Nyanatiloka Thera

Nyanatiloka Thera nasceu como Anton Walther Florus Gueth em 19 Fevereiro de 1878 em Wiesbaden, Alemanha. Seu pai era Anton Gueth, um professor e diretor do Gymnasium municipal de Wiesbaden.

Ele estudou no Königliche Realgymnasium em Wiesbaden de 1888 até 1896. De 1896 até 1902 ele estudou teoria musical e composição em Frankfurt e em Paris.

Nyanatiloka teve uma infância feliz. Desde cedo mostrava grande amor pela natureza, pela solidão da floresta e pelo pensamento filosófico religioso. Foi educado católico e sempre foi uma criança e adolescente devoto. Ia para igreja toda noite e absorvia-se no livro Imitação de Cristo de Thomas à Kempis. Quando criança quis se tornar missionário cristão na África e como adolescente fugiu de casa para se tornar monge beneditino no mosteiro de Maria-Laach mas logo retornou. Daí por diante, sua crença num deus pessoal gradualmente converteu-se num tipo de panteísmo e foi inspirado pela atmosfera do weltschmertz (enfado do mundo, a literatura pessimista dos românticos como Lord Byron). A partir dos 17 anos, tornou-se vegetariano e absteve-se de álcool e cigarros.

Por volta dos 15 anos ele nutria uma devoção quase religiosa por grandes músicos, especialmente compositores, considerando-os como manifestações daquilo que há de mais elevado e sublime, tendo feito amizades com crianças prodígio no campo da música. Compunha peças orquestrais e em 1897 sua primeira composição chamada “Legende” (“Lenda”) foi executada pela Orquestra Kurhaus de Wiesbaden.

Data do mesmo período um grande amor pela filosofia. Ele estudou o Fedro de Platão, Descartes, a crítica da razão pura de Kant, Von Hartmann e especialmente Schopenhauer. Era também muito interessado em línguas, culturas estrangeiras e pessoas. Enquanto visitava um restaurante vegetariano ouviu uma palestra do teósofo Edwin Böhme sobre Budismo o que o transformou imediatamente num Budista entusiástico. No dia seguinte seu professor de violino lhe deu o Catecismo Budista de Subhadra Bhikshu e um outro livro sobre Budismo que despertou no jovem o desejo de tornar-se monge na Ásia. Após estudar música em Paris ele tocou em várias orquestras na França, Argélia e Turquia. Em 1902, pretendendo se tornar um monge budista na Índia, viajou de Tessalônica até o Cairo pela Palestina. Após ganhar o dinheiro necessário tocando violino no Cairo, Port Said e Bombaim, ele foi para o Sri Lanka.

Em 1903, aos 25 anos, Nyanatiloka visitou brevemente o Sri Lanka e seguiu para Burma onde encontrou o monge Budista inglês Ananda Meteyya. Em Burma ele foi ordenado como noviço (samanera) no Pagoda Ngda Khi sob o Venerável U Asabha Thera em Setembro de 1903.

Em Janeiro ou Fevereiro de 1904 ele foi ordenado em Burma como bhikkhu com o nome de Nyanatiloka, tendo U Kumara Mahathera como seu preceptor, (upajjhaya). Embora seu preceptor fosse um renomado recitador do abidhamma, ele aprendeu pali e abidhamma basicamente por si mesmo.

Desejando aprofundar seus conhecimento do pali e das escrituras em pali, ele foi para o Sri Lanka em 1905. Em 1906 foi publicada a sua primeira obra Budista em alemão, Das Wort des Buddha (A palavra do Buda, publicada em inglês em 1927). Nyanatiloka deu sua primeira palestra, em pali, em 1907, numa plataforma em frente ao Pagoda de Moulmein com um expert birmanês em pali como interprete. A palestra foi acerca das quatro nobres verdades.

Depois de um período na Alemanha, Suiça e Itália, ele retornou ao Sri Lanka em 1911 em busca de um monastério onde se instalar e que também pudesse servir para receber monges do Ocidente. Ele tomou conhecimento de uma ilha abandonada num lago próximo a uma vila chamada Dodanduva. Após inspeção da área infestada por cobras e a aprovação da população, cinco cabanas simples de madeira foram erguidas. A mudança para a ilha ocorreu no início do retiro das chuvas (vassa) de 1911. O local recebeu o nome de Island Hermitage. A ilha foi comprada e doada para o monastério em 1914.

Em 1913 Nyanatiloka começou uma missão para ajudar os sem casta do Sri Lanka (rodiya), iniciando pela área de Kadugannava, 20km a oeste de Kandy. Alguns dos rodiya viviam e estudavam no monastério. O filho dos líder dos Rodiya foi aceito como noviço sob o nome de Nyanaloka. Após a morte de Nyanatiloka ele se tornou abade do monastério, mesmo diante das censuras devido à falta de distinção de castas no monastério.

Em 1914, com o início da Primeira Grande Guerra, Nyanatiloka foi retido no Sri Lanka pelos britânicos e deportado para Áustria em 1915. Solto ele foi para a China e lá retido assim que a China entrou na guerra contra os alemães, tendo sido repatriado para a Alemanha em 1919. Em 1920, após ter seu retorno ao Sri Lanka negado, Nyanatiloka ensinou em universidades japonesas por cinco anos. Em 1926, conseguiu autorização para retornar ao Island Hermitage.

Em 1939, com a declaração de guerra Britânica contra a Alemanha nazista, Nyanatiloka e outros habitantes de origem alemã no Sri Lanka foram novamente retidos, primeiro no Sri Lanka e depois na Índia (1941). Em 1948 ele conseguiu retornar para o Sri Lanka.

Em 1954, o Venerável Nyanatiloka e o Venerável Nyanaponika, (um dos discípulos de Nyanatiloka), foram os únicos monges ocidentais convidados a participar do Sexto Concílio Budista em Burma.

O Ven. Nyanatiloka morreu em 28 de maio de 1957 e recebeu um funeral com honras de estado em Colombo no Sri Lanka.

 


 

Quatro conferências dadas pelo Venerável Nyanatiloka em datas e locais diversos em que os principais elementos doutrinais do Budismo Theravada são tratados de forma ao mesmo tempo profunda e acessível.

 

 

Revisado: 2 Junho 2012

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