Digha Nikaya 3
Ambattha Sutta
Ambattha e o Orgulho Ferido
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1.1 Assim
ouvi. Em certa ocasião o Abençoado estava perambulando por Kosala com uma
grande Sangha de bhikkhus até que por fim acabou chegando num vilarejo brâmane
denominado Icchanankala, ficando na densa floresta de Icchanankala. Naquela
ocasião, o Brâmane Pokkharasati estava vivendo em Ukkhattha, uma propriedade
real com muitos habitantes, rica em pastagens, árvores, rios e grãos, uma
concessão real, uma doação sagrada que lhe foi dada pelo rei Pasenadi de
Kosala.[1]
1.2. Pokkharasati ouviu: “Gotama, o contemplativo, o filho dos Sakyas,
que adotou a vida santa deixando o clã dos Sakyas, está na densa floresta de
Icchanankala. E acerca desse mestre Gotama existe essa boa reputação: ‘Esse
Abençoado é um arahant, perfeitamente iluminado, consumado no verdadeiro
conhecimento e conduta, bem-aventurado, conhecedor dos mundos, um líder
insuperável de pessoas preparadas para serem treinadas, mestre de devas e
humanos, desperto, sublime. Ele declara - tendo realizado por si próprio com o
conhecimento direto - este mundo com os seus devas, maras e brahmas, esta
população com seus contemplativos e brâmanes, seus príncipes e povo. Ele ensina o
Dhamma, com o significado e fraseado corretos, que é admirável no início,
admirável no meio, admirável no final; e ele revela uma vida santa que é
completamente perfeita e imaculada. É bom poder encontrar alguém tão nobre.’
1.3. Agora,
naquela época Pokkharasati tinha um pupilo, o jovem Ambattha, que era um
estudante dos Vedas, um mestre dos três Vedas com os seus mantras, liturgia,
fonologia e etimologia e as histórias como quinto elemento; hábil em filologia
e gramática, um perito em filosofia natural [2] e
nas marcas de um grande homem, [3] reconhecido
e aceito pelo seu mestre nos três Vedas, através das palavras: ‘O que eu sei,
você sabe; o que você sabe, eu sei.’
1.4. Pokkharasati disse para Ambattha: “Estimado Ambattha, Gotama o
contemplativo .... está habitando na
densa floresta de Icchanankala. E acerca desse mestre Gotama existe essa boa
reputação ... Agora, estimado Ambattha, vá ver o contemplativo Gotama para
descobrir se esse relato é correto ou não, e se o Mestre Gotama é como dizem
dele. Assim conheceremos o Mestre Gotama por seu intermédio.
1.5.
“Senhor, como irei descobrir se esse relato é correto ou não e se o Mestre
Gotama é como dizem?”
“Estimado
Ambattha, as trinta e duas marcas de um grande homem foram transmitidas através
dos nossos mantras e o grande homem que as possuir tem apenas dois possíveis destinos, nenhum outro. Se
ele viver a vida em família ele se tornará um regente, um monarca justo que irá
governar de acordo com o Dhamma; [4] conquistador dos quatro pontos cardeais, que
estabelecerá a segurança no seu reino e que possuirá os sete tesouros.[5] Que são: a Roda Preciosa, o Elefante Precioso,
o Cavalo Precioso, a Jóia Preciosa, a Mulher Preciosa, o Tesoureiro Precioso e
como sétimo o Conselheiro Precioso. Ele terá mais de mil filhos que serão
corajosos e heróicos e que aniquilarão os exércitos inimigos. Ele governará,
tendo conquistado esta terra circundada pelo mar, sem bastão ou espada, através
do Dhamma. Mas se ele deixar a vida em família e seguir a vida santa, então ele
se tornará um arahant, um Buda perfeitamente iluminado, aquele que remove o véu
do mundo. [6] E eu, Ambatha, sou o transmissor
dos mantras e você é o recebedor.
1.6. “Sim,
senhor,” ele respondeu. Ele se levantou e depois de homenagear Pokkharasati,
mantendo-o à sua direita, subiu na sua carruagem puxada por um jovem garanhão,
acompanhado por vários jovens brâmanes, ele foi em direção à densa floresta de
Icchanankala. Ele foi até onde a estrada permitia o acesso das carruagens e
depois desmontou da sua carruagem e seguiu a pé.
1.7. Agora,
naquela ocasião muitos bhikkhus estavam caminhando para cá e para lá ao ar
livre. Então, Ambattha foi até eles e perguntou: “Veneráveis senhores, onde ele
está agora, o Mestre Gotama? Nós queremos ver o Mestre Gotama.”
1.8. Os
bhikkhus pensaram: “Esse Ambattha é um jovem de boa família e um pupilo do
respeitado Brâmane Pokkharasati. O Abençoado não se importaria em ter uma
conversa com um jovem como esse.” E eles responderam para Ambattha: “Aquela,
com a porta fechada, é a moradia dele. Vá até lá em silêncio, sem pressa,
entre na varanda, limpe a garganta e bata na porta. O Abençoado abrirá a
porta.”
1.9.
Ambattha foi até a moradia com a porta fechada, entrou na varanda, limpou a
garganta e bateu na porta. O Abençoado abriu a porta, Ambattha entrou, ambos se
cumprimentaram com cortesia e o Abençoado sentou a um lado. Mas Ambattha ficou
caminhando para cá e para lá enquanto o Abençoado estava ali sentado, dizendo
de modo indistinto algumas palavras de cortesia, ficando em pé ante o Abençoado
enquanto assim falava.
1.10. O
Abençoado disse para Ambattha: “Estimado Ambattha, você se comportaria dessa
forma se estivesse conversando com os veneráveis e eruditos Brâmanes, mestres
de mestres, assim como você se comporta comigo, caminhando e ficando em pé
enquanto eu estou sentado, e dizendo de modo indistinto algumas palavras de
cortesia?”
“Não, Mestre Gotama. Um Brâmane deve caminhar com um brâmane que
esteja caminhando, ficar em pé com um Brâmane que esteja em pé, sentar com um
Brâmane que esteja sentado e deitar com um Brâmane que esteja deitado. Mas com
relação aos contemplativos carecas, esses subalternos com a tez escura,
descendentes dos pés do Ancestral, com eles é apropriado que se converse da
forma como faço com o Mestre Gotama.”
1.11. “Mas,
Ambattha, você veio até aqui em busca de algo. Qualquer que seja a razão pela
qual você aqui veio, você deveria dar atenção para poder ouvir. Ambattha, o seu
treinamento não é perfeito. A sua presunção por estar em treinamento se deve
apenas à sua inexperiência.”
1.12. Ambattha ficou furioso e irritado por ter sido chamado de mal-treinado e se
dirigiu ao Abençoado com insultos e grosserias. Pensando: “O contemplativo
Gotama tem má vontade em relação a mim,” ele disse: “Mestre Gotama, os Sakyas
são cruéis, com a linguagem grosseira, irritáveis e violentos. Tendo uma origem
servil, sendo servos, eles não honram,
respeitam, estimam, veneram ou homenageiam os Brâmanes. Com relação a isso não
é apropriado que ... eles não homenageiem os Brâmanes.’ Essa foi a primeira vez
que Ambattha acusou os Sakyas de serem servos.
1.13. “Mas,
Ambattha, que mal lhe fizeram os Sakyas?”
“Mestre Gotama,
certa vez fui a Kapilavatthu para tratar de negócios do meu mestre, o Brâmane
Pokkharasati, indo para o salão de reuniões dos Sakyas. Naquela ocasião um
grande número de Sakyas estavam sentados sobre assentos elevados no salão de
reuniões, cutucando uns aos outros com os dedos, rindo e gracejando juntos,
tive a impressão de que eles só estavam se divertindo às minhas custas, e
ninguém me ofereceu um assento. Com relação a isso, não é apropriado que ...
eles não homenageiem os Brâmanes.” Essa foi a segunda vez que Ambattha acusou
os Sakyas de serem servos.
1.14. “Mas, Ambattha, até mesmo a codorna, essa pequena ave, pode piar o
quanto quiser no seu próprio ninho. Kapilavatthu é o lar dos Sakyas, Ambattha.
Eles não merecem censura por tão pouco.”
“Mestre
Gotama, há quatro castas: [7] os Khattiyas, os
Brâmanes, os comerciantes e os trabalhadores. E dessas quatro castas, três, os
Khattiyas, os comerciantes e os trabalhadores, são totalmente subservientes aos
Brâmanes. Com relação a isso, não é apropriado que .. eles não homenageiem os
Brâmanes.” Essa foi a terceira vez que Ambattha acusou os Sakyas de serem
servos.
1.15.
Então, o Abençoado pensou: “Este jovem está se excedendo na ofensa aos Sakyas.
E se eu lhe perguntasse o seu nome de clã?” Assim ele disse: “Ambattha, qual é
o seu clã?” - “Eu sou um Kanha, Mestre
Gotama.”
“Ambattha,
em tempos passados, de acordo com aqueles que se recordam da linhagem
ancestral, os Sakyas eram os senhores e você descende de uma escrava dos Sakyas.
Pois os Sakyas consideram o Rei Okkaka como seu ancestral. Certa ocasião, o Rei
Okkaka, que amava e estimava a rainha, desejando transferir o reino para o
filho dela, baniu os seus irmãos mais velhos do reino - Okkamukha, Karandu,
Hatthiniya e Sinipura. E estes, tendo sido banidos, se estabeleceram aos pés do
Himalaia junto a uma lagoa com flores de lótus na qual havia um grande bosque
de árvores teca. [8] E por temer contaminar a
estirpe, eles coabitavam com as próprias irmãs. Então, o Rei Okkaka perguntou
aos seus ministros e conselheiros: “Onde estão vivendo os príncipes agora?” e
eles lhe disseram. Ouvindo isso o Rei Okkaka exclamou: “Eles são fortes como
teca (saka), esses príncipes, eles são verdadeiros Sakyas!” E assim foi como
os Sakyas obtiveram o seu conhecido nome. E o Rei foi um ancestral dos Sakyas.
1.16.
“Agora, o Rei Okkaka tinha uma escrava chamada Disa, que deu à luz a um bebê
negro. Esse bebê negro, ao nascer, exclamou: ‘Lave-me, mãe! Banhe-me, mãe!
Livre-me dessa sujeira, assim irei lhe proporcionar muito benefício!’ Porque,
Ambatha, assim como as pessoas, hoje, usam o termo demônio, (pisaca),
como designação ofensiva, assim naquela época elas diziam negro, (kanha).
E elas diziam: ‘Nem bem nasceu, ele falou. É um Kanha que nasceu, um negro!’
Assim em tempos passados ... os Sakyas eram os senhores e você descende de uma
escrava dos Sakyas.”
1.17. Ao
ouvir isso, os outros jovens disseram: “Mestre Gotama, não humilhe Ambatha com
essa conversa dele ser descendente de uma escrava: Ambatha é bem nascido, de
boa família, ele é muito estudado, bom orador, um erudito, capaz de se sair
muito bem numa discussão com o Mestre Gotama!”
1.18.
Então, o Abençoado disse para esses jovens: “Se vocês consideram que Ambattha é
mal nascido, não é de boa família, não é estudado, orador medíocre, não é um
erudito, incapaz de se sair muito bem numa discussão com o Mestre Gotama, então
deixem que Ambattha permaneça em silêncio, vocês discutirão comigo. Mas se
vocês pensam que ele é ... capaz de se sair muito bem numa discussão com o
Mestre Gotama, então deixem que ele discuta comigo.”
1.19.
“Ambattha é bem nascido, Mestre Gotama ... Nós ficaremos em silêncio, ele
prosseguirá.”
1.20. Então, o Abençoado disse para Ambattha: “Ambattha, eu lhe farei
uma pergunta que você talvez não queira responder. Se você não responder ou
evadir o assunto, ou ficar em silêncio, ou for embora, a sua cabeça irá se
partir em sete pedaços. O que você pensa Ambattha? Você ouviu de veneráveis
anciãos Brâmanes, mestres de mestres, de onde vieram os Kanhas, quem era o
ancestral deles?” Nisso, Ambattha permaneceu em silêncio. O Abençoado perguntou
uma segunda vez. Novamente Ambattha permaneceu em silêncio e o Abençoado disse:
“Responda agora, Ambattha, agora não é o momento de ficar em silêncio. Se
alguém for questionado com uma pergunta razoável pela terceira vez pelo
Tathagata e ainda assim não responder, a sua cabeça se partirá em sete pedaços
no mesmo instante. [9]
1.21. Agora, naquele momento o yakkha Vajirapani [10]
segurando nas mãos um raio de ferro em chamas, incandescente e
brilhante, apareceu no ar sobre a cabeça de Ambattha, pensando: “Se esse jovem
Ambattha, que foi questionado com uma pergunta razoável pela terceira vez pelo
Tathagata, ainda assim não responder, partirei a sua cabeça em sete pedaços
neste instante.” O Abençoado viu Vajirapani e Ambattha também o viu. Então,
Ambattha ficou amedrontado, alarmado e aterrorizado. Buscando abrigo, proteção
e refúgio no Abençoado, ele disse: “Pergunte, Mestre Gotama, eu responderei.”
“O que você pensa Ambattha? Você ouviu quem era o ancestral dos Kanhas?”
“Sim,
eu ouvi tal qual foi dito pelo Mestre Gotama, essa é a origem dos Kanhas,
aquele foi o ancestral deles.”
1.22. Ao
ouvir isso, os demais jovens fizeram ruído e vociferaram: “Então, Ambattha é
mal nascido, não é de boa família, nascido de uma escrava dos Sakyas, e os
Sakyas são os senhores de Ambattha! Nós menosprezamos o contemplativo Gotama,
pensando que ele não falava a verdade!”
1.23.
Então, o Abençoado pensou: “É excessiva a forma como esses jovens estão
humilhando Ambattha por este ser o filho de uma escrava. Devo ajudá-lo a sair
disso.” Assim, ele disse para aqueles jovens: “Não menosprezem Ambattha em
demasia por ele ser o filho de uma escrava! Aquele Kanha era um sábio poderoso.
[11] Ele foi para o sul, [12]
aprendeu os mantras com os Brâmanes de lá e depois foi até o
Rei Okkaka e pediu a filha dele, Maddarupi, em casamento. O Rei Okkaka,
furiosamente enraivecido, exclamou: ‘Então esse sujeito, filho de uma escrava,
quer a minha filha!’ e colocou uma flecha no arco. Mas ele foi incapaz de
disparar a flecha ou de removê-la. [13] Então,
os ministros e conselheiros foram até o sábio Kanha e disseram: ‘Poupe o rei,
Venerável Senhor, poupe o rei!’
‘O rei
estará a salvo, mas se ele disparar a flecha para baixo, a terra irá tremer em
toda a extensão do reino.”
‘Venerável
Senhor, poupe o rei, poupe o reino!’
‘O rei e o
reino estarão salvos, mas se ele disparar a flecha para cima, em toda a
extensão do reino os devas não permitirão que a chuva caia por sete anos.’ [14]
‘Venerável Senhor, poupe o rei e o reino, e que os devas da chuva façam
chover!’
‘O rei e o
reino estarão salvos e os devas da chuva farão chover, mas se o rei apontar a
flecha para o príncipe herdeiro, o príncipe estará completamente a salvo.’
Então os ministros
exclamaram: ‘Que o Rei Okkaka aponte a flecha para o príncipe herdeiro, o
príncipe estará completamente a salvo!’ O rei assim fez, e o príncipe ficou
ileso. Então, o Rei Okkaka, aterrorizado e temeroso do castigo divino, [15] deu a sua filha Maddarupi em casamento.
Portanto, jovens, não menosprezem Ambattha em demasia por ser um filho de uma
escrava! Aquele Kanha era um sábio poderoso.”
1.24.
Então, o Abençoado disse: “Ambattha, o que você pensa? Suponha que um jovem Khattiya
se casasse com uma jovem Brâmane, e um filho nascesse dessa união. Esse
filho de um jovem Khattiya e uma jovem Brâmane receberia um assento e água dos
Brâmanes?” - “Ele receberia, Mestre Gotama.”
“Eles
permitiriam que ele participasse nos banquetes nas cerimoniais funerárias ou nos
alimentos cozidos no leite, ou nas oferendas para os devas, ou nos
sacrifícios?” - “Eles permitiriam, Mestre Gotama.”
“Eles
ensinariam para ele os mantras ou não?” - “Eles ensinariam, Mestre Gotama.”
“Eles
manteriam as suas esposas cobertas ou descobertas?” - “Descobertas, Mestre
Gotama.”
“Mas os
Khattiyas permitiriam que ele recebesse a consagração Khattiya?” - “Não, Mestre
Gotama.”
“Por que
não?” - “Porque, Mestre Gotama, ele não é bem-nascido por parte da mãe.”
1.25. “O
que você pensa, Ambattha? Suponha que um jovem Brâmane se casasse com uma jovem
Khattiya, e um filho nascesse dessa união. Esse filho de um jovem Brâmane e
uma jovem Khattiya receberia um assento e água dos Brâmanes?” - “Ele receberia,
Mestre Gotama.” ... (igual ao verso 24) “Mas os Khattiyas permitiriam que ele
recebesse a consagração Khattiya?” - “Não, Mestre Gotama.”
“Por que
não?” - “Porque, Mestre Gotama, ele não é bem-nascido por parte do pai.”
1.26.
“Portanto Ambattha, quer seja comparando um homem com um homem ou uma mulher
com uma mulher, os Khattiyas são superiores e os Brâmanes são inferiores. O que
você pensa, Ambattha? Suponha que um certo Brâmane, por ter cometido alguma
ofensa, tenha sido declarado pelos Brâmanes como um fora-da-lei, tendo a cabeça
raspada, com cinzas espalhadas sobre a cabeça, sendo banido do país ou cidade.
Ele receberia um assento e água dos Brâmanes?” - “Não, Mestre Gotama.”
“Eles
permitiriam que ele participasse ... nos sacrifícios?” - “Não, Mestre Gotama.”
“Eles lhe
ensinariam os mantras ou não?” - “Eles não
ensinariam, Mestre Gotama.”
“Eles
manteriam as suas esposas cobertas ou descobertas?” - “Cobertas, Mestre Gotama.”
1.27. “Mas
o que você pensa, Ambattha? Se os Khattiyas tivessem do mesmo modo declarado um
Khattiya como um fora-da-lei ... banido do país ou cidade, ele receberia um
assento e água dos Brâmanes?” - “Ele receberia, Mestre Gotama.” ... (igual ao
verso 24) “Eles manteriam as suas esposas cobertas ou descobertas?” -
“Descobertas, Mestre Gotama.”
“E esse
Khattiya teria sofrido a mais extrema humilhação ao ser declarado como um
fora-da-lei ... banido do país ou cidade. Portanto, mesmo que um Khattiya tenha
sofrido a mais extrema humilhação, ainda assim ele é superior e os Brâmanes são
inferiores.
1.28. “Ambattha, estes versos foram recitados pelo Brahma Sanankumara:
‘Os khattiya são os melhores dentre as pessoas
para aqueles cujo padrão é o clã,
mas aquele com a conduta e o conhecimento consumados
é o melhor dentre devas e humanos.’[a]
Esses versos foram recitados da forma correta, não incorreta, ditos da
forma correta, não incorreta, conectados com o benéfico, não desconectados. E,
Ambattha, eu também digo isso:
Os khattiya são os melhores dentre as pessoas
para aqueles cujo padrão é o clã,
mas aquele com a conduta e o conhecimento consumados
é o melhor dentre devas e humanos.”
[Fim da
primeira seção]
2.1. “Mas,
Mestre Gotama, o que é essa conduta, o que é esse conhecimento?”
“Ambattha,
com relação à suprema conduta-e-conhecimento não há nenhuma referência à
questão do nascimento ou do clã, ou à presunção que diz: ‘Você é tão digno
quanto eu sou, você não é tão digno quanto eu sou!’ Onde há conversa sobre um
matrimônio, sobre dar em casamento, é que há referência a esse tipo de coisa.
Pois todo aquele, Ambattha, que está escravizado à noção de nascimento ou de
clã, ou ao orgulho de uma posição social, ou de parentesco através do
casamento, está muito distante da suprema conduta-e-conhecimento. Só com o
abandono desses vínculos é que alguém pode compreender por si mesmo a suprema
conduta-e-conhecimento.”
2.2 “Mas,
Mestre Gotama, o que é essa conduta, o que é esse conhecimento?”
“Ambattha,
um Tathagata surge no mundo, um arahant, perfeitamente iluminado, consumado
no verdadeiro conhecimento e conduta, bem-aventurado, conhecedor dos mundos, um
líder insuperável de pessoas preparadas para serem treinadas, mestre de devas e
humanos, desperto, sublime. Ele declara - tendo realizado por si próprio com o
conhecimento direto - este mundo com os seus devas, maras e brahmas, esta
população com seus contemplativos e brâmanes, seus príncipes e povo. Ele ensina o
Dhamma, com o significado e fraseado corretos, que é admirável no início,
admirável no meio, admirável no final; e ele revela uma vida santa que é
completamente perfeita e imaculada. Um discípulo segue a vida santa e pratica a
virtude (veja o DN 2, versos 41-62); ele guarda as
portas dos meios dos sentidos, etc. (veja o DN 2, versos
64-74); alcança os quatro jhanas (veja o DN 2, versos
75-82). Assim ele desenvolve a conduta. Ele realiza vários insights, (veja
o DN 2, versos 83-95), e a destruição das impurezas
(veja o DN 2, versos 97 ) ... E além disso, não há
nenhum desenvolvimento adicional de conhecimento e conduta que seja mais
elevado ou mais perfeito.
2.3. “Mas,
Ambattha, no desenvolvimento da suprema conduta-e-conhecimento há quatro
caminhos que levam ao fracasso. Quais são esses? Em primeiro lugar, um
contemplativo ou Brâmane que ainda não logrou alcançar a suprema
conduta-e-conhecimento, toma o seu bastão de carga [16] e mergulha nas profundezas da floresta pensando: ‘A partir de
agora serei um daqueles que vive apenas das frutas caídas.’ Mas assim, deveras,
ele só se torna digno de ser um servente daquele que já alcançou a suprema
conduta-e-conhecimento. Esse é o primeiro caminho que leva ao fracasso. Outra
vez, um contemplativo ou Brâmane que ainda não logrou alcançar a suprema
conduta-e-conhecimento, sendo incapaz de viver apenas das frutas caídas, toma
uma pá e um cesto e mergulha nas profundezas da floresta pensando: ‘A partir de
agora serei um daqueles que vive apenas de raízes e tubérculos.’ [17]
Mas assim, deveras, ele só se torna digno de ser um servente
daquele que já alcançou a suprema conduta-e-conhecimento. Esse é o segundo
caminho que leva ao fracasso. Outra vez, um contemplativo ou Brâmane que ainda
não logrou alcançar a suprema conduta-e-conhecimento, sendo incapaz de viver
apenas das frutas caídas, sendo incapaz de viver de raízes e tubérculos,
prepara um santuário para o fogo, próximo a um vilarejo ou vila, e ali
permanece servindo ao fogo.[18] Mas assim,
deveras, ele só se torna digno de ser um servente daquele que já alcançou a
suprema conduta-e-conhecimento. Esse é o terceiro caminho que leva ao fracasso.
Outra vez, um contemplativo ou Brâmane que ainda não logrou alcançar a suprema
conduta-e-conhecimento, sendo incapaz de viver apenas das frutas caídas, sendo
incapaz de viver de raízes e tubérculos, sendo incapaz de servir ao fogo,
constrói uma casa com quatro portas numa encruzilhada pensando: ‘Qualquer
contemplativo ou Brâmane que venha dos quatro pontos cardeais, eu irei serví-lo
e honrá-lo da melhor forma que possa.’ Mas assim, deveras, ele só se torna
digno de ser um servente daquele que já alcançou a suprema conduta-e-conhecimento.
Esse é o quarto caminho que leva ao fracasso.
2.4. “O que
você pensa, Ambattha? Você e o seu mestre vivem de acordo com a suprema
conduta-e-conhecimento?” - “De fato não, Mestre Gotama! Quem em comparação somos
meu mestre e eu? Nós estamos distantes disso!”
“Muito bem,
Ambattha, então você e o seu mestre, incapazes de alcançar a suprema
conduta-e-conhecimento, poderiam ir com os seus bastões de carga e mergulhar
nas profundezas da floresta, com a intenção de viver das frutas caídas?” - “De
fato não, Mestre Gotama.”
“Muito bem,
Ambattha, então você e o seu mestre, incapazes de alcançar a suprema
conduta-e-conhecimento ... viver de raízes e tubérculos ... servir ao fogo ...
construir uma casa ... ?” - “De fato não, Mestre Gotama.”
2.5.
“Portanto, Ambattha, não só você e o seu mestre são incapazes de alcançar a
suprema conduta-e-conhecimento, mas mesmo os quatro caminhos que levam ao
fracasso estão além do seu alcance. E no entanto, você e o seu mestre, o
Brâmane Pokkharasati, dizem estas palavras: ‘Esses contemplativos carecas,
esses subalternos com a tez escura, descendentes dos pés do Ancestral, que
conversa podem eles ter com os Brâmanes estudados nos Três Vedas?’ – muito
embora você mesmo não seja capaz nem de dar conta das tarefas de alguém que fracassou.
Veja, Ambattha, como o seu mestre o iludiu!
2.6.
“Ambattha, o Brâmane Pokkharasati vive da generosidade e favor do Rei Pasenadi
de Kosala. E no entanto, o Rei não permite que ele tenha uma audiência face a
face. Quando conversa com o Rei ele assim o faz por trás de uma cortina. Com
pode ser, Ambattha, que o mesmo Rei, de quem ele aceita essa renda legal e
honesta, o Rei Pasenadi de Kosala, não o receba pessoalmente? Veja, Ambattha,
como o seu mestre o iludiu!
2.7. “O que
você pensa, Ambattha? Suponha que o Rei Pasenadi de Kosala estivesse montado
num elefante ou num cavalo, ou na sua carruagem, em conferência com os seus
ministros e príncipes sobre algum assunto. E suponha que o Rei se afastasse e
um trabalhador ou o escravo de algum trabalhador viesse e, ficando ali em pé,
dissesse: ‘Isto é o que o Rei Pasenadi de Kosala diz!’ Embora ele possa falar
como o Rei falou ou discutir como o Rei discutiu, ele por isso seria o Rei ou
mesmo um dos ministros do Rei?” - “Com certeza não, Mestre Gotama.”
2.8. “Bem
então, Ambattha, é exatamente a mesma coisa. Aqueles que foram, como você diz,
os antigos brâmanes videntes, os criadores dos mantras, os compositores dos
mantras antigos que antigamente eram recitados, falados e compilados, e que
ainda hoje os brâmanes recitam e repetem, repetindo o que foi dito e recitando o
que foi recitado – isto é, Atthaka, Vamaka, Vamadeva, Vessamitta, Yamataggi,
Angirasa, Bharadvaja, Vasettha, Kassapa e Bhagu [19] – e cujos mantras se diz foram passados para o seu mestre e para
você: no entanto, através disso você não se torna um sábio ou alguém que tenha
habilidade no caminho de um sábio – tal coisa não é possível.
2.9. “O que
você pensa, Ambattha? O que você ouviu ter sido dito pelos Brâmanes que são
veneráveis, anciãos, os mestres dos mestres? Esses antigos brâmanes videntes
... Atthaka, ... Bhagu – eles desfrutavam banhados, perfumados, com o cabelo e
barba aparados, enfeitados com grinaldas e coroas de flores, vestidos de
branco, entregando-se aos prazeres dos cinco sentidos, assim como você e seu
mestre agora fazem?” - “Não, Mestre Gotama.”
2.10. “Ou
eles comiam um arroz de primeira e muitos tipos de molhos e tipos de caril,
assim como você e seu mestre agora fazem?” - “Não, Mestre Gotama.”
“Ou eles se
divertiam com mulheres enfeitadas com toucados, colares e longas saias, assim
como você e seu mestre agora fazem?” - “Não, Mestre Gotama.”
“Ou eles
passeavam em carruagens puxadas por garanhões com os rabos e crinas trançadas,
incitando-os com longas aguilhadas?” - “Não, Mestre Gotama.”
“Ou eles se
mantinham guardados em cidades fortificadas com estacas e valas, protegidos por
homens com longas espadas ... ?” - “Não, Mestre Gotama.”
“Portanto,
Ambattha, nem você e tampouco o seu mestre são sábios, ou vivem de acordo com
as condições que os sábios viviam. Mas com relação às suas dúvidas e
perplexidades no que diz respeito a mim, você pode me perguntar que eu irei
esclarecê-las.”
2.11 Então,
saindo da sua moradia, o Abençoado começou a andar para cá e lá e Ambattha fez o mesmo. E enquanto andava com o
Abençoado, Ambattha procurou pelas trinta e duas marcas de um Grande Homem no
corpo do Abençoado. E ele pode ver todas exceto duas. Ele ficou em dúvida e não
podia ter certeza sobre duas dessas marcas, e não pôde chegar a uma conclusão
sobre elas: sobre a genitália contida numa bainha e sobre o tamanho da língua.
2.12.
Então, ocorreu ao Abençoado que: “Ambattha vê mais ou menos as trinta e duas
marcas de um Grande Homem no meu corpo, exceto duas; ele tem dúvida e incerteza
sobre duas dessas marcas e não pode chegar a uma conclusão sobre elas: sobre a
genitália contida numa bainha e sobre o tamanho da língua.” Então, o Abençoado
através dos seus poderes supra-humanos fez com que Ambattha pudesse ver a sua
genitália contida numa bainha. Em seguida, o Abençoado esticou a língua para
fora, lambendo ambas as orelhas e ambas as narinas e depois cobriu toda a extensão da sua testa com a língua. Então,
Ambattha pensou: “O contemplativo Gotama é dotado de todas as trinta e duas
marcas de um Grande Homem, completas, sem faltar nenhuma.” Assim, ele disse
para o Abençoado: “Mestre Gotama, posso ir agora? Eu tenho muitos afazeres,
muitas coisas para tratar.” - “Ambattha, faça aquilo que você julgar adequado.”
Em seguida, Ambattha montou na carruagem puxada por um jovem garanhão e partiu.
2.13. Nesse
ínterim, o Brâmane Pokkharasati estava sentado no seu parque com um grande
número de Brâmanes, apenas esperando por Ambattha. Então, Ambattha chegou no
parque e foi até onde a estrada permitia o acesso das carruagens e depois
desmontou da sua carruagem e seguiu a pé até onde se encontrava Pokkharasati,
cumprimentando-o e sentando a um lado. Então Pokkharasati disse:
2.14. “Bem,
estimado jovem, você viu o Mestre Gotama?” - “Eu vi, senhor.”
“O relato
sobre o Mestre Gotama é correto ou não, o Mestre Gotama é como dizem?” - “O
relato sobre o Mestre Gotama é correto, não incorreto; e o Mestre Gotama é como
dizem, não de outra forma. Ele possui as trinta e duas marcas de um Grande
Homem.”
“Mas houve
alguma conversa entre você e o contemplativo Gotama?” - “Houve, senhor.”
“E sobre o
que foi a conversa?” Assim, Ambattha relatou a Pokkharasati tudo que havia
ocorrido entre e ele e o Abençoado.
2.15. Em
vista disso Pokkharasati exclamou: “Bem, que belo pequeno erudito, que belo
homem sábio, que belo experto nos Três Vedas! Qualquer um que trate dos seus
assuntos dessa forma deve com a dissolução do corpo, após a morte, renascer num
estado de privação, num destino infeliz, no inferno! Você encheu o Venerável
Gotama de insultos e como resultado disso ele apresentou mais e mais coisas
contra nós! Você é um belo pequeno erudito ... !” Ele estava tão furioso e
enraivecido que chutou Ambattha e queria de uma vez ir ver o Abençoado.
2.16. Mas
os Brâmanes disseram: “É demasiado tarde, senhor, para ir ver hoje o
Contemplativo Gotama. O Venerável Pokkharasati deve ir vê-lo amanhã.”
Então,
Pokkharasati, tendo preparado vários tipos de boa comida na sua casa, saiu
iluminado por tochas de Ukkattha para a floresta de Icchanankala. Ele foi até
onde a estrada permitia o acesso das carruagens e depois desmontou da sua
carruagem e seguiu a pé até onde se encontrava o Abençoado e ambos se cumprimentaram.
Quando a conversa cortês e amigável havia terminado, ele sentou a um lado e
disse:
2.17.
“Venerável Gotama, o nosso pupilo Ambattha veio vê-lo?” - “Ele veio, Brâmane.” - “E
houve uma conversa entre vocês?” - “Sim houve.” - “E a respeito do que foi essa
conversa?”
Então, o
Abençoado relatou a Pokkharasati tudo
que havia acontecido entre ele e Ambattha. Em vista disso, Pokkharasati disse
para o Abençoado: “Venerável Gotama, Ambattha é um jovem tolo. Que o Venerável
Gotama o perdoe.” - “Brâmane, que Ambattha seja feliz.”
2.18-19.
Então, Pokkharasati procurou pelas trinta e duas marcas de um Grande Homem no
corpo do Abençoado. E ele pode ver todas exceto duas. Ele ficou em dúvida e não
podia ter certeza sobre duas dessas marcas, e não pôde chegar a uma conclusão
sobre elas: sobre a genitália contida numa bainha e sobre o tamanho da língua;
mas o Abençoado pacificou a mente dele com relação a isso (igual aos versos
11-12). E Pokkharasati disse para o Abençoado: “Que o Venerável Gotama aceite
de mim hoje uma refeição junto com a Sangha dos bhikkhus!” E o Abençoado
concordou em silêncio.
2.20.
Então, sabendo que o Abençoado havia concordado, Pokkharasati, fez com que se
anunciasse a hora para o Abençoado: “É hora, Mestre Gotama, a refeição está pronta.”
E o Abençoado carregando a sua tigela e o manto externo, foi com a Sangha dos
bhikkhus até a casa de Pokkharasati e sentou num assento que havia sido
preparado. Então, com as próprias mãos Pokkharasati serviu e satisfez o
Abençoado com os vários tipos de boa comida, e os jovens brâmanes serviram os
bhikkhus. Em seguida, quando o Abençoado havia terminado de comer e retirado a
mão da sua tigela, Pokkharasati sentou a um lado, num assento mais baixo.
2.21 Então, o Abençoado transmitiu o ensino gradual ao Brâmane
Pokkharasati, isto é, ele falou sobre a generosidade, sobre a virtude, sobre o
paraíso; ele explicou o perigo, a degradação e as contaminações dos prazeres
sensuais e as vantagens da renúncia. Quando ele percebeu que a mente do Brâmane
Pokkharasati estava pronta, receptiva, livre de obstáculos, satisfeita, clara, com serena confiança, ele
explicou o ensinamento particular dos Budas: o sofrimento, a sua origem, a sua
cessação e o caminho. Tal qual um pano limpo, com todas as manchas removidas,
irá absorver um corante de modo adequado, assim também, enquanto o Brâmane
Pokkharasati estava ali sentado, a visão imaculada do Dhamma surgiu nele: “Tudo
que está sujeito ao surgimento está sujeito à cessação.”
2.22. Pokkharasati, tendo visto o Dhamma, realizado o Dhamma, compreendido o Dhamma,
examinado a fundo o Dhamma, superou a dúvida, eliminou a perplexidade, obteve a
intrepidez e se tornou independente dos outros na Revelação do Mestre, dizendo:
“Magnífico, Mestre Gotama! Magnífico, Mestre Gotama! O Mestre Gotama esclareceu
o Dhamma de várias formas, como se tivesse colocado em pé o que estava de
cabeça para baixo, revelasse o que estava escondido, mostrasse o caminho para
alguém que estivesse perdido ou segurasse uma lâmpada no escuro para aqueles
que possuem visão pudessem ver as formas. Eu, junto com meu filho, minha
esposa, meus ministros e conselheiros, buscamos refúgio no Mestre Gotama, no
Dhamma e na Sangha dos bhikkhus. [20] Que o Mestre Gotama nos aceite como discípulos leigos
que nele buscaram refúgio para o resto da vida. E sempre que o Venerável Gotama
visitar outras famílias e discípulos leigos em Ukkattha, que ele também visite
a família de Pokkharasati! Qualquer jovem brâmane que ali se encontre irá então
homenagear e reverenciar o Venerável Gotama, arrumará para ele um assento e
água, e se sentirá feliz por isso; e isso será para o benefício dele por muito
tempo.”
“Muito bem
dito, Brâmane.”
Notas:
[1] Uma frase padrão que aparece com
freqüência nos suttas, tal como no DN 4.1, 5.1, MN
95.1, etc. [Retorna]
[2] Outra frase padrão. [Retorna]
[3] As trinta e duas marcas são o objeto do Lakkhana Sutta, DN 30. Nesse sutta cada uma das
marcas é explicada como o fruto de kamma de uma virtude em particular
aperfeiçoada pelo Buda durante as suas existências anteriores como um
bodisatva. Claramente elas são importantes
para os Brâmanes para estabelecer as credenciais do ‘contemplativo Gotama.’
Veja também o MN 91. [Retorna]
[6] MA: O mundo, envelopado pela obscuridade das
contaminações, está coberto por sete véus: cobiça, raiva, delusão, presunção, idéias,
ignorância e conduta imoral. Tendo já removido esses véus, o Buda permanece irradiando
luz por todos os lados.[Retorna]
[7] Esta divisão em quatro grupos mostra um
estágio inicial do sistema de castas. Na época do Buda, na sua terra natal, os
Khattiyas, (Nobres guerreiros), aos quais ele pertencia, ainda constituíam a
primeira casta, com os Brâmanes em segundo lugar, embora estes últimos já
tivessem se estabelecido como a casta superior nas regiões mais a oeste e
estavam claramente lutando por esta posição na terra natal do Buda. O Buda com
freqüência se refere a um agrupamento distinto: Khattiyas, Brâmanes, chefes de
família e contemplativos. [Retorna]
[8] Sakasanda. A palavra saka
também pode significar ‘erva,’ mas neste caso com certeza tem o outro
significado de ‘teca.’ [Retorna]
[9] Uma ameaça curiosa que nunca é
concretizada e deve certamente ser pré-Budista. [Retorna]
[10] Este yakkha, equiparado a Indra no DA,
está preparado, igual ao MN 35.14, para concretizar
a ameaça. Dessa forma, uma das antigas divindades é vista apoiando a nova
religião. Em textos Mahayana encontramos um Bodisatva com o mesmo nome. [Retorna]
[11] Isi (em Sânscrito rsi,
ocidentalizado como ‘rishi’). Deve ele ser identificado com Krishna (Sânscrito Krsna
= Pali Kanha)?[Retorna]
[12] Dakkhina janapada: ocidentalizado
como Deccan.[Retorna]
[13] De acordo com o DA, este era chamado o
‘feitiço Ambattha’.[Retorna]
[14] Um blefe de acordo com DA: na verdade o feitiço era capaz apenas de
evitar que a flecha fosse disparada.[Retorna]
[15] Brahmadanda: ‘castigo extremo’
(com um outro significado no DN 16.6.4).[Retorna]
[a] Veja o SN VI.11.
[Retorna]
[16] Um bastão ou canga para carregar os
pertences.[Retorna]
[17] Isto é, cavando as raízes e tubérculos,
algo que o primeiro não fez.[Retorna]
[18] O fogo sagrado, ou talvez Aggi (Agni) o
deus do fogo.[Retorna]
[19] Os antigos rishis associados com os
mantras dos Vedas (de acordo com o DN 13.13). Com
relação ao que segue veja também o DN 27.22. [Retorna]
[20] Pokkharasati ao que parece não havia
consultado a esposa, família e dependentes. Quando Uruvela-Kassapa
quis juntar-se à Sangha, o Buda fez com que ele primeiro consultasse os seus
500 discípulos. Mas é lógico que há uma grande diferença entre tornar-se um
discípulo leigo e juntar-se à Sangha. [Retorna]
Revisado: 14 Setembro 2013
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