Samyutta Nikaya XLVIII.40
Uppatipatika Sutta
Ordem Irregular [1]
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“Bhikkhus, há essas cinco faculdades. Quais cinco? A faculdade do
prazer, a faculdade da dor, a faculdade da felicidade, a faculdade da tristeza, a
faculdade da equanimidade.
(I. A faculdade da dor)
“Aqui,
bhikkhus, enquanto um bhikkhu permanece diligente, ardente e decidido, surge
nele a faculdade da dor. Ele compreende assim: ‘Surgiu em mim a faculdade da
dor. Ela tem uma base, uma fonte, uma causa, uma condição.[2]
É impossível que essa faculdade da dor surja sem uma base, uma
fonte, uma causa, uma condição.’ Ele compreende a faculdade da dor; ele
compreende a origem da faculdade da dor; ele compreende a cessação da faculdade
da dor; e ele compreende onde a faculdade da dor que surgiu cessa sem deixar
nenhum vestígio.
“E onde a
faculdade da dor que surgiu cessa sem deixar nenhum vestígio? Neste caso,
bhikkhus, um bhikkhu afastado dos prazeres sensuais, afastado das qualidades não hábeis, entra e permanece no primeiro jhana, que é caracterizado pelo pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos do afastamento. E é
nisso que a faculdade da dor que surgiu cessa sem deixar nenhum vestígio.[3]
“Esse, bhikkhus, é chamado um bhikkhu que compreendeu a cessação da
faculdade da dor. Ele assim dirige a sua mente.
(II. A faculdade da tristeza)
“Aqui,
bhikkhus, enquanto um bhikkhu permanece diligente, ardente e decidido, surge
nele a faculdade da tristeza. Ele compreende assim: ‘Surgiu em mim a faculdade
da tristeza. Esta tem uma base, uma fonte, uma causa, uma condição. É
impossível que essa faculdade da tristeza surja sem uma base, uma fonte, uma
causa, uma condição.’ Ele compreende a faculdade da tristeza; ele compreende a
origem da faculdade da tristeza; ele compreende a cessação da faculdade da
tristeza; e ele compreende onde a faculdade da tristeza que surgiu cessa sem
deixar nenhum vestígio.
“E onde a
faculdade da tristeza que surgiu cessa sem deixar nenhum vestígio? Neste caso,
bhikkhus, abandonando o pensamento aplicado e sustentado, um bhikkhu entra e permanece no segundo jhana, que é caracterizado pela segurança interna e perfeita unicidade da mente, sem o pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos da concentração. E é nisso que a faculdade da tristeza que surgiu
cessa sem deixar nenhum vestígio.[4]
“Esse, bhikkhus, é chamado um bhikkhu que compreendeu a cessação da
faculdade da tristeza. Ele assim dirige a sua mente.
(III. A faculdade do prazer)
“Aqui,
bhikkhus, enquanto um bhikkhu permanece diligente, ardente e decidido, surge
nele a faculdade do prazer. Ele compreende assim: ‘Surgiu em mim a faculdade do
prazer. Esta tem uma base, uma fonte, uma causa, uma condição. É impossível que
essa faculdade do prazer surja sem uma base, uma fonte, uma causa, uma
condição.’ Ele compreende a faculdade do prazer; ele compreende a origem da
faculdade do prazer; ele compreende a cessação da faculdade do prazer; e ele
compreende onde a faculdade do prazer que surgiu cessa sem deixar nenhum
vestígio.
“E onde a
faculdade do prazer que surgiu cessa sem deixar nenhum vestígio? Neste caso,
bhikkhus, abandonando o êxtase, um bhikkhu entra e permanece no terceiro jhana que é caracterizado pela felicidade sem o êxtase, acompanhada pela atenção plena, plena consciência e equanimidade, acerca do qual os nobres declaram: ‘Ele permanece numa estada feliz, equânime e plenamente atento.’ E é nisso
que a faculdade do prazer que surgiu cessa sem deixar nenhum vestígio.[5]
“Esse, bhikkhus, é chamado um bhikkhu que compreendeu a cessação da
faculdade do prazer. Ele assim dirige a sua mente.
(IV. A faculdade da felicidade)
“Aqui,
bhikkhus, enquanto um bhikkhu permanece diligente, ardente e decidido, surge
nele a faculdade da felicidade. Ele compreende assim: ‘Surgiu em mim a faculdade
da felicidade. Esta tem uma base, uma fonte, uma causa, uma condição. É impossível
que essa faculdade da felicidade surja sem uma base, uma fonte, uma causa, uma
condição.’ Ele compreende a faculdade da felicidade; ele compreende a origem da
faculdade da felicidade; ele compreende a cessação da faculdade da felicidade; e ele
compreende onde a faculdade da felicidade que surgiu cessa sem deixar nenhum
vestígio.
“E onde a
faculdade da felicidade que surgiu cessa sem deixar nenhum vestígio? Neste caso,
bhikkhus, com o completo desaparecimento da felicidade, um bhikkhu entra e permanece no quarto jhana, que possui nem felicidade nem sofrimento, com a atenção plena e a equanimidade purificadas. E é nisso que a faculdade da felicidade que surgiu cessa
sem deixar nenhum vestígio.
“Esse,
bhikkhus, é chamado um bhikkhu que compreendeu a cessação da faculdade da felicidade.
Ele assim dirige a sua mente.
(V. A faculdade da equanimidade)
“Aqui,
bhikkhus, enquanto um bhikkhu permanece diligente, ardente e decidido, surge
nele a faculdade da equanimidade. Ele compreende assim: ‘Surgiu em mim a
faculdade da equanimidade. Esta tem uma base, uma fonte, uma causa, uma
condição. É impossível que essa faculdade da equanimidade surja sem uma base,
uma fonte, uma causa, uma condição.’ Ele compreende a faculdade da
equanimidade; ele compreende a origem da faculdade da equanimidade; ele
compreende a cessação da faculdade da equanimidade; e ele compreende onde a
faculdade da equanimidade que surgiu cessa sem deixar nenhum vestígio.
“E onde a
faculdade da equanimidade que surgiu cessa sem deixar nenhum vestígio? Neste
caso, bhikkhus, tendo completamente transcendido a base da nem percepção, nem
não percepção, um bhikkhu entra e permanece na cessação da percepção e
sensação. E é nisso que a faculdade da equanimidade que surgiu cessa sem deixar
nenhum vestígio.
“Esse,
bhikkhus, é chamado um bhikkhu que compreendeu a cessação da faculdade da
equanimidade. Ele assim dirige a sua mente.”
Notas:
[1] Este sutta é chamado de ‘irregular’ porque não segue a seqüência
adotada nos demais suttas. A seqüência neste sutta é como as coisas devem ser
abandonadas. [Retorna]
[2] Todos estes termos são sinônimos. [Retorna]
[3] De acordo com o comentário, a faculdade da dor de fato cessa e é
abandonada no momento do acesso ao primeiro jhana; tristeza, etc., no acesso ao
segundo jhana, etc. Entretanto, é explicado que a cessação deles ocorrre nos
jhanas em si porque é neles que ocorre a cessação reforçada. A cessação simples
ocorre na concentração de acesso e a cessação reforçada, nos jhanas. Portanto,
por exemplo, embora a faculdade da dor tenha cessado no acesso ao primeiro
jhana, ela poderá surgir novamente devido
ao contato com moscas ou mosquitos ou devido a um assento desconfortável; mas
não com a absorção em jhana. Com a absorção, todo o corpo está impregnado com o
êxtase e imerso na felicidade, a faculdade da dor cessa por completo porque foi
expulsa pelo seu oposto. [Retorna]
[4] É difícil reconciliar a descrição dada no sutta com a fórmula
tradicional dos jhanas, na qual o primeiro jhana é descrito como livre de todos
os estados ruins e prejudiciais, incluindo a tristeza, domanassa. De
acordo com o comentário, a faculdade da tristeza é abandonada no acesso ao
segundo jhana mas pode surgir novamente quando houver fadiga corporal e tensão
mental por conta do pensamento aplicado e sustentado. Mas no segundo jhana, que
está desprovido de pensamento aplicado e sustentado, ela não surgirá de modo
nenhum. [Retorna]
[5] A faculdade do prazer, (sukhindriya), neste
caso é o prazer corporal. De acordo com o comentário, a faculdade do prazer é
abandonada no acesso ao terceiro jhana, mas ela poderá surgir novamente quando
o corpo for tocado pelos fenômenos físicos sublimes que têm origem no êxtase;
mas ela não surge no terceiro jhana em si, pois neste o êxtase que é a condição
para o prazer corporal cessou por completo. [Retorna]
Revisado: 18 Novembro 2006
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