Majjhima Nikaya 49
Brahmanimantanika Sutta
O Convite de um Brahma
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1. Assim
ouvi. Em certa ocasião o Abençoado estava em Savatthi no Bosque de Jeta, no
Parque de Anathapindika. Lá ele se dirigiu aos monges desta forma: “Bhikkhus” –
“Venerável Senhor,” eles responderam. O Abençoado disse o seguinte:
2.
“Bhikkhus, certa ocasião eu estava em Ukkattha no Bosque de Subhaga à sombra de uma árvore sala real. [1]
Agora, naquela ocasião uma idéia perniciosa surgiu na mente do Brahma Baka:
‘Isto é permanente, isto é interminável, isto é eterno, isto é tudo, isto não
está sujeito a perecer; pois isto nem é nascido, nem envelhece, nem morre, nem
desaparece, nem renasce, e disso não há escapatória mais além.’ [2]
3. “Com a minha mente eu soube o pensamento na mente do Brahma Baka,
assim, tal como um homem forte flexiona o seu braço estendido ou estende o seu
braço flexionado, eu desapareci da sombra da árvore sala real no Bosque de Subhaga
em Ukkattha e apareci no mundo de Brahma. O Brahma Baka me viu vindo à
distância e disse: ‘Venha estimado senhor! Bem vindo estimado senhor! Já faz
muito tempo, estimado senhor, desde que você encontrou uma oportunidade para
vir aqui. Agora, estimado senhor, isto é permanente, isto é interminável, isto
é eterno, isto é tudo, isto não está sujeito a perecer; pois isto nem é nascido,
nem envelhece, nem morre, nem desaparece, nem renasce, e disso não há
escapatória mais além.’
4. “Quando
isso foi dito, eu disse para o Brahma Baka: ‘O honrado Brahma Baka decaiu para
a ignorância; ele decaiu para a ignorância ao dizer que o impermanente é
permanente, que o transitório é interminável, que o não eterno é eterno, que o
incompleto é tudo, que aquilo que está sujeito a perecer não está sujeito a
perecer, que aquilo que nasce, envelhece, morre, desaparece e renasce, nem é
nascido, nem envelhece, nem morre, nem desaparece, nem renasce; e quando há uma
escapatória disso mais além, ele diz que não há escapatória disso mais além.’
5. “Então, Mara, o Senhor do Mal, tomou posse de um membro do Cortejo
de Brahma, [3] e disse: ‘Bhikkhu, bhikkhu, não
descreia dele, não duvide dele; pois este é Brahma, o Grande Brahma, o
Conquistador, o Não-conquistado, Omnisciente, Todo Poderoso, Senhor, Deus e
Criador, Soberano, Providência Divina, Pai de todos aqueles que são e serão.
Antes da sua época, bhikkhu, houve contemplativos e brâmanes no mundo que
condenaram a terra devido ao desencantamento com a terra, [4] que
condenaram a água devido ao desencantamento com a água, que condenaram o fogo devido ao desencantamento
com o fogo, que condenaram o ar devido
ao desencantamento com o ar, que
condenaram os seres devido ao desencantamento com os seres, que condenaram os
devas devido ao desencantamento com os devas, que condenaram Pajapati devido ao
desencantamento com Pajapati, que condenaram Brahma devido ao desencantamento
com Brahma; e com a dissolução do corpo, quando a vida deles foi interrompida,
eles se estabeleceram num corpo inferior. [5] Antes
da sua época, bhikkhu, houve contemplativos e brâmanes no mundo que louvaram a
terra devido ao deleite com a terra, [6] que
louvaram a água devido ao deleite com água, que louvaram o fogo devido ao
deleite com o fogo, que louvaram o ar devido ao deleite com o ar, que louvaram
os seres devido ao deleite com os seres, que louvaram os devas devido ao
deleite com os devas, que louvaram Pajapati devido ao deleite com Pajapati, que
louvaram Brahma devido ao deleite com Brahma; e com a dissolução do corpo,
quando a vida deles foi interrompida, eles se estabeleceram num corpo superior.
[7] Portanto, bhikkhu, eu digo isso para você:
Tenha certeza, estimado senhor, de apenas fazer aquilo que Brahma diz; nunca
transgrida a palavra de Brahma. Se você
transgredir a palavra de Brahma, bhikkhu, então, tal como um homem
que tenta desviar com uma vareta um raio de luz, ou como um
homem que não consegue se agarrar à terra com as mãos e os pés à medida que cai
num abismo profundo, isso acontecerá com você também. Tenha certeza, estimado
senhor, de apenas fazer aquilo que Brahma diz; nunca transgrida a palavra de
Brahma. Você não vê o Cortejo de Brahma aqui sentado, bhikkhu?’ E Mara, o
Senhor do Mal, assim convocou o testemunho do Cortejo de Brahma. [8]
6. “Quando isso foi dito, eu disse para Mara, o Senhor do Mal: ‘Eu o
conheço, Senhor do Mal. Não pense: “Ele não me conhece.” Você é Mara, Senhor do
Mal, e Brahma e o Cortejo de Brahma e os membros do Cortejo de Brahma
estão todos nas suas mãos, eles todos estão submissos ao seu poder. Você,
Senhor do Mal, pensa: “Esse também caiu nas minhas mãos, ele também está
submisso ao meu poder”; mas eu não caí nas suas mãos, Senhor do Mal, eu não
estou submisso ao seu poder.’”
7. “Quando
isso foi dito, o Brahma Baka disse: ‘Estimado senhor, eu digo do permanente que
ele é permanente, do interminável que ele é interminável, do eterno que ele é
eterno, do todo que ele é o todo, daquilo que não está sujeito a perecer que
não está sujeito a perecer, daquilo que nem nasce, nem envelhece, nem morre,
nem desaparece, nem renasce, que não nasce, não envelhece, não morre, não
desaparece e não renasce; e quando não há escapatória disso mais além, eu digo
que não há escapatória disso mais além. Antes da sua época, bhikkhu, houve
contemplativos e brâmanes no mundo cujo ascetismo durou tanto quanto toda a
vida deles. Eles sabiam, quando há uma escapatória mais além, que há uma
escapatória mais além e quando não há uma escapatória mais além, que não há uma
escapatória mais além. Portanto, bhikkhu, eu digo isto para você: Você não irá
encontrar escapatória mais além e no final das contas irá colher apenas cansaço
e desapontamento. Se você tomar a terra, você estará próximo de mim, dentro do meu
domínio, para que eu exerça a minha vontade e punição. [9] Se você tomar a água ... o fogo ... o ar ... os seres ... os devas
... Pajapati ... Brahma, você estará próximo de mim, dentro do meu domínio,
para que eu exerça a minha vontade e punição.’
8. “’Eu também sei disso, Brahma. Se eu tomar a terra, eu estarei
próximo de você, dentro do seu domínio, para que você exerça a sua vontade e
punição. Se eu tomar a água .. o fogo ... o ar ... os seres ... os devas ...
Pajapati ... Brahma, eu estarei próximo de você, dentro do seu domínio, para
que você exerça a sua vontade e punição. Além disso, eu compreendo o seu
alcance e a sua influência com uma extensão assim: o Brahma Baka possui este
tanto de poder, este tanto de força, este tanto de influência.’
“’Agora,
estimado senhor, até onde, pelo que você sabe, se estende o meu alcance e a minha
influência?’
9. “’Até onde a rotação do sol e da lua
brilha e ilumina os quadrantes,
mais do que mil mundos,
essa é a extensão da sua soberania.
E nisso você conhece o superior e o inferior,
e aqueles com cobiça e aqueles livres de cobiça,
o estado que é assim e diferente,
o vir e ir dos seres.
Brahma, eu
compreendo o seu alcance e a sua influência com essa extensão: o Brahma
Baka possui esse tanto de poder, esse tanto de força, esse tanto de
influência.[10]
10. “’Mas, Brahma, existem três outros corpos, que você nem conhece e
tampouco vê, que eu conheço e vejo. Há o corpo chamado [devas] do Abhassara, do qual você pereceu e renasceu aqui. [11] Porque você permaneceu aqui por muito tempo, a sua memória disso
desapareceu e assim você não sabe ou vê isso, mas eu sei e vejo isso. Portanto,
Brahma, com relação ao conhecimento direto eu não estou simplesmente no mesmo
nível que você, como então poderia eu saber menos? Na verdade, eu sei mais do
que você. [12]
“’Há o corpo chamado [devas do] Subhakinna ... Há o corpo chamado
[devas do] Vehapphala. Você não sabe ou vê
isso, mas eu sei e vejo isso. Portanto, Brahma, com relação ao
conhecimento direto eu não estou simplesmente no mesmo nível que você, como
então poderia eu saber menos? Na verdade, eu sei mais do que você.
11.
“’Brahma; tendo diretamente conhecido a terra como terra e diretamente
conhecido aquilo que não participa na solidez da terra, eu não reivindico ser
terra, eu não reivindico estar na terra, eu não reivindico estar separado da
terra, eu não reivindico que a terra é “minha”, eu não afirmo a terra. [13] Portanto, Brahma, com relação ao
conhecimento direto eu não estou simplesmente no mesmo nível que você, como
então poderia eu saber menos? Na verdade, eu sei mais do que você.
12-23.
“’Brahma; tendo diretamente conhecido a água como água ... fogo como fogo ...
ar como ar ... seres como seres ... devas como devas ... Pajapati como Pajapati
... Brahma como Brahma ... os devas do Abhassara como os devas do Abhassara ... os devas do Subhakinna como os devas do Subhakinna ... os devas do Vehapphala como os devas do Vehapphala ... o
Senhor Supremo como o Senhor Supremo ... o todo como todo, e tendo diretamente
conhecido aquilo que não participa na totalidade do todo, eu não reivindico ser
o todo, eu não reivindico estar no todo, eu não reivindico estar separado do
todo, eu não reivindico que o todo é “meu”, eu não afirmo o todo. Portanto,
Brahma, com relação ao conhecimento direto eu não estou simplesmente no mesmo
nível que você, como então poderia eu saber menos? Na verdade, eu sei mais do
que você.
24.
“’Estimado senhor, [se você reivindica ter diretamente conhecido] o que não
participa na totalidade do todo, que a sua declaração não resulte ser vã e
vazia!’
25. “’A consciência
desprovida de atributos,
Ilimitada,
E toda luminosa: [14]
que não participa da solidez da terra, que não participa da liquidez da
água ... que não participa da totalidade do todo.’
26.
“’Estimado senhor, eu desaparecerei da sua presença.’
“’Desapareça
se puder, Brahma.’
“Então o
Brahma Baka, dizendo: ‘Eu desaparecerei da presença do contemplativo Gotama, eu
desaparecerei da presença do contemplativo Gotama,’ foi incapaz de desaparecer.
Em seguida eu disse: ‘Brahma, eu desaparecerei da sua presença.’
“’Desapareça
se puder, estimado senhor.’
“Então
realizei tamanha façanha através de um poder supra-humano de modo que o Brahma
e o Cortejo de Brahma e os membros do Cortejo de Brahma podiam ouvir a
minha voz mas não podiam me ver. Depois de haver desaparecido eu declamei esta
estrofe:
27. “‘Tendo visto o perigo, (terror), em todos os modos
de ser/existir
e sendo/existindo buscando pelo não-ser,
eu não afirmo nenhum modo de ser/existir,
nem me apego a nenhum deleite [por ser/existir].’ [15]
28. “Em vista disso, Brahma e o Cortejo de Brahma e os membros do
Cortejo de Brahma ficaram maravilhados e admirados, dizendo: ‘É maravilhoso,
senhores, é admirável, o grande poder e grande força do contemplativo Gotama!
Nós, antes, nunca vimos ou ouvimos
acerca de qualquer contemplativo ou brâmane que tivesse tão grande poder e tão
grande força como a desse contemplativo Gotama, que deixou um clã Sakya e
seguiu a vida santa. Senhores, vivendo numa população que se
delicia com o ser/existir, que sente prazer com o ser/existir, que se alegra
com o ser/existir, ele extirpou o ser/existir juntamente com a sua raiz.’
29. “Então,
Mara, o Senhor do Mal, tomou posse de um membro do Cortejo de Brahma e
disse: ‘Estimado senhor, se é isso que você sabe, se é isso que você descobriu,
não guie os seus discípulos, (leigos), ou aqueles que seguiram a vida santa,
não ensine o Dhamma para os seus discípulos ou aqueles que seguiram a vida
santa, não crie o anseio nos seus discípulos ou naqueles que seguiram a vida
santa. Antes da sua época, bhikkhu, houve contemplativos e brâmanes no mundo
que reivindicavam ser arahants, perfeitamente iluminados, eles guiaram os seus
discípulos ou aqueles que seguiram a vida santa; eles ensinaram o Dhamma para os
seus discípulos ou aqueles que seguiram a vida santa; eles criaram o anseio nos seus
discípulos ou naqueles que seguiram a vida santa; e com a dissolução do corpo,
quando a vida deles foi interrompida, eles se estabeleceram num corpo inferior.
Antes da sua época, bhikkhu, houve contemplativos e brâmanes no mundo que
reivindicavam ser arahants, perfeitamente iluminados, e eles não guiaram os seus
discípulos ou aqueles que seguiram a vida santa; eles não ensinaram o Dhamma para os
seus discípulos ou aqueles que seguiram a vida santa; eles não criaram o anseio nos seus
discípulos ou naqueles que seguiram a vida santa; e com a dissolução do corpo,
quando a vida deles foi interrompida, eles se estabeleceram num corpo superior.
Portanto, bhikkhu, eu digo isso para você: Tenha certeza, estimado senhor, de
permanecer inativo, dedicado a uma estada prazerosa aqui e agora, é melhor que
isso fique sem ser declarado, e assim, estimado senhor, não informe a mais
ninguém.’ [16]
30. “Quando isso foi dito, eu disse para Mara, o Senhor do Mal: ‘Eu o conheço, Senhor do Mal. Não pense: “Ele
não me conhece.” Você é Mara, Senhor do Mal. Não é por compaixão pelo bem-estar
deles que você assim fala, é sem compaixão pelo bem-estar deles que você assim
fala. Você pensa assim, Senhor do Mal: “Aqueles, para quem o contemplativo
Gotama ensinar o Dhamma, irão escapar da minha influência.” Aqueles seus contemplativos
e brâmanes, Senhor do Mal, que reivindicavam ser arahants, perfeitamente
iluminados, não eram arahants, perfeitamente iluminados. Mas eu, que reivindico
ser um arahant, perfeitamente iluminado, sou um arahant, perfeitamente iluminado. Se o
Tathagata ensina o Dhamma para os seus discípulos ele assim é, Senhor do Mal, e
se o Tathagata não ensina o Dhamma para os seus discípulos ele assim é. Se o Tathagata guia os seus discípulos ele
assim é, Senhor do Mal, e se o Tathagata não guia os seus discípulos ele assim
é. [17] Por que isso? Porque o Tathagata abandonou as impurezas que contaminam, que
causam a renovação do ser/existir, que trazem problemas, que amadurecem no
sofrimento e conduzem ao futuro nascimento, envelhecimento e morte; ele cortou-as
pela raiz, fez como com um tronco de palmeira, eliminando-as de tal forma que
não estarão mais sujeitas a um futuro surgimento. Como uma palmeira, cujo topo
foi cortado, é incapaz de crescer, assim também, o Tathagata abandonou as
impurezas que contaminam ... cortou-as pela raiz, fez como com um tronco de
palmeira eliminando-as de tal forma que não estarão mais sujeitas a um futuro
surgimento.’”
31. Assim,
como Mara foi incapaz de responder e porque [isto começou] com o convite de
Brahma, este discurso é intitulado “O Convite de um Brahma.”
[1] O Mulapariyaya Sutta (MN
1) também foi discursado pelo Buda no Bosque de Subhaga em Ukkattha, e a
similaridade na formulação e na temática entre esses dois suttas – talvez os
únicos dois registrados como tendo sido discursados em Ukkattha – é digna de
nota. É até mesmo possível ver este sutta como uma representação dramática das
mesmas idéias apresentadas em termos filosóficos abstratos no Mulapariyaya.
Assim o Brahma Baka pode ser compreendido como a representação da identidade ou
o ser/existir na sua forma mais eminente, cegamente engajado na atividade da
presunção, sustentando-se com delusões de permanência, prazer e a idéia de um
‘eu’. Subjacente ao ser/existir está o desejo, simbolizado por Mara –
aparentemente discreto na aparência, no entanto, o verdadeiro autor de todas as
emanações da presunção, aquilo que mantém sob controle todo o universo. A
aliança de Brahma e Mara, Deus e Satã, uma união incompreensível sob a
perspectiva do teísmo ocidental, aponta para a sede de existência contínua como
a raiz oculta de toda afirmação do mundo, quer seja teísta ou não teísta. No
sutta a competição superficial teórica entre Baka e o Buda logo dá lugar à
emocionante, profunda confrontação entre Mara e o Buda – Mara como o desejo
demandando a afirmação do ser/existir, o Iluminado apontando para a cessação do
ser/existir através do desenraizamento do desejo. [Retorna]
[2] Um encontro semelhante entre o Buda e Baka
está registrado no SN 6:4, embora sem as características dramáticas deste
encontro e sem o longo diálogo em versos. De acordo com MA e MT, ele tinha essa
visão do eterno em relação a ambos, a sua própria identidade individual e o mundo sobre o qual ele presidia. A sua
negação de uma “escapatória mais além” é a rejeição dos planos superiores de
jhana, dos caminhos e frutos e de Nibbana, dos quais ele nem sequer conhecia a
existência. [Retorna]
[3] MA: Quando Mara descobriu que o Buda havia
ido até o mundo de Brahma, ele ficou preocupado com o fato de que os Brahmas
poderiam ser persuadidos pelo Dhamma e escapar do seu controle; assim, ele foi
até lá para desencorajar o Buda a ensinar o Dhamma. [Retorna]
[4] MA: Porque eles a consideraram como
impermanente, insatisfatória e não-eu. [Retorna]
[5] MA: Nos quatro estados de privação. Aqui e
no verso 10 e 29, a palavra “corpo” (kaya)
é usada com o significado de plano de existência. [Retorna]
[6] MA: Eles a elogiaram como permanente,
interminável, eterna, etc., e se deleitaram com ela através do desejo e das
idéias. [Retorna]
[7] MA: No mundo de Brahma. [Retorna]
[8] MA: A intenção de Mara é mostrar que: “Se
você fizer o que Brahma diz sem transgredir a palavra dele, você também irá
brilhar com o mesmo esplendor e glória, do mesmo modo que o Cortejo de
Brahma brilha.” [Retorna]
[9] MA diz que com os dois primeiros termos
ele tenta seduzir o Buda, através dos restantes dois termos ele o ameaça.
“Tomar a terra” é agarrá-la através do desejo, presunção e idéias. A lista de
categorias neste caso, embora condensada, evoca o MN 1. [Retorna]
[10] MA: Brahma Baka é um Brahma que exerce
soberania sobre mil mundos, mas acima dele há Brahmas exercendo soberania sobre
dois, três, quatro, cinco, dez mil e cem mil mundos. [Retorna]
[11] Os devas do Abhassara é um mundo
que corresponde ao segundo jhana, enquanto que o mundo do Brahma Baka corresponde
apenas ao primeiro jhana. Os devas do Subhakinna e os devas do Vehapphala no
parágrafo que segue correspondem ao terceiro e quarto jhanas. Veja Os
Trinta e Um Mundos de Existência da cosmologia Budista. [Retorna]
[12] No Brahmajala Sutta (DN
1.2.2-6) o Buda mostra como Maha Brahma dá origem à delusão de ser o
supremo Deus criador. Quando o mundo começa a se formar novamente, depois de um
período de contração, um ser com grande mérito é o primeiro a renascer no mundo
recém-formado de Brahma. Depois disso, outros seres renascem no mundo de Brahma
e isso faz com que Maha Brahma imagine ser ele o criador e senhor deles. [Retorna]
[13] Este trecho, comparável em estrutura ao
trecho correspondente no MN 1, é um trecho difícil. MA
explica: “Eu não me apeguei à terra através das obsessões do desejo, presunção
e idéias.” MA diz que aquilo que “não participa na solidez da terra” é Nibbana, que está separado de tudo
que é condicionado. [Retorna]
[14] Viññanam anidassanam, anantam sabbato pabham. MA toma o sujeito da sentença, consciência (viññana), como sendo
Nibbana.
Thanissaro Bhikkhu oferece “sem superfície” ao invés de “sem
atributos” como tradução alternativa para anidassanam, tomando
como base o símile empregado pelo Buda no SN XII.64. Essa consciência é sem superfície
porque se a cobiça pelas bases dos sentidos externas for eliminada a consciência não
tem onde “pousar” e dessa forma se torna não estabelecida. Isso não quer dizer
que a consciência é aniquilada mas simplesmente que, como a luz do sol no
símile mencionado, ela não tem localização, ela não pode mais ser definida, ela
se encontra além da dualidade de tempo e espaço. Nesta mesma vida ela não pode
ser localizada ou definida em relação a nenhum dos agregados; após a morte ela
não pode ser definida como existindo, não existindo, nenhum dos dois, ou ambos,
porque as descrições apenas se aplicam ao que pode ser definido.
Uma tradução alternativa de
Ajaan Amaro para esta frase: anidassanam: vazia, invisível ou desprovida de sinais; anantam: ilimitada,
não confinada, infinita; sabbato
pabham: luminosa em todas as direções, acessível por todos os lados.
Bhikkhu Ñanananda no livro Concept and Reality interpreta viññanam anidassanam como “a
consciência que nada manifesta.” Em que a manifestação diz respeito aos conceitos, ou seja na consciência do arahant os conceitos não se manifestam, todos os conceitos se tornaram transparentes.
Estes versos também aparecem como parte de
uma estrofe no DN 11.85 [Retorna]
[15] O desaparecimento do Buda parece ser uma
demonstração “visível” desta estrofe. Tendo extirpado o deleite por
ser/existir, ele é capaz de desaparecer da vista de Baka, o representante
supremo do ser/existir e da afirmação do mundo. Mas Baka, atado pelo apego ao
ser/existir, não é capaz de transcender a abrangência do conhecimento do Buda,
que inclui ambos, ser e não-ser, ao mesmo tempo que os transcende. [Retorna]
[16] Essa foi a mesma inclinação que surgiu na
mente do Buda imediatamente após a sua iluminação – veja o MN 26.19. Compare também com o DN
16.3.34 no qual Mara tenta persuadir o recém-iluminado Buda a morrer de
forma pacífica, imediatamente. [Retorna]
[17] Tadiso: isto é,
quer ele ensine ou não ele permanece Tathagata. [Retorna]
Revisado: 17 Novembro 2012
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