Majjhima Nikaya 118
Anapanasati Sutta
A Atenção Plena na Respiração
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(Sessão Introdutória)
1. Assim
ouvi. Em certa ocasião o Abençoado estava em Savatthi,
no palácio da mãe de Migara, no Parque do Oriente,
junto com muitos discípulos sêniores bem conhecidos -
Ven. Sariputta, Ven. Maha Moggallana, Ven. Maha Kassapa, Ven. Maha Kaccana, Ven. Maha Kotthita, Ven. Maha Kappina, Ven. Maha Cunda, Ven. Anuruddha, Ven. Revata, Ven.
Ananda, e outros discípulos sêniores
bem conhecidos.
2. Naquela
ocasião, os bhikkhus sêniores ensinavam e instruíam
os bhikkhus júniores; alguns ensinavam e instruíam
dez bhikkhus júniores, alguns ensinavam e instruíam vinte ... trinta ... quarenta bhikkhus júniores. E os
bhikkhus júniores, ensinados e instruídos pelos
bhikkhus sêniores, atingiram sucessivos estágios de
distinção.
3. Naquela ocasião – no
décimo quinto dia do Uposatha, na noite de lua cheia da cerimônia do Pavarana [1] - o Abençoado
estava sentado ao ar livre, rodeado pela Sangha dos bhikkhus, quando observando
cuidadosamente a silenciosa Sangha dos bhikkhus, ele assim falou:
4. "Bhikkhus, estou
contente com esse progresso. Minha mente está satisfeita com esse progresso.
Portanto, estimulem ainda mais energia para atingir o que não foi atingido,
para alcançar o que não foi alcançado, para realizar o que não foi
realizado. Eu esperarei aqui em Savatthi pela lua cheia do quarto mês de Komudi.” [2]
5. Os
bhikkhus das redondezas ouviram: “O Abençoado esperará, lá em Savatthi, pela lua cheia do quarto mês do Komudi". Então
os bhikkhus das redondezas partiram no devido tempo para Savatthi
para ver o Abençoado.
6. E os bhikkhus sêniores ensinaram e instruíram ainda mais intensivamente
os bhikkhus júniores; alguns ensinavam e instruíam
dez bhikkhus júniores, outros vinte... trinta... quarenta bhikkhus júniores.
E os bhikkhus júniores, ensinados e instruídos pelos
bhikkhus sêniores alcançaram sucessivos estágios de
distinção.
7. Naquela ocasião – o
décimo quinto dia do Uposatha, a noite de lua cheia do quarto mês do Komudi – o Abençoado estava sentado ao ar livre circundado
pela Sangha de bhikkhus. Então observando a silenciosa Sangha de bhikkhus ele
falou:
8. "Bhikkhus esta
Sangha está livre da fala inconseqüente, esta Sangha está livre da tagarelice.
Ela é sólida como o cerne. Assim é esta
Sangha dos bhikkhus, assim é esta assembléia. Uma assembléia como essa é merecedora de
dádivas, merecedora de hospitalidade, merecedora de oferendas, merecedora de
saudações com reverência, um campo inigualável de mérito para o mundo, assim é
esta Sangha dos bhikkhus, assim é esta assembléia. Esta assembléia é uma
comunidade tal que uma pequena oferenda se transforma num grande fruto e uma
grande oferenda se transforma num fruto ainda maior – assim é esta Sangha de
bhikkhus, assim é esta assembléia. Uma assembléia assim é rara, difícil de se encontrar neste mundo – assim é essa Sangha de
bhikkhus, assim é esta assembléia. Por uma assembléia assim, valeria a pena uma
longa viagem com um grande carregamento de alimentos para poder vê-la – assim é
esta Sangha de bhikkhus, assim é esta assembléia.
9. "Nesta
Sangha de bhikkhus existem bhikkhus que são arahants, livres das
impurezas e que têm vivido a vida santa, fizeram o que deve ser feito,
depuseram o fardo, alcançaram o verdadeiro objetivo, destruíram os grilhões da
existência e estão completamente libertados através do conhecimento supremo –
esses bhikkhus estão aqui nesta Sangha de bhikkhus.
10. "Nesta
Sangha de bhikkhus existem bhikkhus que, com a destruição dos cinco
primeiros grilhões, devem renascer espontaneamente (nas Moradas Puras) e lá
realizar o parinibbana, sem nunca mais retornar
desse mundo – esses bhikkhus estão aqui nesta Sangha de bhikkhus.
11. "Nesta
Sangha de bhikkhus existem bhikkhus que com a destruição dos três
grilhões e com a atenuação da cobiça, raiva e delusão, são os que “retornarão
uma vez”, retornando uma vez a esse mundo para dar fim ao sofrimento – tais
bhikkhus estão aqui nesta Sangha de bhikkhus.
12. "Nesta
Sangha de bhikkhus existem bhikkhus que
com a destruição dos três grilhões, são os que “entraram na correnteza”,
não mais destinados aos mundos inferiores, com o destino fixo, eles têm a
iluminação como destino – tais bhikkhus estão aqui nessa Sangha de bhikkhus.
13. "Nesta Sangha de
bhikkhus existem bhikkhus que permanecem dedicados ao desenvolvimento dos
quatro fundamentos da atenção plena – tais bhikkhus estão aqui nessa Sangha de
bhikkhus. Nesta Sangha de bhikkhus existem bhikkhus que permanecem devotados ao
desenvolvimento dos quatro tipos de esforço correto ...
das quatro bases do poder espiritual ... das cinco faculdades ... dos cinco
poderes ... dos sete fatores para a iluminação ... do Nobre Caminho Óctuplo –
tais bhikkhus estão aqui nessa Sangha de bhikkhus.
14. “Nesta Sangha de bhikkhus existem
bhikkhus que permanecem dedicados ao
desenvolvimento do amor-bondade ... da compaixão ...
da alegria altruísta ... da equanimidade ... da
meditação sobre temas repulsivos ... da percepção da impermanência
– tais bhikkhus estão aqui nessa Sangha de bhikkhus. Nesta Sangha de bhikkhus existem bhikkhus que
permanecem dedicados ao desenvolvimento da atenção plena na respiração.
(A Atenção
Plena na Respiração)
15. "Bhikkhus, a atenção plena na respiração quando desenvolvida e
cultivada traz grandes frutos e grandes benefícios. A atenção plena na
respiração quando desenvolvida e cultivada realiza os quatro fundamentos da
atenção plena. Os quatro fundamentos da atenção plena quando desenvolvidos e
cultivados realizam os sete fatores da iluminação. Os sete fatores da
iluminação quando desenvolvidos e cultivados realizam o verdadeiro conhecimento
e a libertação.
16."Como, bhikkhus, a atenção
plena na respiração é desenvolvida e cultivada de modo que traga grandes frutos
e grandes benefícios?
17.”Aqui um bhikkhu, dirigindo-se à
floresta ou à sombra de uma árvore ou a um local isolado; senta-se com as
pernas cruzadas, mantém o corpo ereto e estabelecendo a plena atenção à sua
frente, ele inspira com atenção plena justa, ele expira com atenção plena
justa.
18. “Inspirando longo, ele compreende: [3] ‘eu
inspiro longo’; ou expirando longo, ele compreende: ‘eu expiro longo.’ Inspirando curto, ele compreende: ‘eu inspiro
curto’; ou expirando curto, ele compreende: ‘eu expiro curto.’ Ele treina
assim: ‘eu inspiro experienciando todo o corpo [da
respiração]’; ele treina assim: ‘eu expiro experienciando
todo o corpo [da respiração].’ Ele treina assim: ‘eu inspiro tranqüilizando a
formação do corpo [da respiração]’; ele treina assim: ‘eu expiro tranqüilizando
a formação do corpo [da respiração].’
19. “Ele treina assim: ‘eu inspiro experienciando êxtase’; ele treina assim: ‘eu expiro experienciando êxtase.’[4] Ele treina assim: ‘eu inspiro experienciando a felicidade’; ele treina assim: ‘eu expiro experienciando a felicidade.’ Ele treina assim: ‘eu inspiro
experienciando a formação da mente’; ele treina
assim: ‘eu expiro experienciando a formação da mente.’
Ele treina assim: ‘eu inspiro tranqüilizando a formação da mente’; ele
treina assim: eu expiro tranqüilizando a formação da mente.’[5]
20. “Ele treina assim: ‘eu inspiro experienciando a mente’; ele treina assim: ‘eu expiro experienciando a mente.’ Ele
treina assim: ‘eu inspiro satisfazendo a mente’; ele treina assim: ‘eu expiro satisfazendo a
mente.’ Ele treina assim: ‘eu inspiro concentrando a mente’; ele treina assim:
eu expiro concentrando a mente.’ Ele treina assim: ‘eu inspiro libertando a
mente’; ele treina assim: eu expiro libertando a mente.’[6]
21. “Ele treina assim: ‘eu inspiro contemplando a impermanência’;
ele treina assim: ‘eu expiro contemplando a impermanência.’ Ele treina
assim: ‘eu inspiro contemplando o desaparecimento’; ele treina assim: ‘eu
expiro contemplando o desaparecimento.’ Ele treina assim: ‘eu inspiro
contemplando a cessação’; ele treina assim: ‘eu expiro contemplando a
cessação.’ Ele treina assim: ‘eu inspiro contemplando a renúncia’; ele treina
assim: ‘eu expiro contemplando a renúncia.’ [7]
22.”Bhikkhus, assim
é como a atenção plena na respiração é desenvolvida e cultivada de modo que
traga grandes frutos e grandes benefícios.
(A
Realização dos Quatro Fundamentos da Atenção Plena)
23. "Como,
bhikkhus, a atenção plena na respiração é desenvolvida e cultivada de modo que
realize os quatro fundamentos da atenção plena?
24.
"Bhikkhus, sempre que um bhikkhu,
inspirando longo, compreende: ‘eu inspiro longo,’ ou
expirando longo, compreende: ‘eu expiro longo,’ inspirando curto, compreende:
‘eu inspiro curto,’ ou expirando curto, compreende: ‘eu expiro curto’; ele
treina assim: ‘eu inspiro experienciando todo o corpo
(da respiração)’; ele treina assim: ‘eu expiro experienciando
todo o corpo (da respiração)’; ele treina assim: ‘eu inspiro tranqüilizando a formação do corpo’;
ele treina assim: ‘eu expiro tranqüilizando a formação do corpo’ – nessa
ocasião um bhikkhu permanece contemplando o corpo como um corpo, ardente,
plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o
desprazer pelo mundo. Eu digo que esse é um
corpo entre os corpos, ou seja, a inspiração e a expiração.[8] Por isso, nessa ocasião um
bhikkhu permanece contemplando o corpo como um corpo, ardente, plenamente
consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer
pelo mundo.
25."Bhikkhus, quando um bhikkhu
treina assim: ‘eu inspiro experienciando o êxtase’;
ele treina assim: ‘ eu expiro experienciando o
êxtase’; ele treina assim: ‘eu inspiro experienciando
a felicidade’; ele treina assim: ‘eu expiro experienciando
a felicidade’; ele treina assim: ‘eu inspiro experienciando
a formação da mente’; ele treina assim: ‘eu expiro experienciando
a formação da mente’; ele treina assim: ‘eu inspiro tranqüilizando a formação da mente’; ele treina assim: ‘eu expiro tranqüilizando a formação da mente’ – nessa ocasião um bhikkhu permanece contemplando
sensações como sensações, ardente, plenamente consciente e com atenção plena,
tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Eu digo que essa é
uma certa sensação entre as sensações, ou seja,
a cuidadosa atenção à inspiração e à expiração.[9] Por isso, nessa ocasião, um bhikkhu permanece contemplando
sensações como sensações, ardente, plenamente consciente e com atenção plena,
tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.
26.
"Bhikkhus, quando um bhikkhu treina assim: ‘eu inspiro experienciando
a mente’; ele treina assim: ‘eu expiro experienciando
a mente’; ele treina assim: ‘eu inspiro satisfazendo a mente’; ele treina
assim: ‘eu expiro satisfazendo a mente’; ele treina assim: ‘eu inspiro
concentrando a mente’; ele treina assim: ‘eu expiro concentrando a mente’; ele
treina assim: ‘eu inspiro libertando a mente’; ele treina assim: ‘eu expiro
libertando a mente’ – nessa ocasião um bhikkhu permanece contemplando a mente
como mente, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado
de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Eu digo que não há o desenvolvimento
da atenção plena na respiração naquele que é desatento e desprovido de plena
consciência. É por isso que nessa
ocasião, um bhikkhu permanece contemplando a mente como mente, ardente,
plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o
desprazer pelo mundo.[10]
27.
"Bhikkhus, quando, um bhikkhu treina assim: ‘eu inspiro contemplando a impermanência’; ele treina assim: ‘eu expiro contemplando a
impermanência’; ele treina assim: ‘eu inspiro
contemplando o desaparecimento’; ele treina assim: ‘ eu expiro contemplando o
desaparecimento’; ele treina assim: ‘eu inspiro contemplando a cessação’; ele
treina assim: ‘ eu expiro contemplando a cessação’; ele treina assim: ‘ eu
inspiro contemplando a renúncia’; ele treina assim: ‘eu expiro contemplando a
renúncia’- nessa ocasião, um bhikkhu permanece
contemplando objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente
consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer
pelo mundo. Tendo visto através da sabedoria o abandono da cobiça e desprazer,
ele é aquele que observa atento com equanimidade.[11] É por isso que nessa ocasião um bhikkhu permanece contemplando
objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo.
28. "Bhikkhus, é quando a atenção plena na respiração é desenvolvida e
cultivada desse modo que esta realiza os quatro fundamentos da atenção plena.
(A Realização dos Sete
Fatores da Iluminação)
29. "E como Bhikkhus, os quatro fundamentos da atenção plena são
desenvolvidos e cultivados de modo que realizem os sete fatores da iluminação?
30. "Bhikkhus,
quando um bhikkhu permanece contemplando o corpo como um corpo, ardente,
plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o
desprazer pelo mundo – nessa ocasião a atenção plena constante é estabelecida
naquele bhikkhu. Sempre que a atenção plena constante tenha sido estabelecida
num bhikkhu, nessa ocasião o fator da iluminação da atenção plena é estimulado
pelo bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação da
atenção plena; nessa ocasião o fator da iluminação da atenção plena alcança a
sua plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.
31. “Permanecendo assim com
atenção plena, ele investiga aquele dhamma com sabedoria, ele o examina, faz
uma análise. Sempre que um bhikkhu permanece assim com atenção plena, nessa
ocasião o fator da iluminação da investigação dos fenômenos é estimulado pelo
bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação da investigação
dos fenômenos; nessa ocasião o fator da iluminação da investigação dos
fenômenos alcança a sua plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu..
32. “Enquanto
ele investiga aquele dhamma com sabedoria, ele o examina, faz uma análise, a
energia dele é estimulada sem enfraquecimento. Sempre que a energia de
um bhikkhu é estimulada sem enfraquecimento enquanto ele investiga aquele
dhamma com sabedoria, nessa ocasião o fator da iluminação da energia é
estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu desenvolve o fator da
iluminação da energia; nessa ocasião o fator da iluminação da energia alcança a
sua plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.
33. “Quando
a energia dele é estimulada, surge nele o êxtase. Sempre que o êxtase
surge num bhikkhu cuja energia é estimulada, nessa ocasião o fator da
iluminação do êxtase é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu
desenvolve o fator da iluminação do êxtase; nessa ocasião o fator da iluminação
do êxtase alcança a sua plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.
34. “Naquele
cuja mente está elevada pelo êxtase o corpo fica calmo e a mente fica
tranqüila. Sempre que o corpo fica calmo e a mente fica tranqüila
num bhikkhu cuja mente está elevada pelo êxtase, nessa ocasião o fator da
iluminação da tranqüilidade é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu
desenvolve o fator da iluminação da tranqüilidade; nessa ocasião o fator da
iluminação da tranqüilidade alcança a sua plenitude através do desenvolvimento
naquele bhikkhu.
35. “Naquele
em que o corpo está calmo e que sente felicidade a mente se torna concentrada.
Sempre que a mente fica concentrada num bhikkhu cujo corpo está calmo e que
sente felicidade, nessa ocasião o fator da iluminação da concentração é estimulado
pelo bhikkhu; nessa ocasião o bhikkhu desenvolve o fator da iluminação da
concentração; nessa ocasião o fator da iluminação da concentração alcança a sua
plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.
36. “Ele
olha de perto com equanimidade para a mente assim concentrada. Sempre
que um bhikkhu olhe de perto para a mente assim concentrada, nessa ocasião o
fator da iluminação da equanimidade é estimulado pelo bhikkhu; nessa ocasião o
bhikkhu desenvolve o fator da iluminação da equanimidade; nessa ocasião o fator
da iluminação da equanimidade alcança a sua plenitude através do
desenvolvimento naquele bhikkhu.
37. "Bhikkhus, sempre
que um bhikkhu permanecer contemplando as sensações como sensações, ardente,
plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o
desprazer pelo mundo ... (repetir como no verso 30-36)
nessa ocasião o fator da iluminação da equanimidade alcança a sua plenitude
através do desenvolvimento naquele bhikkhu.
38. "Bhikkhus, sempre
que um bhikkhu permanecer contemplando a mente como a mente, ardente,
plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o
desprazer pelo mundo ... (repetir como no verso
30-36) nessa ocasião o fator da
iluminação da equanimidade alcança a sua plenitude através do desenvolvimento
naquele bhikkhu.
39. "Bhikkhus, sempre
que um bhikkhu permanecer contemplando objetos mentais como objetos mentais,
ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a
cobiça e o desprazer pelo mundo ... (repetir como no
verso 30-36) nessa ocasião o fator da iluminação da equanimidade alcança a sua
plenitude através do desenvolvimento naquele bhikkhu.
40. "Bhikkhus, é
quando os quatro fundamentos da atenção plena são desenvolvidos e cultivados
desse modo que estes realizam os sete fatores da iluminação. [12]
(A
Realização do Verdadeiro Conhecimento e
da Libertação)
41. "E
como, bhikkhus, os sete fatores da iluminação são desenvolvidos e cultivados de
modo que realizem o verdadeiro conhecimento e libertação?
42. "Aqui, bhikkhus,
um bhikkhu desenvolve o fator da iluminação da atenção plena, que tem como base
o afastamento, desapego e cessação que amadurece no abandono. [13] Ele desenvolve o fator da iluminação
da investigação dos fenômenos ... o fator da iluminação
da energia... o fator da iluminação do êxtase ... o fator da iluminação da
tranqüilidade ... o fator da iluminação da concentração ... o fator da
iluminação da equanimidade, que tem como base o afastamento, desapego e
cessação que amadurece no abandono.
43. "Bhikkhus, é
quando os sete fatores da iluminação são desenvolvidos e cultivados desse modo
que estes realizam o verdadeiro conhecimento e libertação.”[14]
Isto foi o
que o Abençoado disse. Os bhikkhus ficaram satisfeitos e contentes com a s
palavras do Abençoado.
Notas
[1] O Pavarana
é uma cerimônia que conclui o retiro da estação das chuvas e na qual os bhikkhus convidam uns aos outros para que façam admoestações sobre as
suas transgressões. [Retorna]
[2] O Komudi é o dia
de lua cheia do mês da Kattika que é o quarto mês da
estação das chuvas; é chamado assim devido às ninféias
(kumuda), flores brancas, que floresciam nessa
época. [Retorna]
[3]
O MN 10.4
difere dessa passagem apenas pela adição do símile. Como Acariya
Buddhaghosa já havia feito comentários sobre as
quatro séries referentes à contemplação da atenção plena na respiração no Vsm, no MA ele simplesmente recomenda ao leitor
esse trabalho que serve como explicação. As notas 4 a 7 foram tiradas do Vsm VIII, 226-37. [Retorna]
[4] MA: Uma pessoa experiencia
êxtase, (piti),
de duas maneiras: atingindo um dos dois primeiros jhanas, no qual o êxtase está
presente, o êxtase nesse caso é experimentado em forma de concentração; e
emergindo do jhana e contemplando o êxtase como algo sujeito ao
desaparecimento, o êxtase nesse caso é experimentado em forma de insight.
No livro Mindfulness, Bliss, and Beyond, Ajaan Brahmavamso explica que a experiência
do êxtase e da felicidade, (piti e sukha), na verdade ocorrem antes da mente
entrar nos jhanas. Essas são experiências que ocorrem com o fortalecimento da atenção plena
na respiração. No livro Meditação para Principiantes, Experientes e Avançados, no cap.6 - O Método Básico a experiência de piti/sukha corresponde ao quinto
estágio - Plena atenção ininterrupta na respiração bela. [Retorna]
[5] MA: O mesmo método de explicação da nota 4 se
aplica à segunda e terceira sentenças, exceto pelo
fato de que a segunda abrange o três primeiros jhanas e a terceira todos os
quatro jhanas. A formação da mente é a sensação e percepção, vedana e sañña, (veja
também o MN 44.14), tranqüilizados pelo
desenvolvimento sucessivo de níveis superiores de concentração e insight. [Retorna]
[6] MA: “Experienciando a
mente” deve ser entendido por meio dos quatro jhanas. “Satisfazendo a mente” é explicado como atingir os dois jhanas que
trazem o êxtase ou com a penetração desses jhanas com insight
como sujeitos ao desaparecimento, etc. “Concentrando a mente” se refere
ou à concentração pertencente ao jhana ou à concentração momentânea que surge
junto com o insight. “Libertando a mente” significa libertá-la dos obstáculos e fatores mais grosseiros do
jhana, através de níveis sucessivamente mais refinados de concentração, e das
distorções cognitivas por meio do conhecimento adquirido com o insight.
No livro Mindfulness, Bliss and Beyond,
Ajaan Brahmavamso explica que “experienciar a mente” significa o surgimento do nimitta.
No livro Meditação para Principiantes, Experientes e Avançados, no cap.6 - O Método Básico isto corresponde
ao sexto estágio - Experimentando o nimitta belo. “Satisfazer a mente” significa aumentar
a pureza do nimitta, com uma luminosidade mais intensa e nítida. O passo seguinte, “concentrar a mente,”
significa manter o nimitta estável. O passo seguinte, “libertar a mente,” é entrar em jhana. [Retorna]
[7] MA: Esta
série de quatro contemplações lida inteiramente com o insight, diferente das
três anteriores que tratam de ambos, concentração e insight. “Contemplando o
desaparecimento” e “contemplando a cessação”, podem ser entendidos ambos como o
insight da impermanência das formações e como o
caminho supramundano da realização de Nibbana, chamado de desaparecimento do
desejo (isto é, desapego, viraga) e a cessação
do sofrimento. “Contemplando a renúncia” é o abandono das impurezas através do
insight e da realização de Nibbana ao alcançar o caminho supramundano.
De acordo com Ajaan Brahmavamso essas contemplações são feitas logo depois de emergir dos jhanas. [Retorna]
[8] MA: Inspiração e
expiração deve ser considerada como o elemento ar, um dos quatro
elementos que constituem o corpo. Deveria ser incluído também na categoria dos
tangíveis entre os fenômenos corporais (uma vez que o objeto de atenção é a
sensação de toque da respiração entrando e saindo das narinas). [Retorna]
[9] MA explica que a atenção cuidadosa (sadhuka manasikara),
não é, exatamente por si mesma, sensação, mas é dita
como tal apenas figurativamente. Na segunda série de contemplações a verdadeira
sensação é a felicidade mencionada na segunda sentença e também a sensação
compreendida na “formação da mente” na terceira e quarta sentenças, (veja a nota 5 acima). [Retorna]
[10] MA: Embora o bhikkhu que esteja meditando
tome como seu objeto o sinal de entrada e saída da respiração, diz-se que ele
está “contemplando a mente como mente”
pelo fato dele manter sua mente no objeto através da estimulação da atenção plena e da plena consciência, dois fatores da mente. [Retorna]
[11] MA: Cobiça e desprazer
significam os dois primeiros
obstáculos, desejo sensual e má vontade, e assim representam a contemplação dos
objetos mentais, que principia com os cinco obstáculos. O bhikkhu vê o
abandono dos obstáculos com a contemplação da impermanência,
desaparecimento, cessação e renúncia e assim começa a olhar para o objeto com equanimidade. [Retorna]
[12] MA diz que a passagem acima mostra os
fatores de iluminação coexistindo juntos, em cada momento da mente, na prática
da meditação de insight. [Retorna]
[13] Esses são os sete fatores da iluminação (satta bojjhanga) incluídos entre os trinta e sete apoios da iluminação e que
também aparecem no MN10.42
e nos versos 29-40. [Retorna]
[14] MA: A atenção plena que compreende a
respiração é mundana; a atenção plena mundana na respiração aperfeiçoa os
fundamentos mundanos da atenção plena; os fundamentos mundanos da atenção plena
aperfeiçoam os fatores da iluminação supramundanos e os fatores da iluminação supramundanos
aperfeiçoam o verdadeiro conhecimento e a libertação, isto é, o fruto e Nibbana. [Retorna]
Revisado: 9 Maio 2014
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