Majjhima Nikaya 79
Culasakuludayi Sutta
O Pequeno Discurso para Sakuludayin
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1. Assim
ouvi. Em certa ocasião o Abençoado estava em Rajagaha no Bambual, no Santuário
dos Esquilos. Agora, naquela ocasião o errante Sakuludayin estava no Santuário
do Pavão, com uma grande assembléia de errantes.
2. Então,
ao amanhecer, o Abençoado se vestiu e tomando a tigela e o manto externo foi
para Rajagaha para esmolar alimentos. Então ele pensou: “Ainda é muito cedo
para esmolar alimentos em Rajagaha. E se eu fosse até o errante Sakuludayin no
Santuário do Pavão, no parque dos errantes.”
3-4. Assim
o Abençoado foi até o Santuário do Pavão, no parque dos errantes. Agora naquela
ocasião o errante Sakuludayin estava sentado com uma grande assembléia de
errantes que estavam fazendo uma grande baderna... (igual ao MN 77,
versos 4-5) “Qual é
o assunto que faz com que vocês estejam sentados juntos aqui agora, Udayin? E
qual é a discussão que foi interrompida?”
5.
“Venerável Senhor, deixemos de lado a discussão pela qual estamos aqui sentados
juntos. O Abençoado poderá ouví-la mais tarde. Venerável senhor, quando eu não
venho a esta assembléia, eles ficam sentados conversando muitos tipos de
conversa inútil. Mas quando venho a esta assembléia, então, eles ficam sentados
olhando para mim, pensando: ‘Ouçamos o Dhamma que o contemplativo Udayin expõe.’
No entanto, quando o Abençoado vem, então, tanto eu como esta assembléia
ficamos sentados olhando para o Abençoado, pensando: ‘Ouçamos o Dhamma que o
Abençoado expõe.’”
6. “Então,
Udayin, sugira algo sobre o que eu devo falar.”
“Venerável
senhor, nos últimos dias houve alguém que reivindicou ser onisciente e capaz de
tudo ver, de ter conhecimento completo e visão desta forma: ‘Quer eu esteja
caminhando ou em pé, ou dormindo, ou desperto, o conhecimento e visão estão
presentes em mim de forma contínua e ininterrupta.’ Quando eu lhe fiz uma
pergunta sobre o passado, ele tergiversou, desviou do assunto e mostrou raiva,
ódio e amargor. Então eu me lembrei do Abençoado assim: ‘Ah, com certeza é o
Abençoado, com certeza é o Iluminado quem tem habilidade com essas coisas.’”
“Mas,
Udayin, quem foi que reivindicou ser onisciente e capaz de tudo ver... mas
quando perguntado por você sobre o passado, tergiversou, desviou do assunto e
mostrou raiva, ódio e amargor?”
“Foi o
Nigantha Nataputta, venerável senhor.”
7. “Udayin,
se alguém fosse recordar as suas muitas vidas passadas, isto é, um nascimento,
dois nascimentos... assim, nos seus modos e detalhes, se ele se recordasse das
suas muitas vidas passadas, então um dos dois, ou ele me perguntaria uma
questão sobre o passado, ou eu poderia perguntar-lhe uma questão sobre o
passado, e ele poderia satisfazer a minha mente com a resposta à minha questão
ou eu poderia satisfazer a mente dele com a minha resposta à questão dele. Se
alguém por meio do olho divino, que é purificado e ultrapassa o humano, vê seres
falecendo e renascendo, inferiores e superiores, bonitos e feios, afortunados e
desafortunados... e compreende como os seres continuam de acordo com as suas
ações, então um dos dois, ou ele me perguntaria uma questão sobre o futuro, ou
eu poderia perguntar a ele uma questão sobre o futuro, e ele poderia satisfazer
a minha mente com a resposta à minha questão ou eu poderia satisfazer a mente
dele com a minha resposta à questão dele. Mas deixemos de lado o passado,
Udayin, deixemos de lado o futuro. Eu lhe ensinarei o Dhamma: Quando existe
isso, aquilo existe; Com o surgimento disso, aquilo surge. Quando não existe
isso, aquilo também não existe; Com a cessação disto, aquilo cessa.” [1]
8. “Venerável senhor, eu não posso nem mesmo recordar-me nos seus modos
e detalhes de tudo aquilo que experimentei nesta existência, então como poderia
recordar as minhas muitas vidas passadas, isto é, um nascimento, dois
nascimentos... nos seus modos e detalhes, como o Abençoado o faz? E eu não
posso nem mesmo ver um duende da lama, então como poderia por meio do olho
divino, que é purificado e ultrapassa o humano, ver seres falecendo e
renascendo, inferiores e superiores, bonitos e feios, afortunados e desafortunados...
e compreender como os seres continuam de acordo com as suas ações, como o
Abençoado o faz? Mas, venerável senhor, quando o Abençoado disse: ‘Mas deixemos
de lado o passado, Udayin, deixemos de lado o futuro. Eu lhe ensinarei o
Dhamma: Quando existe isso, aquilo existe; Com o surgimento disso, aquilo
surge. Quando não existe isso, aquilo também não existe; Com a cessação disto,
aquilo cessa’- isso é ainda mais obscuro para mim. Talvez, venerável senhor, eu
possa satisfazer a mente do Abençoado respondendo uma questão acerca da
doutrina do nosso mestre.”
9. “Bem,
Udayin, o que é ensinado na doutrina do seu mestre?”
“Venerável
senhor, é ensinado na doutrina do nosso mestre: ‘Isto é o esplendor perfeito,
isto é o esplendor perfeito!’”
“Mas, Udayin,
visto que é ensinado na doutrina do seu mestre: ‘Isto é o esplendor perfeito,
isto é o esplendor perfeito!’- o que é esse esplendor perfeito?”
“Venerável
senhor, esse esplendor é o esplendor perfeito que não é superado por nenhum
outro esplendor mais elevado ou mais sublime.”
“Mas,
Udayin, o que é esse esplendor que não é superado por nenhum outro esplendor
mais elevado ou mais sublime?”
“Venerável
senhor, esse esplendor é o esplendor perfeito que não é superado por nenhum
outro esplendor mais elevado ou mais sublime.”
10. “Udayin, você pode por muito tempo continuar dizendo isso. Você diz:
‘Venerável senhor, esse esplendor é o esplendor perfeito que não é superado por
nenhum outro esplendor mais elevado ou mais sublime,’ mas você não indica que esplendor
é esse. Suponha que um homem dissesse: ‘Eu estou apaixonado pela moça mais
bonita deste país.’ Então lhe perguntariam: ‘Bom homem, essa moça mais bonita
deste país pela qual você está apaixonado – você sabe se ela é da classe nobre
ou da classe dos brâmanes, ou da classe dos comerciantes, ou da classe dos
trabalhadores?’ e ele responderia: ‘Não.’ Então lhe perguntariam: ‘Bom homem,
essa moça mais bonita deste país pela qual você está apaixonado – você sabe o
nome e o clã dela? ... Se ela é alta ou baixa ou com estatura média? ... Se ela tem
a complexão escura, clara ou dourada? ... Em qual vilarejo, vila ou cidade ela
vive?’ e ele responderia: ‘Não.’ E então lhe perguntariam: ‘Bom homem, você
então está apaixonado por uma moça que você nem conhece ou viu?’ e ele
responderia: ‘Sim.’ O que você pensa, Udayin, em sendo assim, a conversa
daquele homem não seria apenas tolice?”
“Com
certeza, venerável senhor, em sendo assim, a conversa daquele homem seria
apenas tolice.”
“Mas da
mesma forma, Udayin, você diz o seguinte: ‘Venerável senhor, esse esplendor é o
esplendor perfeito que não é superado por nenhum outro esplendor mais elevado
ou mais sublime,’ mas você não indica que esplendor é esse.”
11.
“Venerável senhor, como uma bela pedra
de berilo da mais pura água, com oito facetas, bem lapidada, sobre um brocado
vermelho, brilha, radia e cintila, com tal esplendor é o eu que sobrevive
intacto após a morte.” [2]
12. “O que você pensa, Udayin? Essa bela pedra de berilo da mais pura
água, com oito facetas, bem lapidada, sobre um brocado vermelho, que brilha,
radia e cintila, ou um vaga-lume na escuridão mais profunda da noite – desses
dois, qual emite o esplendor que é mais excelente e sublime?” – “O vaga-lume na
escuridão mais profunda da noite , venerável senhor.”
13. “O que
você pensa, Udayin? Esse vaga-lume na escuridão mais profunda da noite ou uma
lâmpada de azeite na escuridão mais profunda da noite - desses dois, qual emite
o esplendor que é mais excelente e sublime?” – “A lâmpada de azeite, venerável
senhor.”
14. “O que
você pensa, Udayin? Essa lâmpada de azeite na escuridão mais profunda da noite
ou uma fogueira na escuridão mais profunda da noite - dessas duas, qual emite o
esplendor que é mais excelente e sublime?” – “A fogueira, venerável senhor.”
15. “O que
você pensa, Udayin? Essa fogueira na escuridão mais profunda da noite ou a
estrela-d’alva num céu limpo sem nuvens - dessas duas, qual emite o esplendor
que é mais excelente e sublime?” – “A estrela d’alva num céu limpo sem nuvens,
venerável senhor.”
16. “O que
você pensa, Udayin? A estrela d’alva num céu limpo sem nuvens ou a lua cheia à
meia noite no Uposatha do décimo quinto dia num céu limpo sem nuvens - dessas
duas, qual emite o esplendor que é mais excelente e sublime?” – “A lua cheia à
meia noite no Uposatha do décimo quinto dia num céu limpo sem nuvens, venerável
senhor.”
17. “O que
você pensa, Udayin? A lua cheia à meia
noite no Uposatha do décimo quinto dia num céu limpo sem nuvens, ou o disco
completo do sol ao meio dia num céu claro sem nuvens no último mês da estação
das chuvas – desses dois, qual emite o esplendor que é mais excelente e
sublime?” – “O disco completo do sol ao meio dia num céu claro sem nuvens no
último mês da estação das chuvas, venerável senhor.”
18. “Mais
além disso, Udayin, eu conheço muitos devas, cujo esplendor a luminosidade do sol
e da lua não é capaz de igualar, apesar disso, eu não digo que não existe um
outro esplendor mais elevado ou mais sublime que aquele esplendor. Mas você,
Udayin, diz daquele esplendor que é mais baixo e mais medíocre que o de um
vaga-lume: ‘Isto é o esplendor perfeito,’ e você não indica que esplendor é
esse.”
19. “O
Abençoado deu um fim à discussão; o Iluminado deu um fim à discussão.”
“Mas,
Udayin, porque você diz isso?”
“Venerável
senhor, é ensinado na doutrina do nosso mestre: ‘Isto é o esplendor perfeito,
isto é o esplendor perfeito.’ Mas ao sermos pressionados, questionados e
examinados sobre a doutrina do nosso mestre pelo Abençoado, descobrimos que
somos vazios, ocos e enganados.”
20. “Como
é, Udayin, existe um mundo totalmente prazeroso? Existe uma forma prática de
realizar um mundo totalmente prazeroso?”
“Venerável
senhor, é ensinado na doutrina do nosso mestre: ‘Existe um mundo totalmente prazeroso;
existe uma forma prática de realizar um mundo totalmente prazeroso.”
21. “Mas,
Udayin, como é essa forma prática de
realizar um mundo totalmente prazeroso?”
“Aqui,
venerável senhor, abandonando o ato de matar seres vivos, a pessoa se abstém de
matar seres vivos; abandonando o ato de tomar aquilo que não é dado, a pessoa
se abstém de tomar aquilo que não é dado; abandonando a conduta imprópria com
os prazeres sensuais, a pessoa se abstém da conduta imprópria com os prazeres
sensuais; abandonando a linguagem mentirosa, a pessoa se abstém da linguagem
mentirosa; ou então ela assume e pratica algum tipo de ascetismo. Essa é a
forma prática de realizar um mundo totalmente prazeroso.”
22. “O que
você pensa, Udayin? Na ocasião em que ela abandona o ato de matar seres vivos e
se abstém de matar seres vivos, o eu dela então sente apenas prazer ou ambos,
prazer e dor?”
“Ambos,
prazer e dor, venerável senhor.”
“O que você
pensa, Udayin? Na ocasião em que ela abandona o ato de tomar aquilo que não é
dado e se abstém de tomar aquilo que não é dado ... quando ela abandona a conduta
imprópria com os prazeres sensuais e se abstém da conduta imprópria com os
prazeres sensuais ... quando ela abandona a linguagem mentirosa e se abstém da
linguagem mentirosa , o eu dela então sente apenas prazer ou ambos, prazer e
dor?”
“Ambos,
prazer e dor, venerável senhor.”
“O que você
pensa, Udayin? Na ocasião em que ela assume e pratica algum tipo de ascetismo,
o eu dela então sente apenas prazer ou ambos, prazer e dor?”
“Ambos,
prazer e dor, venerável senhor.”
“O que você
pensa, Udayin? A realização de um mundo totalmente prazeroso pode ser obtida
seguindo um caminho misto de prazer e dor?”
23. “O
Abençoado deu um fim à discussão; o Iluminado deu um fim à discussão.”
“Mas,
Udayin, porque você diz isso?”
“Venerável
senhor, é ensinado na doutrina do nosso mestre: ‘Existe um mundo totalmente
prazeroso; existe uma forma prática de realizar um mundo totalmente prazeroso.’
Mas ao sermos pressionados, questionados e examinados sobre a doutrina do nosso
mestre pelo Abençoado, descobrimos que somos vazios, ocos e enganados. Mas como
é, venerável senhor, existe um mundo totalmente prazeroso? Existe uma forma
prática de realizar um mundo totalmente prazeroso?”
24. “Existe
um mundo totalmente prazeroso, Udayin; existe uma forma prática de realizar um
mundo totalmente prazeroso.”
“Venerável
senhor, qual é essa forma prática de realizar um mundo totalmente prazeroso?”
25. “Aqui,
Udayin, afastado dos prazeres sensuais, afastado das qualidades não hábeis, um
bhikkhu entra e permanece no primeiro jhana ... abandonando o pensamento
aplicado e sustentado, um bhikkhu entra e permanece no segundo jhana ... abandonando o êxtase,
um bhikkhu entra e permanece no terceiro jhana ... Essa é a forma prática de realizar um mundo totalmente
prazeroso.”
“Venerável
senhor, essa não é a forma prática de realizar um mundo totalmente prazeroso;
nesse ponto um mundo totalmente prazeroso já foi realizado.”
“Udayin,
nesse ponto um mundo totalmente prazeroso ainda não foi realizado; essa é
apenas a forma prática de realizar um mundo totalmente prazeroso.”
26. Quando
isso foi dito, houve um tumulto na assembléia do errante Sakuludayin e eles
disseram em voz alta e ruidosa: “Estamos perdidos juntamente com a doutrina dos
nossos mestres! Estamos perdidos juntamente com a doutrina dos nossos mestres!
Não conhecemos nada mais elevado que isso!”[3]
Então o errante Sakuludayin acalmou aqueles errantes e perguntou ao
Abençoado:
27.
“Venerável senhor, em que ponto um mundo totalmente prazeroso é realizado?”
“Aqui,
Udayin, com o completo desaparecimento da felicidade, um bhikkhu entra e permanece no quarto jhana,
que possui nem felicidade nem sofrimento,
com a atenção plena e a equanimidade purificadas. Ele permanece com aquelas divindades que surgiram num
mundo totalmente prazeroso e lhes dirige a palavra e conversa com elas. [4] É neste ponto que
um mundo totalmente prazeroso foi realizado.”
28.
“Venerável senhor. Com certeza é com o propósito de realizar esse mundo
totalmente prazeroso que os bhikkhus vivem a vida santa sob o Abençoado.”
“Não é com
o propósito de realizar esse mundo totalmente prazeroso que os bhikkhus vivem a
vida santa sob a minha liderança. Existem outros estados, Udayin, mais elevados
e mais sublimes que esse e é com o propósito de realizá-los que os bhikkhus
vivem a vida santa sob a minha liderança .”
“Quais são
esses estados mais elevados e sublimes, venerável senhor, que com o propósito
de realizá-los os bhikkhus vivem a vida santa sob o Abençoado?”
29-36.
“Aqui, Udayin, um Tathagata surge no mundo, um arahant, perfeitamente
iluminado ... (igual ao MN 51,
versos 12-19) ...
ele purifica a mente da dúvida.
37. “Tendo
assim abandonado esses cinco obstáculos, imperfeições da mente que enfraquecem
a sabedoria, um bhikkhu afastado dos prazeres sensuais, afastado das
qualidades não hábeis, entra e permanece no primeiro jhana ... Este, Udayin, é um
estado mais elevado e sublime, e com o propósito de realizá-lo os bhikkhus
vivem a vida santa sob a minha liderança.
38-40.
“Outra vez, abandonando o pensamento aplicado e sustentado, um bhikkhu entra e
permanece no segundo jhana ... no terceiro jhana ... no quarto jhana. Este
também, Udayin, é um estado mais elevado e sublime, e com o propósito de
realizá-lo os bhikkhus vivem a vida santa sob a minha liderança.
41.
"Com a sua mente dessa forma concentrada, purificada, luminosa, pura,
imaculada, livre de defeitos, flexível, maleável, estável e atingindo a imperturbabilidade, ele a dirige
para o conhecimento da recordação de vidas passadas. Ele se recorda das suas
muitas vidas passadas, isto é, um nascimento, dois nascimentos ... (igual ao MN 51,
verso 24) ... Assim
ele se recorda das suas muitas vidas passadas nos seus modos e detalhes. Este
também, Udayin, é um estado mais elevado e sublime, e com o propósito de
realizá-lo os bhikkhus vivem a vida santa sob a minha liderança.
42.
"Com a sua mente dessa forma concentrada, purificada, luminosa, pura,
imaculada, livre de defeitos, flexível, maleável, estável e atingindo a
imperturbabilidade, ele a dirige para o conhecimento do falecimento e reaparecimento
dos seres ... (igual ao MN 51, verso 25) ... Dessa forma - por meio do olho divino, que
é purificado e ultrapassa o humano - ele vê seres falecendo e renascendo,
inferiores e superiores, bonitos e feios, e ele compreende como os seres
continuam de acordo com as suas ações. Este também, Udayin, é um estado mais
elevado e sublime, e com o propósito de realizá-lo os bhikkhus vivem a vida
santa sob a minha liderança.
43.
"Com a sua mente dessa forma concentrada, purificada, luminosa, pura,
imaculada, livre de defeitos, flexível, maleável, estável e atingindo a
imperturbabilidade, ele a dirige para o conhecimento do fim das impurezas
mentais. Ele compreende como na verdade é que: ‘Isto é sofrimento’ ... (igual ao
MN
51, verso 26) ...
Ele compreende como na verdade é que: ‘Este é o caminho que conduz à cessação
das impurezas.’
44. “Ao
conhecer e ver, a sua mente está livre da impureza do desejo sensual, da
impureza de ser/existir, da impureza da ignorância. Quando ela está libertada
surge o conhecimento, ‘Libertada.’ Ele compreende que ‘O nascimento foi
destruído, a vida santa foi vivida, o que devia ser feito foi feito, não há
mais vir a ser a nenhum estado.’ Este também, Udayin, é um estado mais elevado
e sublime, e com o propósito de realizá-lo os bhikkhus vivem a vida santa sob a
minha liderança.
“Esses,
Udayin, são os estados mais elevados e sublimes, e com o propósito de
realizá-los os bhikkhus vivem a vida santa sob a minha liderança.”
45. Quando
isso foi dito o errante Sakuludayin disse para o Abençoado: "Magnífico,
Mestre Gotama! Magnífico, Mestre Gotama! Mestre Gotama esclareceu o Dhamma de
várias formas, como se tivesse colocado em pé o que estava de cabeça para
baixo, revelasse o que estava escondido, mostrasse o caminho para alguém que
estivesse perdido ou segurasse uma lâmpada no escuro para aqueles que
possuíssem visão pudessem ver as formas. Nós buscamos refúgio no Mestre Gotama,
no Dhamma e na Sangha dos bhikkhus. Eu receberia a admissão na vida santa sob o
Abençoado e a admissão completa.
46. Quando
isso foi dito, a assembléia do errante Sakuludayin se dirigiu a ele da seguinte
forma: “Não vá viver a vida santa sob o contemplativo Gotama, Mestre Udayin.
Tendo sido um mestre, Mestre Udayin, não vá viver como um pupilo. Pois se o
Mestre Udayin assim o fizer será como se uma jarra de água virasse um caneco.
Não vá viver a vida santa sob o contemplativo Gotama, Mestre Udayin. Tendo sido
um mestre, Mestre Udayin, não vá viver como um pupilo.”
Assim foi como a assembléia do errante Sakuludayin impediu que ele
vivesse a vida santa sob o Abençoado.[5]
Notas:
[1] Veja o MN 38 – nota 7. [Retorna]
[2] Evamvanno atta hoti arogo param marana. A palavra arogo,
que em geral significa saudável, neste caso deve ser compreendida como
permanente. MA diz que ele fala isso com referência ao renascimento no mundo
dos devas do Subhakinna, que é a contraparte objetiva do terceiro
jhana, do qual ele ouviu falar sem no entanto tê-lo alcançado. A sua idéia
parece se encaixar na categoria descrita no MN 102.3.[Retorna]
[3] MA explica que eles sabiam que no passado os meditadores faziam um
trabalho preparatório com uma kasina, alcançavam o terceiro jhana e renasciam
no mundo dos devas do Subhakinna. Mas à medida que o tempo passou, o trabalho
preparatório com uma kasina não era mais compreendido e os meditadores não eram
capazes de alcançar o terceiro jhana. Os errantes só aprenderam que um mundo
totalmente prazeroso existe e que as cinco qualidades mencionadas no verso 21
era o “método prático” de alcançá-lo. Eles não conheciam nenhum mundo
totalmente prazeroso mais elevado que o terceiro jhana e nenhum outro método
prático além das cinco qualidades. [Retorna]
[4] MA: Tendo alcançado o quarto jhana, através dos poderes supra-humanos
ele vai até o mundo dos devas do Subhakinna e conversa com os devas de lá. [Retorna]
[5] MA explica que numa vida passada, como um
bhikkhu no tempo do Buda Kassapa, ele teria persuadido um outro bhikkhu a
regressar para a vida laica para poder obter os seus mantos e tigela, e foi
esse kamma que impediu que ele seguisse a vida santa sob o Buda nesta vida. Mas
o Buda lhe ensinou dois longos suttas, (alem deste, o MN 77), proporcionando as condições para uma
realização futura. Durante o reino do Rei Asoka ele alcançou o estado de
arahant como Assagutta que se sobressaía na prática de metta.[Retorna]
Revisado: 18 Novembro 2006
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