Majjhima Nikaya 81
Ghatikara Sutta
Ghatikara o Oleiro
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1. Assim
ouvi. Em certa ocasião, o Abençoado estava perambulando pela região de Kosala junto com uma grande Sangha
de bhikkhus.
2. Então,
num certo lugar perto da estrada principal o Abençoado sorriu. O venerável
Ananda pensou: “Qual é a razão, qual é a causa do sorriso do Abençoado? Os
Tathagatas não sorriem sem razão.” Assim ele arrumou o seu manto superior sobre
o ombro e, juntando as mãos para o Abençoado numa respeitosa saudação,
perguntou: “Venerável senhor, qual é a razão, qual é a causa do sorriso do
Abençoado? Os Tathagatas não sorriem sem razão.”
3. “Certa
vez, Ananda, neste lugar havia uma cidade com um próspero e movimentado mercado
chamada Vebhalinga, com muitos habitantes e repleta de gente. Agora, o
Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado, vivia próximo a Vebhalinga.
Foi aqui, na verdade, que o Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado,
tinha o seu monastério, foi aqui, de fato, que o Abençoado Kassapa, um arahant,
perfeitamente iluminado, residia e orientava a Sangha dos bhikkhus.”
4. Então, o
venerável Ananda dobrou em quatro o seu manto feito de retalhos e, colocando-o
sobre o chão, disse para o Abençoado: “Então, venerável senhor, que o Abençoado
sente. Assim este lugar terá sido usado por dois arahants, perfeitamente
iluminados.”
O Abençoado
sentou no assento que havia sido preparado e se dirigiu ao venerável Ananda da
seguinte forma:
5. “Certa
vez, Ananda, neste lugar havia uma cidade com um próspero e movimentado mercado
chamada Vebhalinga, com muitos habitantes e repleta de gente. Agora o Abençoado
Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado, vivia próximo a Vebhalinga. Foi aqui,
na verdade, que o Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado, tinha o
seu monastério, foi aqui, de fato, que o Abençoado Kassapa, um arahant,
perfeitamente iluminado, residia e orientava a Sangha dos bhikkhus.”
6. “Em
Vebhalinga o Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado, tinha como
patrocinador, como seu principal patrocinador, um oleiro chamado Ghatikara.
Ghatikara, o oleiro, tinha um amigo, um amigo chegado, um estudante brâmane
chamado Jotipala.[1]
“Um dia, o
oleiro Ghatikara se dirigiu ao estudante brâmane Jotipala assim: ‘Estimado
Jotipala, vamos ver o Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado. Eu
acredito que é bom ver esse Abençoado, um arahant, perfeitamente iluminado.’ O
estudante brâmane Jotipala respondeu: ‘Já basta, estimado Ghatikara, qual o
benefício de ver esse contemplativo careca?’
Uma segunda
e uma terceira vez o oleiro Ghatikara disse: ‘Estimado Jotipala, vamos ver o
Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado. Eu acredito que é bom ver
esse Abençoado, um arahant, perfeitamente iluminado.’ E uma segunda e uma terceira
vez o estudante brâmane Jotipala respondeu: ‘Já basta, estimado Ghatikara, qual
o benefício de ver esse contemplativo careca?’ – ‘Então, estimado Jotipala,
tomemos uma esponja e pó de banho e vamos até o rio para nos banharmos.’ –
‘Muito bem,’ Jotipala respondeu.
7. “Assim o
oleiro Ghatikara e o estudante brâmane Jotipala tomaram uma esponja e pó de
banho e foram até o rio para se banhar. Então Ghatikara disse para Jotipala: ‘Estimado
Jotipala, o monastério do Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado,
está ali bem próximo. Vamos ver o Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente
iluminado. Eu acredito que é bom ver esse Abençoado, um arahant, perfeitamente
iluminado.’ Jotipala respondeu: ‘Já basta, estimado Ghatikara, qual o benefício
de ver esse contemplativo careca?’[2]
Uma segunda e uma terceira vez o oleiro Ghatikara disse: ‘Estimado
Jotipala, o monastério do Abençoado Kassapa ... ‘ E uma segunda e uma terceira
vez o estudante brâmane Jotipala respondeu: ‘Já basta, estimado Ghatikara, qual
o benefício de ver esse contemplativo careca?’
8. “Então o
oleiro Ghatikara agarrou o estudante brâmane Jotipala pelo cinto e disse:
‘Estimado Jotipala, o monastério do Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente
iluminado, está ali bem próximo. Vamos ver o Abençoado Kassapa, um arahant,
perfeitamente iluminado. Eu acredito que é bom ver esse Abençoado, um arahant,
perfeitamente iluminado.’ Então, o estudante brâmane Jotipala soltou o cinto e
disse: ‘Já basta, estimado Ghatikara, qual o benefício de ver esse
contemplativo careca?’
9. “Então,
quando o estudante brâmane Jotipala já havia lavado a cabeça, o oleiro
Ghatikara o agarrou pelos cabelos e disse: [3] ‘Estimado
Jotipala, o monastério do Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado,
está ali bem próximo. Vamos ver o Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente
iluminado. Eu acredito que é bom ver esse Abençoado, um arahant, perfeitamente
iluminado.’
“Então o
estudante brâmane Jotipala pensou: ‘É impressionante, é surpreendente que esse
oleiro Ghatikara, que provém de uma casta inferior, ouse agarrar-me pelo cabelo
enquanto lavamos a cabeça! Com certeza este não é um assunto trivial.’ E ele
disse para o oleiro Ghatikara: ‘Isso é o seu limite, estimado Ghatikara?’ –
‘Esse é o meu limite, estimado Jotipala; tudo isso por eu acreditar que é bom
ver o Abençoado, um arahant, perfeitamente iluminado!’ – ‘ Então, estimado
Ghatikara, solte-me. Vamos visitá-lo.’
10. “Assim
Ghatikara, o oleiro, e Jotipala, o estudante brâmane, foram até o Abençoado
Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado. Ghatikara, depois de cumprimentá-lo,
sentou a um lado, enquanto Jotipala
cumprimentava-o, e depois que a conversa amigável e cortês havia
terminado ele também sentou a um lado. Ghatikara então disse para o Abençoado
Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado: ‘Venerável senhor, este é o estudante
brâmane Jotipala, meu amigo, meu amigo chegado. Que o Abençoado ensine o Dhamma
para ele.’
“Então o
Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado, instruiu, motivou,
estimulou e encorajou Ghatikara, o oleiro, e Jotipala, o estudante brâmane, com
um discurso do Dhamma. Com a conclusão do discurso, satisfeitos e contentes com
as palavras do Abençoado Kassapa, eles se levantaram dos seus assentos e depois
de homenagear o Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado, mantendo-o
à sua direita, eles partiram.
11. “Então
Jotipala perguntou a Ghatikara: ‘Agora que você ouviu o Dhamma, estimado
Ghatikara, porque você não deixa a vida em família e segue a vida santa?’ –
‘Estimado Jotipala, então você não sabe
que sustento meus pais cegos e envelhecidos?’
- ‘Então, estimado Ghatikara, eu deixarei a vida em família e seguirei a
vida santa.’
12. “Assim
Ghatikara, o oleiro, e Jotipala, o estudante brâmane, foram até o Abençoado
Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado. Depois de cumprimentá-lo, eles
sentaram a um lado e Ghatikara, o oleiro, disse para o Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado: ‘Venerável senhor, este é o estudante brâmane
Jotipala, meu amigo, meu amigo chegado. Que o Abençoado o ordene para a vida
santa.’ E o estudante brâmane Jotipala recebeu a ordenação do Abençoado
Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado, e ele recebeu a admissão completa. [4]
13. “Então, não muito tempo depois de Jotipala, o estudante brâmane, ter
recebido a admissão completa, uma quinzena depois dele ter recebido a
admissão completa, o Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado, tendo
permanecido em Vebhalinga todo o tempo que ele quis, saiu perambulando em
direção a Benares. Caminhando em etapas ele por fim chegou em Benares, lá, ele
se instalou no Parque do Gamo em Isipatana.
14. “Agora,
o Rei Kiki de Kasi ouviu: ‘Parece que o Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado, chegou em Benares e está no Parque do Gamo em
Isipatana.’ Assim ele mandou preparar um grande número de carruagens reais e
montando numa delas saiu de Benares com toda a pompa da realeza para ir ver
o Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado. Ele foi até onde a estrada permitia o acesso das
carruagens e depois desmontou da sua carruagem e seguiu a pé até onde estava o
Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado. Depois de cumprimentá-lo,
ele sentou a um lado e o Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado,
instruiu, motivou, estimulou e encorajou o Rei Kiki de Kasi com um discurso do
Dhamma.
15. “Com a
conclusão do discurso, o Rei Kiki de Kasi disse: ‘Venerável senhor, que o
Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado, junto com a Sangha dos
bhikkhus concorde em aceitar a refeição de amanhã.’ O Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado, concordou em silêncio. Então, sabendo que o Abençoado
Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado, havia concordado, ele se levantou do
seu assento e depois de homenagear o Abençoado, mantendo-o à sua direita,
partiu.
16. Então,
quando a noite terminou, o Rei Kiki de Kasi fez com que fossem preparados vários
tipos de boa comida na sua própria residência – com arroz de primeira e muitos
tipos de molhos e de caril - e ele fez com que a hora fosse anunciada
para o Abençoado: ‘É hora, venerável
senhor, a refeição está pronta.’
17. “Então,
ao amanhecer, o Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado, se vestiu e
tomando a sua tigela e o manto externo foi junto com a Sangha dos bhikkhus até
a residência do Rei Kiki de Kasi e sentou num assento que havia sido preparado.
Então, com as suas próprias mãos, o Rei Kiki de Kasi serviu e satisfez a Sangha
dos bhikkhus liderada pelo Buda com os vários tipos de alimentos. Quando o
Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado havia terminado de comer e
removeu a mão da sua tigela, o Rei Kiki de Kasi tomou um assento mais baixo e
disse para o Abençoado: ‘Venerável senhor, que o Abençoado aceite uma
residência minha para o retiro das chuvas em Benares; isso será benéfico para a
Sangha.’ – ‘Já basta, rei, minha residência para o retiro das chuvas já foi dada.’
“Uma
segunda e uma terceira vez o Rei Kiki de Kasi disse: ‘Venerável senhor, que o
Abençoado aceite uma residência minha para o retiro das chuvas em Benares; isso
será benéfico para a Sangha.’ – ‘Já basta, rei, minha residência para o retiro
das chuvas já foi dada.’
“O rei
pensou: ‘O Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado,
não aceita a residência que ofereço para o retiro das
chuvas em Benares,’ e ficou muito desapontado e triste.
18. “Então,
ele disse: ‘Venerável senhor, você tem um patrocinador melhor do que eu?’
“Eu
tenho, grande rei. Há uma cidade chamada Vebhalinga onde vive um oleiro chamado
Ghatikara. Ele é o meu patrocinador, meu principal patrocinador. Agora,
grande rei, você pensou: ‘O Abençoado
Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado, não aceita a residência que ofereço
para o retiro das chuvas em Benares,’ e você está muito desapontado e triste,
mas o oleiro Ghatikara não é assim e não será assim. O oleiro Ghatikara buscou
refúgio no Buda, no Dhamma e na Sangha. Ele se abstém de matar seres vivos, de
tomar aquilo que não é dado, da conduta imprópria em relação aos prazeres
sensuais, da linguagem mentirosa, do vinho, álcool e outros embriagantes que
causam a negligência. Ele tem perfeita claridade, serenidade e confiança no Buda, no Dhamma e na
Sangha e possui as virtudes apreciadas
pelos nobres. Ele está livre da dúvida com relação ao sofrimento, à origem do
sofrimento, à cessação do sofrimento e ao caminho que conduz à cessação do
sofrimento. Ele come apenas numa parte do dia, ele observa o celibato, ele é
virtuoso, de bom caráter. Ele deixou de lado as pedras preciosas e o ouro,
abandonou as pedras preciosas e o ouro, ele desistiu das pedras preciosas e do
ouro. Ele não cava o chão em busca de argila usando uma picareta com as
próprias mãos; a argila que sobra dos aterros ou aquela que foi deixada pelos
ratos, ele traz para casa num carrinho; ao terminar um pote ele diz: ‘Que
qualquer um que aprecie esses potes deixe um pouco de arroz ou feijão, ou lentilha,
e que leve o que lhe agradar,’ [5] Ele
sustenta os seus pais cegos e envelhecidos. Tendo destruído os cinco primeiros
grilhões, ele é um daqueles que irá renascer espontaneamente [nas Moradas
Puras] e lá realizará o parinibbana sem nunca mais retornar daquele mundo.
19, “Em
certa ocasião, quando eu estava em Vebhalinga, pela manhã, me vesti e,
tomando a minha tigela e o manto externo, fui até os pais do oleiro Ghatikara e
perguntei: ‘Por favor, onde foi o oleiro?’ – ‘Venerável senhor, o seu
patrocinador saiu; mas tire arroz do caldeirão e molho da caçarola e coma.’
“Eu assim
fiz e fui embora. Então, o oleiro Ghatikara foi até os pais dele e perguntou:
‘Quem tirou arroz do caldeirão e molho da caçarola, comeu, e foi embora?’ –
‘Meu querido, o Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado.’
“Então, o
oleiro Ghatikara pensou: ‘É um ganho para mim, é um grande ganho para mim, que o
Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado, conte comigo assim!’ E o
êxtase e a felicidade nunca o abandonaram durante quinze dias e os pais dele
por uma semana.
20. “Em
outra ocasião, quando eu estava em Vebhalinga, pela manhã, me vesti e,
tomando a minha tigela e o manto externo, fui até os pais do oleiro Ghatikara e
perguntei a eles: ‘Por favor, onde foi o oleiro?’ – ‘Venerável senhor, o seu
patrocinador saiu; mas tire mingau da panela e molho da caçarola e coma.’
“Eu assim
fiz e fui embora. Então o oleiro Ghatikara foi até os pais dele e perguntou:
‘Quem tirou mingau da panela e molho da caçarola, comeu, e foi embora?’ – ‘Meu
querido, o Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado.’
“Então, o
oleiro Ghatikara pensou: ‘É um ganho para mim, é um grande ganho para mim, que o
Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado, conte comigo assim!’ E o
êxtase e a felicidade nunca o abandonaram durante quinze dias e os pais dele
por uma semana.
21. “Em
outra ocasião, quando eu estava em Vebhalinga a minha cabana estava com
goteiras. Então, me dirigi aos bhikkhus da seguinte forma: ‘Vão, bhikkhus, e
vejam se há alguma palha na casa do oleiro Ghatikara.’ – ‘Venerável senhor, não
há palha na casa do oleiro Ghatikara; há palha só na cobertura.’ – ‘Vão,
bhikkhus, e removam a palha da cobertura da oficina do oleiro Ghatikara.’
“Eles
assim fizeram. Os pais do oleiro Ghatikara perguntaram aos bhikkhus: ‘Quem está
tirando a palha da cobertura?’ – ‘Irmã, a cabana do Abençoado Kassapa, um arahant,
perfeitamente iluminado, está com goteiras.’ – ‘Tomem-na, veneráveis senhores,
tomem-na, nós os abençoamos!’
“Então, o
oleiro Ghatikara foi até os pais dele e perguntou: ‘Quem removeu a palha da
cobertura?’ ‘Os bhikkhus assim fizeram, meu querido; a cabana do Abençoado
Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado, está com goteiras.’
“Então, o
oleiro Ghatikara pensou: ‘É um ganho para mim, é um grande ganho para mim, que o
Abençoado Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado, conte comigo assim!’ E o
êxtase e a felicidade nunca o abandonaram durante quinze dias e os pais dele
por uma semana. Então, aquela oficina permaneceu três meses completos tendo o céu
como cobertura, e mesmo assim, lá não entrou chuva. Assim é o oleiro
Ghatikara.’
“É um
ganho para o oleiro Ghatikara, é um grande ganho para ele que o Abençoado
Kassapa, um arahant, perfeitamente iluminado, conte com ele assim.”
22. “Então,
o Rei Kiki de Kasi despachou para o oleiro Ghatikara o equivalente a quinhentas
carroças de arroz de primeira e também ingredientes para fazer molhos como
acompanhamento. E os soldados do rei foram até o oleiro Ghatikara e disseram:
‘Venerável senhor, há o equivalente a quinhentas carroças de arroz de
primeira, e também ingredientes para fazer molhos como acompanhamento, que lhe
foram enviados pelo Rei Kiki de Kasi; por favor aceite-os.’ – ‘O rei está muito
ocupado e tem muito que fazer. Eu tenho o suficiente. Que tudo isso fique para
o próprio rei.’ [6]
23. “Agora, Ananda, você poderá pensar assim: ‘Com certeza, o estudante
brâmane Jotipala era uma outra pessoa naquela ocasião.’ Mas, essa não deve ser
a interpretação. Era eu o estudante brâmane Jotipala naquela ocasião.”
Isso foi o que disse o Abençoado. O venerável Ananda ficou
satisfeito e contente com as palavras do Abençoado.
Notas:
[1] No final do sutta o Buda afirmará que
naquela ocasião ele mesmo era Jotipala. No SN 1:50/i,35-36 o deva Ghatikara
visita o Buda Gotama e relembra essa antiga amizade. [Retorna]
[2] Esta parece ter sido uma expressão
pejorativa comum empregada pelos brâmanes chefes de família com relação aos
que se dedicavam a uma vida de completa renúncia, contrária ao seu próprio
ideal de manter a linhagem familiar. [Retorna]
[3] Na Ásia é considerado, em circunstâncias
normais, uma séria violação da etiqueta alguém de uma casta inferior tocar na
cabeça de uma pessoa da casta superior. MA explica que Ghatikara aceitou correr
esse risco para persuadir Jotipala a ir encontrar o Buda. [Retorna]
[4] MA afirma que os bodisatvas seguem a vida santa sob os Budas,
purificam a virtude, aprendem os ensinamentos do Buda, praticam a vida
meditativa e desenvolvem o insight até o conhecimento adequado, (anulomañana).
Mas eles não fazem esforço para alcançar os caminhos supramundanos e os seus
frutos (o que daria um fim à carreira de bodisatva). [Retorna]
[5] A sua conduta é a mais próxima possível da
de um monge, dentro do possível para alguém que ainda vive em família. MA
explica que ele não comercializava as peças de cerâmica que produzia mas
simplesmente fazia escambo com os vizinhos. [Retorna]
[6] MA explica que ele recusou devido à sua
escassez de desejos, (appicchata). Ele compreendeu que o
rei havia enviado os alimentos porque havia ouvido do Buda o relato acerca das
suas próprias virtudes, mas ele pensou: “Eu não preciso disso. Com aquilo que
obtenho do meu trabalho posso sustentar meus pais e fazer oferendas para o
Buda.” [Retorna]
Revisado: 5 Setembro 2013
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