5. Balavagga

Tolos

 


 

 

Consciente da sua própria tolice,
o tolo por isso é sábio.
Enquanto que o tolo, de fato tolo,
é o sábio presumido.
                                                        Dhp 63

Para ouvir

 


 

[Nota Verso 63] Yo balo maññati balyam (consciente da sua própria tolice): a implicação deste verso é que a verdadeira sabedoria é encontrada no entendimento da realidade. Se alguém está consciente da sua própria tolice, esse entendimento o torna sábio. A base da verdadeira sabedoria é o correto entendimento das coisas tal como elas realmente são. Aqueles que são tolos, mas que costumam acreditar que são sábios, são na verdade tolos, porque esse entendimento incorreto tinge completamente os seus pensamentos.

Balo (tolo): tolice é resultado de delusão, (moha), e ignorância, (avijja). A ignorância é a raiz principal de todo os males e sofrimentos no mundo, encobrindo a visão do homem e impedindo que ele veja sua verdadeira natureza. A ignorância traz consigo a delusão que engana os seres, fazendo a vida parecer permanente, feliz, pessoal e desejável. A delusão os impede de ver que todas as coisas são na verdade impermanentes, sujeitas ao sofrimento, vazias de “Eu” ou “Meu”, e basicamente, indesejáveis. Ignorância, (avijja), é definido como “o desconhecimento das quatro nobres verdades, ou seja, do sofrimento, de sua origem, da sua cessação e do caminho que conduz a sua cessação.” Veja no glossário a definição de moha e avijja.

Como avijja é o fundamento de todos os males e sofrimentos, este encontra-se em primeiro lugar no ensinamento da Origem Dependente. Avijja não deve ser considerado como “a causa primordial de todas as coisas”. Avijja também tem uma causa. A sua causa é assim descrita: “Tendo os asavas, (impurezas), como condição, avijja, (ignorância), surge”. O Buda disse: “Bhikkhus, uma origem inicial da ignorância não pode ser discernida, da qual se possa dizer, ‘Antes disso, não havia a ignorância e ela surgiu depois disso.’ Embora isso seja assim, bhikkhus, ainda assim uma condição específica da ignorância é discernida.” ( AN X.61). Veja no glossário a definição de asava.

Como a ignorância, (avijja), ainda existe, mesmo que de forma muito sutil, até a realização do fruto de arahant, ou perfeição, esta é considerada como o último dos dez grilhões, (samyojana), que aprisionam os seres no ciclo de renascimentos. Como as duas primeiras Raízes Prejudiciais, (mula), cobiça e aversão, estão enraizadas na ignorância e, consequentemente, todos os estados mentais prejudiciais estão inerentemente associados com ela, a delusão, (moha), é a mais obstinada das três Raízes Prejudiciais. Veja no glossário a definição de samyojana e mula.

Avijja é um dos asavas, (impurezas), que motivam o comportamento. Muitas vezes é chamada de obstáculo, embora não faça parte da lista usual dos Cinco Obstáculos.

Ignorância, (avijja), da verdade do sofrimento, da origem do sofrimento, da cessação do sofrimento e do caminho que conduz à cessação do sofrimento, é a causa principal que coloca em movimento a roda da vida (samsara). Em outras palavras, é o desconhecimento de como as coisas realmente são, ou do que a pessoa realmente é. A ignorância enubla todo entendimento correto.

Avijja é a cegueira obstaculizadora que nos mantém presos neste ciclo de renascimentos”, diz o Buda. Quando a ignorância é destruída e substituída pela sabedoria, a “cadeia causal” é quebrada, assim como no caso dos Budas e Arahants. No Itivuttaka o Buda afirma que “Aqueles que destruíram avijja e que romperam a densa escuridão de avijja, não vão mais dar voltas no samsara.”

 

 

Revisado: 14 Abril 2012

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