Majjhima Nikaya 8

Salekha Sutta

Obliteração

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1. Assim ouvi.[1] Em certa ocasião o Abençoado estava em Savatthi no Bosque de Jeta, no Parque de Anathapindika.

2. Então, ao anoitecer o venerável Maha Cunda se levantou da meditação e foi até o Abençoado. Depois de cumprimentá-lo ele sentou a um lado e disse:

3. "Venerável senhor, várias idéias surgem no mundo associadas ou com doutrinas de um eu, ou com doutrinas sobre o mundo. [2] Agora, o abandono e a renúncia dessas idéias ocorre num bhikkhu que está se ocupando apenas com o início do seu treino meditativo?” [3]

"Cunda, com relação a essas várias idéias que surgem no mundo associadas ou com doutrinas de um eu, ou com doutrinas sobre o mundo: se o objeto em relação ao qual essas idéias surgem, para o qual elas dão suporte e sobre o qual elas são aplicadas [4] é visto como na verdade ele é, com correta sabedoria, desta forma: 'Isso não é meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu,’ então o abandono e a renúncia dessas idéias irá ocorrer. [5]

4. "Agora é possível, Cunda, que um bhikkhu afastado dos prazeres sensuais, afastado das qualidades não hábeis, entra e permanece no primeiro jhana, que é caracterizado pelo pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos do afastamento. Ele poderá pensar o seguinte: 'Eu estou com a obliteração.' Mas não são essas realizações que são chamadas de ‘obliteração’ na Disciplina dos Nobres; essas são chamadas de ‘estados prazerosos no aqui e agora’ na Disciplina dos Nobres.[6]

5. "Agora é possível que abandonando o pensamento aplicado e sustentado, um bhikkhu entra e permanece no segundo jhana, que é caracterizado pela segurança interna e perfeita unicidade da mente, sem o pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos da concentração. Ele poderá pensar o seguinte: 'Eu estou com a obliteração.' Mas não são essas realizações que são chamadas de ‘obliteração’ na Disciplina dos Nobres; essas são chamadas de ‘estados prazerosos no aqui e agora’ na Disciplina dos Nobres.

6. "Agora é possível que, abandonando o êxtase, um bhikkhu entra e permanece no terceiro jhana que é caracterizado pela felicidade sem o êxtase, acompanhada pela atenção plena, plena consciência e equanimidade, acerca do qual os nobres declaram: ‘Ele permanece numa estada feliz, equânime e plenamente atento.’ Ele poderá pensar o seguinte: 'Eu estou com a obliteração.' Mas não são essas realizações que são chamadas de ‘obliteração’ na Disciplina dos Nobres; essas são chamadas de ‘estados prazerosos no aqui e agora’ na Disciplina dos Nobres.

7. "Agora é possível que, com o completo desaparecimento da felicidade, um bhikkhu entra e permanece no quarto jhana, que possui nem felicidade nem sofrimento, com a atenção plena e a equanimidade purificadas. Ele poderá pensar o seguinte: 'Eu estou com a obliteração.' Mas não são essas realizações que são chamadas de ‘obliteração’ na Disciplina dos Nobres; essas são chamadas de ‘estados prazerosos no aqui e agora’ na Disciplina dos Nobres.

8. "Agora é possível que, com a completa superação das percepções da forma, com o desaparecimento das percepções do contato sensorial, sem dar atenção às percepções da diversidade, consciente de que o ‘espaço é infinito,’ um bhikkhu entre e permaneça na base do espaço infinito. Ele poderá pensar o seguinte: 'Eu estou com a obliteração.' Mas não são essas realizações que são chamadas de ‘obliteração’ na Disciplina dos Nobres; essas são chamadas de ‘estados plenos de paz’ na Disciplina dos Nobres.

9. "Agora é possível que, com a completa superação da base do espaço infinito, consciente de que a ‘consciência é infinita,' um bhikkhu entre e permaneça na base da consciência infinita. Ele poderá pensar o seguinte: 'Eu estou com a obliteração.' Mas não são essas realizações que são chamadas de ‘obliteração’ na Disciplina dos Nobres; essas são chamadas de ‘estados plenos de paz’ na Disciplina dos Nobres.

10. "Agora é possível que, com a completa superação da base da consciência infinita, consciente de que ‘não há nada,' um bhikkhu entre e permaneça na base do nada. Ele poderá pensar o seguinte: 'Eu estou com a obliteração.' Mas não são essas realizações que são chamadas de ‘obliteração’ na Disciplina dos Nobres; essas são chamadas de ‘estados plenos de paz’ na Disciplina dos Nobres.

11. "Agora é possível que, com a completa superação da base do nada, um bhikkhu entre e permaneça na base da nem percepção, nem não percepção. Ele poderá pensar o seguinte: 'Eu estou com a obliteração.' Mas não são essas realizações que são chamadas de ‘obliteração’ na Disciplina dos Nobres; essas são chamadas de ‘estados plenos de paz’ na Disciplina dos Nobres.

(OBLITERAÇÃO)

12. "Agora, Cunda, assim você deve praticar a obliteração:[7]

(1) 'Outros serão cruéis; nós não seremos cruéis': assim deve ser praticada a obliteração.[8]

(2) 'Outros matarão seres vivos; nós nos absteremos de matar seres vivos’: assim deve ser praticada a obliteração.

(3) 'Outros tomarão o que não for dado; nós nos absteremos de tomar o que não for dado’: assim deve ser praticada a obliteração.

(4) 'Outros serão não celibatários; nós seremos celibatários’: assim deve ser praticada a obliteração.

(5) 'Outros dirão mentiras; nós nos absteremos da linguagem mentirosa’: assim deve ser praticada a obliteração.

(6) 'Outros falarão de forma maliciosa; nós nos absteremos da linguagem maliciosa’: assim deve ser praticada a obliteração.

(7) 'Outros falarão de forma grosseira; nós nos absteremos da linguagem grosseira’: assim deve ser praticada a obliteração.

(8) 'Outros falarão de forma frívola; nós nos absteremos da linguagem frívola’: assim deve ser praticada a obliteração.

(9) 'Outros serão cobiçosos; nós não seremos cobiçosos’: assim deve ser praticada a obliteração.

(10) 'Outros terão má vontade; nós não teremos má vontade’: assim deve ser praticada a obliteração.

(11) 'Outros terão o entendimento incorreto: nós teremos o entendimento correto’: assim deve ser praticada a obliteração.

(12) 'Outros terão o pensamento incorreto; nós teremos o pensamento correto’: assim deve ser praticada a obliteração.

(13) 'Outros usarão a linguagem incorreta: nós usaremos a linguagem correta’: assim deve ser praticada a obliteração.

(14) 'Outros empregarão a ação incorreta; nós empregaremos a ação correta’: assim deve ser praticada a obliteração.

(15) 'Outros terão o modo de vida incorreto; nós teremos o modo de vida correto’: assim deve ser praticada a obliteração.

(16) 'Outros terão o esforço incorreto, nós teremos o esforço correto’: assim deve ser praticada a obliteração.

(17) 'Outros terão a atenção plena incorreta; nós teremos a atenção plena correta’: assim deve ser praticada a obliteração.

(18) 'Outros terão a concentração incorreta; nós teremos a concentração correta:’ assim deve ser praticada a obliteração.

(19) 'Outros terão o conhecimento incorreto; nós teremos o conhecimento correto’: assim deve ser praticada a obliteração.

(20) 'Outros terão a libertação incorreta; nós teremos a libertação correta’: assim deve ser praticada a obliteração.

(21) 'Outros serão dominados pelo torpor e preguiça; nós estaremos livres do torpor e preguiça': assim deve ser praticada a obliteração.

(22) 'Outros serão inquietos; nós não seremos inquietos’: assim deve ser praticada a obliteração.

(23) 'Outros terão dúvidas; nós superaremos as dúvidas’: assim deve ser praticada a obliteração.

(24) 'Outros serão enraivecidos; nós não seremos enraivecidos': assim deve ser praticada a obliteração.

(25) 'Outros serão rancorosos; nós não seremos rancorosos’: assim deve ser praticada a obliteração.

(26) 'Outros serão desprezativos; nós não seremos desprezativos’: assim deve ser praticada a obliteração.

(27) 'Outros serão insolentes; nós não seremos insolentes’: assim deve ser praticada a obliteração.

(28) 'Outros serão invejosos; nós não seremos invejosos’: assim deve ser praticada a obliteração.

(29) 'Outros serão avarentos; nós não seremos avarentos’: assim deve ser praticada a obliteração.

(30) 'Outros serão dissimuladores; nós não seremos dissimuladores’: assim deve ser praticada a obliteração.

(31) 'Outros serão trapaceiros; nós não seremos trapaceiros’: assim deve ser praticada a obliteração.

(32) 'Outros serão teimosos; nós não seremos teimosos’: assim deve ser praticada a obliteração.

(33) 'Outros serão arrogantes; nós não seremos arrogantes’: assim deve ser praticada a obliteração.

(34) 'Outros serão difíceis de admoestar; nós seremos fáceis de admoestar’: assim deve ser praticada a obliteração.

(35) 'Outros terão maus amigos; nós teremos bons amigos’: assim deve ser praticada a obliteração.

(36) 'Outros serão negligentes; nós seremos diligentes’: assim deve ser praticada a obliteração.

(37) 'Outros não terão fé; nós teremos fé’: assim deve ser praticada a obliteração.

(38) 'Outros não terão vergonha de cometer transgressões; nós teremos vergonha de cometer transgressões’: assim deve ser praticada a obliteração.

(39) 'Outros não terão temor de cometer transgressões; nós teremos temor de cometer transgressões’: assim deve ser praticada a obliteração.

(40) 'Outros terão pouco aprendizado; nós teremos muito aprendizado’: assim deve ser praticada a obliteração.

(41) 'Outros serão preguiçosos; nós seremos energéticos’: assim deve ser praticada a obliteração.

(42) 'Outros não terão atenção plena; nós teremos a atenção plena estabelecida’: assim deve ser praticada a obliteração.

(43) 'Outros terão carência de sabedoria; nós possuiremos sabedoria’: assim deve ser praticada a obliteração.

(44) 'Outros irão se apegar às suas próprias idéias, agarrando-as com tenacidade e abrindo mão delas com dificuldade; [9] nós não nos apegaremos às nossas idéias com tenacidade, mas abriremos mão delas com facilidade’: assim deve ser praticada a obliteração.

(ORIGINAÇÃO DA MENTE)

13. "Cunda, eu digo que apenas originar na mente os estados benéficos é de grande benefício, então o que deveria ser dito de atos com o corpo e linguagem que são compatíveis com tal estado da mente?[10] Portanto, Cunda:

(1) A mente deve se originar dessa forma: 'Outros serão cruéis; nós não seremos cruéis'

(2) A mente deve se originar dessa forma: 'Outros matarão seres vivos; nós nos absteremos de matar seres vivos’

(3-43) A mente deve se originar dessa forma:...

(44) A mente deve se originar dessa forma: 'Outros irão se apegar às suas próprias idéias, agarrando-as com tenacidade e abrindo mão delas com dificuldade; nós não nos apegaremos às nossas idéias com tenacidade, mas abriremos mão delas com facilidade’

(EVITAR)

14. "Cunda, suponha que houvesse um caminho acidentado e um caminho nivelado como forma de evitá-lo e suponha que houvesse um vau acidentado e um vau nivelado como forma de evitá-lo, da mesma forma:

(1) Uma pessoa dada à crueldade tem a não crueldade como forma de evitá-la.

(2) Uma pessoa dada a matar seres vivos tem a abstenção de matar seres vivos como forma de evitá-la.

(3) Uma pessoa dada a tomar o que não é dado tem a abstenção de tomar o que não é dado como forma de evitá-la.

(4) Uma pessoa dada ao não celibato tem o celibato como forma de evitá-lo.

(5) Uma pessoa dada à linguagem mentirosa tem a abstenção da linguagem mentirosa como forma de evitá-la.

(6) Uma pessoa dada à linguagem maliciosa tem a abstenção da linguagem maliciosa como forma de evitá-la.

(7) Uma pessoa dada à linguagem grosseira tem a abstenção da linguagem grosseira como forma de evitá-la.

(8) Uma pessoa dada à linguagem frívola tem a abstenção da linguagem frívola como forma de evitá-la.

(9) Uma pessoa dada à cobiça tem a não cobiça como forma de evitá-la.

(10) Uma pessoa dada à má vontade tem a não má vontade como forma de evitá-la.

(11) Uma pessoa dada ao entendimento incorreto tem o entendimento correto como forma de evitá-lo.

(12) Uma pessoa dada ao pensamento incorreto tem o pensamento correto como forma de evitá-lo.

(13) Uma pessoa dada à linguagem incorreta tem a linguagem correta como forma de evitá-la.

(14) Uma pessoa dada à ação incorreta tem a ação correta como forma de evitá-la.

(15) Uma pessoa dada ao modo de vida incorreto tem o modo de vida correto como forma de evitá-lo.

(16) Uma pessoa dada ao esforço incorreto tem o esforço correto como forma de evitá-lo.

(17) Uma pessoa dada à atenção plena incorreta tem a atenção plena correta como forma de evitá-la.

(18) Uma pessoa dada à concentração incorreta tem a concentração correta como forma de evitá-la.

(19) Uma pessoa dada ao conhecimento incorreto tem o conhecimento correto como forma de evitá-lo.

(20) Uma pessoa dada à libertação incorreta tem a libertação correta como forma de evitá-la.

(21) Uma pessoa dada à preguiça e torpor tem o estar liberto da preguiça e torpor como forma de evitá-la.

(22) Uma pessoa dada à inquietação tem a não inquietação como forma de evitá-la.

(23) Uma pessoa dada à dúvida tem a não dúvida como forma de evitá-la.

(24) Uma pessoa dada à raiva tem a não raiva como forma de evitá-la.

(25) Uma pessoa dada ao rancor tem o não rancor como forma de evitá-lo.

(26) Uma pessoa dada ao desprezo tem o não desprezo como forma de evitá-lo.

(27) Uma pessoa dada à insolência tem a atitude não insolência como forma de evitá-la.

(28) Uma pessoa dada à inveja tem a não inveja como forma de evitá-la.

(29) Uma pessoa dada à avareza tem a não avareza como forma de evitá-la.

(30) Uma pessoa dada à dissimulação tem a não dissimulação como forma de evitá-la.

(31) Uma pessoa dada à trapaça tem a não trapaça como forma de evitá-la.

(32) Uma pessoa dada à teimosia tem a não teimosia como forma de evitá-la.

(33) Uma pessoa dada à arrogância tem a não arrogância como forma de evitá-la.

(34) Uma pessoa dada a ser difícil de ser admoestada tem a facilidade de ser admoestada como forma de evitá-la.

(35) Uma pessoa dada a fazer maus amigos tem o fazer bons amigos como forma de evitá-lo.

(36) Uma pessoa dada à negligência tem a diligência como forma de evitá-la.

(37) Uma pessoa dada à falta de fé tem a fé como forma de evitá-la.

(38) Uma pessoa dada à falta de vergonha de cometer transgressões tem a vergonha de cometer transgressões como forma de evitá-la.

(39) Uma pessoa dada à falta de temor de cometer transgressões tem o temor de cometer transgressões como forma de evitá-lo.

(40) Uma pessoa dada ao pouco aprendizado tem o muito aprendizado como forma de evitá-lo.

(42) Uma pessoa dada à falta de atenção plena tem o estabelecimento da atenção plena como forma de evitá-la.

(43) Uma pessoa dada à carência de sabedoria tem a obtentenção de sabedoria como forma de evitá-la.

(44) Uma pessoa dada ao apego às suas próprias idéias, que as agarra com tenacidade e abre mão delas com dificuldade, tem o não apego às suas idéias, não agarrando-as com tenacidade e abrindo mão delas com facilidade, como forma de evitá-lo.

(O CAMINHO ASCENDENTE)

15. "Cunda, da mesma forma como todos os estados prejudiciais conduzem para baixo e todos os estados benéficos conduzem para cima, assim também:

(1) Uma pessoa dada à crueldade tem a não crueldade para conduzí-la para cima.

(2) Uma pessoa dada a matar seres vivos tem a abstenção de matar seres vivos para conduzí-la para cima.

(3-43) Uma pessoa dada ... para conduzí-la para cima ...

(44) Uma pessoa dada a se apegar às suas próprias idéias, que as agarra com tenacidade e abre mão delas com dificuldade, tem o não apego às suas idéias, não agarrando-as com tenacidade e abrindo mão delas com facilidade, para conduzí-la para cima.

(O CAMINHO DA EXTINÇÃO)

16. "Cunda, para alguém que esteja afundando na lama ter que puxar outra pessoa que esteja afundando na lama, é impossível; para alguém que não esteja afundando na lama ter que puxar outra pessoa que esteja afundando na lama, é possível. Para alguém que não é adestrado, que é indisciplinado, com as contaminações não extintas, ter que adestrar outra pessoa, discipliná-la e ajudá-la a extinguir as suas contaminações, é impossível; para alguém que é adestrado, disciplinado, com as contaminações extintas, ter que adestrar outra pessoa, discipliná-la e ajudá-la a extinguir as suas contaminações, é possível. [11]. Assim também:

(1) Uma pessoa dada à crueldade tem a não crueldade para extinguí-la. [12]

(2) Uma pessoa dada a matar seres vivos tem a abstenção de matar seres vivos para extinguí-lo.

(3-43) Uma pessoa dada ... para extinguí-la.

(44) Uma pessoa dada ao apego às suas próprias idéias, que as agarra com tenacidade e abre mão delas com dificuldade, tem o não apego às suas idéias, não agarrando-as com tenacidade e abrindo mão delas com facilidade, para extinguí-lo.

(CONCLUSÃO)

17. "Portanto, Cunda, o caminho para a obliteração foi ensinado por mim, o caminho para a originação da mente foi ensinado por mim, o caminho para evitar foi ensinado por mim, o caminho ascendente foi ensinado por mim e o caminho da extinção foi ensinado por mim.

18. "Aquilo que por compaixão um Mestre deveria fazer para os seus discípulos, desejando o bem estar deles, isso eu fiz por você, Cunda. [13] Ali estão aquelas árvores, aquelas cabanas vazias. Medite, Cunda, não adie ou então você irá se arrepender mais tarde. Essa é a nossa instrução para você."

Isso foi o que disse o Abençoado. O venerável Maha Cunda ficou satisfeito e contente com as palavras do Abençoado.

 


 

Notas:

[1] Uma análise mais profunda deste sutta pode ser encontrada em The Simile of the Cloth and The Discourse on Effacement por Nyanaponika Thera.[Retorna]

[2] As idéias associadas com as doutrinas de um eu (attavadapatisamyutta), de acordo com MA, são os vinte tipos de idéias sobre a existência de um eu enumeradas no MN 44.7, embora também possa ser entendido que estas incluam as idéias sobre a existência de um eu mais elaboradas, discutidas no MN 102. As idéias associadas com as doutrinas sobre o mundo (lokavadapatisamyutta) são oito: o mundo é eterno, não é eterno, ambos ou nenhum; o mundo é infinito, finito, ambos ou nenhum.Veja o MN 63 e MN 72 para a refutação do Buda a essas idéias. [Retorna]

[3] MA: Esta questão se refere àquele que apenas alcançou os estágios iniciais da meditação de insight sem ter alcançado o estágio de ‘entrar na correnteza.’ O tipo de abandono sendo discutido é o abandono pela erradicação realizado apenas no caminho de ‘entrar na correnteza.’ O Ven. Maha Cunda colocou essa questão porque alguns meditadores estavam superestimando as suas realizações, pensando que eles haviam abandonado tais idéias quando na verdade não as tinham erradicado.[Retorna]

[4] MA explica que a palavra “surgem” (uppajjanti) neste caso se refere ao surgimento de idéias que não haviam surgido antes; “suporte” (anusenti) as idéias ganharem força pelo contínuo apego a elas; e serem “aplicadas” (samudacaranti) ao ganharem expressão corporal ou verbal. O “objeto” sobre o qual se baseiam são os cinco agregados (khandha) que constituem uma pessoa ou ser vivo – forma material, sensação, percepção, formações volitivas e consciência. [Retorna]

[5] Através deste enunciado o Buda mostra os meios através dos quais essas idéias são erradicadas: contemplação dos cinco agregados como ‘Não é meu,’ etc., com a sabedoria do insight culminando no caminho de entrar na correnteza. [Retorna]

[6] MA explica que o Buda, tendo respondido à pergunta inicial, agora fala de outro tipo de superestimação – aqueles que alcançam as oito realizações meditativas, (jhanas), e acreditam que estão praticando a verdadeira obliteração (sallekha). A palavra sallekha, que na sua origem quer dizer austeridade ou prática ascética, é usada pelo Buda com o significado do radical apagamento ou remoção das contaminações. Embora as oito realizações tenham o seu lugar assegurado como parte do treinamento Budista (veja MN 25.12-19, MN 26.34-41), aqui é dito que elas não devem ser chamadas de obliteração porque o bhikkhu que as alcança não as emprega como base para o insight – como descrito por exemplo no MN 52 e MN 64 – mas apenas como meios para desfrutar paz e felicidade. [Retorna]

[7] Os quarenta e quatro “modos de obliteração” que serão expostos se encaixam, de forma geral, em vários conjuntos fixos de categorias doutrinárias como descrito a seguir. Aqueles que não forem mencionados não se encaixam em nenhum conjunto fixo:

(2)-(11) são os dez tipos de ações benéficas e prejudiciais (kammapatha) –veja o MN 9.4, 9.6;

(12)-(18) são os últimos sete fatores do nobre caminho óctuplo – incorreto e correto – sendo que o primeiro fator é idêntico ao (11);

(19)-(20) são algumas vezes adicionados ao caminho óctuplo – incorreto e correto –veja o MN 117.34-36;

(21)-(23) são os últimos três dos cinco obstáculos – veja o MN 10.36 – sendo que os dois primeiros são idênticos a (9) e (10);

(24)-(33) são as dez das dezesseis imperfeições que contaminam a mente, mencionadas no MN 7.3;

(37)-(43) são as sete qualidades ruins e as sete qualidades benéficas (saddhamma) mencionadas no MN 53.11-17 [Retorna]

[8] MT: Não crueldade (avihimsa), que é um sinônimo para compaixão, é mencionado no início porque é a raiz de todas as virtudes, em especial a causa principal para toda virtude. [Retorna]

[9] MA: Essa é a descrição daqueles que se apegam com firmeza a uma idéia que lhes tenha ocorrido, acreditando que “Apenas isto é a verdade”; eles não a abandonam mesmo que o Buda lhes fale baseado em argumentos lógicos. [Retorna]

[10] MA: Apenas originar esses estados na mente é de grande benefício porque estes envolvem exclusivamente o bem-estar e a felicidade e porque são a causa das ações subseqüentes que estão de acordo com os mesmos. [Retorna]

[11] O termo em Pali interpretado como “extinção” parinibbuto, também pode significar “realizar Nibbana”; e o termo em Pali interpretado como “auxiliar a extinção” é parinibbapessati que também pode significar “auxiliar realizar Nibbana”ou “conduzir a Nibbana.” A expressão original em Pali “como forma de extinguí-la,” parinibbanaya, poderia ser interpretada “para realizar Nibbana.” [Retorna]

[12] MA aponta que este enunciado pode ser compreendido de duas formas: (1) aquele que estiver livre da crueldade pode empregar a sua não crueldade para auxiliar na extinção da crueldade de uma outra pessoa; e (2) aquele que for cruel poderá desenvolver a não crueldade para extinguir a sua própria inclinação cruel. Todos os casos seguintes devem ser entendidos dessa mesma forma dupla. [Retorna]

[13] MA: A tarefa compassiva do mestre é o correto ensinamento do Dhamma; além disso está a prática que é a tarefa dos discípulos. [Retorna]

 

 

Revisado: 2 Abril 2014

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