Terapia Cognitiva baseada na Atenção Plena
e a Prevenção de Recaídas em Depressões
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A Terapia Cognitiva baseada na Atenção Plena (Mindfulness Based Cognitive Therapy - MBCT) foi desenvolvida com o objetivo de reduzir a recaída e a reincidência naqueles que são vulneráveis a episódios de depressão.
Essa terapia é necessária porque o risco de recaída e reincidência naqueles que sofrem com a depressão é muito alto, e porque cada vez que um episódio de depressão é repetido o impacto necessário para disparar um episódio subseqüente torna-se cada vez menor. Pesquisas feitas por Zindel Segal (Toronto), Mark Williams (País de Gales) e John Teasdale (Cambridge) vêm investigando como a meditação pode ajudar as pessoas se manterem bem após terem se recuperado da depressão.
Esse trabalho foi baseado na observação que, quando uma pessoa se recupera de um episódio de depressão, um estado de humor negativo relativamente discreto pode desencadear uma grande quantidade de pensamentos negativos (ex.: "Eu sou um fracasso", "Eu sou fraco", "Eu sou inútil"), juntamente com as sensações corporais inexplicáveis de fraqueza, ou cansaço, ou dor. Ambos os pensamentos negativos e a fadiga muitas vezes parecem fora de proporção em relação à situação. Os pacientes que acreditavam estarem recuperados se sentem estar de volta à "estaca zero". Eles acabam caindo dentro de um círculo de ruminações que constantemente pergunta "O que deu errado?", "Por que isso está acontecendo comigo?", "Onde tudo isso vai acabar?" Para a pessoa, essa ruminação parece ajudar encontrar uma resposta, mas isso apenas consegue prolongar e aprofundar a perturbação do humor.
Por que as pessoas continuam vulneráveis à recaída?
Durante um episódio de depressão, o estado de humor negativo ocorre em conjunto com pensamentos negativos e sensações corporais de lentidão e fadiga. Quando o episódio passa, e o humor volta ao normal, os pensamentos negativos e as sensações no corpo também tendem a desaparecer. No entanto, durante o episódio essa associação entre os vários sintomas foi aprendida. Isto significa que, quando o humor negativo acontecer novamente (por qualquer razão) tenderá a provocar todos os outros sintomas em proporção à força de associação (isto é chamado a "ativação diferencial"). Quando isso acontece, os velhos hábitos de pensamentos negativos irão novamente recomeçar, o pensamento negativo segue a mesma rotina, e um episódio de depressão com força total pode ser o resultado.
A descoberta que, mesmo quando as pessoas se sentem bem, a ligação entre o humor e os pensamentos negativos permanece pronta para ser reativada, é de enorme importância. Significa que manter a recuperação da depressão depende de aprender a evitar que os estados leves de depressão escapem fora do controle.
Terapia Cognitiva baseada na Atenção Plena
(Mindfulness Based Cognitive Therapy - MBCT)
Baseado no Programa de Redução de Stress de Jon Kabat Zinn na University of Massachusetts Medical Center a MBCT inclui meditações simples de atenção na respiração e alongamentos baseados na yoga, para ajudar os participantes a se tornarem mais consciente do momento presente, inclusive estar em contato com as mudanças momento-a-momento na mente e no corpo. Em oito aulas semanais (a atmosfera é de uma classe de aula, em vez de um grupo de terapia), e ouvindo gravações em casa durante a semana, os participantes aprendem a prática da meditação da atenção plena. MBCT também inclui uma orientação básica sobre a depressão, e vários exercícios de terapia cognitiva que mostram as relações entre os pensamentos e as sensações e a melhor forma que os participantes podem cuidar de si mesmos quando a depressão ameaça subjugá-los. Esses exercícios mais estruturados diferenciam MBCT da meditação da atenção plena da forma como esta é normalmente ensinada em centros de retiro, mas a abordagem está incluída, e procura manter-se fiel à tradição da meditação de insight.
MBCT ajuda os participantes a verem com mais clareza os padrões da mente; e aprender a reconhecer quando o seu humor está começando a ficar negativo. MBCT ajuda a quebrar a ligação entre o humor negativo e os pensamentos negativos que normalmente é disparada. Os participantes desenvolvem a capacidade de permitir que o clima angustiante, pensamentos e sensações surjam e desapareçam, sem ter que lutar contra eles. Os participantes descobrem que podem ficar em contato com o momento presente, sem a necessidade de refletir sobre o passado, ou se preocupar com o futuro.
Avaliando MBCT
Em um estudo realizado em Toronto, Cambridge e Bangor, 145 participantes foram dividios para receber ou um tratamento habitual (TH), ou, além de TH, participar de oito aulas de MBCT. Todos os participantes do estudo estavam sem sintomas por pelo menos 3 meses, e sem medicação antidepressiva, ao participarem do estudo. Era sabido que os participantes eram vulneráveis a futuras depressões, porque eles tinham tido pelo menos dois episódios no passado que preenchiam os critérios de Depressão Significativa (o último episódio tendo ocorrido dentro dos últimos 2 anos). A amostra foi estratificada de acordo com o número de episódios prévios (apenas dois, ou mais de 2). Os pesquisadores acompanharam os participantes durante doze meses, após as oito semanas de aulas.
Os resultados mostraram que MBCT ajudou mais aqueles que sofreram o maior número de episódios prévios. Não teve nenhum efeito sobre aqueles que tiveram apenas dois episódios no passado (o critério mínimo para participar do estudo - cerca de um quarto da amostra do estudo). Em contrapartida, reduziu substancialmente o risco de recaída em pessoas que tiveram três ou mais episódios prévios de depressão (de 66 por cento para 37 por cento). Os participantes relataram ser capazes de desenvolver uma relação diferente ("descentralizada") com a sua experiência, de modo que os pensamentos indutores da depressão podiam ser vistos a partir de uma perspectiva mais ampla à medida em que foram ocorrendo.
Estes resultados foram replicados em um estudo realizado por Helen Ma e Teasdale John em Cambridge. Constatou-se o mesmo padrão de resultados, com MBCT reduzindo a taxa de recaída de 78% naqueles com três episódios ou mais, para 36%. O tratamento, uma vez mais, não afetou aqueles que tinham experimentado apenas dois episódios.
Fonte e mais informações:
Fonte: http://cebmh.warne.ox.ac.uk/csr/mbct.html
Revisado: 1 Junho 2013
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