O Renascimento Faz Sentido?
Por
Bhikkhu Bodhi
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Os novatos no Budismo, em
geral ficam impressionados pela clareza, franqueza e pelo sentido prático do
Dhamma expresso nos ensinamentos básicos como as Quatro Nobres Verdades, o
Nobre Caminho Óctuplo e o treinamento tríplice. Esses ensinamentos, claros como
a luz do dia, estão disponíveis para qualquer pessoa que esteja seriamente em
busca de um caminho que o leve para além do sofrimento. Quando, no entanto,
essas pessoas se deparam com a doutrina
do renascimento, elas com freqüência vacilam, convencidas de que isso
simplesmente não faz sentido. Nesse ponto, elas suspeitam que os ensinamentos
perderam o seu rumo, decaindo do elevado caminho da razão para a esperança e a
especulação. Até mesmo os intérpretes modernos do Budismo parecem ter
dificuldade em levar a sério o ensinamento sobre o renascimento. Alguns o
descartam como um simples fragmento da bagagem cultural, “metafísica hindu
antiga,” que o Buda reteve em respeito à visão do mundo na sua época. Outros o
interpretam como uma metáfora para a mudança dos estados mentais, com os reinos
de renascimento vistos como símbolos para arquétipos psicológicos. Alguns
poucos críticos até mesmo questionam a autenticidade dos textos sobre o
renascimento, argumentando que estes devem ser interpolações.
Uma rápida olhada nos
suttas em Pali mostra que nenhum desses argumentos possui muita substância. O
ensinamento sobre o renascimento aparece em quase todos os lugares no Cânone, e
está conectado de forma tão íntima com uma multiplicidade de outras doutrinas
que removê-lo iria na prática reduzir o Dhamma a farrapos. Além disso, quando
os suttas falam sobre o renascimento nos cinco reinos – os infernos, o mundo
animal, o mundo dos fantasmas, o mundo humano e os paraísos – eles nunca
sugerem que esses termos possuem um significado simbólico. Ao contrário, eles
até mesmo dizem que o renascimento ocorre “com a dissolução do corpo, após a
morte,” o que claramente significa que a intenção é de tomar a idéia do
renascimento de modo literal.
Neste ensaio não irei
argumentar em favor da validade científica do renascimento. Ao invés, desejo
mostrar que a idéia do renascimento faz sentido. Sustentarei que “faz
sentido” sob dois aspectos: primeiro, que é inteligível, tendo um significado
tanto intrínseco como em relação ao Dhamma como um todo; e segundo, que nos
ajuda a fazer sentido, a compreender o nosso lugar no mundo. Tentarei
estabelecer isso em relação a três esferas de discussão, a ética, a ontologia e
a soteriologia. Não se assustem com essas palavras complicadas: o significado
irá se aclarar à medida que avançarmos.
Primeiro, o ensinamento
sobre o renascimento faz sentido em relação à ética. Para o Budismo original, o
conceito de renascimento é um bloco essencial da teoria ética, proporcionando o
incentivo para que se evite o prejudicial e se faça aquilo que é benéfico.
Nesse contexto, a doutrina de renascimento tem correlação com o princípio de
kamma, que afirma que as nossas ações definidas sob o ponto de vista moral, os
nossos atos benéficos e prejudiciais, possuem um poder inerente de produzir
frutos que correspondem à qualidade moral desses atos. Lidos em conjunto, o
ensinamento duplo sobre o renascimento e kamma mostram que um princípio de
equilíbrio moral é obtido entre as nossas ações e a qualidade de vida percebida, de tal modo que ações boas sob o
ponto de vista moral produzem bons resultados; más ações, maus resultados.
E é óbvio que esse
equilíbrio moral não pode ser encontrado dentro dos limites de uma única vida.
Podemos observar, e muitas vezes com amargura, que pessoas inescrupulosas sob o
ponto de vista moral podem desfrutar de felicidade, admiração e sucesso,
enquanto que pessoas que vivem uma vida com a mais elevada integridade são
prostradas pela dor e miséria. Para que o princípio de equilíbrio moral
funcione, é necessário algum tipo de sobrevivência além da vida presente, pois
o kamma só pode produzir a devida retribuição
se o nosso fluxo de consciência individual não terminar com a morte.
Duas formas diferentes de sobrevivência são possíveis: por um lado, uma vida
eterna após a morte no paraíso ou no inferno, por outro lado, uma seqüência de
renascimentos. Dessas alternativas, a hipótese de renascimento parece ser muito
mais compatível com a justiça moral do que a vida eterna após a morte; pois
qualquer ação benéfica finita, ao que parece, terá no final das contas que
esgotar a sua força, e nenhuma má ação finita, não importa quão maléfica seja,
deverá garantir a maldição eterna.
Pode ser que essa
insistência em algum tipo de equidade moral seja uma ilusão, uma demanda irreal
que sobrepomos a um universo frio e indiferente às nossas esperanças. Não há
uma forma lógica de provar a validade do renascimento e kamma. O naturalista
pode simplesmente ter razão ao argumentar que a existência pessoal chega ao fim
com a morte, e com esta, todas as possibilidades de justiça moral. No entanto,
eu acredito que essa tese contradiz uma das nossas mais profundas intuições
morais, a noção de que algum tipo de justiça irá por fim prevalecer. Para
mostrar que é assim, vamos considerar dois casos extremos de ações conclusivas
sob o ponto de vista ético. Como caso extremo de ação imoral, tomemos Hitler,
que foi diretamente responsável pela morte desumana de talvez dezenas de
milhões de pessoas. Como caso extremo de uma ação moral, consideremos um homem
que sacrifica a própria vida para salvar as vidas de desconhecidos. Agora, se
não existe sobrevida após a morte, ambos os homens irão colher o mesmo destino
último. Antes de morrer, Hitler talvez tenha experimentado algumas dores de
desespero, e o herói altruísta desfrute de alguns segundos sabendo que está
realizando um ato nobre. E, além disso - nada, exceto na memória dos outros.
Ambos são obliterados, reduzidos a um amontoado sem vida de carne e ossos.
Agora, o naturalista pode
estar correto em chegar a essa conclusão e em afirmar que aqueles que acreditam
em sobrevivência e retribuição estão apenas projetando os seus próprios anseios
sobre o mundo. Mas eu penso que algo dentro de nós resiste a despachar ambos
Hitler e o nosso herói compassivo ao mesmo destino. O motivo para resistirmos é
porque temos um profundo senso intuitivo de que um princípio de justiça moral
existe em funcionamento no mundo, regulando o curso dos eventos de tal modo que
as nossas boas e más ações repercutam sobre nós mesmos para produzir o fruto
apropriado. Onde o naturalista argumenta que essa intuição representa nada mais
que a projeção das nossas idéias sobre o mundo, eu sustento que, o próprio fato
de que podemos conceber uma demanda por justiça moral, tem um significado que é
mais do que apenas psicológico. Ainda que de forma vaga, a nossa noção
subjetiva de justiça moral reflete uma realidade objetiva, um princípio de
equilíbrio moral que não é uma mera projeção mas que é parte integrante do
fundamento da realidade.
As considerações acima não
têm a intenção de fazer a crença no renascimento uma base necessária para a
ética. O próprio Buda não tentou estabelecer a ética por sobre as idéias de kamma
e renascimento, mas usou um tipo de raciocínio moral puramente naturalista que
não pressupõe a sobrevivência ou as operações de kamma. A essência do seu
raciocínio é que simplesmente não devemos abusar dos outros – machucando-os,
roubando as suas posses, explorando-os sexualmente, ou enganando-os – porque
nós mesmos nos opomos a sermos tratados dessa forma. No entanto, embora o Buda
não fundamente a ética na teoria do renascimento, ele faz da crença em kamma e
renascimento uma forte persuasão para o comportamento moral. Quando
reconhecemos que as nossas boas e más ações podem repercutir sobre nós mesmos,
determinando as nossas vidas futuras e trazendo-nos felicidade ou sofrimento,
isso nos dá uma razão decisiva para evitar a conduta imprópria, e com diligência
buscar a apropriada.
O Buda inclui a crença no
renascimento e kamma na definição do entendimento correto, e a sua negação
explícita como entendimento incorreto. Não é que o desejo pelos frutos do bom
kamma deveria ser o motivo principal para levar uma vida virtuosa, mas ao invés
disso, a aceitação desses ensinamentos inspiram e reforçam o nosso
comprometimento com os ideais éticos. Esses princípios gêmeos abrem uma janela
para um panorama mais amplo contra o qual se desenrola a busca por uma vida virtuosa.
Eles nos mostram que as condições da vida presente, nossas inclinações e
aptidões, nossas virtudes e defeitos, resultam das nossas ações em vidas
passadas. Quando compreendemos que as nossas condições presentes refletem o
nosso passado cármico, iremos também compreender que as nossas ações presentes
são o legado que iremos transmitir para os nossos descendentes cármicos, isto
é, para nós mesmos em vidas futuras. Dessa forma, o ensinamento sobre o
renascimento nos possibilita enfrentar o futuro com força, dignidade e coragem.
Se reconhecermos que ainda podemos nos redimir, não importando quão
debilitantes, quão limitantes e degradantes possam ser as nossas condições
presentes, nós seremos estimulados a exercer a nossa vontade para alcançar o
nosso bem futuro. Através das nossas ações presentes com o corpo, linguagem e
mente podemos nos transformar, e transformando-nos podemos superar todos os
obstáculos internos e externos e avançar na direção do objetivo final.
Os ensinamentos de kamma e
renascimento possuem um significado ético ainda mais profundo do que o de
simples indicadores da responsabilidade moral. Eles nos mostram que não só as
nossas vidas são moldadas pelo nosso passado cármico, mas também que vivemos
num universo com significância ética. Tomados em conjunto, eles fazem do
universo um cosmo, um todo ordenado e integrado, com dimensões de significância
que transcendem o mero aspecto físico. Os níveis de ordenamento, aos quais
temos acesso por meio da inspeção direta ou da investigação científica, não
esgotam todos os níveis de ordenamento cósmico. Há um sistema e um padrão, não
só no domínio físico e biológico, mas também no ético, e os ensinamentos de
kamma e renascimento revelam exatamente que padrão é esse. Embora esse
ordenamento ético seja invisível aos nossos olhos mundanos e não possa ser
detectado pelos equipamentos científicos, isso não significa que não seja real.
Além do alcance da percepção normal, uma lei moral governa as nossas ações, e
através delas, o nosso destino. É justamente o princípio de kamma que, operando
ao longo da seqüência de renascimentos, liga as nossas ações volitivas à
dinâmica do cosmo, e deste modo fazendo da ética uma expressão do próprio
ordenamento intrínseco do cosmo. Nesse ponto, a ética começa a ter nuanças de ontologia
para compreender a natureza de ser/existir.
O Budismo vê o processo de renascimento como parte
integrante do princípio de condicionalidade que permeia toda a existência. O
universo senciente é regulado por diferentes ordens de causação estratificadas,
de tal modo que ordens de causação superiores podem exercer o domínio sobre as
inferiores. Assim, a ordem de kamma, que governa o processo de renascimento,
domina as ordens inferiores de causação física e biológica, flexionando as
energias delas na direção da realização do seu próprio potencial. O Buda não
postulou um juiz divino que governa os ditames de kamma, recompensando-nos ou
punindo-nos pelas nossas ações. O processo de kamma funciona de modo autônomo,
sem um supervisor ou diretor, inteiramente através do poder intrínseco da ação
volitiva. Entremeado com as demais ordens na vasta e complexa rede da
condicionalidade, as nossas ações produzem as suas conseqüências tão
naturalmente como as sementes num campo produzem as suas respectivas ervas e flores.
Para compreender como kamma
pode produzir os seus efeitos ao longo da sucessão de renascimentos, precisamos
inverter a nossa concepção normal, rotineira, da relação entre a consciência e
a matéria. Sob a influência de
preconceitos materialistas, assumimos que a existência material é
determinante da consciência. Como testemunhamos os corpos nascendo neste mundo
e observamos como a mente amadurece em tandem com o corpo, nós, de modo tácito,
assumimos que o corpo é o fundamento da nossa existência e a mente ou
consciência, um desdobramento evolutivo de um processo material cego. A matéria
conquista o honrado status de ‘realidade objetiva,’ e a mente se torna um
intruso acidental num universo que, na sua essência, não faz sentido.
Sob a perspectiva Budista
no entanto, a consciência e o mundo coexistem numa relação de criação mútua que
requer ambos igualmente. Assim como não pode haver uma consciência sem um corpo
para lhe servir como suporte físico e um mundo como sua esfera de cognição, da
mesma forma não pode haver um organismo físico e um mundo sem algum tipo de
consciência para compô-los como um organismo e um mundo. Embora, com relação ao
tempo, nem a mente e nem a matéria possam ser consideradas como uma anterior à
outra, em termos de importância prática, o Buda disse que a mente é a
precursora. A mente é a precursora não no sentido de surgir antes do corpo ou
de poder existir independentemente de um substrato físico, mas no sentido de
que o corpo e o mundo no qual nos encontramos refletem a nossa atividade
mental.
É a atividade mental, sob a
forma de volição, que constitui kamma, e é o nosso estoque de kamma que guia o
fluxo de consciência da vida passada para um novo corpo. Dessa forma o Buda
diz: “Bhikkhus, este corpo não lhes pertence, nem pertence aos outros. Vocês
devem vê-lo como kamma passado, formado por condições, nascido das volições, a
base para as sensações.” (SN XII.37). Não é
apenas o corpo, como um composto completo, que é o resultado de kamma passado,
mas as faculdades sensuais também (veja o
SN XXXV.146). O olho, ouvido,
nariz, língua, sensibilidade corporal e a base da mente também são moldados
pelo nosso kamma passado, e assim, até certo ponto o kamma molda e influencia
todas as nossas experiências sensuais. Visto que o kamma em última instância é
explicado como volição, (cetana), isto significa que o corpo em
particular com o qual fomos dotados, com todas as suas características
particulares e as faculdades dos sentidos, têm as suas raízes nas atividades
volitivas de vidas passadas. Como, exatamente, a volição passada é capaz de
influenciar o desenvolvimento do zigoto, está além do escopo da explicação
científica, mas se as palavras do Buda forem tomadas como confiáveis essa
influência tem que ser real.
O canal para a transmissão
de influência cármica, de vida para vida, ao longo da seqüência de
renascimentos, é o fluxo de consciência individual. A consciência abarca ambas
as fases da nossa existência – aquela na qual criamos novo kamma e aquela na
qual colhemos os frutos do kamma passado – e assim, no processo de renascimento
a consciência conecta a antiga e a nova existência. A consciência não é uma
entidade única que transmigra, um ego ou uma alma, mas um fluxo evanescente de
atos da consciência, sendo que cada um surge, permanece de forma breve e depois
desaparece. Todo esse fluxo no entanto, embora composto de unidades
evanescentes, está fundido em um todo unificado através das relações causais
que se estabelecem entre todos os momentos de consciência em qualquer contínuo
individual. Num nível profundo, cada momento de consciência herda do seu
predecessor todo o legado cármico daquele fluxo em particular; ao falecer, ele
por sua vez passa aquele conteúdo ao seu sucessor, incrementado pela sua
própria nova contribuição. Portanto, as nossas ações volitivas não esgotam o
seu pleno potencial nos seus efeitos visíveis de imediato. Cada ação volitiva
que realizamos, depois de passar, deixa atrás uma sutil estampa gravada sobre o
progressivo fluxo da consciência. A ação deposita no fluxo de consciência uma
semente capaz de produzir fruto, de produzir um resultado que corresponde à
qualidade ética da ação.
Quando nos deparamos com
condições externas favoráveis, as sementes cármicas depositadas no nosso
contínuo mental despertam da sua condição dormente e produzem os seus frutos. A
função mais importante desempenhada pelo kamma é de gerar o nascimento no reino
apropriado, um reino que proporcione as condições apropriadas para concretizar o potencial armazenado. A ponte
que conecta a antiga existência com a nova é, como foi dito acima, o fluxo de consciência
progressivo. É dentro desse fluxo de consciência que o kamma foi criado através
do exercício da volição; é esse mesmo fluxo de consciência, que segue fluindo,
que carrega as energias cármicas para a nova existência; e é novamente esse
mesmo fluxo de consciência que experimenta o fruto. É concebível que no nível
mais profundo todos os fluxos individuais de consciência estejam integrados em
uma única matriz abrangente, de modo que, por debaixo da superfície dos
eventos, as acumulações cármicas de todos os seres se cruzem, se sobreponham e
se unam. Esta hipótese – embora especulativa – ajudaria a explicar algumas das
estranhas coincidências que algumas vezes encontramos e que abalam as nossas
premissas de ordem racional.
A função geradora de kamma
na produção de uma nova existência é descrita pelo Buda num breve porém conciso
sutta preservado no Anguttara Nikaya (AN III.76). O Venerável Ananda se aproxima
do Mestre e diz, "Venerável senhor, é dito: 'ser/existir, ser/existir.' De que modo, venerável senhor, há o ser/existir?" O Buda
responde: “Se não houvesse o amadurecimento de kamma no reino da esfera sensual, o ser/existir no reino da esfera sensual não seria discernido. Se não houvesse o amadurecimento de kamma no reino da matéria sutil, o ser/existir no reino da matéria
sutil não seria discernido. Se não houvesse o amadurecimento de kamma no reino imaterial, o ser/existir no reino imaterial não seria discernido. Ananda, portanto, para os seres atrapalhados pela ignorância e agrilhoados pelo desejo, kamma é o campo, a consciência a semente, e o desejo a umidade para que a consciência se estabeleça no plano inferior, (esfera sensual), no plano médio, (esfera da matéria
sutil), ou no plano superior, (esfera imaterial).”
Enquanto a ignorância e o
desejo, as raízes duplas do ciclo de renascimentos, permanecerem intactas no
nosso contínuo mental, no momento da morte, um kamma particularmente poderoso
se tornará ascendente e impelirá o fluxo de consciência para o reino de
existência que corresponda à sua própria “freqüência vibratória.” Quando a
consciência, tal como a semente, for plantada ou “estabelecida” naquele reino,
ela brotará no restante do organismo psicofísico resumido na expressão
“mentalidade-materialidade (nome e forma)”, (nama-rupa). À medida que o organismo
amadurece, este proporciona o local para que outros kammas passados obtenham a
oportunidade para produzir os seus resultados. Então, dentro dessa nova
existência, em resposta às nossas várias experiências induzidas cármicamente,
nós nos engajamos em ações que resultam em novo kamma com a capacidade de gerar
um outro nascimento. Através disso, o ciclo de existências continua girando de
uma vida para outra, como o fluxo de consciência, arrastado pelo desejo e
guiado pelo kamma, assumindo formas sucessivas de personificação.
A conseqüência última do ensinamento do Buda sobre kamma e renascimento é que os seres humanos são os senhores dos seus próprios destinos. Através das nossas ações prejudiciais, enraizadas na cobiça, raiva e delusão, criamos kamma prejudicial, a causa geradora de maus renascimentos, de miséria futura e escravidão. Através das nossas ações benéficas, enraizadas na generosidade, bondade e sabedoria, nós embelezamos as nossas mentes e assim criamos kamma que produz um renascimento feliz. Empregando a sabedoria para cavar mais profundamente por baixo da aparência superficial das coisas, podemos descobrir as verdades sutis mascaradas pelas nossas preocupações com as aparências. E assim podemos desenraizar as contaminações que nos aprisionam e conquistar a paz da libertação, a liberdade que está além do ciclo de kamma e do seu fruto.
Revisado: 112 Março 2013
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