Majjhima Nikaya 15
Anumana Sutta
Inferência
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1. Assim
ouvi. Em certa ocasião o ven. Maha
Moggallana estava entre os Bhaggas em Sumsumaragira no Bosque de Bhesakala, no Parque do Gamo. Lá,
ele se dirigiu aos monges desta forma: “Amigos” – “Amigo,” eles responderam. O
ven. Maha Moggallana
disse o seguinte:
2. “Amigos,
embora um bhikkhu assim peça: ‘Que os veneráveis me admoestem, [1]
eu preciso ser admoestado pelos veneráveis,’ no entanto, se ele
é difícil de ser admoestado e possui qualidades que fazem com que ele seja
difícil de ser admoestado, se ele for impaciente e não aceitar a instrução da
forma correta, então os seus companheiros na vida santa pensarão que ele não
deve ser admoestado ou instruído, eles pensarão que ele é uma pessoa que não
merece confiança.
3. “Quais
qualidades fazem com que ele seja difícil de ser admoestado?
(1) Aqui um
bhikkhu possui desejos ruins e é dominado pelos desejos ruins; [2]
essa é uma qualidade que faz com que ele seja difícil de ser
admoestado.
(2) Outra
vez, um bhikkhu elogia a si mesmo e menospreza os outros; essa é uma qualidade
que faz com que ele seja difícil de ser admoestado.
(3) Outra
vez, um bhikkhu tem raiva e é dominado pela raiva; essa é uma qualidade ...
(4) Outra
vez, um bhikkhu tem raiva e é vingativo devido à raiva ...
(5) Outra
vez, um bhikkhu tem raiva e é teimoso devido à raiva ...
(6) Outra
vez, um bhikkhu tem raiva e diz palavras próximas à raiva ...
(7) Outra
vez, um bhikkhu é reprovado e resiste ao reprovador ...
(8) Outra
vez, um bhikkhu é reprovado e denigre o reprovador ...
(9) Outra
vez, um bhikkhu é reprovado e contra-reprova o reprovador ...
(10) Outra
vez, um bhikkhu é reprovado e mente usa subterfúgios e demonstra raiva, ódio e
amargor ...
(11) Outra
vez, um bhikkhu é reprovado e deixa de se responsabilizar pela sua conduta ...
(12) Outra
vez, um bhikkhu é desprezativo ou insolente ...
(13) Outra
vez, um bhikkhu é invejoso ou avarento ...
(14) Outra
vez, um bhikkhu é dissimulador ou trapaçeiro ...
(15) Outra
vez, um bhikkhu é teimoso ou arrogante ...
(16) Outra vez,
um bhikkhu tem apego às suas idéias, ele as agarra com tenacidade e as abandona
com dificuldade; essa é uma qualidade
que faz com que ele seja difícil de ser admoestado.[3]
“Amigos, essas são chamadas as qualidades que fazem com que ele seja
difícil de ser admoestado.
4. “Amigos,
embora um bhikkhu assim não peça: ‘Que os veneráveis me admoestem, eu preciso
ser admoestado pelos veneráveis,’ no entanto, se ele é fácil de ser admoestado
e possui qualidades que fazem com que ele seja fácil de ser admoestado, se ele
for paciente e aceitar a instrução da forma correta, então os seus companheiros
na vida santa pensarão que ele deve ser admoestado e instruído, eles pensarão
que ele é uma pessoa que merece confiança.
5. “Quais
qualidades fazem com que ele seja fácil de ser admoestado?
(1) Aqui um
bhikkhu não possui desejos ruins e não é dominado pelos desejos ruins; essa é uma
qualidade que faz com que ele seja fácil de ser admoestado.
(2) Outra
vez, um bhikkhu não elogia a si mesmo nem menospreza os outros; essa é uma
qualidade ...
(3) Outra
vez, um bhikkhu não
tem raiva e não permite que a raiva o domine ...
(4) Outra
vez, um bhikkhu não
tem raiva nem é vingativo devido à raiva ...
(5) Outra
vez, um bhikkhu não
tem raiva nem é teimoso devido à raiva ...
(6) Outra
vez, um bhikkhu não
tem raiva e ele não diz palavras próximas à raiva ...
(7) Outra
vez, um bhikkhu é
reprovado e não resiste ao reprovador ...
(8) Outra
vez, um bhikkhu é
reprovado e não denigre o reprovador ...
(9) Outra
vez, um bhikkhu é
reprovado e não contra-reprova o reprovador ...
(10) Outra
vez, um bhikkhu é
reprovado e não mente não usa subterfúgios e não demonstra raiva, ódio e
amargor...
(11) Outra
vez, um bhikkhu é
reprovado e não deixa de se responsabilizar pela sua conduta ...
(12) Outra
vez, um bhikkhu
não é desprezativo ou insolente ...
(13) Outra
vez, um bhikkhu
não é invejoso ou avarento ...
(14) Outra
vez, um bhikkhu
não é dissimulador ou trapaçeiro ...
(15) Outra
vez, um bhikkhu
não é teimoso ou arrogante ...
(16) Outra
vez, um bhikkhu não tem apego às suas idéias, ele não as agarra com tenacidade,
mas as abandona com facilidade; essa é uma qualidade que faz com que ele seja
fácil de ser admoestado.
“Amigos,
essas são chamadas as qualidades que fazem com que ele seja fácil de ser
admoestado.
6. “Agora,
amigos, um bhikkhu deve inferir acerca de si mesmo da seguinte forma: [4]
(1) ‘Uma pessoa que possui desejos ruins e é dominada pelos desejos ruins
é irritante e desagradável para mim. Se eu tivesse desejos ruins e fosse
dominado pelos desejos ruins, eu seria irritante e desagradável para os outros.’
Um bhikkhu que sabe disso deveria incitar a sua mente assim: ‘Eu não terei desejos ruins
e não serei dominado pelos desejos ruins.’
(2-16) 'Uma
pessoa que elogia a si mesma e menospreza os outros ... uma pessoa que tem
apego às suas idéias, que as agarra com
tenacidade e que as abandona com dificuldade é irritante e desagradável para
mim. Se eu tivesse apego às minhas idéias, as agarrasse com tenacidade e as abandonasse com dificuldade, eu
seria irritante e desagradável para os outros.’ Um bhikkhu que sabe disso
deveria incitar a sua mente assim: ‘Eu não me apegarei às minhas idéias,
agarrando-as com tenacidade, mas abandoná-las-ei com facilidade.’
7. “Agora, amigos,
um bhikkhu deveria analisar a si mesmo assim:
(1) ‘Eu
tenho desejos ruins e sou dominado pelos desejos ruins?’ Se, ao investigar a si
mesmo, ele sabe que: ‘Eu tenho desejos ruins, eu estou dominado pelos
desejos ruins,’ então, ele deveria fazer o esforço para abandonar esses estados ruins
e prejudiciais. Mas, se ao investigar a si mesmo, ele sabe que: ‘Eu não tenho
desejos ruins, eu não estou dominado pelos desejos ruins,’ então, ele deve
permanecer feliz e contente, treinando dia e noite nos estados benéficos.
(2-16)
Outra vez, um bhikkhu deveria analisar a si mesmo assim: ‘Eu elogio a mim mesmo
e menosprezo os outros?’ ... ‘Eu tenho apego às minhas idéias, agarrando-as com
tenacidade e abandonando-as com dificuldade?’ Se, ao investigar a si mesmo, ele
sabe que: ‘Eu tenho apego às minhas idéias ...,’ então ele deveria fazer o
esforço para abandonar esses estados ruins e prejudiciais. Mas se, ao
investigar a si mesmo, ele sabe que: ‘Eu não tenho apego às minhas idéias ...,’
então ele deve permanecer feliz e contente, treinando dia e noite nos estados
benéficos.
8. “Amigos,
quando um bhikkhu analisa a si mesmo dessa forma, se ele vir que esses estados
ruins e prejudiciais não foram todos abandonados por ele, então ele deve fazer
o esforço para abandoná-los todos. Mas, se ao analisar a si mesmo dessa forma,
ele vir que todos foram abandonados por
ele, então ele deve permanecer feliz e contente, treinando dia e noite nos
estados benéficos.[5]
Tal como uma mulher, ou um homem, jovem,
sadio, que aprecia ornamentos,
ao ver a imagem do rosto refletida num espelho límpido e brilhante ou numa
bacia com água cristalina, percebe uma mancha ou defeito, fará esforço para
removê-la, mas não percebendo mancha ou defeito ficará feliz assim: ‘É um ganho para mim que esteja perfeito’; do mesmo
modo, quando um bhikkhu analisa a si mesmo dessa forma ... então ele deve
permanecer feliz e contente, treinando dia e noite nos estados benéficos.”
Isso foi o que disse o ven. Maha Moggallana. Os bhikkhus ficaram
satisfeitos e contentes com as palavras do ven. Maha Moggallana.
Notas:
[1] Vadantu, tem o significado literal
“que eles falem comigo,” com o significado implícito: “Que eles falem comigo
instruindo-me e exortando-me” (MA). [Retorna]
[2] Veja o MN 5.10-29.
[Retorna]
[3] Veja o MN 8.44 e
a nota 9. [Retorna]
[4] É deste trecho que provém o nome deste
sutta. [Retorna]
[5] MA: Na antiguidade este sutta era chamado
"Bhikkhupatimokkha." Um bhikkhu deve analisar
a si mesmo três vezes ao dia da forma descrita neste sutta. Se ele não puder
fazer isso três vezes, então deveria fazê-lo duas e no mínimo uma. [Retorna]
Revisado: 2 Março 2008
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