Samyutta Nikaya XXII.100
Gaddula Sutta
A Correia
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Em Savathi.
‘Bhikkhus, esse samsara não possui um início que possa ser descoberto. Um ponto
inicial não é discernido para os seres que seguem vagando e perambulando, obstaculizados pela ignorância e agrilhoados pelo desejo.
“Como um
cachorro preso por uma correia a um poste ou estaca: se ele caminhar, irá
caminhar em torno daquele poste ou estaca. Se ele ficar parado, ficará parado
ao lado daquele poste ou estaca. Se ele sentar, ficará sentado ao lado daquele
poste ou estaca. Se ele deitar, ficará deitado ao lado daquele poste ou estaca.
“Do mesmo
modo, uma pessoa comum sem instrução considera a forma como: ‘Isso é meu, isso
sou eu, isso é o meu eu.’ Ela considera a sensação ... a percepção ... as
formações volitivas ... a consciência como: ‘Isso é meu, isso sou eu, isso é o meu eu.’
Se ela caminhar, caminhará em torno desses cinco agregados influenciados pelo
apego. Se ela ficar parada, ficará parada ao lado desses cinco agregados
influenciados pelo apego. Se ela sentar, ficará sentada ao lado desses cinco
agregados influenciados pelo apego. Se ela deitar, ficará deitada ao lado
desses cinco agregados influenciados pelo apego. Portanto, cada um deve
refletir a cada momento sobre a sua própria mente: ‘Por um longo tempo esta
mente tem sido contaminada pela cobiça, aversão e delusão.’ Pela contaminação
da mente os seres são impuros. Pela purificação da mente os seres são purificados.
“Bhikkhus,
vocês alguma vez viram o quadro chamado ‘A jornada’?”
“Sim,
senhor.”
“Mesmo a
diversidade desenhada naquele quadro foi criada pela mente e no entanto, a
mente é ainda mais diversa do que aquele quadro. Portanto, cada um deve refletir
a cada momento sobre a sua própria mente: ‘Por um longo tempo esta mente tem
sido contaminada pela cobiça, aversão e delusão.’ Pela contaminação da mente os
seres são impuros. Pela purificação da mente os seres são purificados.
“Bhikkhus, eu não posso imaginar um grupo de seres vivos mais
diversificado do que o reino animal. Mesmo a diversidade dos seres do reino
animal foi criada pela mente[1] e no entanto,
a mente é ainda mais diversa que o reino animal. Portanto, cada um deve
refletir a cada momento sobre a sua própria mente: ‘Por um longo tempo esta
mente tem sido contaminada pela cobiça, aversão e delusão.’ Pela contaminação
da mente os seres são impuros. Pela purificação da mente os seres são
purificados.
“Suponham,
bhikkhus que um artista ou pintor, usando pigmento, laca, auricolor, índigo ou
carmesim, criasse a figura de uma mulher ou homem, completo com todas as suas
características, sobre um painel ou parede bem polida ou num pedaço de tela. Da
mesma forma, uma pessoa comum sem instrução, ao criar, não cria nada além de
forma... sensação... percepção... formações volitivas... consciência.
“O que
vocês pensam, bhikkhus, a forma é permanente ou impermanente?
“Impermanente,
senhor.
"E aquilo
que é impermanente é sofrimento ou felicidade?
“Sofrimento,
senhor.
“E é
adequado considerar o que é impermanente, sofrimento, sujeito a mudanças como:
‘Isso é meu. Isso sou eu. Isso é o meu eu’?
“Não,
senhor.
“... a
sensação é permanente ou impermanente?
“Impermanente,
senhor.
“... a
percepção é permanente ou impermanente?
“Impermanente,
senhor.
“... as
formações volitivas são permanentes ou impermanentes?
“Impermanentes,
senhor.
“O que
vocês pensam, bhikkhus, a consciência é permanente ou impermanente?
“Impermanente,
senhor.
“E aquilo
que é impermanente é sofrimento ou felicidade?
“Sofrimento,
senhor.
“E é
adequado considerar o que é impermanente, sofrimento, sujeito a mudanças como:
'Isso é meu. Isso sou eu. Isso é o meu eu’?
“Não,
senhor.
“Portanto,
bhikkhus, qualquer forma, quer seja do passado, futuro ou presente, interna ou
externa; grosseira ou sutil; inferior ou superior, próxima ou distante: toda
forma deve ser vista como na verdade é, com correta sabedoria: ‘Isso não é meu,
isso não sou eu, isso não é o meu eu.’
“Qualquer
sensação...
“Qualquer
percepção...
“Quaisquer
formações volitivas...
“Qualquer
consciência, quer seja do passado, do futuro ou do presente, interna ou
externa; grosseira ou sutil; inferior ou superior; próxima ou distante: toda
consciência deve ser vista como na verdade é, com correta sabedoria: ‘Isso não
é meu, isso não sou eu, isso não é o meu eu.’
“Vendo
dessa forma, o nobre discípulo bem instruído se desencanta com a forma,
desencanta com a sensação, desencanta com a percepção, desencanta com as
formações volitivas, desencanta com a consciência. Desencantado ele se torna desapegado.
Através do desapego a sua mente é libertada. Quando ela está libertada surge o
conhecimento: ‘Libertada.’ Ele compreende que: ‘O nascimento foi destruído, a
vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser
a nenhum estado.’”
Nota:
[1] A diversidade das criaturas no reino animal reflete a diversidade do
kamma passado, e essa diversidade por seu lado provém da diversidade da volição
ou intenção, (cetana), que é um fator mental. [Retorna]
Revisado: 2 Outubro 2004
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