Anguttara Nikaya VII.70
Arakenanusasani Sutta
O Ensinamento de Araka
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“Certa vez, bhikkhus, havia um mestre chamado Araka, o líder de uma seita que estava livre da paixão sensual. Ele tinha muitas centenas de discípulos e esta era a doutrina que ele lhes ensinava: “Breve é a vida dos seres humanos, brâmanes – limitada e curta, com muita tribulação e sofrimento. Isso deve ser compreendido através da sabedoria. Vocês devem praticar o bem e viver uma vida pura; pois ninguém que nasceu poderá escapar da morte.
“’Tal como uma gota de orvalho na ponta de uma folha de grama desaparece com rapidez ao alvorecer e não permanece por muito tempo, da mesma forma, brâmanes, a vida dos seres humanos é como uma gota de orvalho - limitada e curta, com muita tribulação e sofrimento. Isso deve ser compreendido através da sabedoria. Vocês devem praticar o bem e viver uma vida pura; pois ninguém que nasceu poderá escapar da morte.
“’Tal como quando a chuva cai do céu em pesadas gotas e uma bolha que surge na água desaparece com rapidez e não dura muito tempo, da mesma forma, brâmanes, a vida dos seres humanos é como uma bolha de água - limitada e curta, com muita tribulação e sofrimento. Isso deve ser compreendido através da sabedoria. Vocês devem praticar o bem e viver uma vida pura; pois ninguém que nasceu poderá escapar da morte.
“’Tal como um risco desenhado na água com uma vareta desaparece com rapidez e não dura muito tempo, da mesma forma, brâmanes, a vida dos seres humanos é como um risco desenhado na água com uma vareta - limitada e curta, com muita tribulação e sofrimento. Isso deve ser compreendido através da sabedoria. Vocês devem praticar o bem e viver uma vida pura; pois ninguém que nasceu poderá escapar da morte.
“’Tal como um rio que vem de longe, fluindo montanha abaixo, com rápida correnteza, arrastando tudo no seu caminho, de modo que não há nem um só momento, um só instante, um só segundo em que ele esteja parado, mas ao invés disso segue fluindo com pressa, da mesma forma, brâmanes, a vida dos seres humanos é como um rio que flui montanha abaixo - limitada e curta, com muita tribulação e sofrimento. Isso deve ser compreendido através da sabedoria. Vocês devem praticar o bem e viver uma vida pura; pois ninguém que nasceu poderá escapar da morte.
“’Tal como um homem forte formando uma bola de saliva na ponta da língua poderá cuspi-la sem muito esforço, da mesma forma, brâmanes, a vida dos seres humanos é como uma bola de saliva - limitada e curta, com muita tribulação e sofrimento. Isso deve ser compreendido através da sabedoria. Vocês devem praticar o bem e viver uma vida pura; pois ninguém que nasceu poderá escapar da morte.
“’Tal como um pedaço de carne jogado sobre uma frigideira aquecida durante todo um dia irá queimar com rapidez e não irá durar muito tempo, da mesma forma, brâmanes, a vida dos seres humanos é como um pedaço de carne - limitada e curta, com muita tribulação e sofrimento. Isso deve ser compreendido através da sabedoria. Vocês devem praticar o bem e viver uma vida pura; pois ninguém que nasceu poderá escapar da morte.
“’Tal como uma vaca que será abatida conduzida ao abatedouro, com cada passo está mais próxima do seu abate, mais próxima da morte, da mesma forma, brâmanes, a vida dos seres humanos é como uma vaca que será abatida - limitada e curta, com muita tribulação e sofrimento. Isso deve ser compreendido através da sabedoria. Vocês devem praticar o bem e viver uma vida pura; pois ninguém que nasceu poderá escapar da morte.’
“Agora naquela época, bhikkhus, o tempo de vida dos seres humanos era de 60.000 anos e as moças estavam prontas para casar com 500 anos de idade. E naquela época as pessoas conheciam apenas seis tipos de aflições: frio, calor, fome, sede, defecação e urinação. Mas muito embora as pessoas tivessem uma vida tão longa, tanto tempo, com tão poucas aflições, aquele mestre Araka ensinava a sua doutrina para os seus discípulos desta forma: ‘Breve é a vida dos seres humanos, brâmanes – limitada e curta, com muita tribulação e sofrimento. Isso deve ser compreendido através da sabedoria. Vocês devem praticar o bem e viver uma vida pura; pois ninguém que nasceu poderá escapar da morte.’
“No presente, bhikkhus, alguém falando corretamente diria, ‘Breve é a vida dos seres humanos, brâmanes – limitada e curta, com muita tribulação e sofrimento. Isso deve ser compreendido através da sabedoria. Vocês devem praticar o bem e viver uma vida pura; pois ninguém que nasceu poderá escapar da morte.’ No presente, bhikkhus, alguém pode viver 100 anos ou um pouco mais. Vivendo 100 anos, ele terá vivido 300 estações: 100 estações de frio, 100 estações de calor, 100 estações de chuvas. Vivendo 300 estações, ele terá vivido 1.200 meses: 400 meses de frio, 400 meses de calor, 400 meses de chuvas. Vivendo 1.200 meses, ele terá vivido 2.400 quinzenas: 800 quinzenas de frio, 800 quinzenas de calor, 800 quinzenas de chuvas. Vivendo 2.400 quinzenas, ele terá vivido 36.000 dias: 12.000 dias de frio, 12.000 dias de calor, 12.000 dias de chuvas. Vivendo 36.000 dias, ele terá comido 72.000 refeições: 24.000 refeições no frio, 24.000 refeições no calor, 24.000 refeições nas chuvas – e isso inclui o período de amamentação da mãe e as épocas em que não se come. Estas são as épocas em que não se come: alguém não come porque está agitado ou enlutado ou enfermo, ao observar o jejum ou quando não obtém algo para comer.
“Portanto, bhikkhus, eu computei a vida de uma pessoa que viva 100 anos: eu computei o tempo de vida, computei as estações, computei os anos, computei os meses, computei as quinzenas, computei as noites, computei os dias, computei as refeições, computei as épocas em que não se come. Aquilo que por compaixão um Mestre deveria fazer para os seus discípulos, desejando o bem-estar deles, isso eu fiz por vocês, bhikkhus. Ali estão aquelas árvores, aquelas cabanas vazias. Meditem, bhikkhus, não adiem, ou vocês se arrependerão mais tarde. Essa é a nossa instrução para vocês.”
Revisado: 24 Março 2007
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