuja mente é desconcentrada. Este Dhamma é para aquele dotado
de discernimento, não para aquele cujo discernimento é fraco. Este Dhamma é
para aquele que desfruta da não-proliferação [conceitual], que se delicia com a
não-proliferação, não para aquele que desfruta e se delicia com a proliferação.
“’Este Dhamma é para aquele
que é modesto, não para aquele que quer o auto-engrandecimento.’ Assim foi
dito. Com referência a que foi dito isso? É o caso em que um bhikkhu, sendo
modesto, não quer que se saiba que ‘Ele é modesto.’ Sendo satisfeito, ele não
quer que se saiba que ‘Ele está satisfeito.’ Sendo isolado, ele não quer que se
saiba que ‘Ele é isolado.’ Com a persistência desperta, ele não quer que se
saiba que ‘A persistência dele está desperta.’ Com a atenção plena
estabelecida, ele não quer que se saiba que ‘A atenção plena dele está
estabelecida.’ Com a mente concentrada, ele não quer que se saiba que ‘A mente
dele está concentrada.’ Estando dotado de discernimento, ele não quer que se
saiba que ‘Ele está dotado de
discernimento.’ Desfrutando da não- proliferação, ele não quer que se saiba que
‘Ele desfruta da não-proliferação.’ ’Este Dhamma é para aquele que é modesto,
não para aquele que quer o auto-engrandecimento.’ Assim foi dito. E com
referência a isso é que foi dito.
“’Este Dhamma é para aquele
que está satisfeito, não para aquele que está insatisfeito.’ Assim foi dito.
Com referência a que foi dito isso? É o caso em que um bhikkhu está satisfeito
com qualquer tecido velho para o manto, qualquer comida esmolada, qualquer
moradia, qualquer medicamento.’ Este Dhamma é para aquele que está satisfeito,
não para aquele que está insatisfeito.’ Assim foi dito. E com referência a isso
é que foi dito.
“’Este Dhamma é para aquele
que é isolado, não para aquele que é enredado.’ Assim foi dito. Com referência
a que foi dito isso? É o caso em que um bhikkhu, que vive em isolamento, é
visitado por bhikkhus, bhikkhunis, pessoas leigas, reis, ministros reais,
membros de outras seitas e os seus discípulos. Com a sua mente inclinada para o
isolamento, tendendo para o isolamento, desviando-se para o isolamento,
buscando o isolamento, desfrutando do isolamento, ele conversa com os
visitantes apenas o tanto necessário para que eles o deixem. ‘Este Dhamma é para aquele que é isolado, não
para aquele que é enredado.’ Assim foi dito. E com referência a isso é que foi
dito.
“’Este Dhamma é para aquele
cuja persistência está desperta, não para aquele que é preguiçoso.’ Assim foi
dito. Com referência a que foi dito isso? É o caso em que um bhikkhu mantém a
sua persistência desperta para o abandono de qualidades mentais prejudiciais e para
a obtenção de qualidades mentais benéficas; ele é decidido, firme no seu
esforço, sem se esquivar das suas responsabilidades com relação ao cultivo de
qualidades mentais benéficas. ‘Este Dhamma é para aquele cuja persistência está
desperta, não para aquele que é preguiçoso.’ Assim foi dito. E com referência a
isso é que foi dito.
“’Este Dhamma é para aquele
cuja atenção plena está estabelecida, não para aquele cuja atenção plena é
confusa.’ Assim foi dito. Com referência a que foi dito isso? É o caso em que
um bhikkhu está plenamente atento, muito meticuloso, lembrando-se e capaz de
chamar para a memória até mesmo as coisas que foram feitas e ditas há muito
tempo. ‘Este Dhamma é para aquele cuja atenção plena está estabelecida, não
para aquele cuja atenção plena é confusa.’ Assim foi dito. E com referência a
isso é que foi dito.
“’Este Dhamma é para aquele
cuja mente está concentrada, não para aquele cuja mente é desconcentrada.’
Assim foi dito. Com referência a que foi dito isso? É o caso em que um bhikkhu afastado dos prazeres sensuais, afastado das qualidades não hábeis, entra e permanece no primeiro jhana, que é caracterizado pelo pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos do afastamento. Abandonando o pensamento aplicado e sustentado, um bhikkhu entra e permanece no segundo jhana, que é caracterizado pela segurança interna e perfeita unicidade da mente, sem o pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos da concentração. Abandonando o êxtase, um bhikkhu entra e permanece no terceiro jhana que é caracterizado pela felicidade sem o êxtase, acompanhada pela atenção plena, plena consciência e equanimidade, acerca do qual os nobres declaram: ‘Ele permanece numa estada feliz, equânime e plenamente atento.’ Com o completo desaparecimento da felicidade, um bhikkhu entra e permanece no quarto jhana, que possui nem felicidade nem sofrimento, com a atenção plena e a equanimidade purificadas. ‘Este Dhamma é
para aquele cuja mente está concentrada, não para aquele cuja mente é
desconcentrada.’ Assim foi dito. E com referência a isso é que foi dito.
“’Este Dhamma é para aquele
dotado sabedoria, não para aquele cuja sabedoria é fraca.’ Assim foi dito. Com
referência a que foi dito isso? É o caso em que um bhikkhu compreende, tem
completa compreensão da origem e cessação
– nobre, penetrante, que conduz ao fim do sofrimento. ‘Este Dhamma é
para aquele dotado de discernimento, não para aquele cujo discernimento é
fraco.’ Assim foi dito. E com referência a isso é que foi dito.
“’Este Dhamma é para aquele
que desfruta da não-proliferação, que se delicia com a não-proliferação, não
para aquele que desfruta e se delicia com a proliferação.’ Assim foi
dito. Com referência a que foi dito isso? É o caso em que a mente dum bhikkhu
salta, ganha confiança, decisão e firmeza na cessação da proliferação. ‘Este
Dhamma é para aquele que desfruta da não-proliferação, que se delicia com a
não-proliferação, não para aquele que desfruta e se delicia com a proliferação.’
Assim foi dito. E com referência a isso é que foi dito.”
“Um bhikkhu dotado com
estas sete qualidades é merecedor de dádivas, merecedor de hospitalidade, merecedor
de oferendas, merecedor de saudações com reverência, um campo inigualável de
mérito para o mundo. Quais sete? É o caso em que um bhikkhu tem noção do
Dhamma, noção do significado, noção de si mesmo, noção de moderação, noção do
tempo, noção de encontros sociais e noção das diferenças entre os indivíduos.
“E como um bhikkhu tem
noção do Dhamma? É o caso em que um bhikkhu conhece o Dhamma: sumários, prosa e verso, análises, versos, exclamações, símiles, histórias de vidas passadas, eventos maravilhosos, perguntas e respostas (a classificação mais antiga dos ensinamentos
do Buda). Se ele não conhecesse o Dhamma - sumários, prosa e verso, análises, versos, exclamações, símiles, histórias de vidas passadas, eventos maravilhosos, perguntas e respostas – não se
diria que ele é alguém com noção do Dhamma. Portanto é porque ele conhece o
Dhamma – diálogos … sessões de perguntas e respostas – que se diz que ele é alguém
com noção do Dhamma. Ele tem a noção do Dhamma.
“E como um bhikkhu tem
noção do significado? É o caso em que um bhikkhu compreende o significado desta
e daquela afirmação – ‘Este é o significado daquela afirmação, aquele é o
significado desta.’ Se ele não compreendesse o significado desta e daquela
afirmação - ‘Este é o significado daquela afirmação, aquele é o significado
desta.’ - não se diria que ele é alguém com noção do significado. Portanto é
porque ele compreende o significado desta e daquela afirmação – ‘Este é o
significado daquela afirmação, aquele é o significado desta.’ - que se diz que
ele é alguém com noção do significado. Ele tem noção do Dhamma e noção do
significado.
“E como um bhikkhu tem
noção de si mesmo? É o caso em que um bhikkhu conhece a si mesmo. ‘Este é o
tanto que tenho de convicção, virtude, tolerância, sabedoria, rapidez de
compreensão.’ Se ele não conhecesse a si mesmo – ‘Este é o tanto que tenho de
convicção, virtude, tolerância, sabedoria, rapidez de compreensão’ – não se diria
que ele é alguém com noção de si mesmo. Portanto é porque ele conhece a si
mesmo – ‘Este é o tanto que tenho de convicção, virtude, tolerância, sabedoria,
rapidez de compreensão’ – que se diz que ele é alguém com noção de si mesmo.
Ele tem noção do Dhamma, noção do significado e noção de si mesmo.
“E como um bhikkhu tem
noção de moderação? É o caso em que um bhikkhu compreende a moderação ao
aceitar mantos, comida esmolada, moradia e medicamentos. Se ele não
compreendesse a moderação ao aceitar mantos, comida esmolada, moradia e
medicamentos, não se diria que ele é alguém com noção de moderação. Portanto é
porque ele compreende a moderação ao aceitar mantos, comida esmolada, moradia e
medicamentos, que se diz que ele é alguém com noção de moderação. Ele tem noção
do Dhamma, noção do significado, noção de si mesmo e noção de moderação.
“E como um bhikkhu tem
noção do tempo? É o caso em que um bhikkhu compreende o tempo: ‘Este, é o
momento para recitação; este, é o momento para questionar; este, é o momento de
fazer esforço (na meditação); este, é o momento para isolamento.’ Se ele não
compreendesse o tempo - ‘Este, é o momento para recitação; este, é o momento
para questionar; este, é o momento de fazer esforço (na meditação); este, é o
momento para isolamento’ – não se diria que ele é alguém com noção do tempo.
Portanto é porque ele compreende o tempo - ‘Este, é o momento para recitação;
este, é o momento para questionar; este, é o momento de fazer esforço (na
meditação); este, é o momento para isolamento’ – que se diz que ele é alguém
com noção do tempo. Ele tem noção do Dhamma, noção do significado, noção de si
mesmo, noção de moderação e noção do tempo.
“E como um bhikkhu tem
noção de encontros sociais? É o caso em que um bhikkhu compreende o encontro social
em que está: ‘Este, um encontro social de nobres guerreiros; este, um encontro
social de sacerdotes; este, um encontro social de chefes de família; este, um
encontro social de contemplativos; aqui se deve aproximar deles desta forma,
ficar em pé desta forma, agir desta forma, sentar desta forma, falar desta
forma, permanecer em silêncio desta forma.’ Se ele não compreendesse o encontro
social em que está - ‘Este, um encontro social de nobres guerreiros; este, um
encontro social de sacerdotes; este, um encontro social de chefes de família;
este, um encontro social de contemplativos; aqui se deve aproximar deles desta
forma, ficar em pé desta forma, agir desta forma, sentar desta forma, falar
desta forma, permanecer em silêncio desta forma’ – não se diria que ele é
alguém com noção de encontros sociais. Portanto porque ele compreende o
encontro social em que está - ‘Este, um encontro social de nobres guerreiros;
este, um encontro social de sacerdotes; este, um encontro social de chefes de
família; este, um encontro social de contemplativos; aqui se deve aproximar
deles desta forma, ficar em pé desta forma, agir desta forma, sentar desta
forma, falar desta forma, permanecer em silêncio desta forma’ – que se diz que
ele é alguém com noção de encontros sociais. Ele tem noção do Dhamma, noção do
significado, noção de si mesmo, noção de moderação, noção do tempo e noção de
encontros sociais.
“E como um bhikkhu tem
noção das diferenças entre os indivíduos? É o caso em que as pessoas são
conhecidas pelo bhikkhu em termos de duas categorias:
“De duas pessoas – uma quer
ver os nobres e a outra não quer – aquela que não quer ver os nobres deve ser
criticada por isso, aquela que quer ver os nobres deve ser elogiada por isso.
“De duas pessoas que querem
ver os nobres – uma quer ouvir o verdadeiro Dhamma e a outra não quer – aquela
que não quer ouvir o verdadeiro Dhamma deve ser criticada por isso, aquela que
quer ouvir o verdadeiro Dhamma deve ser elogiada por isso.
“De duas pessoas que querem
ouvir o verdadeiro Dhamma – uma ouve com o ouvido atento e a outra ouve sem o
ouvido atento – aquela que ouve sem o ouvido atento deve ser criticada por
isso, aquela que ouve com o ouvido atento deve ser elogiada por isso.
“De duas pessoas que ouvem
com o ouvido atento – uma, tendo ouvido o Dhamma, se recorda do que ouviu e a
outra não se recorda – aquela que tendo ouvido o Dhamma não se recorda do que
ouviu deve ser criticada por isso, aquela que tendo ouvido o Dhamma se recorda
do que ouviu deve ser elogiada por isso.
“De duas pessoas que tendo
ouvido o Dhamma, se recordam do que ouviram – uma investiga o significado do
Dhamma que memorizou e a outra não investiga – aquela que não investiga o
significado do Dhamma que memorizou deve ser criticada por isso, aquela que
investiga o significado do Dhamma que memorizou deve ser elogiada por isso.
“De duas pessoas que
investigam o significado do Dhamma que memorizaram – uma pratica o Dhamma de
acordo com o Dhamma, tendo noção do Dhamma, tendo noção do significado, e outra
que não pratica – aquela que não pratica o Dhamma de acordo com o Dhamma, tendo
noção do Dhamma, tendo noção do significado, deve ser criticada por isso,
aquela que pratica o Dhamma de acordo com o Dhamma, tendo noção do Dhamma,
tendo noção do significado deve ser elogiada por isso.
“De duas pessoas que the
praticam o Dhamma de acordo com o Dhamma, tendo noção do Dhamma, tendo noção do
significado – uma pratica tanto para o seu benefício como o benefício dos
outros, e outra pratica para o seu próprio benefício porém não para o benefício
dos outros - aquela que pratica para o seu próprio benefício porém não para o
benefício dos outros deve ser criticada por isso, aquela que pratica tanto para
o seu benefício como para o benefício dos outros deve ser elogiada por isso.
“Assim é como as pessoas
são conhecidas pelo bhikkhu em termos de duas categorias. E assim é como um
bhikkhu tem noção das diferenças entre os indivíduos.
E o Abençoado disse: “Ananda,
essas árvore sal brotaram flores em abundância fora de época ... Música e canções divinas se ouvem do céu,
em homenagem ao Tathagata. Nunca antes o
Tathagata foi tão honrado, reverenciado, estimado, cultuado e adorado. E no
entanto, Ananda, qualquer bhikkhu, bhikkhuni, discípulo leigo, que permanecer
praticando o Dhamma de modo apropriado e com perfeição realizar o caminho do
Dhamma, ele ou ela honram o Tathagata, o reverenciam e estimam e prestam a ele
a suprema homenagem. Portanto, Ananda, ‘Nós permaneceremos praticando o Dhamma
de modo apropriado e com perfeição realizaremos o caminho do Dhamma’ - esse
deve ser o seu lema.”
Revisado: 16 Abril 2013
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