Samyutta Nikaya XLI.8

Nigantha Nataputta Sutta

Nigantha Nataputta

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Agora, naquela ocasião o Nigantha Nataputta havia chegado em Macchikasanda com uma grande comitiva de niganthas.[1] Citta, o chefe de família, tomou conhecimento disso e junto com um grande número de discípulos leigos foi até o Nigantha Nataputta e ambos se cumprimentaram. Quando a conversa cortês e amigável havia terminado ele sentou a um lado. O Nigantha Nataputta então lhe disse:

“Chefe de família, você tem fé no contemplativo Gotama quando ele diz: ‘Há uma concentração sem o pensamento aplicado e sustentado, há uma cessação do pensamento aplicado e sustentado’?” [2]

“Com respeito a isso, venerável senhor, eu não me guio pela fé no Abençoado quando ele diz: ‘Há uma concentração sem o pensamento aplicado e sustentado, há uma cessação do pensamento aplicado e sustentado.’”

Quando isso foi dito, o Nigantha Nataputta olhou com orgulho para a sua comitiva e disse: “Vejam isso, senhores! Quão franco é esse chefe de família, Citta! Quão honesto e aberto! Quem pensa que o pensamento aplicado e sustentado pode ser parado imaginaria ser capaz de capturar o vento com uma rede ou interromper a correnteza do rio Gânges com as próprias mãos.”

“O que você pensa, venerável senhor, o que é superior: o conhecimento ou a fé?”

“O conhecimento, chefe de família, é superior à fé.”

“Bem, venerável senhor, de acordo com a minha vontade, afastado dos prazeres sensuais, afastado das qualidades não hábeis, eu entro e permaneço no primeiro jhana, que é caracterizado pelo pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos do afastamento. Depois, de acordo com a minha vontade, abandonando o pensamento aplicado e sustentado, eu entro e permaneço no segundo jhana ... Depois, de acordo com a minha vontade, abandonando o êxtase ... eu entro e permaneço no terceiro jhana ... Depois, de acordo com a minha vontade, com o completo desaparecimento da felicidade ... eu entro e permaneço no quarto jhana.

“Posto que eu assim conheço e vejo, venerável senhor, em qual outro contemplativo ou brâmane devo depositar fé com relação à afirmação de que há uma concentração sem o pensamento aplicado e sustentado, uma cessação do pensamento aplicado e sustentado?”

Quando isso foi dito, Nigantha Nataputta olhou com desconfiança para a sua comitiva e disse: “Vejam isso, senhores! Quão desonesto é esse chefe de família, Citta! Quão fraudulento e enganador!”

“Agora mesmo, venerável senhor, entendemos que você disse: ‘Vejam isso, senhores! Quão franco é esse chefe de família, Citta! Quão honesto e aberto!’ – no entanto, agora entendemos que você diz: ‘Vejam isso, senhores! Quão desonesto é esse chefe de família, Citta! Quão fraudulento e enganador!’ Se a sua primeira afirmação é verdadeira, venerável senhor, então a sua última afirmação é falsa, enquanto que se a primeira afirmação é falsa, então a sua última afirmação é verdadeira.

“Além disso, venerável senhor, estas dez questões lógicas vêm à mente. Quando você compreender o significado delas então poderá me responder juntamente com a sua comitiva. Uma questão, um resumo, uma resposta. Duas questões, dois resumos, duas respostas. Três ... quatro ... cinco .... seis ... sete ... oito ... nove ... dez questões, dez resumos, dez respostas.”

Então, Citta, o chefe de família, levantou do seu assento e partiu sem ter pedido que o Nigantha Nataputta respondesse essas dez questões lógicas. [3]

 

 


 

Notas:

[1] Nigantha Nataputta é o mesmo que Mahavira, o histórico progenitor do Jainismo. Embora ele apareça várias vezes no Cânone (veja em particular o MN 56), não há relatos de que ele tenha encontrado o Buda pessoalmente. [Retorna]

[2] Isto se refere ao segundo jhana. [Retorna]

[3] Ao que parece o Nigantha não aceitou o desafio de Citta e por isso ele partiu sem formular as questões. [Retorna]

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Revisado: 18 Novembro 2006

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