Majjhima Nikaya 70
Kitagiri Sutta
Kitagiri
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1. Assim
ouvi. Em certa ocasião, o Abençoado estava perambulando por Kasi junto com uma
grande Sangha de bhikkhus. Lá ele se dirigiu aos monges desta forma:
2. “Bhikkhus, eu me abstenho de comer à noite. Fazendo isso, estou livre
de enfermidades e aflições e desfruto de boa saúde, energia e bem-estar.
Venham, bhikkhus, abstenham-se de comer à noite. Fazendo isso, vocês também
estarão livres de enfermidades e aflições e desfrutarão de boa saúde, energia e
bem-estar.” [1]
“Sim,
venerável senhor,” eles responderam.
3. Então,
enquanto o Abençoado perambulava em etapas pela região de Kasi, ele por fim
acabou chegando numa cidade denominada Kitagiri, estabelecendo-se nessa cidade.
4. Agora,
naquela ocasião os bhikkhus liderados por Assaji e Punabbasuka estavam residindo em
Kitagiri.[2] Então um grande número de
bhikkhus foi até eles e disse: “Amigos, o Abençoado e a Sangha dos bhikkhus
agora se abstêm de comer à noite. Ao fazerem isso, eles estão livres de
enfermidades e aflições e desfrutam de boa saúde, energia e bem-estar. Venham,
amigos, abstenham-se de comer à noite. Fazendo isso, vocês também estarão
livres de enfermidades e aflições e desfrutarão de boa saúde, energia e
bem-estar.” Quando isso foi dito, os bhikkhus Assaji e Punabbasuka responderam
aos bhikkhus: “Amigos, nós comemos à noite, pela manhã e durante o dia, fora do
horário apropriado. Fazendo isso, estamos livres de enfermidades e aflições e
desfrutamos de boa saúde, energia e bem-estar. Porque deveríamos abandonar [um
ganho] visível aqui e agora para perseguir [um ganho a ser alcançado] num
momento futuro? Nós comeremos à noite, pela manhã e durante o dia, fora do
horário apropriado.”
5. Visto
que os bhikkhus foram incapazes de convencer os bhikkhus Assaji e Punabbasuka,
eles se dirigiram até o Abençoado e depois de cumprimentá-lo sentaram a um lado
e relataram o que havia ocorrido, adicionando: “Venerável senhor, visto que
fomos incapazes de convencer os bhikkhus Assaji e Punabbasuka, nós estamos
reportando este assunto ao Abençoado.”
6. Então o
Abençoado se dirigiu a um certo bhikkhu desta forma: “Venha, bhikkhu, diga em
meu nome, aos bhikkhus Assaji e Punabbasuka, que o Mestre os chama.”
“Sim,
venerável senhor,” ele respondeu e foi até os bhikkhus Assaji e Punabbasuka e
lhes disse: “O Mestre os chama, amigos.”
“Sim,
Amigo,” eles responderam, e foram até o Abençoado e após cumprimentá-lo
sentaram a um lado. O Abençoado então lhes perguntou: “Bhikkhus, é verdade que
quando um grupo de bhikkhus foi até vocês e disse: ‘Amigos, o Abençoado e a
Sangha dos bhikkhus agora se abstêm de comer à noite ... Venham, amigos,
abstenham-se de comer à noite ...,’
vocês disseram para esses bhikkhus: ‘Amigos, nós comemos à noite ... Porque
deveríamos abandonar [um ganho] visível aqui e agora para perseguir [um ganho a
ser alcançado] num momento futuro? Nós comeremos à noite, pela manhã e durante
o dia fora do horário apropriado’?” – “Sim, venerável senhor.”
“Bhikkhus,
vocês me ouviram ensinando o Dhamma desta forma: ‘Qualquer coisa que uma pessoa
experimente, quer seja prazerosa, ou dolorosa, ou nem dolorosa, nem prazerosa,
os estados prejudiciais diminuem e os estado benéficos aumentam’?” [3] – “Não, venerável senhor.”
7.
“Bhikkhus, vocês não me ouviram ensinando o Dhamma desta forma: ‘Aqui, quando
alguém sente um certo tipo de sensação
prazerosa, os estados prejudiciais aumentam e os estados benéficos diminuem;
mas quando alguém sente um outro tipo de sensação prazerosa, os estados
prejudiciais diminuem e os estados benéficos aumentam. [4] Aqui, quando alguém sente um certo tipo de sensação dolorosa, os
estados prejudiciais aumentam e os estados benéficos diminuem; mas quando
alguém sente um outro tipo de sensação dolorosa, os estados prejudiciais
diminuem e os estados benéficos aumentam. Aqui, quando alguém sente um certo
tipo de sensação nem dolorosa, nem prazerosa, os estados prejudiciais aumentam
e os estados benéficos diminuem; mas quando alguém sente um outro tipo de
sensação nem dolorosa, nem prazerosa, os estados prejudiciais diminuem e os
estados benéficos aumentam’?”
“Sim,
venerável senhor.”
8. “Muito
bem, bhikkhus.[5] E se por mim fosse
desconhecido, não visto, não experimentado, não compreendido, não penetrado
pela sabedoria assim: ‘Aqui, quando alguém sente um certo tipo de sensação
prazerosa, os estados prejudiciais aumentam e os estados benéficos diminuem,’
seria apropriado que eu, sem saber disso, dissesse: ‘Abandonem esse tipo de
sensação prazerosa’?” – “Não, venerável senhor.”
“Mas porque
por mim é conhecido, visto, experimentado, compreendido e penetrado pela
sabedoria assim: ‘Aqui, quando alguém sente um certo tipo de sensação
prazerosa, os estados prejudiciais aumentam e os estados benéficos diminuem,’
eu portanto digo: ‘Abandonem esse tipo de sensação prazerosa.’
“Se por mim
fosse desconhecido, não visto, não experimentado, não compreendido, não
penetrado pela sabedoria assim: ‘Aqui, quando alguém sente um outro tipo de
sensação prazerosa, os estados prejudiciais diminuem e os estados benéficos
aumentam,’ seria apropriado que eu, sem saber disso, dissesse: ‘Entrem e permaneçam nesse tipo de sensação
prazerosa’?” – “Não, venerável senhor.”
“Mas porque
por mim é conhecido, visto, experimentado, compreendido e penetrado pela
sabedoria assim: ‘Aqui, quando alguém
sente um outro tipo de sensação prazerosa, os estados prejudiciais diminuem e
os estados benéficos aumentam,’ eu portanto digo: ‘Entrem e permaneçam nesse tipo de sensação
prazerosa.’
9. “Se por
mim fosse desconhecido ... Mas porque por mim é conhecido ... penetrado pela sabedoria assim: ‘Aqui,
quando alguém sente um certo tipo de sensação dolorosa, os estados prejudiciais
aumentam e os estados benéficos diminuem,’ eu portanto digo: ‘Abandonem esse
tipo de sensação dolorosa.’
“Se por mim
fosse desconhecido ... Mas porque por mim é conhecido ... penetrado pela sabedoria assim: ‘Aqui,
quando alguém sente um outro tipo de sensação dolorosa, os estados prejudiciais
diminuem e os estados benéficos aumentam,’ eu portanto digo: ‘Entrem e
permaneçam nesse tipo de sensação dolorosa.’
10. “Se por
mim fosse desconhecido ... Mas porque por mim é conhecido ... penetrado pela sabedoria assim: ‘Aqui,
quando alguém sente um certo tipo de sensação nem dolorosa, nem prazerosa, os
estados prejudiciais aumentam e os estados benéficos diminuem,’ eu portanto
digo: ‘Abandonem esse tipo de sensação nem dolorosa, nem prazerosa.’
“Se por mim
fosse desconhecido ... Mas porque por mim é conhecido ... penetrado pela sabedoria assim: ‘Aqui,
quando alguém sente um outro tipo de sensação nem dolorosa, nem prazerosa, os
estados prejudiciais diminuem e os estados benéficos aumentam,’ eu portanto
digo: ‘Entrem e permaneçam nesse tipo de sensação nem dolorosa, nem prazerosa.’
11.
“Bhikkhus, eu não digo que todos os bhikkhus ainda têm trabalho a ser feito com
diligência; nem eu digo que todos os bhikkhus não têm mais trabalho a ser feito
com diligência.
12. “Eu não
digo que aqueles bhikkhus que são arahants com as impurezas destruídas, que
viveram a vida santa, fizeram o que deve ser feito, depuseram o fardo,
alcançaram o verdadeiro objetivo, destruíram os grilhões da existência e estão
completamente libertados através do conhecimento supremo, que eles ainda têm
trabalho a ser feito com diligência. Por que isso? Eles fizeram o seu trabalho
com diligência; eles não são mais capazes de serem negligentes.
13. “Eu
digo daqueles bhikkhus que estão em treinamento superior, cujas mentes ainda
não alcançaram o objetivo e que ainda aspiram pela suprema segurança contra o cativeiro,
que eles ainda têm mais trabalho a ser feito com diligência. Por que isso?
Porque quando esses veneráveis fazem uso de moradias apropriadas e se associam
com bons amigos e equilibram as suas faculdades espirituais, eles poderão,
realizando por si mesmos, com o conhecimento direto, aqui e agora, entrar e
permanecer no que é o objetivo supremo da vida santa, pelo qual com razão
membros de um clã adotam a vida santa. Vendo esse fruto da diligência para
esses bhikkhus, eu digo que eles ainda têm mais trabalho a ser feito com
diligência.
14. “Bhikkhus, existem sete tipos de pessoas que podem ser encontradas
no mundo. [6] Quais sete? Elas são: uma pessoa libertada de ambos os modos, libertada através da sabedoria, que toca com o corpo,
com entendimento realizado, libertada pela fé, discípulo do Dhamma,
discípulo pela fé.
15. “Que
tipo de pessoa é aquela libertada de ambos os modos? Aqui uma pessoa, permanece tocando com o
corpo aquelas libertações que são pacíficas e
imateriais, que transcendem as formas, e as impurezas dela são destruídas ao ver
com sabedoria. Esse tipo de pessoa é chamada de libertada de ambos os modos. [7] Eu não digo desse bhikkhu que ele ainda tem
trabalho a ser feito com diligência. Por que isso? Ele fez o seu trabalho com
diligência; ele não é mais capaz de ser negligente.
16. “Que
tipo de pessoa é aquela libertada através da sabedoria? Aqui uma pessoa, não permanece tocando com o
corpo aquelas libertações que são pacíficas e
imateriais, que transcendem as formas, mas as impurezas dela são
destruídas ao ver com sabedoria. Esse tipo de pessoa é chamada aquela libertada
através da sabedoria. [8] Eu não digo desse
bhikkhu que ele ainda tem trabalho a ser feito com diligência. Por que isso? Ele
fez o seu trabalho com diligência; ele não é mais capaz de ser negligente.
17. “Que
tipo de pessoa é aquela que toca com o corpo? Aqui uma pessoa, permanece tocando com o
corpo aquelas libertações que são pacíficas e
imateriais, que transcendem as formas, e algumas impurezas dela são
destruídas ao ver com sabedoria. Esse tipo de pessoa é chamada aquela que toca com o corpo. [9] Eu digo desse bhikkhu que ele
ainda tem trabalho a ser feito com diligência. Por que isso? Porque quando esse venerável faz uso de
moradias apropriadas e se associa com bons amigos e equilibra as suas
faculdades espirituais, ele poderá, realizando por si mesmo com o conhecimento
direto, aqui e agora, alcançar e permanecer no que é o objetivo supremo da vida
santa pelo qual com razão membros de um clã adotam a vida santa. Vendo esse
fruto da diligência para esse bhikkhu, eu digo que ele ainda tem mais trabalho
a ser feito com diligência.
18. “Que
tipo de pessoa é aquela com o entendimento realizado? Aqui uma pessoa, não permanece tocando com o
corpo aquelas libertações que são pacíficas e
imateriais, que transcendem as formas, mas algumas das impurezas
dela são destruídas ao ver com sabedoria, pois ela analisou e examinou com
sabedoria os ensinamentos proclamados pelo Tathagata. Esse tipo de pessoa é
chamada aquela com o entendimento realizado. [10] Eu digo desse bhikkhu que ele ainda tem trabalho a ser feito com
diligência. Por que isso? Porque quando
esse venerável ... adotam a vida santa. Vendo esse fruto da diligência para
esse bhikkhu, eu digo que ele ainda tem mais trabalho a ser feito com
diligência.
19. “Que
tipo de pessoa é aquela libertada pela fé? Aqui uma pessoa, não permanece tocando com o
corpo aquelas libertações que são pacíficas e
imateriais, que transcendem as formas, mas algumas das impurezas
dela são destruídas ao ver com sabedoria, pois a fé dela está plantada, enraizada e
estabelecida no Tathagata.[11] Esse tipo de
pessoa é chamada aquela libertada pela fé. Eu digo desse bhikkhu que ele ainda
tem trabalho a ser feito com diligência. Por que isso? Porque quando esse venerável ... adotam a vida
santa. Vendo esse fruto da diligência para esse bhikkhu, eu digo que ele ainda
tem mais trabalho a ser feito com diligência.
20. “Que
tipo de pessoa é um discípulo do Dhamma? Aqui uma pessoa, não permanece tocando com o
corpo aquelas libertações que são pacíficas e
imateriais, que transcendem as formas, e as impurezas dela ainda não foram
destruídas ao ver com sabedoria, mas através da sabedoria ela obtém suficiente
aceitação com base na reflexão dos ensinamentos proclamados pelo Tathagata.
Além disso, ela possui estas qualidades: a faculdade da convicção, a faculdade
da energia, a faculdade da atenção plena, a faculdade da concentração e a
faculdade da sabedoria. Esse tipo de pessoa é chamada um discípulo do Dhamma. [12] Eu digo desse bhikkhu que ele ainda tem
trabalho a ser feito com diligência. Por que isso? Porque quando esse venerável ... adotam a
vida santa. Vendo esse fruto da diligência para esse bhikkhu, eu digo que ele
ainda tem mais trabalho a ser feito com diligência.
21. “Que
tipo de pessoa é um discípulo pela fé? Aqui uma pessoa, não permanece tocando com o
corpo aquelas libertações que são pacíficas e
imateriais, que transcendem as formas, e as impurezas dela ainda não foram
destruídas ao ver com sabedoria, no entanto ela tem suficiente fé e amor pelo Tathagata.
Além disso, ela possui estas qualidades: a faculdade da convicção, a faculdade
da energia, a faculdade da atenção plena, a faculdade da concentração e a
faculdade da sabedoria. Esse tipo de pessoa é chamada um discípulo pela fé. Eu
digo desse bhikkhu que ele ainda tem trabalho a ser feito com diligência.
Por que isso? Porque quando esse venerável faz uso de moradias apropriadas e se
associa com bons amigos e equilibra as suas faculdades espirituais, ele poderá,
realizando por si mesmo com o conhecimento direto, aqui e agora, alcançar e
permanecer no que é o objetivo supremo da vida santa pelo qual com razão
membros de um clã adotam a vida santa. Vendo esse fruto da diligência para esse
bhikkhu, eu digo que ele ainda tem mais trabalho a ser feito com diligência.
22.
“Bhikkhus, eu não digo que o conhecimento supremo é alcançado todo de uma vez.
Ao contrário, o conhecimento supremo é alcançado através do treinamento
gradual, através da prática gradual, através do progresso gradual.
23. “E como
ocorre o treinamento gradual, a prática gradual, o progresso gradual? Aqui
alguém que possui fé [num mestre] o visita; ao visitá-lo ele o homenageia; ao
homenageá-lo, ele lhe dá ouvidos; ao dar ouvidos, ele ouve o Dhamma; ao ouvir
o Dhamma, ele o memoriza e examina o significado dos ensinamentos que ele memorizou;
ao examinar o significado, ele aceita esses ensinamentos com base na reflexão; ao obter a aceitação dos
ensinamentos baseado na reflexão, a aspiração brota; ao brotar a aspiração,
ele aplica a vontade; ao aplicar a vontade, ele examina cuidadosamente,
ao examinar cuidadosamente, ele se esforça; com esforço decidido, ele
realiza com o corpo a verdade suprema, vendo-a e penetrando-a com sabedoria. [13]
24. “Não existe aquela fé, [14] bhikkhus, não existe aquela visitação, não existe aquela
homenagem, não existe aquele dar ouvidos, não existe aquele ouvir o Dhamma, não
existe aquela memorização do Dhamma, não
existe aquele exame do significado, não existe aquela aceitação dos
ensinamentos com base na reflexão, não existe aquela aspiração, não existe
aquela aplicação da vontade, não existe aquele exame cuidadoso, e não existe
aquele esforço. Bhikkhus, vocês perderam o caminho; bhikkhus, vocês estão
praticando o caminho errado. Quanto vocês se desviaram, homens tolos, deste
Dhamma e Disciplina!
25.
“Bhikkhus, há um enunciado com quatro frases e quando ele é recitado um homem
sábio o compreende rapidamente. [15] Eu irei
recitá-lo para vocês bhikkhus. Tentem entendê-lo.”
“Venerável
senhor, quem somos nós para entender o Dhamma?”
26.
“Bhikkhus, mesmo com um mestre que tenha interesse pelas coisas materiais, um
herdeiro de coisas materiais, apegado a coisas materiais, esse tipo de regateio
[pelos seus discípulos] não seria apropriado: ‘Se obtivermos isso, nós faremos;
se não obtivermos, não faremos’; então o que [deveria ser dito quando o mestre
é ] o Tathagata, que está completamente desapegado das coisas materiais?
27.
“Bhikkhus, para um discípulo que tem convicção na mensagem do Abençoado e vive para
penetrá-la, o que se harmoniza com o Dhamma é: ‘O Abençoado é o Mestre, eu sou um discípulo.
O Abençoado é aquele que sabe, não eu.’ Para um discípulo que tem convicção na mensagem do Abençoado e vive para
penetrá-la, a mensagem do Abençoado é nutritiva e refrescante. Para um discípulo que tem
convicção na mensagem do Mestre e vive para penetrá-la, o que se harmoniza com o Dhamma é:
‘Com satisfação eu deixaria a carne e o sangue do meu corpo secar, deixando só pele, tendões e ossos, se eu não
tiver atingido o que pode ser atingido através da firmeza humana, da energia humana e do esforço humano,
não haverá nenhum relaxamento na minha energia.’” [16] Para um discípulo que tem convicção na mensagem do Abençoado e vive para
penetrá-la, um de dois
frutos podem ser esperados: o conhecimento supremo aqui e agora, ou o
‘não-retorno’ se ainda houver algum resíduo de apego.”
Isso foi o
que disse o Abençoado. Os bhikkhus ficaram satisfeitos e contentes com as
palavras do Abençoado.
Notas:
[1] Veja o MN 66 – nota
1. Em concordância com o MN 66.6, MA explica que
o Buda havia primeiro proibido a refeição da tarde e depois, mais tarde,
proibiu a refeição noturna. Ele assim fez por consideração aos bhikkhus mais
sensíveis que poderiam ficar exaustos muito rapidamente se ambas as refeições
fossem proibidas de uma vez. [Retorna]
[2] Assaji e Punabbasuka fazem parte do notório “grupo dos seis” cujo comportamento
é caracterizado como “inescrupuloso e depravado” no Vinaya o que deu origem a muitas das regras monásticas. O número de
líderes do grupo foi que deu origem ao seu nome, não o número de membros, que, de acordo com o comentário, ultrapassava
mil bhikkhus. Na história que deu origem à promulgação da Sanghadisesa 13 (Vin iii.179-84), os bhikkhus liderados por
Assaji e Punabbasuka são mostrados adotando todo tipo de comportamento impróprio apenas para satisfazer as famílias de Kitagiri,
ao ponto delas ridicularizarem os bhikkhus bem portados e se recusarem a lhes dar esmolas de alimentos. [Retorna]
[3] MA: Esta afirmação é feita com incisiva
referência ao prazer experimentado ao comer uma refeição noturna, que não
contribui para a prática das tarefas monásticas. [Retorna]
[4] MA: O primeiro tipo de sensação prazerosa
é a alegria baseada na vida em família, o último é a alegria baseada na
renúncia. De modo semelhante as duas sentenças que seguem se referem à tristeza
e à equanimidade baseadas, respectivamente, na vida em família e na renúncia.
Veja o MN 137.9-15. [Retorna]
[5] Os versos 8-10 servem para proporcionar,
apelando para o perfeito entendimento do Buda, os motivos da intimação dele
para o abandono de todas as sensações baseadas na vida em família e para
desenvolver as sensações baseadas na renúncia. [Retorna]
[6] Aqui os nobre indivíduos são classificados
em sete tipos, não só com base na sua realização do caminho supramundano e do
seu fruto, representada na mais conhecida classificação de oito tipos, mas de
acordo com a sua faculdade dominante. [Retorna]
[7] Ubhatobhagavimutta. MA: Ela está
“libertada de ambos os modos” porque está libertada do corpo físico através das
realizações imateriais e do corpo mental através do
caminho (de arahant). MA diz também que ubhatobhagavimutta
inclui aqueles que alcançaram o estado de arahant depois de emergir de qualquer
uma das
realizações imateriais e aquele que realizou esse estado depois de alcançar a
cessação. [Retorna]
[8] Paññavimutta. MA: Estes incluem aqueles
que alcançam o estado de arahant somente através da meditação de insight sem jhanas, (sukkha-vipassaka), ou
depois de emergir de qualquer um dos quatro primeiros jhanas.
Contradizendo aquilo que está no MA, o AN IX.44 explica que aquele
libertado através da sabedoria possui no mínimo o primeiro jhana. [Retorna]
[9] Kayasakkhin. MA: Este tipo inclui
seis indivíduos – desde aquele estabelecido no fruto de entrar na correnteza
até aquele no caminho para o estado de arahant – que primeiro têm contato com
as
realizações imateriais e posteriormente
realizam Nibbana. MT enfatiza que
qualquer uma das
realizações imateriais, incluindo a cessação, deve de ser alcançada
para qualificar como kayasakkhin.
Ajaan Thanissaro comenta o seguinte: Os AN IX.43 e AN IX.44 fazem a distinção entre tocar uma dimensão meditativa com
o corpo e compreendê-la através da sabedoria. Em ambos os casos, a experiência é direta e pessoal e ambos os casos conduzem
à destruição das impurezas. Portanto, parece que “tocar com o corpo” possui um significado mais preciso do que a simples
experiência pessoal. Pode ser que signifique haver algum aspecto somático na experiência, ou que a realização de nibbana
proporcione o mesmo tipo de preenchimento mental que era ocupado pelo corpo.[Retorna]
[10] Ditthipatta. MA diz que este tipo
inclui os mesmos seis indivíduos incluídos sob kayasakkhin - desde aquele
estabelecido no fruto de entrar na correnteza até aquele no caminho para o
estado de arahant – mas sem possuir as realizações imateriais. [Retorna]
[11] Saddhavimutta. MA diz que este
tipo também inclui os mesmos seis indivíduos. [Retorna]
[12] MA diz que este tipo, o dhammanusarin,
e o seguinte, o saddhanusarin, são indivíduos no caminho de entrar na
correnteza, o primeiro com predominância da sabedoria e o último com
predominância da fé. Para mais detalhes sobre estes dois tipos, veja o MN 22 – nota 26. [Retorna]
[13] MA: Com o corpo mental ele realiza
Nibbana, a verdade suprema, e ele a penetra com a sabedoria que faz parte do
caminho supramundano. [Retorna]
[14] Isto é, esses bhikkhus não tiveram a fé
necessária para empreender o treinamento que o Buda lhes havia determinado. [Retorna]
[15] MA diz que o “enunciado com quatro
frases” (catuppadam veyyakaranam) é o ensinamento das Quatro Nobres Verdades. No entanto, não há
aqui nenhuma menção às quatro verdades. [Retorna]
[16] MA: Com isso o Buda mostra que o
discípulo ideal pratica despertando a energia e decidindo que : “Eu não me
levantarei enquanto não tiver alcançado o estado de arahant.” [Retorna]
Revisado: 20 Fevereiro 2008
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