2. Appamadavagga

Diligência

 


 

 

O bhikkhu que se deleita na diligência,
que teme a negligência,
avança como um incêndio,
queimando pequenos e grandes grilhões.
                                                        Dhp 31

Para ouvir

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O bhikkhu que se deleita na diligência,
que teme a negligência,
jamais decairá,
ele está próximo de Nibbana.
                                                        Dhp 32

Para ouvir

 


 

[Nota 1 - Verso 31] Samyojana (grilhões). Há dez grilhões que amarram os seres à roda da existência, a saber: (i) idéia da existência de um eu (identidade), (ii) dúvida, (iii) apego a preceitos e rituais, (iv) desejo sensual, (v) má-vontade, (vi) desejo pela forma, (vii) desejo pelos fenômenos sem forma (viii) presunção, (ix) inquietação, (x) ignorância. Os cinco primeiros são chamados "grilhões inferiores", porque eles amarram os seres aos mundos da esfera sensual. Os cinco últimos são chamados de "grilhões superiores", porque eles amarram aos mundos superiores, ou seja, aos mundos da forma (ou matéria sutil) e aos mundos sem forma (ou imateriais).

Aquele que se libertou de (i) a (iii) é um sotapanna ou aquele que entrou na correnteza, ou seja, aquele que entrou na correnteza para nibbana, por assim dizer. Aquele que, além desses três grilhões, superou as formas mais grosseiras de (iv) e (v), é chamado sakadagami, ou "que retorna uma vez" (a este mundo). Aquele que se libertou completamente dos grilhões de (i) a (v) é um anagami, ou "que não retorna" (para os mundos da esfera sensual). Aquele que se libertou de todos os dez grilhões é chamado um Arahant, isto é, um perfeitamente iluminado.

Pamade bhayadassi va (teme a negligência): ele vê a falta de consciência com temor. O temor que ele vê diz respeito ao ciclo repetitivo de existências. Ele está consciente de que, se afrouxar o esforço em aperfeiçoar o seu progresso espiritual, enfrentará nascimentos e mortes incessantemente. Por isso, ele considera a falta de diligência como a causa raiz de todos esses sofrimentos. Esta é a razão pela qual ele vê com temor a falta de diligência.

Appamada rato (deleita-se com a diligência). O buscador da verdade pode alcançar o êxito em sua busca se assim fizer com alegria. Se o seu deleite pelo imortal cessar, ele não será capaz de continuar em seu caminho para nibbana. Portanto, o monge - que procura a verdade - é descrito como um indivíduo que se deleita com a mente alerta.

Bhikkhu: um discípulo completamente ordenado do Buda é chamado de bhikkhu. "Monge mendicante" pode ser apontado como o equivalente mais próximo para bhikkhu. Ele não é um sacerdote, já que ele não é um mediador entre Deus e o homem. Ele não tem de tomar votos para a vida toda, mas ele é restringido por certas regras que adota de acordo com sua vontade. Ele leva uma vida de pobreza voluntária e celibato. Se não for capaz de viver a vida santa, ele pode abandonar os mantos, a qualquer momento. [Retorna]

[Nota 2 - Verso 32] Nibbana: referindo-se a nibbana o Buda diz: "Existe, bhikkhus, o que não nasceu - o que não é - o que não é fabricado - o que não é condicionado. Se não existisse o que não nasceu - o que não é - o que não é fabricado - o que não é condicionado, não haveria a situação na qual a emancipação do nascido - do que é - do fabricado - do condicionado seria discernida."
"Aqui não há nem terra, nem água, nem fogo, nem ar; não há as noções de comprimento e largura, de sutil ou grosseiro, de bem e mal, nome e forma são completamente destruídos; não há nem este mundo e tampouco outro mundo, não há vir, nem ir, nem permanecer; não há morte nem renascimento; não há base, não há evolução e não há suporte (objeto mental)."
Como nibbana é explicado em termos negativos, há muitos que têm uma noção errada de tratar-se de algo negativo, e que representa uma auto-aniquilação. Nibbana, definitivamente, não é uma aniquilação do eu, porque não há um eu para aniquilar. Se fosse uma aniquilação, seria a aniquilação do próprio processo de ser, da condição contínua do samsara, com a ilusão ou delusão de permanência e de identidade, com um ego vacilante de “eu” e “meu”.

Abhabbo parihanaya (jamais decairá): não está sujeito ao decaimento. Um monge que é tão (diligente) não está sujeito a decair seja do processo contemplativo de samatha e vipassana ou dos caminhos e frutos - isto é, não decairá daquilo que foi alcançado, e irá alcançar aquilo que ainda não foi alcançado.

 

 

Revisado: 17 Dezembro 2011

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