4. Pupphavagga
Flores
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Quem irá compreender este mundo, |
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Um nobre aprendiz vai compreender este mundo, |
Para ouvir
[Nota Versos 44 e 45] Loka (mundo): denota os três reinos de existência que compõem o universo, ou seja, (i) o reino da esfera sensual, ou reino dos cinco sentidos; (ii) o reino da matéria sutil, correspondente aos quatro jhanas materiais; (iii) o reino imaterial, correspondente às quatro realizações imateriais. Veja a descrição dos 31 mundos de existência.
Devas: literalmente, luminosos. Eles são uma classe de seres que desfrutam de prazeres resultado de suas ações benéficas passadas. Eles também estão sujeitos à morte. O reino da esfera sensual compreende os infernos, o mundo animal, o mundo dos fantasmas famintos, o mundo dos titãs, o mundo humano e os seis primeiros mundos celestiais. No reino da matéria sutil ainda existem as faculdades de ver e ouvir, que, juntamente com as outras faculdades dos sentidos, são temporariamente suspensas nos quatro jhanas. No reino imaterial não há qualquer tipo de materialidade, apenas quatro agregados mentais (khandas).
Embora o termo loka não seja usado nos suttas para se referir aos três reinos, mas sim o termo bhava (existência), não há dúvidas de que o ensinamento sobre os três reinos pertença ao período mais antigo, ou seja, à época dos suttas das escrituras Budistas, tal como demonstrado em muitos trechos relevantes.
Yamaloka (o mundo de Yama): pelo termo "mundo de Yama" se entendem os quatro estados miseráveis - os infernos, o mundo animal, o mundo dos fantasmas famintos (peta), e o mundo dos titãs (asura). De acordo com o Budismo, o inferno não é permanente. É um estado miserável pois é um dos mundos em que os seres sofrem pelos resultados de suas ações prejudiciais passadas.
Yama é a morte - Yama é quase sinônimo de Mara.
Mara: a figura da "Tentação" no Budismo. Ele é frequentemente chamado de "Mara, o Senhor do Mal" ou Namuci ("o não libertador", o adversário da libertação). Mara aparece nos textos tanto como um ser real (um deva) e, como a personificação do mal e das paixões, da existência mundana e da morte. Há cinco conceitos de "Mara" no Budismo: (1) A morte em si (maccu mara); (2) Os cinco agregados (khanda mara); (3) As contaminações mentais (kilesa mara); (4) As fabricações mentais (sankhara mara); (5) Uma divindade chamada Mara, que sempre tenta obstruir o progresso espiritual do mundo (devaputta mara). Mara é igualado à morte na maioria dos casos. "Morte", no uso comum, significa o desaparecimento da faculdade vital de uma única existência, e também do processo vital físico-mental convencionalmente chamado de "Homem, Animal, Personalidade, Ego", etc. No entanto, estritamente falando, a morte é o surgimento, dissolução e desaparecimento, momento a momento, de cada combinação físico-mental. Sobre esta natureza momentânea de existência, é dito:
"No sentido absoluto, os seres têm apenas um momento muito curto para viver, a vida dura apenas o único momento de vigência daquela consciência. Assim como a roda de uma carroça, seja em movimento ou parada, o tempo todo está repousando sobre um único ponto em sua periferia: da mesma forma, a vida dos seres dura apenas a vigência de tempo de um único momento de consciência. Assim que esse momento cessa, o ser também cessa. Pois é dito: O ser do momento passado de consciência viveu, mas não vive agora, nem vai viver no futuro. O ser do momento futuro ainda não viveu, nem vive agora, mas ele vai viver no futuro. O ser do momento presente não viveu, ele vive apenas agora, mas não vai viver no futuro."
Em um outro sentido, ao chegar ao fim do processo vital físico-mental do arahant, ou perfeitamente Iluminado, no momento de seu falecimento, pode ser chamado a morte final e última, já que até aquele momento o processo vital físico-mental ainda estava acontecendo.
Morte, no sentido comum, combinada com o envelhecimento, forma o décimo segundo elo da Origem Dependente.
Morte, de acordo com o Budismo, é a cessação da vida físico-mental de qualquer existência individual. É o cessar da vitalidade, ou seja, da vida físico-mental, do calor e da consciência. A morte não é a aniquilação completa de um ser, pois embora um certo tempo de vida tenha se esgotado, a força que até agora atuou não foi destruída.
Tal como a luz de uma lâmpada elétrica é a manifestação externa visível da energia elétrica invisível, nós somos as manifestações exteriores de energia karmica invisível. A lâmpada pode quebrar, e a luz pode ser extinta, mas a corrente elétrica permanece e a luz pode ser gerada em uma outra lâmpada. Da mesma forma, a energia karmica permanece intocada após a desintegração do corpo físico, e o desaparecimento da consciência atual leva ao surgimento de uma nova em um outro nascimento. Mas não há nenhuma entidade imutável ou permanente que "passa" do presente para o futuro.
Sadevakam (mundo dos devas): esses seres são referidos como "luminosos". Seres celestiais, divindades; seres que vivem em mundos felizes, e que, via de regra, são invisíveis ao olho humano. No entanto, assim como todos os seres humanos e outros seres, eles também estão sujeitos aos repetidos renascimentos, envelhecimento e morte, e portanto, não estão livres do ciclo de existências, e não estão livres do sofrimento. Existem muitas classes de seres celestiais.
Kusalo (habilidoso): neste contexto, esta expressão se refere a perícia, habilidade. Mas, na literatura Budista, kusala está imbuída de muitos significados. Kusala significa "karmicamente saudável" ou "benéfico", salutar, moralmente bom, hábil. As conotações do termo, de acordo com os comentários são: boa saúde, ausência de remorso, geração de resultados karmicamente favoráveis, hábil. Em termos psicológicos: "karmicamente saudável" são todas aquelas intenções karmicas e as consciências e fatores mentais a elas associadas, que são acompanhadas por duas ou três raízes benéficas, ou seja, pela não-cobiça e não má-vontade e, em alguns casos, também pela não-delusão. Tais estados de consciência são considerados como "karmicamente saudáveis" já que eles são causas para resultados karmicos positivos e contêm as sementes para um destino ou renascimento feliz. A partir desta explicação, dois fatos devem ser levados em conta: (i) é a intenção que faz com que um estado de consciência, ou um ato, seja "bom" ou "ruim"; (ii) o critério moral no Budismo é a presença ou ausência das Três Raízes Benéficas ou Morais. As explicações acima se referem à consciência hábil mundana. Os estados supramundanos saudáveis, ou seja, os quatro caminhos supramundanos, têm como resultados somente os correspondentes frutos supramundanos; eles não são karma, e eles também não levam ao renascimento, e isso também se aplica às ações benéficas de um Arahant e seus estados meditativos, que são todos karmicamente inoperantes.
Sekho (nobre aprendiz): um discípulo no treinamento superior, ou seja, um dos que são diligentes no tríplice treinamento, um dos sete tipos de nobres discípulos (os que realizaram o primeiro dos quatro caminhos supramundanos ou os três primeiros frutos supramundanos), enquanto que aquele dotado do quarto fruto supramundano, arahatta-phala, é chamado de "alguém além do treinamento". O mundano é chamado de "nem nobre aprendiz, nem perfeito em conhecimento".
Dhammapadam (bem exposto Dhamma): o comentário declara que este termo se aplica às 37 Asas do Despertar. São eles: (i) os Quatro Fundamentos da Atenção Plena - 1. contemplação do corpo, 2. contemplação das sensações, 3. contemplação da mente, e 4. contemplação dos objetos mentais; (ii) os Quatro Esforços Corretos - 1. o esforço para que não surjam os estados mentais prejudiciais que ainda não surgiram, 2. o esforço para abandonar os estados mentais prejudiciais que já surgiram, 3. o esforço para que surjam estados mentais benéficos que ainda não surgiram, e 4. o esforço para a continuidade dos estados mentais benéficos que já surgiram; (iii) as Quatro Bases do Poder Espiritual - desejo, energia, mente e investigação; (iv) as Cinco Faculdades Dominantes - convicção, energia, atenção plena, concentração, sabedoria; (v) os Cinco Poderes (Cinco Indriyas); (vi) os Sete Fatores da Iluminação - atenção plena, investigação dos fenômenos, energia, êxtase, tranquilidade, concentração, equanimidade; (vi) o Nobre Caminho Óctuplo - entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta.
Revisado: 16 Abril 2013
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