6. Panditavagga

Sábios

 


 

 

Considere-o como um guia
que mostra o caminho para um tesouro,
o sábio que vendo os seus defeitos lhe censura.
Permaneça com tal sábio,
pois para aquele que permanece com tal sábio,
as coisas melhoram, não pioram.
                                                        Dhp 76

[Nota 1] - Para ouvir

 

 

Que ele aconselhe, que ele alerte,
e o proteja de praticar ações prejudiciais.
Pelos virtuosos ele é bem visto,
pelos não virtuosos, não é.
                                                        Dhp 77

[Nota 2] - Para ouvir

 

Não se associe com amigos prejudiciais;
não se associe com pessoas não virtuosas.
associe-se com amigos admiráveis;
associe-se com as pessoas verdadeiras.
                                                        Dhp 78

[Nota 3] - Para ouvir

 

Quem bebe o Dhamma vive feliz,
com o coração puro e claro.
Quem é sábio sempre se deleita
no Dhamma proclamado pelos Nobres.
                                                        Dhp 79

[Nota 4] - Para ouvir

 

Irrigadores governam as águas;
flecheiros modelam as flechas;
carpinteiros modelam a madeira;
os sábios dominam a si mesmos.
                                                        Dhp 80

[Nota 5] - Para ouvir

 

Tal como um rochedo sólido
não se abala com o vento,
diante do elogio ou da crítica
os sábios nunca se movem.
                                                        Dhp 81

[Nota 6] - Para ouvir

 

Tal como um lago profundo,
um lago tão claro e tranquilo,
ouvindo o Dhamma,
serenos, se tornam os sábios.
                                                        Dhp 82

[Nota 7] - Para ouvir

 

A tudo os Nobres renunciam.
Em paz, sem tagarelar em busca da sensualidade.
Sejam tocados pela alegria ou pela tristeza,
os sábios não demonstram nenhuma oscilação.
                                                        Dhp 83

[Nota 8] - Para ouvir

 

Nem para si mesmo, nem para os outros,
deve-se desejar filhos, tesouros, reinos,
ou sucessos obtidos por meios incorretos.
Agindo assim tal pessoa será virtuosa, sábia e íntegra.
                                                        Dhp 84

[Nota 9] - Para ouvir

 

Poucos são os seres humanos
que cruzam até a outra margem.
O resto, a massa dos seres,
apenas correm para cá e para lá nesta margem.
                                                        Dhp 85

Mas aqueles que praticam o Dhamma
de acordo com o Dhamma perfeitamente ensinado,
esses irão cruzar o Reino da Morte
tão difícil de cruzar.
                                                        Dhp 86

[Nota 10] - Para ouvir

 

Abandonando os dhammas escuros
que o sábio cultive os luminosos,
que ele abandone a vida em família pela vida santa,
um afastamento tão difícil de apreciar.
                                                        Dhp 87

Que eles desejem esse raro deleite,
renunciando aos prazeres sensuais, não possuindo nada.
Que esses sábios se purifiquem
de todas as impurezas da mente.
                                                        Dhp 88

Iluminados, com os fatores da iluminação
completamente desenvolvidos,
deleite, sem apego por nada,
renúncia:
sem impurezas, radiantes,
neste mundo realizaram Nibbana.
                                                        Dhp 89

[Nota 11] - Para ouvir

 

 


 

Índice                                                                                             7. Arahantavagga

 


 

Notas:

[Nota 1 - Verso 76] Vajjadassinam niggayhavadim (que vendo os seus defeitos lhe censura; aquele que repreende): estas são duas qualidades características da pessoa que faz críticas construtivas. Há aqueles que apontam os defeitos e reprovam, com a intenção de insultar. Mas este verso se refere apenas aos críticos construtivos. Eles obviamente ressaltam as falhas e repreendem, mas suas intenções são diferentes. Eles realizam essas atividades como "reveladores de tesouros". Quem poderia descrever um "revelador de tesouros" como uma pessoa que insulta? Esse tipo de guia vai permitir ao discípulo perceber por si mesmo os tesouros interiores que ele possui, e fará dele um adepto da conduta virtuosa, de modo que possa progredir de forma satisfatória ao longo do caminho para a realização espiritual. [Retorna]

[Nota 2 - Verso 77] Ovadeyya, anusaseyya (aconselhe e alerte): em alguns comentários, a distinção entre ovada e anusasana é cuidadosamente estabelecida. "Aconselhar" (ovada) é descrita como dizer a uma pessoa sobre o que é bom e o que é ruim, em termos do que já foi feito. Dizer a uma pessoa sobre o que é provável acontecer, se alguém fizer isto ou aquilo, no futuro, é referido como "Alertar" (anusasana). Aconselhar (ovada) é feita quando se está fisicamente presente diante da pessoa. Mas, se as duas pessoas não estão fisicamente presentes, e a mensagem de uma é transmitida à outra por um intermediário, isso é descrito como alertar (anusasana). Além disso, dizer apenas uma vez é ovada (aconselhar). Dizer repetidas vezes é anusasana (alertar).

Asabbha ca nivaraye (proteja de praticar ações prejudiciais): é a abstenção de ações inábeis: matar, roubar e a conduta sexual incorreta. Significa inculcar a compaixão para com todos os seres vivos; tomar apenas as coisas que forem dadas livremente; e viver uma vida pura e casta. Através da conduta virtuosa ele dá aos outros destemor, segurança e paz. Toda a virtude, ou vida virtuosa, é fundamentada no amor bondade (metta) e na compaixão (karuna). Uma pessoa sem essas duas qualidades notáveis não pode ser considerada como dotada de moral. Ações verbais e físicas não coloridas com amor e compaixão não podem ser consideradas benéficas e saudáveis. Certamente não se pode matar, roubar e assim por diante, com pensamentos de amor e uma boa consciência, mas isso apenas pode ser feito quando se é movido por pensamentos de crueldade, cobiça e ignorância. Veja no glossário a definição de metta e karuna.

É necessário cultivar certo grau de disciplina mental, porque a mente destreinada sempre encontra desculpas para cometer o mal através de palavras ou ações. "Quando o pensamento não é resguardado, a ação corporal também não é resguardada; e assim também são as ações verbais e mentais".

A conduta constrói o caráter. Ninguém pode conceder o dom de um bom caráter a outro. Cada um tem que construí-lo através do pensamento, reflexão, zelo, esforço, atenção plena, e introspecção. No domínio de uma arte se tem de trabalhar duro, assim também, no domínio da arte da nobre conduta, da qual depende o caráter bom e forte, a pessoa tem de ser diligente e atenta.

No treinamento do caráter a primeira coisa necessária é praticar o autocontrole. Se, em vez disso, alguém se entrega aos prazeres sensuais, sua boa conduta social e caráter vão decair - neste ponto todos os professores de religião e psicologia concordam. Aqueles que estão intoxicados com prazeres e são movidos pelo ímpeto da gratificação sensual, não podem ser devidamente treinados até que tenham aprendido a admitir suas faltas.

Em relação à conduta moral elevada, o Buda aconselhou o seguinte:

"Abandonem o que não é hábil, bhikkhus. É possível abandonar o que não é hábil. Se não fosse possível abandonar o que não é hábil, eu não lhes diria 'Abandonem o que não é hábil.' Porém porque é possível abandonar o que não é hábil, eu lhes digo, 'Abandonem o que não é hábil.'

O Buda continua:

"Desenvolvam o que é hábil, bhikkhus. É possível desenvolver o que é hábil. Se não fosse possível desenvolver o que é hábil, eu não lhes diria 'Desenvolvam o que é hábil.' Porém porque é possível desenvolver o que é hábil, eu lhes digo, 'Desenvolvam o que é hábil.'

Este é o tipo de orientação que um bom conselheiro deve oferecer para fazer uma pessoa abster-se de comportamentos inaceitáveis, imorais e antissociais (asabbha). [Retorna]

[Nota 3 - Verso 78] Mitta (amigo): na literatura Budista o conceito de amigo é extensivamente analisado. Nos comentários sete tipos de amigos são mencionados. Eles são:

(1) Pana sakha: aqueles que somente são amigáveis bebendo em bares; (2) Sammiya sammiyo: aqueles que somente são amigáveis quando você os encontra; (3) Atthesu jatesu: aqueles que somente são amigáveis quando lhes convém; (4) Upakaraka: aqueles amigos que são verdadeiros amigos quando se precisa deles; (5) Samana sukha dukkha: aqueles que estão sempre com você, tanto na alegria como na tristeza; (6) Atthakkayi: aqueles bons amigos que o apoiam ao longo do caminho para o progresso espiritual, dissuadindo-o do que não é hábil; (7) Anukampaka: aqueles bons amigos que ficam tristes quando você está sofrendo, mas que ficam muito felizes quando você está bem. Ele não permite que outros falem mal a seu respeito e elogia aqueles que falam coisas boas a seu respeito. Um bom amigo é um kalyana mitta (amigo admirável). Papa mitta (amigo prejudicial) é aquele que o leva àquilo que não é hábil. Veja no glossário a definição de kalyanamitta.

No Sigalovada Sutta (Exortação para Sigala) são descritos oito tipos de amigos. Destes oito, quatro são bons amigos. Eles são: (1) Upakaraka mitta - um amigo que lhe ajuda quando você precisa. (2) Samana sukha dukkha mitta - um amigo disposto a sacrificar sua própria vida pelo seu bem; (3) Atthakkhayi mitta - um amigo que lhe refreia de fazer o mal; (4) Anukampaka mitta - um amigo que é feliz quando você é bem sucedido e elogia aqueles que falam bem de você. Existem também quatro amigos prejudiciais: Eles são: (1) Aññadatthuhara - um amigo que está interessado em tirar proveito de você; (2) Vaciparama - um amigo que ajuda apenas em palavras; (3) Anuppiyabhani - um amigo que aprova tanto as coisas boas como as coisas ruins que você faz; (4) Apaya Sahaya - um amigo que o leva a ações prejudiciais tais como ingerir intoxicantes. [Retorna]

[Nota 4 - Verso 79] Dhammapiti sukham seti (quem bebe o Dhamma vive feliz): o significado desse verso é que aqueles que seguem os ensinamentos do Buda, e os seguem em termos práticos, viverão felizes. A expressão piti implica beber. Mas beber, nesse contexto, quer dizer absorver os ensinamentos como parte da própria vida.

Ariya (Nobre): significa "aquele que está distante das paixões", originalmente foi um termo que caracterizava raças distintas. No Budismo, ele indica nobreza de caráter, e é invariavelmente aplicado a todos os Budas e Arahants. [Retorna]

[Nota 5 - Verso 80] Nettika, usukara, tacchaka (irrigadores, flecheiros, carpinteiros): neste verso, toda uma série de especialistas é listada. Todos eles são habilidosos em atividades diversas. Todas essas três categorias de artesãos controlam e domam coisas inanimadas: um leva a água para onde lhe convenha; o flecheiro modela a vara de madeira e a transforma numa flecha que atravessa o ar com velocidade e o carpinteiro transforma qualquer madeira nos objetos que queira fazer. Mas o buscador da verdade modela a sua própria mente, o que é muito mais difícil do que esses três citados acima. [Retorna]

[Nota 6 - Verso 81] Ninda pasamsasu (diante do elogio ou da crítica): as pessoas comuns tendem a ser abaladas pelas vicissitudes da vida. Quando algo dá errado, elas ficam deprimidas. Quando as coisas vão bem, elas ficam entusiasmadas. Mas o sábio é inabalável, qualquer que seja a fortuna que eles enfrentem. Diz-se que as pessoas em geral enfrentam oito tipos de vicissitudes. Elas são descritas em Pali:

Labho, alabho, ayaso, yasoca,
(Ganho, perda, elogio e crítica,
Ninda, pasansa, sukham, ca dukkham
má-reputação, fama, alegria e tristeza.
Ete anicca manujesu dhamma
Essas são coisas transitórias na vida humana
Asassati viparinama dhamma
impermanentes e sujeitas à mudança.)
               Lokavipatti Sutta

Essas são as oito condições do mundo (attha loka dhamma). As pessoas comuns são abaladas por essas vicissitudes, enquanto que o sábio não se abala. Os sábios conhecem a natureza impermanente do mundo; e em resposta, eles permanecem impassíveis diante do mundo. Neste verso, esta estabilidade mental é comparada com a estabilidade de um rochedo, que permanece inabalável ao vento. A atenção plena dos sábios e suas mente inabaláveis, em face de tais vicissitudes, se resume dessa forma:

Eteva ñatva satima sumedho
(O sábio, com atenção plena, as compreende bem,
Avekkhati viparinama dhamma
observante dessas condições mutáveis.
Itthassa dhamma na mathenti cittam.
As coisas desejáveis não encantam a sua mente,
Anitthato na patighatameti
as indesejáveis não ocasionam nenhuma resistência.)
               Lokavipatti Sutta

A pessoa sábia considera essas vicissitudes cuidadosamente e observa que elas estão sujeitas à impermanência. Sua mente não é abalada pela boa fortuna. Nem é deprimida pelos infortúnios. É este reconhecimento da impermanência que o ajuda a preservar sua tranquilidade. [Retorna]

[Nota 7 - Verso 82] Rahado gambhiro (lago profundo): neste verso, a pureza mental experimentada por aqueles que ouviram as palavras do Buda, é declarada ser semelhante à clareza das águas dos lagos profundos. As pessoas comuns que não tiveram a oportunidade de ouvir a palavra do Buda são impuras na mente, agitadas e conturbadas. [Retorna]

[Nota 8 - Verso 83] Sukhena dukkhena (tocado pela alegria ou pela tristeza): o sábio permanece imperturbável tanto na alegria como na tristeza. Alegria e tristeza são um par de opostos. Eles são os fatores mais poderosos que afetam a humanidade. O que pode ser suportado com facilidade é sukha (alegria), o que é difícil de suportar é dukkha (sofrimento). A felicidade ordinária é a realização de um desejo. Mal obtemos a coisa desejada e então nós já passamos a desejar algum outro tipo de prazer. Dessa forma, nossos desejos egoístas são insaciáveis. O gozo dos prazeres sensuais é a única e mais elevada felicidade apenas para uma pessoa mediana. Sem dúvida, há uma felicidade momentânea na antecipação, na gratificação, e no relembrar de tais prazeres sensuais, altamente cotados pelo sensualista, mas elas são ilusórias e temporários.

A verdadeira felicidade é encontrada no interior, e não deve ser definida em termos de riqueza, poder, honras ou conquistas. [Retorna]

[Nota 9 - Verso 84] Este verso dá uma resposta adequada à pergunta comum: "Por que o príncipe Siddhattha abandonou sua esposa, filho, pais e reino, se não em seu próprio benefício?" Este verso nos lembra de que ele não faria coisas injustas para seu próprio benefício ou para o benefício de outros.

É devido ao entendimento correto da natureza do mundo, sua instabilidade, sofrimento, e impessoalidade, que ele abandonou sua casa. Ao mesmo tempo, ele não menosprezou a sabedoria mundana. Ele tentou adquirir conhecimento até mesmo dos seus servos. Nunca ele demonstrou qualquer desejo de exibir seus conhecimentos. O que ele sabia sempre estava à disposição dos outros, e isso ele concedia sem reservas. Ele dava o seu melhor para levar os outros das trevas para a luz. O que ele fez foi parar de perseguir ilusões. Ele começou a viver de forma realista; não só para si, mas também para servir de exemplo para os outros. [Retorna]

[Nota 10 - Versos 85 e 86] Dhamme Dhammanuvattino (aqueles que praticam o Dhamma de acordo o Dhamma perfeitamente ensinado): o Buda expôs seus ensinamentos, inicialmente, para os cinco contemplativos e pregou seu primeiro discurso - Colocando a Roda do Dhamma em Movimento. E assim o Iluminado proclamou o Dhamma e pôs em movimento a incomparável "Roda da Verdade". Com a proclamação do Dhamma, pela primeira vez, e com o convencimento dos cinco contemplativos, o Parque do Gamo, em Isipatana tornou-se o local de nascimento da Revelação do Buda e da Sangha, a comunidade de monges, os discípulos ordenados.

No Marapasa Sutta, o Buda se dirigiu aos seus discípulos, os arahants perfeitamente iluminados, e disse:

“Bhikkhus, eu estou livre de todas as armadilhas, tanto celestiais como humanas. Vocês também, bhikkhus, estão livres de todas as armadilhas, tanto celestiais como humanas. Peregrinem, bhikkhus, pelo bem-estar de muitos, para a felicidade de muitos, por compaixão pelo mundo, para o bem, bem-estar e felicidade de devas e humanos. Que dois não sigam pela mesma estrada. Ensinem, bhikkhus, o Dhamma que é admirável no início, admirável no meio, admirável no final com o correto fraseado e significado. Revelem a vida santa que é perfeita e imaculada. Há seres com pouca poeira sobre os olhos, que estão decaindo por não ouvir o Dhamma. Há aqueles que entenderão o Dhamma. Eu também, bhikkhus, irei para Senanigama em Uruvela para ensinar o Dhamma.”

Assim o Buda começou sua sublime missão, que durou até o fim de sua vida. Com os seus discípulos, ele andou pelas estradas e caminhos de Jambudipa, a terra do jambo-rosa, (outro nome para a Índia), envolvendo todos dentro da aura de sua compaixão ilimitada e sabedoria.

O Buda não fez distinção de casta, clã ou classe quando ensinava o Dhamma. Homens e mulheres de diferentes esferas da vida - os ricos e os pobres; mais humildes e mais elevados; os alfabetizados e os analfabetos; brâmanes e párias; príncipes e indigentes; santos e criminosos - ouviram o Buda, tomaram refúgio nele, e seguiram aquele que mostrou o caminho para a paz e a iluminação. O caminho está aberto a todos. Seu Dhamma era para todos. As castas, que eram uma questão de importância vital para os brâmanes da Índia, foi uma das questões de maior desinteresse do Buda, que condenou fortemente tal aviltante sistema. O Buda livremente admitia na Sangha pessoas de todas as castas e classes, quando ele sabia que elas estavam aptas para viverem a vida santa, e algumas delas, mais tarde, se destacaram na Sangha. O Buda foi o único professor contemporâneo que se esforçou para associar em mútua tolerância e concórdia aqueles que até então tinham sido segregados por diferenças de castas e de classes.

O Buda também elevou o status das mulheres na Índia. De modo geral, na época do Buda, devido à influência brâmane, as mulheres não tinham muito reconhecimento. Às vezes, elas eram detidas por desacato, embora houvesse casos isolados de exibição de sua erudição em matérias de filosofia, e assim por diante. Em sua magnanimidade, o Buda tratava as mulheres com consideração e civilidade, e apontou-lhes, também, o caminho para a pureza, paz e santidade. O Buda estabeleceu a ordem de monjas, (Bhikkhuni Sasana), pela primeira vez na história, pois nunca antes houve uma ordem em que as mulheres pudessem levar uma vida celibatária de renúncia. Mulheres de todas as esferas da vida juntaram-se à ordem. A vida de um grande número dessas nobres monjas, seus esforços enérgicos para realizar a meta de libertação, e os seus gritos de vitória ao realizarem a libertação da mente são vividamente descritos nos "Versos das Monjas Anciãs", (Therigatha).

Enquanto viajava de vilarejo em vilarejo, de cidade em cidade, instruindo, iluminando e alegrando muitos, o Buda viu como o povo supersticioso, mergulhado na ignorância, sacrificava animais em adoração aos seus deuses. Ele lhes disse:

A vida, que todos podem tomar, mas ninguém pode dar,
vida que todas as criaturas amam e se esforçam para manter,
maravilhosa, amada e prazerosa para cada um,
até mesmo para o mais malvado ...

O Buda nunca incentivou disputas e animosidade. Dirigindo-se aos monges, no Puppha Sutta ele disse:

"Bhikkhus, eu não disputo com o mundo, é o mundo que disputa comigo. Quem fala o Dhamma não disputa com ninguém no mundo."

Para o Buda a prática do Dhamma é de grande importância. Portanto, os budistas têm de ser Dhammanuvatti, (aqueles que praticam o Ensinamento). Os aspectos práticos são os mais essenciais para a realização dos objetivos espirituais indicados pelo Dhamma, (Ensinamento), do Buda.

Não há atalhos para a verdadeira paz e felicidade. Como o Buda apontou em muitos discursos, este é o único caminho que leva ao objetivo supremo da vida santa, que vai dos níveis mais baixos para os mais elevados do mundo mental. É um treinamento gradual, um treinamento na linguagem, ação e pensamento, que traz a verdadeira sabedoria que culmina com a iluminação completa e a realização de Nibbana. É um caminho para todos, independentemente de raça, classe ou credo, um caminho a ser cultivado a cada momento da nossa vida de vigília.

O primeiro e único objetivo do Buda em apontar esse Ensinamento é indicado no Culasaccaka Sutta: "O Abençoado é iluminado e ele ensina o Dhamma tendo como objetivo a iluminação. O Abençoado é domado e ele ensina o Dhamma para cada um domar a si mesmo. O Abençoado está em paz e ele ensina o Dhamma tendo como objetivo a paz. O Abençoado cruzou a torrente e ele ensina o Dhamma para cruzar a torrente. O Abençoado realizou Nibbana e ele ensina o Dhamma para realizar Nibbana.”

Sendo esta a finalidade pela qual o Buda ensina o Dhamma, é óbvio que o objetivo do ouvinte ou seguidor do caminho deveria ser o mesmo, e não qualquer outra coisa que seja. O objetivo, por exemplo, de um médico misericordioso e inteligente deveria ser curar os pacientes que o procuram em busca de tratamento, e o único objetivo do paciente, como sabemos, é conseguir se curar o mais rápido possível. Esse é o único objetivo de uma pessoa doente.

Também devemos entender que embora haja orientação, alertas e instruções, a verdadeira prática do Dhamma, o trilhar do caminho, é deixado para nós. Devemos proceder com a mesma energia incansável para superarmos todos os obstáculos e atentos aos nossos passos ao longo do Caminho Correto - o caminho trilhado e apontado por todos os Budas.

Para explicar a ideia de cruzar, o Buda usou o símile da balsa no Alagaddupama Sutta: "Bhikkhus, eu lhes mostrarei que o Dhamma é semelhante a uma balsa, existindo para o propósito de cruzar (a torrente) e não para que vocês se agarrem a ela."

O Buda, o Mestre compassivo, não está mais vivo, mas ele deixou um legado, o Dhamma sublime. O Dhamma não é uma invenção, mas uma descoberta. É uma lei atemporal, que está em toda parte com cada homem e mulher, Budistas ou não-Budistas, Orientais ou Ocidentais. O Dhamma não tem rótulos, não conhece limites de tempo, espaço ou raça. É para todos os tempos. Cada pessoa que vive o Dhamma vê a sua luz, o vê e o experimenta por si próprio. O Dhamma não pode ser transferido a uma outra pessoa, pois tem que ser realizado por cada um. [Retorna]

[Nota 11 - Versos 87, 88 e 89] Pariyodapeyya attanam cittaklesehi pandito (que esses sábios se purifiquem de todas as impurezas da mente): este é um resumo de todo o processo de purificação da mente, de modo que este seja um instrumento adequado para a exploração do Imortal (Nibbana). Das impurezas que poluem a mente, as principais são os cinco obstáculos.

Nivarana (obstáculo, bloqueio): neste contexto, o significado é de um comportamento obstaculizante que não é propício para a realização dos cumes espirituais. Os fatores que dificultam ou impedem o progresso de alguém ao longo do caminho para a libertação e estados mais elevados são descritos como nivarana. Existem cinco obstáculos. São eles: (1) desejo sensual (kama-cchanda), (2) má-vontade (vyapada), (3) preguiça e torpor (thina-middha), (4) inquietação e ansiedade (uddhacca-kukkucca), e (5) dúvida (vicikiccha).

(1) Desejos sensuais ou apego aos objetos dos sentidos (formas, sons, aromas, sabores e tangíveis) que são prazerosos. Também é considerado como um dos grilhões (samyojana) que aprisionam os seres no samsara. Veja no glossário a definição de samyojana.

Uma pessoa comum está destinada a ser tentada por esses objetos dos sentidos atraentes. Falta de autocontrole resulta no inevitável surgimento das paixões. Este obstáculo é suprimido pela unicidade (ekagatta), um dos cinco fatores de jhana. Ele é atenuado ao realizar o estado de sakadagami e é completamente erradicado ao realizar o estado de anagami. Formas mais sutis de apego, como rupa-raga (desejo pela forma) e arupa-raga (desejo pelos fenômenos sem forma) são erradicados somente ao realizar o estado de arahant. Veja no glossário a definição de jhana, sakadagami e anagami.

As seis condições seguintes levam ao abandono do desejo sensual: (i) perceber os aspectos repulsivos do objeto, (ii) dedicar-se à meditação nos aspectos repulsivos (asubha), (iii) guardar as portas dos sentidos, (iv) moderação no comer, (v) apoio de amigos admiráveis, e (vi) conversa apropriada.

(2) Má-vontade ou aversão. Um objeto prazeroso conduz ao apego, enquanto que um desprazeroso conduz à aversão. Estes são as duas grandes chamas que queimam o mundo todo. Auxiliados pela ignorância, estes dois produzem todos os sofrimentos no mundo. A má-vontade é suprimida pelo êxtase (piti), um dos fatores de jhana. A má-vontade é atenuada ao realizar o estado de sakadagami e é completamente erradicada ao realizar o estado de anagami.

As seis condições seguintes levam ao abandono da má-vontade: (i) perceber o objeto com pensamentos de amor bondade (metta), (ii) dedicar-se à meditação de amor bondade, (iii) refletir que se é herdeiro e dono de suas próprias ações (kamma), (iv) dedicação a essa reflexão, (v) apoio de amigos admiráveis, e (vi) conversa apropriada.

(3) A preguiça é explicada como um estado mórbido da mente (citta), e torpor como um estado mórbido dos objetos mentais (dhamma). A mente indolente é "inerte como um morcego pendurado a uma árvore, ou como melaço grudado em um bastão, ou como um pedaço de manteiga muito dura para se espalhar". Preguiça e torpor não devem ser entendidos como sonolência corporal, porque mesmo os arahants, que erradicaram completamente esses dois obstáculos, também experienciam a fadiga corporal. Preguiça e torpor promovem a inércia mental e se opõem ao esforço vigoroso. São suprimidos pelo pensamento aplicado (vitakka), um dos fatores de jhana, e são completamente erradicados ao realizar o estado de arahant.

As seis condições seguintes levam ao abandono da preguiça e torpor: (i) reflexão sobre a moderação ao comer, (ii) trocar a postura do corpo, (iii) focar-se na percepção da luminosidade, (iv) ficar ao ar livre, (v) apoio de amigos admiráveis e (vi) conversa apropriada.

(4) Inquietação da mente e ansiedade. É um estado mental associado com todos os tipos de consciência imorais. Como regra geral um mal é feito com alguma inquietação ou agitação. A ansiedade ou remorso pode ser o arrependimento sobre algum mal cometido ou sobre o bem que não foi feito. O arrependimento em relação ao mal cometido não isenta a pessoa de suas consequências inevitáveis. O melhor arrependimento é a intenção de não repetir tal ação.

Esse obstáculo é suprimido pela felicidade (sukha), um dos fatores de jhana. A inquietação é completamente erradicada ao realizar o estado de arahant, e a ansiedade é completamente erradicada ao realizar o estado de anagami. As seis condições seguintes levam ao abandono destes dois estados: (i) conhecer as escrituras budistas (doutrina e disciplina) (ii) fazer perguntas sobre elas, (iii) familiaridade com o Vinaya (o código de disciplina monástica e, para os discípulos leigos, os princípios de conduta ética), (iv) associar-se com aqueles maduros na idade e experiência, que possuem dignidade, moderação e calma, (v) apoio de amigos admiráveis e (vi) conversa apropriada.

5) Dúvida ou indecisão. Aquilo que é desprovido do remédio da sabedoria. Também é explicado como desorientação devido a pensamentos confusos. Aqui não é usado no sentido de dúvida com relação ao Buda, Dhamma, Sangha etc., porque mesmo os não budistas suprimem vicikiccha e realizam os jhanas. Como grilhão vicikiccha é aquela dúvida sobre o Buda, Dhamma e Sangha, etc., mas como obstáculo denota uma incerteza sobre uma coisa particular que está sendo feita. A explicação dos comentários sobre vicikiccha é a incapacidade de decidir com certeza sobre qualquer coisa. Em outras palavras, é a indecisão.

Este obstáculo é suprimido pelo pensamento sustentado (vicara), um dos fatores de jhana. Ele é completamente erradicado ao realizar o estado de sotapanna (entrar na correnteza). Veja no glossário a definição de sotapanna.

As seis condições seguintes levam ao abandono da dúvida: (i) conhecer as escrituras budistas (doutrina e disciplina), (ii) fazer perguntas sobre elas, (iii) familiaridade com o Vinaya (o código de disciplina monástica e, para os discípulos leigos, os princípios de conduta ética), (iv) firme convicção no Buda, Dhamma, Sangha etc., (v) apoio de amigos e admiráveis, e (vi) conversa apropriada. [Outro comentário sobre os obstáculos mentais para Nibbana, que cegam a nossa visão mental.] Na presença deles, não se pode chegar à concentração de acesso e na concentração de absorção, e se é incapaz de discernir claramente a verdade. Eles são: desejo sensual, má-vontade, preguiça e torpor, inquietação e ansiedade, e dúvida cética.

Nos símiles, desejo sensual é comparado com água misturada com tinturas variadas, má-vontade com água fervente, preguiça e torpor com água coberta por musgos e plantas aquáticas, inquietação e ansiedade com água agitada pelo vento e dúvida com água túrbida e barrenta. Assim como a água nessas condições não permite ver o reflexo da própria face, com a presença desses cinco obstáculos da mente, não se pode distinguir claramente o que é para o próprio bem, para o bem dos outros ou para o bem de ambos. O Culahatthipadopama Sutta descreve da seguinte forma a suspensão temporária dos cinco obstáculos ao entrar nos jhanas:

"Abandonando a cobiça pelo mundo, ele permanece com a mente desprovida de cobiça; ele purifica a sua mente da cobiça.

Abandonando a má vontade, ele permanece com a mente livre de má vontade, com compaixão pelo bem estar de todos os seres vivos; ele purifica a sua mente da má vontade.

Abandonando a preguiça e o torpor, ele permanece livre da preguiça e torpor, perceptivo à luz, atento e plenamente consciente; ele purifica a sua mente da preguiça e do torpor.

Abandonando a inquietação e a ansiedade, ele permanece calmo com a mente em paz; ele purifica sua mente da inquietação e da ansiedade.

Abandonando a dúvida, ele assim permanece tendo superado a dúvida, sem perplexidade em relação a qualidades mentais hábeis; ele purifica a mente da dúvida.

Tendo assim abandonado esses cinco obstáculos, imperfeições da mente que enfraquecem a sabedoria, um bhikkhu afastado dos prazeres sensuais, afastado das qualidades não hábeis, entra e permanece no primeiro jhana, que é caracterizado pelo pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos do afastamento..."

A superação destes cinco obstáculos pelos jhanas, como já foi mencionado, é apenas uma suspensão temporária, chamada de "superação através da repressão". Os obstáculos são completamente erradicados ao realizar um dos quatro caminhos supramundanos, isto é, a dúvida é erradicada ao realizar o estado de sotapanna; desejo sensual e má-vontade ao realizar o estado de anagami; preguiça e torpor, e inquietação e ansiedade ao realizar o estado de arahant.

Sambodhi angesu (fatores da iluminação): Estes são sete fatores que levam à iluminação. Eles são chamados bojjhanga, em Pali. A atitude dos buscadores da verdade em relação a estes sete fatores da iluminação é descrita no Mahasatipatthana Sutta:

"Aqui, estando presente nele o fator da iluminação da atenção plena (sati), um bhikkhu compreende: ‘O fator da iluminação da atenção plena está em mim’; ou se o fator da iluminação da atenção plena não estiver presente nele, ele compreende: ‘O fator da iluminação da atenção plena não está em mim’; e ele também compreende como estimular o fator da iluminação da atenção plena que não está estimulado e como o fator da iluminação da atenção plena que está estimulado alcança a sua plenitude através do desenvolvimento.

Estando presente nele o fator da iluminação da investigação dos fenômenos (dhamma-vicaya) ... Estando presente nele o fator da iluminação da energia (viriya) ... Estando presente nele o fator da iluminação do êxtase (piti) ... Estando presente nele o fator da iluminação da tranquilidade (passaddhi) ... Estando presente nele o fator da iluminação da concentração (samadhi) ... Estando presente nele o fator da iluminação da equanimidade (upekkha), um bhikkhu compreende: ‘O fator da iluminação da equanimidade está em mim’; ou se o fator da iluminação da equanimidade não estiver presente nele, ele compreende: ‘O fator da iluminação da equanimidade não está em mim’; e ele também compreende como estimular o fator da iluminação da equanimidade que não está estimulado e como o fator da iluminação da equanimidade que está estimulado alcança a sua plenitude através do desenvolvimento.

Dessa forma ele permanece contemplando os objetos mentais como objetos mentais internamente, externamente e tanto interna como externamente ... E ele permanece independente, sem nenhum apego a qualquer coisa mundana.

Assim é como um bhikkhu permanece contemplando os objetos mentais como objetos mentais em relação aos sete fatores da iluminação."

Os Bojjhanga (sete fatores da iluminação) são: atenção plena, investigação dos fenômenos, energia, êxtase, tranquilidade, concentração e equanimidade. “Como eles levam à iluminação eles são chamados de fatores da iluminação”. Veja no glossário a definição de bojjhanga.

Os sete fatores são considerados os meios de alcançar os três conhecimentos verdadeiros (te-vijja). Veja no glossário a definição de te-vijjha.

Os sete fatores da iluminação podem ser realizados por meio dos quatro fundamentos da atenção plena. No Anapanasati Sutta o Buda disse:

"Bhikkhus, quando um bhikkhu permanece contemplando o corpo como um corpo, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo – nessa ocasião a atenção plena constante é estabelecida naquele bhikkhu. Sempre que a atenção plena constante tenha sido estabelecida num bhikkhu, nessa ocasião o fator da iluminação da atenção plena é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação da atenção plena; nessa ocasião o fator da iluminação da atenção plena alcança a sua plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.

Permanecendo assim com atenção plena, ele investiga aquele dhamma com sabedoria, ele o examina, faz uma análise. Sempre que um bhikkhu permanece assim com atenção plena, nessa ocasião o fator da iluminação da investigação dos fenômenos é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação da investigação dos fenômenos; nessa ocasião o fator da iluminação da investigação dos fenômenos alcança a sua plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.

Enquanto ele investiga aquele dhamma com sabedoria, ele o examina, faz uma análise, a energia dele é estimulada sem enfraquecimento. Sempre que a energia de um bhikkhu é estimulada sem enfraquecimento enquanto ele investiga aquele dhamma com sabedoria, nessa ocasião o fator da iluminação da energia é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação da energia; nessa ocasião o fator da iluminação da energia alcança a sua plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.

Quando a energia dele é estimulada, surge nele o êxtase. Sempre que o êxtase surge num bhikkhu cuja energia é estimulada, nessa ocasião o fator da iluminação do êxtase é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação do êxtase; nessa ocasião o fator da iluminação do êxtase alcança a sua plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.

Naquele cuja mente está elevada pelo êxtase o corpo fica tranquilo e a mente fica tranquila. Sempre que o corpo fica tranquilo e a mente fica tranquila num bhikkhu cuja mente está elevada pelo êxtase, nessa ocasião o fator da iluminação da tranquilidade é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação da tranquilidade; nessa ocasião o fator da iluminação da tranquilidade alcança a sua plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.

Naquele em que o corpo está tranquilo e que sente felicidade a mente se torna concentrada. Sempre que a mente fica concentrada num bhikkhu cujo corpo está tranquilo e que sente felicidade, nessa ocasião o fator da iluminação da concentração é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação da concentração; nessa ocasião o fator da iluminação da concentração alcança a sua plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.

Ele olha de perto com equanimidade para a mente assim concentrada. Sempre que um bhikkhu olhe de perto para a mente assim concentrada, nessa ocasião o fator da iluminação da equanimidade é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação da equanimidade; nessa ocasião o fator da iluminação da equanimidade alcança a sua plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.

Bhikkhus, sempre que um bhikkhu permanecer contemplando as sensações como sensações, contemplando a mente como a mente, contemplando os objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo ... (repetir como nos anteriores) nessa ocasião o fator da iluminação da equanimidade alcança a sua plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu."

Kanham dhammam (dhammas escuros): são aquelas atividades e crenças que não conduzem à realização da libertação.

Akiñcano (não possuindo nada): abandonado a tudo e tornando-se alguém sem posses.

Parinibbute (realizaram Nibbana): esta expressão está associada exclusivamente com a morte do Buda na literatura budista, embora possa ser usada no caso de qualquer Arahant. Também se refere à realização da completa iluminação. O Parinibbana do Buda é descrito em detalhe no Mahaparinibbana Sutta relatando os últimos momentos do Buda da seguinte forma:

"Então, o Abençoado entrou no primeiro jhana. Emergindo dele ele entrou no segundo jhana ... no terceiro ... no quarto jhana ... na esfera do espaço infinito ... na esfera da consciência infinita ... na esfera do nada ... na esfera da nem percepção, nem não percepção. Emergindo dela, ele entrou na cessação da percepção e sensação.

Então, o Abençoado, emergindo da cessação da percepção e sensação, entrou na esfera da nem percepção, nem não percepção. Emergindo dela, ele entrou na esfera do nada… na esfera da consciência infinita... na esfera do espaço infinito... no quarto jhana... no terceiro... no segundo... no primeiro jhana. Emergindo do primeiro jhana ele entrou no segundo... no terceiro... no quarto jhana. No quarto jhana, ele faleceu."


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Revisado: 19 Maio 2012

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