Majjhima Nikaya 60
Apannaka Sutta
O Ensinamento Incontrovertível
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1. Assim ouvi.
Em certa ocasião o Abençoado estava perambulando por Kosala com uma grande
sangha de bhikkhus até que por fim acabou chegando em
um vilarejo brâmane denominado Sala.
2. Os brâmanes chefes de família de Sala ouviram: “Gotama o
contemplativo, o filho dos Sakyas, que adotou a vida santa deixando o clã dos
Sakyas, que andava perambulando em Kosala com um grande número de bhikkhus
chegou em Sala. E acerca desse mestre Gotama existe
essa boa reputação: ‘Esse Abençoado é um arahant, perfeitamente iluminado,
consumado no verdadeiro conhecimento e conduta, bem-aventurado, conhecedor dos
mundos, um líder insuperável de pessoas preparadas para serem treinadas, mestre
de devas e humanos, desperto, sublime. Ele declara - tendo realizado por si
próprio com o conhecimento direto - este mundo com os seus devas, maras e
brahmas, esta população com seus contemplativos e brâmanes, seus príncipes e o
povo. Ele ensina o Dhamma com o significado e fraseado corretos, que é
admirável no início, admirável no meio, admirável no final; e ele revela uma
vida santa que é completamente perfeita e imaculada. É bom poder encontrar
alguém tão nobre.’
3. Assim, os brâmanes chefes de
família de Sala se dirigiram ao Abençoado. Alguns homenagearam o Abençoado e
sentaram a um lado; alguns trocaram saudações corteses com ele e após a troca
de saudações sentaram a um lado; alguns ajuntaram as mãos em respeitosa
saudação e sentaram a um lado; alguns anunciaram o seu nome e clã e sentaram a
um lado. Alguns permaneceram em silêncio e sentaram a um lado.
4. Ao estarem sentados, o Abençoado
perguntou: “Chefes de família, existe algum mestre que lhes agrade, no qual
vocês tenham adquirido fé suportada pela razão?” [1]
“Não, venerável
senhor, não existe um mestre que nos agrade e no qual tenhamos adquirido fé
suportada pela razão.”
“Já que, chefes de família, vocês
não encontraram um mestre que lhes agrade, vocês poderiam adotar e praticar
este ensinamento incontrovertível; [2] pois se o ensinamento incontrovertível for aceito e
praticado, irá conduzir ao seu bem-estar e felicidade por muito tempo. E qual é
o ensinamento incontrovertível? [3]
5. (A) “Chefes de família, existem alguns contemplativos e brâmanes cuja
doutrina e entendimento é o seguinte: 'Não existe nada
que é dado, nada que é oferecido, nada que é sacrificado; não existe fruto ou
resultado de ações boas ou más; não existe este mundo nem outro mundo; não
existe mãe nem pai; nenhum ser que renasça espontaneamente; não existem no
mundo brâmanes nem contemplativos bons e virtuosos que, após terem conhecido e
compreendido diretamente por eles mesmos, proclamam este mundo e o próximo.' [4]
6. (B) “Agora, existem alguns contemplativos e brâmanes cuja doutrina é
diretamente oposta à doutrina daqueles contemplativos e brâmanes e eles dizem o
seguinte: ‘Existe aquilo que é dado e o que é oferecido e o que é sacrificado;
existe fruto e resultado de boas e más ações; existe este mundo e o outro
mundo; existe a mãe e o pai; existem seres que renascem espontaneamente;
existem no mundo brâmanes e contemplativos bons e virtuosos que, após terem
conhecido e compreendido diretamente por eles mesmos, proclamam este mundo e o próximo.’ O que vocês pensam, chefes de família? Esses
contemplativos e brâmanes não possuem doutrinas diretamente opostas?” – “Sim,
venerável senhor.”
7. (A.i) “Agora, chefes de família, daqueles
contemplativos e brâmanes cuja doutrina e entendimento é este: 'Não existe nada
que é dado ... não existem no mundo brâmanes nem contemplativos bons e
virtuosos que, após terem conhecido e compreendido diretamente por eles mesmos,
proclamam este mundo e o próximo,' é de se esperar que eles evitem aqueles três
estados benéficos, isto é, a boa conduta corporal, a boa conduta verbal e a boa
conduta mental e que eles adotem e pratiquem aqueles três estados prejudiciais,
isto é, a má conduta corporal, a má conduta verbal e a má conduta mental.
Por que isso? Porque esses contemplativos e brâmanes não vêm nos estados
prejudiciais o perigo, a degradação e a contaminação, nem vêm nos estados
benéficos as vantagens da renúncia, a eliminação das contaminações.
8. (A.ii) “Como na verdade existe um outro mundo, aquele que entender que
‘não existe outro mundo’ possui o entendimento incorreto. Como na
verdade existe um outro mundo, aquele que pensar que ‘não existe outro mundo’
possui o pensamento incorreto. Como na verdade existe um outro mundo, aquele
que afirmar que ‘não existe outro mundo’ possui a linguagem incorreta. Como na
verdade existe um outro mundo, aquele que disser que ‘não existe outro mundo’
se opõe àqueles arahants que conhecem o outro mundo. Como na verdade existe um
outro mundo, aquele que convencer alguém que ‘não existe outro mundo’ o estará
convencendo a aceitar o Dhamma que não é verdadeiro; e porque ele convence
alguém a aceitar um Dhamma que não é verdadeiro, ele elogia a si mesmo e
menospreza os outros. Dessa forma, qualquer virtude pura que ele possuísse
antes é abandonada e substituída pela conduta corrompida. [5]
O entendimento incorreto, pensamento incorreto, linguagem
incorreta, a oposição aos nobres, o convencer alguém a aceitar o Dhamma que não
é verdadeiro, o elogiar a si mesmo e menosprezar os outros – todos esses
estados ruins e prejudiciais surgem, portanto, tendo o entendimento incorreto
como sua condição.
9. (A.iii)
“Com relação a isso um homem sábio considera da seguinte forma: ‘Se não existir
um outro mundo, então na dissolução do corpo essa pessoa terá assegurado o seu
bem-estar. [6] Mas se existir um outro mundo,
então na dissolução do corpo, após a morte, ela irá renascer num estado de
privação, num destino infeliz, nos reinos inferiores, até mesmo no inferno. Agora, sendo ou não
verdadeiras as palavras daqueles contemplativos e brâmanes vou assumir
que não existe um outro mundo: nesse caso, essa pessoa é censurada aqui e agora
pelos sábios como uma pessoa imoral, alguém que possui o entendimento
incorreto, que segue a doutrina do niilismo. [7] Mas
por outro lado, se existe um outro mundo, então essa pessoa fez uma jogada
infeliz pelos dois lados: visto que ela é censurada pelos sábios aqui e agora e
que na dissolução do corpo, após a morte, ela irá renascer num estado de
privação, num destino infeliz, nos reinos inferiores, até mesmo no inferno. Ela aceitou e colocou em
prática o ensinamento incontrovertível incorretamente de tal forma que apenas
um lado está coberto e exclui a alternativa benéfica.’ [8]
10. (B.i) “Agora, chefes de família, daqueles
contemplativos e brâmanes cuja doutrina e entendimento é este: 'Existe aquilo
que é dado ... existem no mundo brâmanes e contemplativos bons e virtuosos que,
após terem conhecido e compreendido diretamente por eles mesmos, proclamam este
mundo e o próximo,' é de se esperar que eles evitem aqueles três estados
prejudiciais, isto é, a má conduta corporal, a má conduta verbal e a má conduta
mental e que eles adotem e pratiquem aqueles três estados benéficos, isto é, a
boa conduta corporal, a boa conduta verbal e a boa conduta mental. Por que isso?
Porque esses contemplativos e brâmanes vêm nos estados prejudiciais o perigo, a
degradação e a contaminação, e nos estados benéficos as vantagens da renúncia, a
eliminação das contaminações.
11. (B.ii) “Como na verdade existe um outro mundo, aquele que entender que
‘existe outro mundo’ possui o entendimento correto. Como na verdade
existe um outro mundo, aquele que pensar que ‘existe outro mundo’ possui o
pensamento correto. Como na verdade existe um outro mundo, aquele que afirmar
que ‘existe outro mundo’ possui a linguagem correta. Como na verdade existe um
outro mundo, aquele que disser que ‘existe outro mundo’ não se opõe àqueles
arahants que conhecem o outro mundo. Como na verdade existe um outro mundo,
aquele que convencer alguém que ‘existe outro mundo’ o estará convencendo a
aceitar o Dhamma que é verdadeiro; e porque ele convence alguém a aceitar o
Dhamma que é verdadeiro, ele não elogia a si mesmo e menospreza os outros.
Dessa forma, qualquer conduta corrompida que ele possuísse antes é abandonada e
substituída pela virtude pura. O entendimento correto, pensamento correto,
linguagem correta, a não oposição aos nobres, o convencer alguém a aceitar o
Dhamma que é verdadeiro, o não elogiar a si mesmo e menosprezar os outros –
todos esses estados benéficos surgem, portanto, tendo o entendimento correto
como sua condição.
12. (B.iii)
“Com relação a isso um homem sábio considera da seguinte forma: ‘Se existe um
outro mundo, então na dissolução do corpo, após a morte, essa pessoa irá
renascer num destino feliz, até mesmo no paraíso. Agora, sendo ou não
verdadeiras as palavras daqueles contemplativos e brâmanes vou assumir
que não existe um outro mundo: nesse caso, essa pessoa é elogiada aqui e agora
pelos sábios como sendo uma pessoa virtuosa, alguém que possui o entendimento
correto, que segue a doutrina da afirmação.[9] Mas
por outro lado, se existe um outro mundo, então essa pessoa fez uma jogada
feliz pelos dois lados: visto que ela é elogiada pelos sábios aqui e agora e
que na dissolução do corpo, após a morte, ela irá renascer num destino feliz,
até mesmo no paraíso. Ela aceitou e colocou em prática o ensinamento
incontrovertível corretamente de tal forma que ambos os lados estão cobertos e
exclui a alternativa prejudicial.’ [10]
13. (A) “Chefes de família, existem alguns contemplativos e brâmanes
cuja doutrina e entendimento é o seguinte: [11] ‘Agindo ou fazendo com que outros ajam,
mutilando ou fazendo com que outros mutilem, torturando ou fazendo com que
outros torturem, causando sofrimento ou fazendo com que outros causem
sofrimento, atormentando ou fazendo com que outros atormentem, intimidando ou
fazendo com que outros intimidem, matando, tomando o que não é dado, arrombando
casas, pilhando riquezas, roubando, emboscando nas estradas, cometendo
adultério, dizendo mentiras - a pessoa não faz o mal. Se com um lâmina afiada
como uma navalha alguém convertesse todos os seres vivos sobre a terra num
único amontoado de carne, uma única pilha de carne, por causa disso não haveria
mal e nenhum resultado do mal. Mesmo se alguém fosse ao longo da margem direita
do rio Gânges, matando e fazendo com que outros matem, mutilando e fazendo com
que outros mutilem, torturando e fazendo com que outros torturem, por causa
disso não haveria mal e nenhum resultado do mal. Mesmo se alguém fosse ao longo
da margem esquerda do rio Gânges, dando dádivas e fazendo com que outros dêem
dádivas, dando oferendas e fazendo com que outros dêem oferendas, por causa
disso não haveria mérito e nenhum resultado do mérito. Através da generosidade,
do autocontrole, da contenção e dizendo a verdade não há mérito por essa causa,
nenhum resultado do mérito.
14. (B)
“Agora, existem alguns contemplativos e brâmanes cuja doutrina é diretamente
oposta à doutrina daqueles contemplativos e brâmanes e eles dizem o seguinte:
‘Agindo ou fazendo com que outros ajam, mutilando ou fazendo com que outros mutilem…dizendo mentiras - a pessoa faz o mal. Se com um lâmina
afiada como uma navalha alguém convertesse todos os seres vivos sobre a terra
num único amontoado de carne, uma única pilha de carne, por causa disso haveria
mal e resultado do mal. Se alguém fosse ao longo da margem direita do rio
Gânges, matando e fazendo com que outros matem, mutilando e fazendo com que
outros mutilem, torturando e fazendo com que outros torturem, por causa disso
haveria mal e resultado do mal. Se alguém fosse ao longo da margem esquerda do
rio Gânges, dando dádivas e fazendo com que outros dêem dádivas, dando
oferendas e fazendo com que outros dêem oferendas, por causa disso haveria
mérito e resultado do mérito. Através da generosidade, do autocontrole, da
contenção e dizendo a verdade há mérito por essa causa, resultado do mérito.’ O
que vocês pensam, chefes de família? Esses contemplativos e brâmanes não
possuem doutrinas diretamente opostas?” – “Sim, venerável senhor.”
15. (A.i) “Agora, chefes de família, daqueles contemplativos e
brâmanes cuja doutrina e entendimento é este: ‘Agindo ou fazendo com que outros
ajam ... não existe mérito e nenhum resultado do mérito,' é de se esperar que
eles evitem aqueles três estados benéficos, isto é, a boa conduta corporal, a
boa conduta verbal e a boa conduta mental e que eles adotem e pratiquem aqueles
três estados prejudiciais, isto é, a má conduta corporal, a má conduta verbal e
a má conduta mental. Por que isso? Porque esses contemplativos e brâmanes não
vêm nos estados prejudiciais o perigo, a degradação e a contaminação, nem vêm
nos estados benéficos as vantagens da renúncia, a eliminação das contaminações.
16. (A.ii)
“Como na verdade existe a ação, aquele que entender que ‘não existe a ação’
possui o entendimento incorreto. Como na verdade existe a ação, aquele que
pensar que ‘não existe a ação’ possui o pensamento incorreto. Como na verdade
existe a ação, aquele que afirmar que ‘não existe a ação’ possui a linguagem
incorreta. Como na verdade existe a ação, aquele que disser que ‘não existe a
ação’ se opõe àqueles arahants que possuem a doutrina de que existe a ação.
Como na verdade existe a ação, aquele que convencer alguém que ‘não existe a
ação’ o estará convencendo a aceitar o Dhamma que não é verdadeiro; e porque
ele convence alguém a aceitar um Dhamma que não é verdadeiro, ele elogia a si
mesmo e menospreza os outros. Dessa forma, qualquer virtude pura que ele
possuísse antes é abandonada e substituída pela conduta corrompida. O
entendimento incorreto, pensamento incorreto, linguagem incorreta, a oposição
aos nobres, o convencer alguém a aceitar o Dhamma que não é verdadeiro, o
elogiar a si mesmo e menosprezar os outros – todos esses estados ruins e
prejudiciais surgem, portanto, tendo o entendimento incorreto como sua
condição.
17. (A.iii)
“Com relação a isso um homem sábio considera da seguinte forma: ‘Se não existe
a ação, então na dissolução do corpo essa pessoa terá assegurado o seu bem
estar. Mas se existir a ação, então na dissolução do corpo, após a morte, ela
irá renascer num estado de privação, num destino infeliz, nos reinos
inferiores, até mesmo no inferno.
Agora, sendo ou não verdadeiras as palavras daqueles contemplativos e brâmanes vou assumir
que não existe a ação: nesse caso, essa pessoa é censurada aqui e agora pelos
sábios como sendo uma pessoa imoral, alguém que possui o entendimento
incorreto, que segue a doutrina da não ação. Mas por outro lado, se existe a
ação, então essa pessoa fez uma jogada infeliz pelos dois lados: visto que ela
é censurada pelos sábios aqui e agora e que na dissolução do corpo, após a
morte, ela irá renascer num estado de privação, num destino infeliz, nos reinos
inferiores, até mesmo no inferno.
Ela aceitou e colocou em prática o ensinamento incontrovertível incorretamente
de tal forma que apenas um lado está coberto e exclui a alternativa benéfica.’
18. (B.i) “Agora, chefes de família, daqueles contemplativos e
brâmanes cuja doutrina e entendimento é este: ‘Agindo ou fazendo com que outros
ajam ... existe mérito e resultado do mérito,’ é de se esperar que eles evitem
aqueles três estados prejudiciais, isto é, a má conduta corporal, a má conduta
verbal e a má conduta mental e que eles adotem e pratiquem aqueles três estados
benéficos, isto é, a boa conduta corporal, a boa conduta verbal e a boa conduta
mental. Por que isso? Porque esses contemplativos e brâmanes vêm nos estados
prejudiciais o perigo, a degradação e a contaminação, e nos estados benéficos as
vantagens da renúncia, a eliminação das contaminações.
19. (B.ii) “Como na verdade existe a ação, aquele que entender que ‘existe a
ação’ possui o entendimento correto. Como na verdade existe a ação,
aquele que pensar que ‘existe a ação’ possui o pensamento correto. Como na
verdade existe a ação, aquele que afirmar que ‘existe a ação’ possui a
linguagem correta. Como na verdade existe a ação, aquele que disser que ‘existe
a ação’ ele não se opõe àqueles arahants que possuem a doutrina de que existe a
ação. Como na verdade existe a ação, aquele que convencer alguém que ‘existe a
ação’ o estará convencendo a aceitar o Dhamma que é verdadeiro; e porque ele
convence alguém a aceitar o Dhamma que é verdadeiro, ele não elogia a si mesmo
e menospreza os outros. Dessa forma, qualquer conduta corrompida que ele
possuísse antes é abandonada e substituída pela virtude pura. O entendimento
correto, pensamento correto, linguagem correta, a não oposição aos nobres, o
convencer alguém a aceitar o Dhamma que é verdadeiro, o não elogiar a si mesmo
e menosprezar os outros – todos esses estados benéficos surgem, portanto, tendo
o entendimento correto como sua condição.
20. (B.iii)
“Com relação a isso um homem sábio considera da seguinte forma: ‘Se existe a
ação, então na dissolução do corpo, após a morte, essa pessoa irá renascer num
destino feliz, até mesmo no paraíso. Agora, sendo ou não verdadeiras as
palavras daqueles contemplativos
e brâmanes vou assumir que não existe a ação: nesse caso, essa pessoa é
elogiada aqui e agora pelos sábios como sendo uma pessoa virtuosa, alguém que
possui o entendimento correto, que segue a doutrina da ação. Mas por outro
lado, se existe a ação, então essa pessoa fez uma jogada feliz pelos dois
lados: visto que ela é elogiada pelos sábios aqui e agora e que na dissolução
do corpo, após a morte, ela irá renascer num destino feliz, até mesmo no
paraíso. Ela aceitou e colocou em prática o ensinamento incontrovertível
corretamente de tal forma que ambos os lados estão cobertos e exclui a
alternativa prejudicial.’
(III. A
Doutrina da Não Causalidade)
21. (A) “Chefes de família, existem alguns contemplativos e brâmanes
cuja doutrina e entendimento é o seguinte: [12] ‘Não existem causas e condições para a
contaminação dos seres. Os seres são contaminados sem causas e condições. Não
há causas e condições para a purificação dos seres. Os seres são purificados
sem causas e condições. A realização de uma dada condição, de qualquer
caráter, não depende quer seja das próprias ações, ou das ações dos outros, ou
do esforço humano. Não há tal coisa como o poder ou energia, nem o poder humano
ou a energia humana. Todos os animais, todas as criaturas, todos os seres,
todas as almas, não têm força, poder e energia por si mesmos. Eles se inclinam
nesta ou naquela direção de acordo com o seu destino, moldado de acordo com as
circunstâncias e natureza da classe à qual pertencem, de acordo com a sua
respectiva natureza: e é de acordo com a sua posição numa dessas seis classes
que eles experimentam o prazer e a dor. [13]
22. (B) “Agora, existem alguns contemplativos e brâmanes cuja doutrina é
diretamente oposta à doutrina daqueles contemplativos e brâmanes, e eles dizem
o seguinte: ‘Existem causas e condições para a contaminação dos seres. Os
seres são contaminados com causas e condições. Há causas e condições para a
purificação dos seres. Os seres são purificados com causas e condições. A
realização de uma dada condição, de qualquer caráter, depende quer seja das
próprias ações, ou das ações dos outros, ou do esforço humano. Há tal coisa
como o poder ou energia, e o poder humano ou a energia humana. Todos os
animais, todas as criaturas, todos os seres, todas as almas, têm força, poder e
energia por si mesmos. Eles não se inclinam nesta ou naquela direção de acordo com
o seu destino, moldado de acordo com as circunstâncias e natureza da classe à
qual pertencem, de acordo com a sua respectiva natureza: não é de acordo com a
sua posição numa dessas seis classes que eles experimentam o prazer e a dor.’ O que vocês pensam, chefes de família? Esses
contemplativos e brâmanes não possuem doutrinas diretamente opostas?” – “Sim,
venerável senhor.”
23. (A.i) “Agora, chefes de família, daqueles contemplativos e
brâmanes cuja doutrina e entendimento é este: ‘Não existem causas e condições
para a contaminação dos seres ... eles experimentam o prazer e a dor,' é de se
esperar que eles evitem aqueles três estados benéficos, isto é, a boa conduta
corporal, a boa conduta verbal e a boa conduta mental e que eles adotem e
pratiquem aqueles três estados prejudiciais, isto é, a má conduta corporal, a
má conduta verbal e a má conduta mental. Por que isso? Porque esses
contemplativos e brâmanes não vêm nos estados prejudiciais o perigo, a
degradação e a contaminação, nem vêm nos estados benéficos as vantagens da
renúncia, a eliminação das contaminações.
24. (A.ii) “Como na verdade existe causalidade, aquele que entender que ‘não
existe causalidade’ possui o entendimento incorreto. Como na verdade
existe causalidade, aquele que pensar que ‘não existe causalidade’ possui o
pensamento incorreto. Como na verdade existe causalidade, aquele que afirmar
que ‘não existe causalidade’ possui a linguagem incorreta. Como na verdade
existe causalidade, aquele que disser que ‘não existe causalidade’ se opõe
àqueles arahants que possuem a doutrina de que existe causalidade. Como na
verdade existe causalidade, aquele que convencer alguém que ‘não existe
causalidade’ o estará convencendo a aceitar o Dhamma que não é verdadeiro; e
porque ele convence alguém a aceitar um Dhamma que não é verdadeiro, ele elogia
a si mesmo e menospreza os outros. Dessa forma, qualquer virtude pura que ele
possuísse antes é abandonada e substituída pela conduta corrompida. O
entendimento incorreto, pensamento incorreto, linguagem incorreta, a oposição
aos nobres, o convencer alguém a aceitar o Dhamma que não é verdadeiro, o
elogiar a si mesmo e menosprezar os outros – todos esses estados ruins e
prejudiciais surgem, portanto, tendo o entendimento incorreto como sua
condição.
25. (A.iii)
“Com relação a isso um homem sábio considera da seguinte forma: ‘Se não existe
causalidade, então na dissolução do corpo essa pessoa terá assegurado o seu bem
estar. Mas se existir causalidade, então na dissolução do corpo, após a morte,
ela irá renascer num estado de privação, num destino infeliz, nos reinos
inferiores, até mesmo no inferno.
Agora, sendo ou não verdadeiras as palavras daqueles contemplativos e brâmanes vou assumir
que não existe causalidade: nesse caso, essa pessoa é censurada aqui e agora
pelos sábios como sendo uma pessoa imoral, alguém que possui o entendimento
incorreto, que segue a doutrina da não ação. Mas por outro lado, se existe
causalidade, então essa pessoa fez uma jogada infeliz pelos dois lados: visto
que ela é censurada pelos sábios aqui e agora e que na dissolução do corpo,
após a morte, ela irá renascer num estado de privação, num destino infeliz, nos
reinos inferiores, até mesmo no inferno.
Ela aceitou e colocou em prática o ensinamento incontrovertível incorretamente
de tal forma que apenas um lado está coberto e exclui a alternativa benéfica.’
26. (B.i) “Agora, chefes de família, daqueles contemplativos e
brâmanes cuja doutrina e entendimento é este: ‘Existem causas e condições para
a contaminação dos seres ... eles experimentam o prazer e a dor,' é de se
esperar que eles evitem aqueles três estados prejudiciais, isto é, a má conduta
corporal, a má conduta verbal e a má conduta mental e que eles adotem e
pratiquem aqueles três estados benéficos, isto é, a boa conduta corporal, a boa
conduta verbal e a boa conduta mental. Por que isso? Porque esses contemplativos
e brâmanes vêm nos estados prejudiciais o perigo, a degradação e a
contaminação, e nos estados benéficos as vantagens da renúncia, a eliminação
das contaminações.
27. (B.ii) “Como na verdade existe causalidade, aquele que entender que
‘existe causalidade’ possui o entendimento correto. Como na verdade
existe causalidade, aquele que pensar que ‘existe causalidade’ possui o
pensamento correto. Como na verdade existe causalidade, aquele que afirmar que
‘existe causalidade’ possui a linguagem correta. Como na verdade existe
causalidade, aquele que disser que ‘existe causalidade’ não se opõe àqueles
arahants que possuem a doutrina de que existe causalidade. Como na verdade
existe causalidade, aquele que convencer alguém que ‘existe causalidade’ o
estará convencendo a aceitar o Dhamma que é verdadeiro; e porque ele convence
alguém a aceitar o Dhamma que é verdadeiro, ele não elogia a si mesmo e
menospreza os outros. Dessa forma, qualquer conduta corrompida que ele
possuísse antes é abandonada e substituída pela virtude pura. O entendimento
correto, pensamento correto, linguagem correta, a não oposição aos nobres, o
convencer alguém a aceitar o Dhamma que é verdadeiro, o não elogiar a si mesmo
e menosprezar os outros – todos esses estados benéficos surgem, portanto, tendo
o entendimento correto como sua condição.
28. (B.iii)
“Com relação a isso um homem sábio considera da seguinte forma: ‘Se existe
causalidade, então na dissolução do corpo, após a morte, essa pessoa irá
renascer num destino feliz, até mesmo no paraíso. Agora, sendo ou não
verdadeiras as palavras daqueles contemplativos e brâmanes vou assumir
que não existe causalidade: nesse caso, essa pessoa é elogiada aqui e agora
pelos sábios como sendo uma pessoa virtuosa, alguém que possui o entendimento
correto, que segue a doutrina da causalidade. Mas por outro lado, se existe
causalidade, então essa pessoa fez uma jogada feliz pelos dois lados: visto que
ela é elogiada pelos sábios aqui e agora e que na dissolução do corpo, após a
morte, ela irá renascer num destino feliz, até mesmo no paraíso. Ela aceitou e
colocou em prática o ensinamento incontrovertível corretamente de tal forma que
ambos os lados estão cobertos e exclui a alternativa prejudicial.’
(IV. Não
existem Mundos Imateriais)
29. “Chefes
de família, existem alguns contemplativos e brâmanes cuja doutrina e
entendimento é o seguinte: ‘Definitivamente não
existem mundos imateriais.’[14]
30. “Agora, existem alguns contemplativos e brâmanes cuja doutrina é
diretamente oposta à doutrina daqueles contemplativos e brâmanes e eles dizem o
seguinte: ‘Definitivamente existem mundos imateriais.’
O que vocês pensam, chefes de família? Esses contemplativos e brâmanes não
possuem doutrinas diretamente opostas?” – “Sim, venerável senhor.”
31. “Com
relação a isso um homem sábio considera da seguinte forma: ‘Esses contemplativos e
brâmanes possuem a doutrina e o entendimento de que ‘definitivamente não
existem mundos imateriais,’ mas isso não foi visto por mim. E esses outros contemplativos e brâmanes possuem a doutrina e
o entendimento de que ‘definitivamente existem mundos imateriais,’ mas isso não
foi experimentado por mim. Se, sem ver e experimentar, eu tomasse um partido e
declarasse: “Somente isso é verdadeiro, todo o restante é falso,” isso não
seria compatível comigo. Agora quanto aos contemplativos e brâmanes que possuem
a doutrina e o entendimento de que ‘definitivamente não existem mundos
imateriais,’ se o que eles dizem é verdadeiro então com certeza ainda é
possível que eu possa renascer (depois da morte) entre os devas dos mundos da
matéria sutil. [15] Mas quanto aos
contemplativos e brâmanes que possuem a doutrina e o entendimento de que
‘definitivamente existem mundos imateriais,’ se o que eles dizem é verdadeiro
então com certeza ainda é possível que eu possa renascer (depois da morte)
entre os devas dos mundos imateriais. O tomar clavas e armas, brigas, rixas,
disputas, recriminações, malícia e mentiras, tudo isso ocorre com base na forma
material, mas isso não existe de nenhum modo nos mundos imateriais.’ Depois de
assim refletir, ele pratica o caminho para o desapego das formas materiais,
para o desaparecimento e cessação das formas materiais. [16]
(V. Não existe a Cessação de Ser/Existir)
32. “Chefes
de família, existem alguns contemplativos e brâmanes cuja doutrina e
entendimento é o seguinte: ‘Definitivamente não existe
a cessação de ser/existir.’[17]
33. “Agora, existem alguns contemplativos e brâmanes cuja doutrina é diretamente
oposta à doutrina daqueles contemplativos e brâmanes e eles dizem o seguinte:
‘Definitivamente existe a cessação de ser/existir.’ O
que vocês pensam, chefes de família? Esses contemplativos e brâmanes não
possuem doutrinas diretamente opostas?” – “Sim, venerável senhor.”
34. “Com
relação a isso um homem sábio considera da seguinte forma: ‘Esses contemplativos e
brâmanes possuem a doutrina e o entendimento de que ‘definitivamente não existe
a cessação de ser/existir,’ mas isso não foi visto por mim. E esses outros contemplativos e brâmanes possuem a doutrina e
o entendimento de que ‘definitivamente existe a cessação de ser/existir,’ mas
isso não foi experimentado por mim. Se, sem ver e experimentar, eu tomasse um
partido e declarasse: “Somente isso é verdadeiro, todo o restante é falso,”
isso não seria compatível comigo. Agora, quanto aos contemplativos e brâmanes
que possuem a doutrina e o entendimento de que ‘definitivamente não existe a
cessação de ser/existir,’ se o que eles dizem é verdadeiro, então com certeza
ainda é possível que eu possa renascer (depois da morte) entre os devas do
mundo da matéria sutil. Mas quanto aos
contemplativos e brâmanes que possuem a doutrina e o entendimento de que
‘definitivamente existe a cessação de ser/existir,’ se o que eles dizem é
verdadeiro, então com certeza ainda é possível que eu possa aqui e agora realizar
nibbana. O entendimento desses contemplativos e brâmanes que possuem a
doutrina e o entendimento de que ‘definitivamente não existe a cessação de
ser/existir,’ está próximo da cobiça, próximo do cativeiro, próximo do deleite,
próximo do apego; mas o entendimento daqueles contemplativos e brâmanes que possuem a
doutrina e o entendimento de que ‘definitivamente existe a cessação de
ser/existir,’ está próximo da não-cobiça, próximo do não-cativeiro, próximo do
não-deleite, próximo do não-apego. Depois de refletir dessa forma ele pratica o
caminho para o desapego de ser/existir, para o desaparecimento e cessação de
ser/existir.[18]
35. “Chefes
de família, existem quatro tipos de pessoas que podem ser encontradas no mundo.
Quais quatro? É o caso de um tipo de pessoa que atormenta a
si mesma e se dedica à prática de torturar a si mesma. É o caso de um
tipo de pessoa que atormenta os outros e se dedica à prática de torturar os
outros. É o caso de um tipo de pessoa que atormenta a si mesma e se dedica à
prática de torturar a si mesma e ela também atormenta os outros e se dedica à
prática de torturar os outros. É o caso de um tipo de pessoa que não atormenta
a si mesma, nem se dedica à prática de torturar a si mesma e ela também não
atormenta os outros, nem se dedica à prática de torturar os outros. Visto que
ela não atormenta a si mesma nem aos outros, ela está aqui e agora sem apetite,
apagada, arrefecida, e ela permanece experimentando a felicidade, tendo ela
mesma se tornado santa.
36. “Que
tipo de pessoa, chefes de família, atormenta a si mesma e se dedica à prática
de torturar a si mesma? Neste caso uma certa pessoa
anda nua, rejeitando as convenções ... (igual ao MN51,
verso 8) ... Assim de formas variadas ela permanece se dedicando à prática de
atormentar e mortificar o corpo. A isto se chama o tipo de pessoa que atormenta
a si mesma e se dedica à prática de torturar a si mesma.
37. “Que
tipo de pessoa, chefes de família, atormenta os outros e se dedica à prática de
torturar os outros? Neste caso uma certa pessoa é um
açougueiro de ovelhas ... (igual ao MN51, verso 9) ... ou
alguém que se dedique a qualquer uma dessas ocupações sanguinárias. A isto se
chama o tipo de pessoa que atormenta os outros e se dedica à prática de
torturar os outros.
38. “Que
tipo de pessoa, chefes de família, atormenta a si mesma e se dedica à prática
de torturar a si mesma e ela também atormenta os outros e se dedica à prática
de torturar os outros? Neste caso uma pessoa é um rei consagrado ou um brâmane próspero ... (igual ao MN51, verso 10) ... E
então os seus escravos, mensageiros e servos fazem preparativos com os rostos
cobertos de lágrimas, incitados pelas ameaças de punição e pelo medo. A isto se
chama o tipo de pessoa que atormenta a si mesma e se dedica à prática de
torturar a si mesma e ela também atormenta os outros e se dedica à prática de
torturar os outros.
39. “Que tipo de pessoa, chefes de família, não atormenta a si
mesma, nem se dedica à prática de torturar a si mesma e ela também não
atormenta os outros, nem se dedica à prática de torturar os outros – aquela
que, visto que ela não atormenta a si mesma nem aos outros, está aqui e agora
sem apetite, apagada, arrefecida, e ela permanece experimentando a felicidade, tendo
ela mesma se tornado santa?
40-55.
Neste caso, chefes de família, um Tathagata aparece no mundo ... (igual
ao MN51, versos 12-27) ... Ele compreende: ‘O
nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi
feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.’
56. “A
isto, chefes de família, se chama o tipo de pessoa que
não atormenta a si mesma, nem se dedica à prática de torturar a si mesma e ela
também não atormenta os outros, nem se dedica à prática de torturar os outros
- aquela que, visto que ela não
atormenta a si mesma nem aos outros,
está aqui e agora sem fome, saciada, arrefecida, permanece
experimentando a bem-aventurança, tendo ela mesma se tornado santa.”
57. Quando
isso foi dito, os brâmanes chefes de família de Sala disseram para o Abençoado:
"Magnífico, Mestre Gotama! Magnífico, Mestre
Gotama! Mestre Gotama esclareceu o Dhamma de várias formas, como se tivesse
colocado em pé o que estava de cabeça para baixo, revelasse o que estava escondido,
mostrasse o caminho para alguém que estivesse perdido ou segurasse uma lâmpada
no escuro para aqueles que possuem visão pudessem ver as formas. Nós buscamos
refúgio no Mestre Gotama, no Dhamma e na Sangha dos bhikkhus. Que o Mestre
Gotama nos aceite como discípulos leigos que nele buscaram refúgio para o resto
das nossas vidas."
Notas:
[1] MA: O Buda começa com esta pergunta porque
o vilarejo de Sala estava situado na entrada para uma floresta, e muitos
contemplativos e brâmanes de credos diversos passavam a noite ali expondo as
suas idéias e destruindo as idéias dos seus adversários. Isso deixava os
moradores do vilarejo perplexos, incapazes de se comprometerem com algum ensinamento
em particular. [Retorna]
[2] Apannakadhamma. MA explica isto como um ensinamento que não é
contraditório, livre de ambigüidades, definitivamente aceitável (aviraddho,
advejjhagami, ekamsagahiko). [Retorna]
[3] As três idéias discutidas nos versos 5, 13 e 21 são denominadas
entendimento incorreto com conseqüência ruim determinada. Apegar-se a elas com
firme convicção elimina a possibilidade de um renascimento no paraíso e de
alcançar a libertação. O exame dessas idéias ocorre de acordo com o seguinte
esquema: O Buda apresenta o entendimento incorreto A e a sua antítese B.
Examinando A primeiro, em A.i ele mostra o efeito
pernicioso dessa idéia na conduta corporal, verbal e mental. Em A.ii ele dá seguimento
ao julgamento de que na verdade essa idéia é errada e descreve as conseqüências
negativas adicionais em adotá-la. Então em A.iii ele mostra como uma pessoa
sábia chega à conclusão de que quer a idéia seja verdadeira ou não, o melhor
para a pessoa é rejeitá-la. Em seguida a posição B é considerada. Em B.i o Buda descreve a influência benéfica dessa idéia na
conduta. Em B.ii ele mostra conseqüências positivas adicionais ao adotar essa
idéia. E, em B.iii ele mostra como uma pessoa sábia chega à conclusão de que
quer a idéia seja verdadeira ou não, o melhor para a pessoa é agir como se esse
entendimento fosse verdadeiro. [Retorna]
[4] Veja o MN 41 – Nota 1 para o
esclarecimento de diversas expressões usadas na formulação dessa idéia. [Retorna]
[5] Os termos em Pali são susilya e dusilya. Visto que
“virtude corrompida” soa contraditório, “conduta” foi
empregado para interpretar a primeira palavra. [Retorna]
[6] Ele assegurou o seu bem-estar (sotthi) no sentido de que não
estará sujeito ao sofrimento numa existência futura. No entanto, ele ainda
estará sujeito aos tipos de sofrimento que são encontrados nesta existência,
que o Buda irá mencionar. [Retorna]
[7] Natthikavada, literalmente “a doutrina da não existência,” é
assim denominada porque nega a existência de uma vida após a morte e da
conseqüência do kamma. [Retorna]
[8] A colocação em prática do ensinamento incontrovertível de ‘apenas um
lado’ significa que ela assegura o seu bem-estar somente na pressuposição de
que não exista uma vida futura, enquanto que se houver uma vida futura ela
perde dos dois lados. [Retorna]
[9] Atthikavada: a afirmação da existência
de uma vida futura e da conseqüência do kamma. [Retorna]
[10] A colocação em prática do ensinamento ‘dos dois lados’ significa
que ela colhe o benefício da sua idéia que afirma a vida futura, quer a vida
futura exista ou não. [Retorna]
[11] A doutrina da não ação (akiriyavada), no DN2 – Samannaphala Sutta, é
atribuída a Purana Kassapa. Embora à primeira vista a doutrina pareça se apoiar
sobre premissas materialistas, como a doutrina niilista anterior, existe
evidência canônica que Purana Kassapa possuía uma doutrina fatalista. Assim o
seu antinomianismo moral provavelmente deriva da idéia de que toda ação está
predestinada, de forma a abolir a atribuição de responsabilidade moral ao
agente. [Retorna]
[12] Esta é a doutrina da não causalidade (ahetukavada) defendida
pelo líder Ajivaka, Makkhali Gosala, denominada a doutrina da purificação
através do samsara (samsarasuddhi) no DN2 – Samannaphala
Sutta. [Retorna]
[13] Niyati, destino ou sorte, é o principal principio
explanatório na filosofia de Makkhali, “circunstância e natureza” (sangatibhava)
parecem ser as formas de como o princípio opera respectivamente nos eventos
externos e na constituição do indivíduo. As seis categorias (abhijati) são
seis graduações dos seres humanos de acordo com o seu nível de desenvolvimento
espiritual, sendo que as três principais estão reservadas para os três mentores
dos Ajivakas mencionado no MN36.5.
[Retorna]
[14] Esta é uma negação dos mundos com a existência imaterial que são a
contrapartida objetiva das quatro realizações imateriais. [Retorna]
[15] Estes são os devas dos mundos que correspondem aos quatro
jhanas. Eles possuem corpos com matéria sutil, ao contrário dos devas dos
mundos imateriais que consistem apenas de mente sem qualquer mescla com a
matéria. [Retorna]
[16] MA: Embora o homem sábio em questão tenha dúvidas quanto à existência
dos mundos imateriais, ele alcança o quarto jhana e com base nisso ele tenta
alcançar as absorções imateriais. Se falhar, ele estará seguro de renascer nos
mundos da matéria sutil, mas se suceder, ele renascerá nos mundos imateriais.
Assim, para ele esta é uma aposta num ensinamento incontrovertível. [Retorna]
[17] MA: Cessação de ser/existir (bhavanirodha) equivale a nibbana.
[Retorna]
[18] MA: Embora esta pessoa tenha dúvidas quanto à existência de nibbana,
ela alcança as oito realizações meditativas e depois, usando uma
dessas realizações como base, desenvolve o insight, pensando: “Se existe a
cessação, então alcançarei o estado de arahant e realizarei nibbana.” Se
falhar, ela estará certa de renascer no mundo imaterial, mas se suceder, ela
irá alcançar o estado de arahant e realizar nibbana. [Retorna]
Revisado: 16 Abril 2013
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