Udana VIII.1

Nibbana (pathama) Sutta

Nibbana (1)

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Em certa ocasião, o Abençoado estava em Savatthi no Bosque de Jeta, no Parque de Anathapindika. Agora, naquela ocasião, o Abençoado estava instruindo, estimulando, encorajando e motivando os bhikkhus com um discurso do Dhamma relativo a Nibbana. Os bhikkhus – receptivos, atentos, focando toda a sua atenção, dando ouvidos – ouviam o Dhamma.

Então, dando-se conta do significado disso, o Abençoado nessa ocasião exclamou:

“Existe aquela esfera da existência em que não há nem terra, nem água, nem fogo, nem ar; não há a experiência do espaço infinito, nem da consciência infinita, nem do nada, nem da nem percepção, nem não percepção; ali não há nem este mundo e tampouco outro mundo, nem sol, nem lua. Nessa esfera da existência, eu digo, não há vir, nem ir, nem permanecer; não há morte nem renascimento; não há base, não há evolução e não há suporte (objeto mental) [1]. Isso, justamente isso, é apenas o fim do sofrimento.” [2]

 


 

Notas:

[1] Veja o SN XXII.53.

[2] Ajaan Amaro no seu livro “Small Boat, Big Mountain” analisa este sutta e diz o seguinte: “Ajaan Chah explicava que a natureza da mente é imóvel, no entanto flui. Ela flui, no entanto é imóvel. Ele empregava a palavra citta para a identificar a natureza da mente. Citta é totalmente imóvel. Não tem movimento, não tem relação com tudo aquilo que surge e cessa. Ela é silenciosa e espaçosa. Os objetos mentais – visões, sons, aromas, sabores, toques, pensamentos, emoções – fluem através dela. Os problemas surgem porque a luminosidade da mente é obscurecida pelo contato nos sentidos. A mente des-treinada vai em busca do prazeroso e procura fugir do des-prazeroso e como resultado se vê em conflito, alienada e insatisfeita. Ao contemplarmos as nossas experiências podemos fazer uma clara distinção entre citta e as impressões sensuais que fluem através dela. Repelindo o enredo das impressões sensuais, podemos encontrar refúgio naquela qualidade de paz, silêncio e amplitude que é a natureza da mente. A habilidade natural para separar a natureza da mente dos objetos mentais está refletida de modo claro em Pali. Na verdade há dois verbos com o significado de ser/existir. O verbo hoti corresponde ao uso convencional, condicionado, que são as atividades comuns e os diferentes rótulos aplicados às atividades que envolvem os sentidos. O segundo verbo, atthi, se refere às qualidades transcendentes da existência, o incondicionado ou a não manifesta natureza da mente.” Neste sutta o verbo empregado é atthi. Com relação à natureza da mente, veja o AN I.49-52.

O Bhikkhu Ñananada no livro Concept and Reality explica este trecho da seguinte forma: os termos "terra, água, fogo, nem ar; espaço infinito, consciência infinita, nada, nem percepção, nem não percepção" não devem ser interpretados sob a perspectiva física grosseira mas sim sob a perspectiva de conceitos. A referência a "este mundo, outro mundo, sol, lua, não há vir, nem ir, nem permanecer; não há morte nem renascimento" são também referências a noções abstratas e não fatos implícitos. Essas são noções abstratas que são um elemento importante no nosso mundo de conceitos relativos. Os últimos três termos: "não há base, não há evolução e não há suporte" corrrespondem respectivamente aos três modos de realizar a libertação (veja vimokkha no glossário): suññato (vazio), appanihito (não dirigida), animitta (sem sinais).

 


 

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Revisado: 17 Novembro 2012

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