IV. Compêndio do Processo Cognitivo
(Vithisangahavibhaga)
Este
capítulo trata da dinâmica da consciência tal como ela ocorre no processo
cognitivo. Todas as cittas em qualquer processo cognitivo ocorrem numa
dada seqüência de acordo com as leis da natureza. A ocorrência da consciência
fora do processo cognitivo, isto é, nas ocasiões do renascimento, bhavanga
e morte estão fora do escopo deste trabalho.
No
compêndio do processo cognitivo devem ser compreendidas seis classes compostas
de seis elementos cada uma:
(i) seis
bases
(ii) seis
portas
(iii) seis
objetos
(iv) seis
tipos de consciência
(v)
seis
processos
(vi)
apresentação
dos objetos de seis formas
Seis
bases e Seis portas: naqueles
planos de existência onde ocorre a materialidade, as cittas e os cetasikas
surgem na dependência de uma condição chamada base, (vatthu). A base é
um suporte físico para a ocorrência da consciência. Embora as primeiras cinco
bases coincidam com as cinco primeiras portas, uma base não é idêntica a uma
porta, já que desempenha um papel diferente no processo da origem da
consciência. Uma porta é um canal através do qual as cittas e os cetasikas
de um processo cognitivo obtêm acesso ao objeto; uma base é um suporte físico
para a ocorrência de cittas e cetasikas. A base do coração serve
como o suporte físico para todos os tipos de consciência exceto aqueles
originados nos cinco meios dos sentidos. Bhavanga (1)
é a porta da mente.
Seis
objetos: Cada
consciência, juntamente com os seus fatores mentais associados, necessariamente
toma um objeto, pois a consciência em si consiste em essência na atividade da
cognição de um objeto. Em Pali duas palavras são usadas para caracterizar um
objeto. Uma é arammana que deriva de uma raiz com o significado de
“deliciar-se com.” A outra é alambana derivada de uma raiz totalmente
distinta que significa “agarrar-se a.” Portanto, o objeto é aquilo com o qual a
consciência e os seus concomitantes se deliciam ou no qual se agarram. No
Abhidhamma são reconhecidos seis tipos de objetos que correspondem aos seis
sentidos.
Seis
tipos de consciência:
os seis tipos de consciência são: consciência no olho, consciência no ouvido,
consciência no nariz, consciência na língua, consciência no corpo, consciência
na mente.
Seis
processos:
De acordo
com as portas os processos cognitivos são:
(i) o processo conectado com a porta do olho
(ii) o processo conectado com a porta do ouvido
(iii) o processo conectado com a porta do nariz
(iv) o processo conectado com a porta da língua
(v) o processo conectado com a porta do corpo
(vi) o processo conectado com a porta da mente
Ou, de
acordo com a consciência os processos cognitivos são:
(i) o processo conectado com a consciência no olho
(ii) o processo conectado com a consciência no ouvido
(iii) o processo conectado com a consciência no nariz
(iv) o processoconectado com a consciência na língua
(v) o processo conectado com a consciência no corpo
(vi) o processo conectado com a consciência na mente
O processo
cognitivo conectado com as portas deve ser coordenado com a consciência
correspondente.
Os seis
processos cognitivos:
A palavra vithi tem o sentido literal de rua, mas aqui é empregada com o
sentido de processo. Quando as cittas surgem no processo de cognição de
um objeto nas portas dos sentidos ou na porta da mente, elas não ocorrem de
forma aleatória ou isolada, mas como fases numa série de eventos cognitivos
discretos, cada um conduzindo ao seguinte numa ordem regular e uniforme. Essa
ordem é chamada cittaniyama, a ordem do processo da consciência. Para
que um processo cognitivo ocorra, todas as condições essenciais têm que estar
presentes. Para cada tipo de processo as condições essenciais são as seguintes:
Para
um processo na porta do olho:
(a) sensibilidade no olho (cakkhuppasada)
(b) objeto visível (ruparammana)
(c) luz (aloka)
(d) atenção (manasikara)
Para
um processo na porta do ouvido:
(a) sensibilidade no ouvido (sotappasada)
(b) som (saddarammana)
(c) espaço (akasa)
(d) atenção
Para
um processo na porta do nariz:
(a) sensibilidade no nariz (ghanappasada)
(b) aroma (gandharammana)
(c) elemento ar (vayodhatu)
(d) atenção
Para um
processo na porta da língua
(a) sensibilidade na língua (jivhappasada)
(b)sabor (rasarammana)
(c) elemento água (apodhatu)
(d) atenção
Para
um processo na porta do corpo
(a) sensibilidade no corpo (kayappasada)
(b) objeto tangível (photthabbarammana)
(c) elemento terra (pathavidhatu)
(d) atenção
Para
um processo na porta da mente
(a) a base do coração (hadayavatthu)
(b) objeto mental (dhammarammana)
(c) bhavanga
Os seis
tipos de processo cognitivo são divididos em dois grupos: os processos que
ocorrem em cada uma das cinco portas físicas;
e os processos que ocorrem exclusivamente na porta da mente. Como os
processos nas cinco portas físicas também emergem de bhavanga, estes são
chamados de processos com portas mistas já que envolvem ambas, a porta da mente
e a porta de um órgão físico dos sentidos. Os processos que ocorrem
apenas na porta da mente são então chamados de processos na porta da mente já
que eles emergem de bhavanga sozinhos, sem a participação de uma porta
dos sentidos. Como será visto mais adiante, os primeiros cinco processos seguem
um padrão uniforme apesar das diferenças nas faculdades sensoriais através das
quais eles ocorrem, enquanto que o sexto compreende uma variedade de processos
cuja única semelhança é que eles ocorrem independentes das portas dos sentidos
externas.
Apresentação
dos objetos de seis formas: Isto significa a forma como um objeto se apresenta para a consciência
numa das seis portas, ou a ocorrência de estados de consciência a partir da
apresentação de um objeto. A apresentação de um objeto nas cinco portas dos
sentidos é analisada de quatro formas: muito intenso, intenso, leve e muito
leve. Na porta da mente existem duas alternativas: claro e obscuro. As palavras
intenso e leve não são usadas com referência ao objeto em si, mas em relação à
força do seu impacto na consciência. Que tão distinta é a impressão que o
objeto provoca. Por exemplo, se um objeto visível, com grande dimensão, se
apresenta na porta do olho, mas se a matéria sensível no olho for débil ou se a
luz for fraca, o objeto não irá criar uma impressão distinta e dessa forma irá
cair na categoria leve ou muito leve. Ou se por outro lado, uma forma pequena
ou sutil impacta o olho e devido à força da matéria sensível e à intensidade
luminosa o objeto criar uma impressão distinta, irá cair na categoria intenso
ou muito intenso. Dessa maneira, os termos qualificativos indicam não a
característica do objeto em si, mas o número de cittas que ocorrem no
processo cognitivo que surge, do momento em que o objeto impacta a porta do
sentido, até o momento em que a apresentação do objeto para a consciência
cessa. O mesmo princípio se aplica à apresentação dos objetos na porta da mente
como claro e obscuro.
O Processo nas Cinco Portas dos Sentidos
O tempo de
duração de uma citta, no Abhidhamma, é denominado um momento mental, (cittakkhana).
Essa é uma unidade temporal com duração extremamente curta, os comentários
dizem que bilhões de momentos mentais ocorrem num piscar de olhos. No entanto,
apesar da sua curta duração, cada momento mental consiste de três submomentos –
surgimento, (uppada); presença, (thiti); e dissolução, (bhanga).
Dentro do espaço de um momento mental, surge uma citta, esta realiza
a sua função e depois se dissolve, condicionando a citta que segue de
imediato. Desse modo, através da seqüência de momentos mentais, o fluxo da
consciência segue sem interrupção como as águas de um rio.
Os
fenômenos materiais também passam por esses três estágios de surgimento,
presença e dissolução, mas neste caso, o tempo requerido para que esses três
estágios sejam completados é igual ao tempo necessário para que dezessete cittas
surjam e desapareçam.
O quadro
abaixo ilustra o processo cognitivo completo ocorrendo na porta do olho para um
objeto muito intenso:
Um processo completo na porta do olho
----------------- Etapas de um processo
cognitivo ----------------
|
|
Fluxo de
Bhavanga |
1 |
*** |
Bhavanga
passada |
2 |
*** |
Bhavanga
vibrando |
3 |
*** |
Bhavanga
suspensa |
4 |
*** |
Advertência
na porta do olho |
5 |
*** |
Consciência
no olho |
6 |
*** |
Recebimento |
7 |
*** |
Investigação |
8 |
*** |
Determinação |
9 |
*** |
Javana |
10 |
*** |
Javana |
11 |
*** |
Javana |
12 |
*** |
Javana |
13 |
*** |
Javana |
14 |
*** |
Javana |
15 |
*** |
Javana |
16 |
*** |
Registro |
17 |
*** |
Registro |
|
|
Fluxo de
Bhavanga |
Nota: Os três asteriscos ao lado do
número de cada processo representam os três momentos de surgimento, presença e
dissolução
Quando não há
um processo cognitivo ativo ocorrendo, o fluxo de bhavanga segue
ininterrupto até o momento em que um objeto dos sentidos entra por uma das
portas dos sentidos, nesse exato momento uma citta de bhavanga ocorre,
conhecida como bhavanga passada, (atita-bhavanga). Num processo
com um objeto muito intenso, o objeto surge simultaneamente com o
momento de surgimento de atita-bhavanga. Portanto, este processo
cognitivo tem a duração completa dos dezessete momentos mentais. No caso de um objeto
intenso, depois que o objeto surgiu, duas ou três cittas de atita-bhavanga
transcorrem até que o impacto do objeto faça com que a bhavanga vibre
dando seqüência ao processo. Mas como o objeto e a porta do sentido têm a
duração de apenas dezessete cittas, neste caso não há espaço para que as
cittas de registro ocorram. No caso de um objeto leve, de quatro
até oito cittas de atita-bhavanga irão transcorrer sendo que os
javanas (2) não irão surgir, mas a citta de
determinação irá ocorrer duas ou três vezes, depois do que o processo irá
decair para a bhavanga. No caso do objeto muito leve, de dez a
quinze cittas de atita-bhavanga irão transcorrer e em seguida
ocorre a vibração da bhavanga sem que surja o processo cognitivo.
Regressando
ao processo com um objeto muito intenso, depois de atita-bhavanga
segue a vibração de duas cittas de bhavanga, sendo que a segunda
interrompe ou suspende o fluxo de bhavanga. Depois disso, com o
surgimento da citta de advertência da porta do sentido, o fluxo de
consciência dá início ao processo cognitivo.
A conexão
do processo cognitivo descrito até agora com as “seis classes com seis
elementos”, descritas acima na Enumeração das Categorias, pode ser compreendida
da forma descrita a seguir. Quando uma forma visível impacta a sensibilidade no
olho, então, suportada pela base do olho, surge a consciência no olho tomando
como objeto a forma visível que impactou o olho. Para a consciência no olho, a
sensibilidade no olho é a base e a porta, a forma visível é o objeto. As outras
cittas no processo – a advertência na porta do sentido, recebimento,
investigação, determinação, javanas e registro – são estados de consciência na
mente. Elas tomam a mesma forma visível como objeto e a sensibilidade no olho
como porta, mas elas surgem com o suporte da base do coração. Para todas as cittas
envolvidas no processo, a bhavanga também é considerada uma porta já que
todo o processo emerge da bhavanga. Dessa forma, todos os processos que
têm origem nas portas dos sentidos são considerados como processos com duas
portas, a sensibilidade material como uma porta distinta, (de acordo com cada
órgão do sentido), e a porta da mente ou bhavanga como uma porta comum.
Os antigos mestres do Abhidhamma ilustram o processo cognitivo que ocorre nas
portas dos sentidos com o símile da manga. Um certo homem foi dormir ao pé de
uma mangueira. E nisso, uma manga madura se desprendeu do galho e caiu ao solo
passando perto da orelha do homem. Despertado pelo ruído, ele abriu os olhos e
viu; em seguida esticou o braço, agarrou a fruta, apertou-a de leve e cheirou.
Depois disso, ele mordeu um pedaço da manga e engoliu-o desfrutando do seu
sabor, em seguida ele voltou a dormir. Enquanto o homem dormia ao pé da árvore
equivale ao momento de ocorrência da bhavanga. O instante em que a manga
madura se desprende do galho e passa perto do ouvido equivale ao instante em
que o objeto impacta um dos órgãos dos sentidos. O momento em que ele desperta
equivale à consciência de advertência dirigindo-se ao objeto. O momento em que
ele abre os olhos para ver equivale à consciência no olho desempenhando o seu
papel de ver. O momento em que ele estica o braço equivale à consciência de
recebimento recebendo o objeto. O momento em que ele aperta de leve a fruta
equivale à consciência de investigação. O momento de cheirar a manga equivale à
consciência de determinação. O momento de comer a manga equivale ao javana de
experimentar o sabor da fruta. Engolir a fruta apreciando o seu sabor equivale
à consciência de registro tomando o mesmo objeto da etapa de javana. E o homem
voltando a dormir equivale ao retorno à bhavanga.
Deve ser
observado que todo o processo cognitivo ocorre sem que exista um eu ou sujeito
por detrás dele como um agente que experimenta ou controla o processo, uma
“consciência” que se encontre fora do escopo do próprio processo. As cittas momentâneas
exercem elas mesmas as funções necessárias para a cognição, e a unidade do ato
cognitivo deriva da coordenação entre as cittas por meio da lei de
interconexão condicionada. Dentro do processo cognitivo cada citta surge
de acordo com a lei natural da consciência, (cittaniyama). Elas surgem
na dependência de uma variedade de condições, incluindo a citta precedente,
o objeto, a porta e uma base física. Tendo surgido, ela realiza a sua função
única dentro do processo e depois se dissolve tornando-se uma condição para a citta
seguinte.
O processo
independente na porta da mente ocorre quando qualquer um dos seis objetos entra
no âmbito da cognição inteiramente por conta própria, não como conseqüência de
um processo numa das portas dos sentidos. Pode ser colocada a questão sobre
como um objeto pode entrar no âmbito da porta da mente, independentemente de um
contato sensorial. Ledi Sayadaw menciona várias fontes: através daquilo que foi
percebido diretamente antes ou através da inferência daquilo que foi percebido
diretamente antes; daquilo que foi aprendido por meio do relato verbal ou
através da inferência daquilo que foi aprendido através do relato verbal; por
conta de crença, opinião, raciocínio ou aceitação de uma idéia com base na
reflexão; pelo poder de kamma, poderes psíquicos, distúrbios dos humores do
corpo, compreensão, realização, etc. A
mente que tenha sido alimentada com esse tipo de input de experiências passadas
é extremamente suscetível à influência destas. Ao encontrar um objeto sensual
qualquer, aquele objeto pode disparar num único momento mental ondas que se
estendem a muitos milhares de objetos que foram experimentados antes. O
contínuo mental, sendo constantemente excitado por essas influências causais,
está sempre buscando uma oportunidade para emergir da bhavanga e obter a
cognição clara do objeto.
Quando um objeto
claro entra na porta da mente, a bhavanga vibra e é suspensa. Então
a consciência de advertência na porta da mente se volta para o objeto, seguida
de sete momentos de javana e dois de registro, depois do que o processo
cognitivo regressa para a bhavanga. No caso de objetos obscuros os
dois momentos de registro não ocorrem sob nenhuma circunstância.
Os objetos
sensuais se dividem em três classes: os indesejáveis, moderadamente desejáveis
e os extremamente desejáveis. De acordo com a filosofia do Abhidhamma a
distinção na qualidade dos objetos faz parte da natureza intrínseca do objeto,
não é uma variável determinada pelo temperamento e preferências do indivíduo. O
fato de uma pessoa experimentar um objeto, seja ele indesejável, moderadamente
desejável ou extremamente desejável, é governado pelo kamma passado. Dessa
maneira, o objeto experimentado oferece a oportunidade para que o kamma mature
sob a forma de estados de consciência resultantes, (vipakacitta). As cittas
resultantes estarão de acordo com a natureza do objeto. Através da força de
kamma insalubre o ser encontra um objeto indesejável, e dessa forma as cittas
resultantes serão geradas pela maturação daquele kamma insalubre. Neste caso as
cittas: da consciência nos sentidos, da recepção, de investigação e de
registro, são necessariamente resultantes insalubres, (akusalavipaka).
Por outro lado, um objeto moderadamente desejável ou extremamente desejável é
encontrado através da força de kamma saudável, e as cittas resultantes no
processo cognitivo serão geradas pela maturação daquele kamma saudável.
Deve ser
observado que enquanto que as cittas resultantes, (consciência nos sentidos,
recepção, investigação e registro), são governadas pela natureza do objeto, as javanas
não o são, e variam de acordo com o temperamento e inclinações de quem as
experimenta. Mesmo se o objeto for extremamente desejável, as javanas
podem ocorrer sob a forma de indiferença. E até mesmo é possível que javanas
acompanhadas pela aversão e desprazer surjam em relação a um objeto
extremamente desejável, ou que em relação a um objeto indesejável ocorram javanas
sob a forma mais apropriada para um objeto desejável. Assim, um masoquista pode
responder à dor física com cittas com raiz na cobiça e acompanhadas pela
alegria, enquanto que um monge dedicado à prática meditativa poderá contemplar
um corpo em decomposição com cittas saudáveis acompanhadas pelo
conhecimento e alegria.
Introdução >> III.
Compêndio da Matéria >> V. Compêndio da
Condicionalidade
Notas:
[1] Bhavanga: A palavra bhavanga significa fator, (anga),
da existência, (bhava), isto é, a condição sine qua non da vida e tem a
característica de um processo, literalmente um fluxo ou correnteza. As Bhavangacittas surgem e desaparecem continuamente
durante a vida, sempre que não estiver ocorrendo um processo cognitivo ativo.
Quando um objeto impacta uma das portas dos sentidos, a bhavanga é
suspensa e o processo cognitivo relativo ao objeto que surgiu segue a sua
seqüência natural. Imediatamente após a conclusão daquele processo cognitivo,
novamente a bhavanga sobrevém e continua até que o próximo processo
cognitivo ocorra. [Retorna]
[2] Javana: é um termo técnico do Abhidhamma que é melhor não
traduzir. O sentido literal da palavra é correr velozmente. São várias cittas
idênticas, normalmente sete, que “correm velozmente” em direção ao objeto no
sentido de agarrá-lo. O estágio de javana é o mais importante sob o
ponto de vista ético, pois é neste ponto que as cittas saudáveis ou
insalubres têm origem, ou seja, o ponto da formação de kamma.[Retorna]
Revisado: 19 Abril 2003
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