Digha Nikaya 14
Mahapadana Sutta
O Grande Discurso sobre a Linhagem
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1.1. Assim
ouvi. Em certa ocasião, o Abençoado estava
em Savatthi no Bosque de Jeta, no Parque de Anathapindika, no
acampamento de Kareri. E vários bhikkhus que haviam se reunido, depois de
retornar da esmola de alimentos, após a refeição, sentados no pavilhão de
Kareri, começaram a discutir com seriedade sobre vidas passadas e eles diziam:
“Deste modo era numa vida passada”, ou “Daquele modo era.”
1.2. Então,
o Abençoado por meio do ouvido divino, que é purificado e ultrapassa o humano,
ouviu aquilo que eles diziam. Levantando do seu assento, ele foi até o pavilhão
de Kareri, sentou-se num assento que havia sido preparado e disse: “Qual é o
assunto que faz com que vocês estejam sentados juntos aqui, agora, bhikkhus? E
qual é a discussão que foi interrompida?” E eles lhe disseram.
1.3.”Muito
bem , bhikkhus, vocês gostariam de ouvir um discurso apropriado sobre vidas
passadas?” - “Venerável Senhor, agora é o momento! Seria bom se o venerável
senhor pudesse discursar sobre vidas passadas, tendo ouvido do Abençoado os
bhikkhus o recordarão!” Bem então, bhikkhus, ouçam e prestem muita atenção
àquilo que eu vou dizer.” – “Sim, venerável senhor,” os bhikkhus responderam. O
Abençoado disse o seguinte:
1.4. “Bhikkhus, noventa e um éons atrás, o Abençoado, um arahant,
perfeitamente iluminado Buda Vipassi surgiu no mundo. Trinta e um éons atrás, o
Buda Sikhi surgiu; nesse mesmo éon, o Buda Vessabhu surgiu. E neste presente
éon afortunado, os Budas Kakusandha,
Konagamana e Kassapa surgiram no mundo. E, bhikkhus, neste presente éon
afortunado, eu surgi no mundo como um um arahant,
perfeitamente iluminado.
1.5. “O
Buda Vipassi nasceu como um khattiya, (nobre),
e cresceu numa família khattiya; o Buda Sikhi da mesma maneira; o Buda
Vessabhu da mesma maneira; o Buda Kakusandha nasceu como um brâmane e cresceu
numa família brâmane; o Buda Konagamana da mesma maneira; o Buda Kassapa da
mesma maneira; e eu, bhikkhus, que agora sou o Buda, um arahant, perfeitamente iluminado,
nasci como um khattiya e cresci numa família khattiya.
1.6. “O
Buda Vipassi pertencia ao clã Kondañña; o Buda Sikhi também; o Buda Vessabhu
também; o Buda Kakusandha pertencia ao clã Kassapa; o Buda Konagamana também; o
Buda Kassapa também; eu que sou agora o Buda, um arahant, perfeitamente iluminado,
pertenço ao clã Gotama.
1.7. “Na época do Buda Vipassi o tempo de vida era de oitenta mil anos;
na época do Buda Sikhi setenta mil anos; na época do Buda Vessabhu sessenta
mil; na época do Buda Kakusandhu quarenta mil; na época do Buda Konagamana
trinta mil; na época do Buda Kassapa era de vinte mil anos. Na minha época o
tempo de vida é curto, limitado e passageiro: é raro que alguém viva até os cem
anos.
1.8. “O
Buda Vipassi realizou a perfeita iluminação ao pé de uma árvore padiri; o Buda
Sikhi ao pé de uma mangueira branca; o Buda Vessabhu ao pé de uma árvore Sal; o
Buda Kakusandha ao pé de uma acácia; o Buda Konagamana ao pé de uma figueira; o
Buda Kassapa ao pé de uma figueira-de-bengala; e eu realizei a perfeita
iluminação ao pé de uma figueira-dos-pagodes.
1.9. “O
Buda Vipassi tinha o par de nobres discípulos Khanda e Tissa; o Buda Sikhi
tinha Abhibhu e Sambhava; o Buda Vessabhu tinha Sona e Uttara; o Buda
Kakusandha tinha Vidhura e Sanjiva; o Buda Konagamana tinha Bhiyyosa e Uttara;
o Buda Kassapa tinha Tissa e Bharadvaja; e eu agora tenho o par de nobres
discípulos Sariputta e Moggallana.
1.10. “O
Buda Vipassi tinha três congregações de discípulos: uma com seis milhões e oitocentos
mil, outra com cem mil e outra com oitenta mil bhikkhus e nessas três
congregações todos eram arahants; o Buda Sikhi tinha três congregações de
discípulos: uma com cem mil, outra com oitenta mil, outra com setenta mil
bhikkhus – todos arahants; o Buda Vessabhu tinha três congregações: uma com
oitenta mil, outra com setenta mil, outra com sessenta mil bhikkhus – todos
arahants; o Buda Kakusandha tinha uma congregação com quarenta mil bhikkhus –
todos arahants; o Buda Konagamana tinha uma congregação com trinta mil bhikkhus
– todos arahants; o Buda Kassapa tinha uma congregação com vinte mil bhikkhus –
todos arahants; eu, bhikkhus, tenho uma congregação de discípulos, mil duzentos
e cinqüenta bhikkhus e essa única congregação consiste só de arahants.
1.11. “O
acompanhante pessoal do Buda Vipassi era o bhikkhu Asoka; do Buda Sikhi era
Khemankara; do Buda Vessabhu era Upasannaka; do Buda Kakusandhu era Vuddhija;
do Buda Konagamana era Sotthija; do Buda Kassapa era Sabbamitta; meu
acompanhante pessoal agora é Ananda.
1.12. “O
pai do Buda Vipassi era o Rei Bandhuma, a sua mãe era a Rainha Bandhumati, e a
capital real do Rei Bandhuma era Bandhumati. O pai do Buda Sikhi era o Rei
Aruna, a sua mãe era a Rainha Pabhavati; a capital real do Rei Aruna era Arunavati.
O pai do Buda Vessabhu era o Rei Suppatita, a sua mãe era a Rainha Yasavati; a
capital real do Rei Suppatita era Anopama. O pai do Buda Kakusandha era o
Brâmane Aggidatta, a sua mãe era a Brâmane Visakha. O rei naquela época era
Khema; a sua capital era Khemavati. O pai do Buda Konagamana era o Brâmane
Yaññadatta, a sua mãe era a Brâmane Uttara. O rei naquela época era Sobha; a
sua capital era Sobhavati. O pai do Buda Kassapa era o Brâmane Brahmadatta, a
sua mãe era a Brâmane Dhanavati. O rei naquela época era Kiki; a sua capital
era Benares. E agora, bhikkhus, meu pai é o Rei Suddhodana, minha mãe era a
Rainha Maya e a capital real é Kapilavatthu.”
Isso foi o
que o Abençoado disse e em seguida ele levantou do seu assento e foi para a sua
moradia.
1.13. Pouco
tempo depois do Abençoado haver partido uma outra discussão teve início entre
os bhikkhus: “É maravilhoso, amigos, é admirável, quão poderoso e hábil é o
Tathagata! Pois ele é capaz de saber sobre os Budas do passado – que realizaram
o Parinibbana, eliminaram [o emaranhado da] proliferação, cortaram o desejo,
deram fim ao ciclo e superaram todo o sofrimento – que para aqueles Abençoados,
o nascimento deles havia sido assim, os seus nomes foram esses, os seus clãs
foram esses, as suas virtudes eram assim, o estado deles [de concentração] era
assim, a sabedoria deles era assim, a sua permanência [nas realizações] era
assim, a libertação deles foi assim. Mas então, amigos, qual é o tipo de
conhecimento penetrante através do qual ele se recorda disso tudo ... ? Algum
deva revelou esse conhecimento para ele?” Essa era a conversa daqueles bhikkhus
que viria a ser interrompida.
1.14. Então
o Abençoado, saindo do seu isolamento foi até o pavilhão de Kareri, sentou-se
num assento que havia sido preparado e disse: “Qual é o assunto que faz com que
vocês estejam sentados juntos aqui agora, bhikkhus? E qual é a discussão que
foi interrompida?” E eles lhe disseram.
1.15. “O Tathagata compreende essas coisas ... através da penetração dos
princípios do Dhamma; e os devas também lhe contaram. Muito bem, bhikkhus,
vocês querem ouvir ainda mais sobre vidas passadas?” - “Venerável Senhor, agora é
o momento! Seria bom se o venerável senhor pudesse discursar sobre vidas
passadas, tendo ouvido do Abençoado os bhikkhus o recordarão!” - “Bem então,
bhikkhus, ouçam e prestem muita atenção àquilo que eu vou dizer.” – “Sim,
venerável senhor,” os bhikkhus responderam. O Abençoado disse o seguinte:
1.16.
“Bhikkhus, noventa e um éons atrás, o Abençoado, um arahant, perfeitamente
iluminado Buda Vipassi surgiu no mundo. Ele nasceu como um khattiya e cresceu
numa família khattiya. Ele pertencia ao clã Kondañña. O tempo de vida dele era
de oitenta mil anos. Ele realizou a perfeita iluminação ao pé de uma árvore
padiri. Ele tinha o par de nobres discípulos Khanda e Tissa. Ele tinha três
congregações de discípulos: uma com seis milhões e oitocentos mil, outra com
cem mil e outra com oitenta mil bhikkhus e nessas três congregações todos eram
arahants. O seu acompanhante pessoal era o bhikkhu Asoka. O seu pai era o Rei
Bandhuma, a sua mãe era a Rainha Bandhumati e a capital real do Rei Bandhuma
era Bandhumati.
1.17. “Então, bhikkhus, o Bodisatva Vipassi faleceu no paraíso de Tusita
e descendeu no ventre da sua mãe. [1] Essa,
bhikkhus, é a lei.[2]
“É a lei,
bhikkhus, que quando um Bodisatva falece no paraíso de Tusita e descende no
ventre da sua mãe, então uma grande e imensurável luminosidade superando o esplendor
dos devas aparece no mundo com os seus devas, maras e brahmas, com os seus
contemplativos e brâmanes, seus príncipes e povo. E mesmo nos intervalos
abismais entre os mundos, vazios, sombrios e completamente escuros, onde a lua
e o sol, apesar de fortes e poderosos, não são capazes de fazer prevalecer a
sua luz – lá também aparece uma grande e imensurável luminosidade superando o
esplendor dos devas. E os seres que ali nasceram percebem uns aos outros
através daquela luz: “Então, outros seres, de fato, surgiram aqui.” [3] E este imenso universo se agita, sacode e
treme e lá também aparece uma luminosidade grande e imensurável superando o
esplendor dos devas. Essa é a lei.
“É a lei
que quando um Bodisatva descende no ventre da sua mãe, quatro jovens devas [4] vêm protegê-lo nos quatro quadrantes de modo
que nenhum humano ou não humano, ou qualquer um, possam causar dano ao
Bodisatva ou à mãe dele. Essa é a lei.
1.18. “É a
lei que quando um Bodisatva descende no ventre da sua mãe, ela se torna
virtuosa de forma intrínseca, abstendo-se de matar seres vivos, de tomar aquilo
que não é dado, da conduta imprópria com relação aos prazeres sensuais, da
linguagem mentirosa e do vinho, álcool e outros embriagantes que causam a
negligência. Essa é a lei.
1.19. “É a
lei que quando um Bodisatva descende no ventre da sua mãe, nenhum pensamento
sensual surge nela com relação aos homens, e ela está inacessível a qualquer
homem que tenha uma mente lasciva. Essa é a lei.
1.20. “É a
lei que quando um Bodisatva descende no ventre da sua mãe, ela obtém os cinco
elementos do prazer sensual e assim provida e dotada, ela deles desfruta. Essa
é a lei.
1.21. “É a
lei que quando um Bodisatva descende no ventre da sua mãe, nenhum tipo de
aflição surge nela, ela está feliz e livre do cansaço corporal. Ela vê o
Bodisatva no seu ventre com todos os seus membros, sem estar desprovido de
qualquer faculdade. Suponham que um fio azul, amarelo, vermelho, branco ou
marrom fosse passado por uma fina gema de berilo da mais pura água, com oito
facetas, bem lapidada, e um homem com boa visão a tomasse nas mãos e examinasse
assim: ‘Esta é uma fina gema de berilo da mais pura água, com oito facetas, bem
lapidada e através dela passa esse fio azul, amarelo, vermelho, branco ou
marrom’; assim também quando o Bodisatva
descende no ventre da sua mãe ... Ela vê o Bodisatva no seu ventre com todos os
seus membros, sem estar desprovido de qualquer faculdade.” Essa é a lei.
1.22 “É a lei
que a mãe do Bodisatva morre sete dias depois do seu nascimento e renasce no
paraíso de Tusita. Essa é a lei.
1.23. “É a
lei que outras mulheres dão à luz depois de carregar o feto no ventre por nove
ou dez meses, mas não a mãe do Bodisatva. A mãe do Bodisatva dá à luz depois de
carregá-lo no ventre por exatos dez meses. Essa é a lei.
1.24. “É a
lei que outras mulheres dão à luz sentadas ou deitadas, mas não a mãe do
Bodisatva. A mãe do Bodisatva dá à luz em pé. Essa é a lei.
1.25. “É a
lei que quando o Bodisatva sai do ventre da sua mãe, primeiro devas o recebem e
depois os seres humanos. Essa é a lei.
1.26. “É a
lei que quando o Bodisatva sai do ventre da sua mãe, ele não toca a terra. Os
quatro jovens devas o recebem e o colocam à frente da sua mãe dizendo:
‘Alegre-se, rainha, um filho com grande poder acaba de nascer.’ Essa é a lei.
1.27. “É a
lei que quando o Bodisatva sai do ventre da sua mãe ele sai imaculado, sem
manchas de água ou humores ou sangue ou qualquer tipo de impureza, limpo e imaculado.
Suponham que houvesse uma gema colocada sobre um tecido de Kasi, então a gema
não iria manchar o tecido ou o tecido a gema. Por que isso? Devido à pureza de
ambos. Assim também quando o Bodisatva sai do ventre da sua mãe ... limpo e
imaculado. Essa é a lei.
1.28. “É a
lei que quando o Bodisatva sai do ventre da sua mãe dois jatos de água aparecem
jorrando do céu, um frio e o outro quente, para banhar o Bodisatva e a sua mãe.
Essa é a lei.
1.29. “É a
lei que assim que o Bodisatva sai do ventre da sua mãe ele fica em pé, firme
com os pés sobre a terra; então ele caminha sete passos para o norte, e com um
pára-sol branco mantido sobre si, ele inspeciona cada quadrante e pronuncia as
palavras do Líder do Rebanho: ‘Eu sou o superior no mundo; Eu sou o melhor no
mundo; Eu sou o primeiro no mundo. Este
é o meu último nascimento; agora não haverá outro devir para mim.’ [5] Essa é a lei.
1.30. “É a
lei que assim que o Bodisatva sai do ventre da sua mãe, então uma grande e
imensurável luminosidade, superando o esplendor dos devas, aparece no mundo com
os seus devas, maras e brahmas, com os seus contemplativos e brâmanes,
seus príncipes e povo. E mesmo nos
intervalos abismais entre os mundos, vazios, sombrios e completamente escuros,
onde a lua e o sol, apesar de fortes e poderosos, não são capazes de fazer
prevalecer a sua luz – lá também aparece uma grande e imensurável luminosidade
superando o esplendor dos devas. E os seres que ali nasceram percebem uns aos
outros através daquela luz: ‘Então outros seres, de fato, surgiram aqui.’ E
este imenso universo se agita, sacode e treme e lá também aparece uma
luminosidade grande e imensurável superando o esplendor dos devas. Essa é a lei.[6]
1.31. “Bhikkhus, quando o Príncipe Vipassi nasceu, eles o mostraram ao
Rei Bandhuma e disseram: ‘Majestade, o seu filho nasceu. Condescenda, Senhor,
olhe para ele.’ O rei olhou para o príncipe e depois disse para os Brâmanes que
têm conhecimento das marcas: ‘Vocês senhores, têm conhecimento das marcas,
examinem o príncipe.’ Os Brâmanes examinaram o príncipe e disseram para o Rei
Bandhuma: ‘Senhor, alegre-se pois um filho poderoso nasceu. É um ganho para
você, Senhor, é um grande ganho para você, Senhor, que um filho assim tenha
nascido na sua família. Senhor, este príncipe está dotado com as trinta e duas
marcas de um Grande Homem. O grande
homem que as possui tem apenas dois possíveis destinos, nenhum outro. Se ele viver a vida em família ele
se tornará um Monarca que gira a roda, um monarca justo que governará de acordo com o
Dhamma; conquistador dos quatro pontos cardeais, que estabelecerá a segurança
no seu reino e que possuirá os sete tesouros. Que são: a Roda Preciosa, o
Elefante Precioso, o Cavalo Precioso, a Jóia Preciosa, a Mulher Preciosa, o
Tesoureiro Precioso e como sétimo o Conselheiro Precioso. Ele terá mais de mil
filhos que serão corajosos e heróicos e que aniquilarão os exércitos inimigos.
Ele governará, tendo conquistado esta terra circundada pelo mar, sem bastão ou
espada, através do Dhamma. Mas se ele deixar a vida em família e seguir a vida
santa, então ele se tornará um arahant, um Buda perfeitamente iluminado, aquele
que remove o véu do mundo.’
1.32. “’E
quais, Senhor, são essas trinta e duas marcas? [7] (1) Ele tem tem os pés
chatos. (2) Nas solas dos seus pés há rodas com mil raios e cubo, toda
completa. (3) Ele tem os calcanhares protuberantes. (4) Os dedos dos pés e das
mãos são longos. (5) As mãos e os pés são suaves e delicados. (6) As mãos e os
pés são reticulados. (7) Os seus tornozelos são alongados. (8) As suas pernas
são como as de um antílope. (9) Quando ele fica em pé sem se inclinar, as
palmas de ambas mãos tocam os joelhos. (10) A sua genitália está contida numa
bainha. (11) A sua complexão é brilhante, de cor dourada. (12) A sua pele é
sutil e devido à sutileza da sua pele, a poeira e a sujeira não aderem ao seu
corpo. (13) Os pelos do corpo crescem separadamente, cada um no seu poro. (14)
As pontas dos pelos do corpo são curvadas para cima; a cor dos pelos é preta
azulada, enrolados para a direita. (15) Ele tem os membros retos de um Brahma.
(16) Ele tem sete convexidades. (17) Ele tem o torso de um leão. (18) Não há um
sulco entre os ombros. (19) Ele tem as proporções de uma figueira-de-bengala; a
envergadura dos seus braços equivale à altura do seu corpo, e a altura do seu
corpo equivale à envergadura dos seus braços. (20) O seu pescoço e ombros são
nivelados. (21) O seu paladar é excepcionalmente apurado. (22) Ele tem a
mandíbula de um leão. (23) Ele tem quarenta dentes. (24) Os seus dentes são
nivelados. (25) Os seus dentes não têm espaços. (26) Os seus dentes são bem
brancos. (27) Ele tem uma língua muito grande. (28) Ele tem uma voz divina,
como o gorjeio de um pássaro. (29) Os seus olhos são de um azul profundo. (30)
Ele tem os cílios de um touro. (31) Ele tem pelos no espaço entre as
sobrancelhas e eles são brancos com o brilho do algodão macio. (32) A sua
cabeça tem o formato de um turbante.’
1.33.
“’Senhor, este príncipe está dotado com as trinta e duas marcas de um Grande
Homem. O grande homem que as possui tem
apenas dois possíveis destinos, nenhum outro. Se ele viver a vida em família ele se tornará um Monarca que gira a roda,
um monarca justo que irá governar de acordo com o Dhamma ... Mas se ele deixar
a vida em família e seguir a vida santa, então ele se tornará um arahant, um
Buda perfeitamente iluminado, aquele que remove o véu do mundo.’
“Então o
Rei Bandhuma, tendo provido aqueles Brâmanes com roupas novas, satisfez todos
os desejos deles.
1.34. “E o
Rei Bandhuma nomeou amas para o Príncipe Vipassi. Algumas o amamentavam,
algumas o banhavam, algumas o carregavam, algumas o embalavam. Uma sombrinha
branca era mantida sobre a cabeça dele durante o dia e noite para protegê-lo do
frio, calor, poeira, sujeira e orvalho. E o Príncipe Vipassi era muito amado
pelo povo. Da mesma forma como todos amam uma flor de lótus azul, amarela ou
branca, assim também todos amavam o Príncipe Vipassi. Assim ele era levado de
colo em colo.
1.35. “E o
Príncipe Vipassi tinha uma voz doce, uma bela voz, encantadora e deliciosa.
Assim como nas montanhas do Himalaia há um pássaro com a voz mais doce, mais
bela, mais encantadora e deliciosa que os demais pássaros, da mesma forma a voz
do Príncipe Vipassi era a mais fina de todos.
1.36. “E devido
aos resultados de kamma passado, o olho divino estava presente no Príncipe
Vipassi, por meio do qual ele era capaz de enxergar a uma légua de distância
quer fosse dia ou noite.
1.37. “E o
Príncipe Vipassi era atento sem pestanejar, como os reis do Trinta e Três. E
porque diziam que ele era atento sem pestanejar, o príncipe passou a ser
chamado ‘Vipassi’. [8] Quando o Rei Bandhuma
estava julgando um caso, ele sentava o Príncipe Vipassi no seu joelho e o
instruía sobre o caso. Então, colocando-o no chão, o seu pai lhe explicava com
cuidado os pontos em questão. E por essa razão ainda mais o chamavam Vipassi.
1.38.
“Então, o Rei Bandhuma fez com que se construíssem três palácios para o
Príncipe Vipassi, um para a estação fria, um para a estação quente e um para a
estação das chuvas. Durante os quatro meses da estação das chuvas ele era
entretido no palácio para a estação das chuvas por menestréis e não havia
nenhum homem entre eles, e ele não saía nunca do palácio.”
[Fim da
primeira recitação (a seção do nascimento)]
2.1.
“Então, bhikkhus, depois de haver passado muitos anos, muitas centenas e
milhares de anos, o Príncipe Vipassi disse para o seu cocheiro: ‘Arreie algumas
finas carruagens, cocheiro! Nós iremos até o parque das delícias para
inspecioná-lo!’ O cocheiro assim fez e depois comunicou ao Príncipe: ‘Alteza
Real, as finas carruagens estão arreadas, faça como julgar adequado.’ E o
Príncipe Vipassi subiu na carruagem e saiu em procissão para o parque das
delícias.
2.2 “E
enquanto ele estava sendo conduzido para o parque das delícias, o Príncipe
Vipassi viu um velho, curvado como o suporte de um telhado, apoiando-se sobre
uma bengala, cambaleante, frágil, a juventude perdida. Vendo aquilo ele disse
para o cocheiro:
‘Cocheiro,
qual é o problema daquele homem? O cabelo dele não é igual ao cabelo dos outros
homens, o corpo dele não é igual ao corpo dos outros homens.’
‘Príncipe,
isso é o que é chamado um homem velho.’
‘Mas por que
ele é chamado homem velho?’
‘Ele é chamado
velho, Príncipe, porque ele não tem mais muito tempo de vida.’
‘Mas eu
estou sujeito a ficar velho e não estou livre da velhice?
‘Nós dois,
Príncipe, estamos sujeitos a ficar velhos e não estamos livres da velhice.’
‘Muito bem,
então, cocheiro, já basta de parque das delícias por hoje. Regresse ao
palácio.’ - ‘Muito bem, Príncipe’, o cocheiro disse e levou o Príncipe Vipassi de
volta ao palácio. [9]
Chegando ao palácio, o Príncipe Vipassi foi tomado pela lamentação e
tristeza, chorando: ‘Que vergonha essa coisa do nascimento, pois para aquele
que nasce a velhice tem que se manifestar!’
2.3.
“Então, o Rei Bandhuma chamou o cocheiro e disse: ‘Então, o príncipe não se
divertiu no parque das delícias? Ele não ficou feliz?’ - ‘Majestade, o príncipe
não se divertiu, ele não estava feliz lá.’ - ‘O que foi que ele viu no caminho?’
Então o cocheiro contou ao Rei tudo que havia acontecido.
2.4. “Então
o Rei Bandhuma pensou: ‘O Príncipe Vipassi não deve renunciar ao trono, ele não
deve deixar a vida em família e seguir a vida santa – as palavras dos Brâmanes
estudados nas marcas não devem se concretizar!’ Assim o Rei proveu o Príncipe
Vipassi com ainda mais prazeres dos cinco sentidos, de modo que ele governasse
o reino e não deixasse a vida em família pela vida santa ... E assim o príncipe
seguiu desfrutando os prazeres na dependência dos cinco sentidos.
2.5 “Depois
de passados muitas centenas de milhares de anos o Príncipe Vipassi ordenou ao
seu cocheiro que o levasse até o parque das delícias (igual ao verso 2.1)
2.6 “E
enquanto ele estava sendo conduzido para o parque das delícias, o Príncipe
Vipassi viu um homem, aflito, sofrendo e gravemente enfermo, deitado
emporcalhado no seu próprio excremento e urina, erguido por uns e deitado por
outros. Vendo aquilo ele disse para o cocheiro:
‘Cocheiro,
qual é o problema daquele homem? Os olhos dele não são como os olhos dos outros
homens, a cabeça dele não é igual à cabeça dos outros homens.’
‘Príncipe,
isso é o que é chamado um homem enfermo.’
‘Mas por que
ele é chamado homem enfermo?’
‘Ele é
chamado enfermo, Príncipe, porque ele dificilmente irá se recuperar da
enfermidade.’
‘Mas eu
estou sujeito à enfermidade e não estou livre da enfermidade?
‘Nós dois, Príncipe,
estamos sujeitos à enfermidade e não estamos livres da enfermidade.’
‘Muito bem,
então, cocheiro, já basta de parque das delícias por hoje. Regresse ao
palácio.’ - ‘Muito bem, Príncipe’, o cocheiro disse e levou o Príncipe Vipassi de
volta ao palácio.
Chegando ao
palácio, o Príncipe Vipassi foi tomado pela lamentação e tristeza, chorando:
‘Que vergonha essa coisa do nascimento, pois aquele que nasce tem que
experimentar a enfermidade!’
2.7.
“Então, o Rei Bandhuma chamou o cocheiro, que contou ao Rei tudo que havia
acontecido.
2.8. “O Rei
proveu o Príncipe Vipassi com ainda mais prazeres dos cinco sentidos, de modo
que ele governasse o reino e não deixasse a vida em família pela vida santa ...
2.9 “Depois
de passados muitas centenas de milhares de anos o Príncipe Vipassi ordenou ao
seu cocheiro que o levasse até o parque das delícias ... (igual ao verso 2.1)
2.10. “E
enquanto ele estava sendo conduzido para o parque das delícias, o Príncipe
Vipassi viu muitas pessoas se aglomerando, vestidas com roupas de várias cores
e carregando um caixão. Vendo aquilo ele disse para o cocheiro:
‘Cocheiro,
por que aquelas pessoas carregam aquele caixão?
‘Príncipe,
isso é o que se chama um homem morto.’
‘Leve-me
até onde está o homem morto.’
‘Muito bem,
Príncipe, o cocheiro disse e assim fez. E o Príncipe Vipassi olhou para o corpo
do homem morto. Então ele disse para o cocheiro:
‘Por que ele
é chamado homem morto?’
‘Príncipe,
ele é chamado homem morto porque agora os seus pais e parentes não o verão mais
e ele também não os verá mais.’
‘Mas eu
estou sujeito à morte e não estou livre da morte?
‘Nós dois,
Príncipe, estamos sujeitos à morte e não estamos livres da morte.’
‘Muito bem,
então, cocheiro, já basta de parque das delícias por hoje. Regresse ao palácio.’ -
‘Muito bem, Príncipe’, o cocheiro disse e levou o Príncipe Vipassi de volta ao
palácio.
Chegando ao
palácio, o Príncipe Vipassi foi tomado pela lamentação e tristeza, chorando:
‘Que vergonha essa coisa do nascimento, pois para aquele que nasce, a morte tem
que se manifestar!’
2.11.
“Então, o Rei Bandhuma chamou o cocheiro, que contou ao Rei tudo que havia
acontecido.
2.12. “O
Rei proveu o Príncipe Vipassi com ainda mais prazeres dos cinco sentidos ...
2.13 “Depois
de passados muitas centenas de milhares de anos o Príncipe Vipassi ordenou ao
seu cocheiro que o levasse até o parque das delícias ... (igual ao verso 2.1)
2.14. “E
enquanto ele estava sendo conduzido para o parque das delícias, o Príncipe
Vipassi viu um homem com a cabeça raspada, um contemplativo vestido com um
manto de cor ocre. Vendo aquilo ele disse para o cocheiro:
‘Cocheiro,
qual é o problema daquele homem? A cabeça dele não é igual à cabeça dos outros
homens, a roupa dele não é igual à roupa dos outros homens.’
‘Príncipe,
isso é o que se chama um contemplativo.’
‘Mas por que
ele é chamado contemplativo?’
‘Ele é
chamado contemplativo, Príncipe, porque de modo correto ele segue o Dhamma, de
modo correto ele vive tranqüilo, realiza ações hábeis, pratica méritos, ele é
inofensivo, com a correta compaixão pelos seres vivos.’
‘Cocheiro,
bendito aquele que seguiu a vida santa ... Leve-me até onde ele está.’
‘Muito bem,
Príncipe, o cocheiro disse e assim fez. E o Príncipe Vipassi questionou o homem
que havia seguido a vida santa.
‘Príncipe,
como um contemplativo eu de modo correto sigo o Dhamma ... e tenho correta
compaixão pelos seres vivos.’
‘Bendito
aquele que seguiu a vida santa ...’
2.15.
“Então, o Príncipe Vipassi disse para o cocheiro: ‘Você conduza a carruagem de
volta ao palácio. Mas eu ficarei aqui,
rasparei o cabelo e a barba, vestirei os mantos de cor ocre; deixarei a
vida em família e seguirei a vida santa.’
‘Muito bem,
Príncipe,’ o cocheiro disse e regressou ao palácio. E o Príncipe Vipassi,
raspando o cabelo e a barba e vestindo os mantos de cor ocre, deixou a vida em
família e seguiu a vida santa.
2.16. “E
uma grande multidão na capital real, Bandhumati, oitenta e quatro mil pessoas,
[10] ouviram que o Príncipe Vipassi havia
seguido a vida santa. E eles pensaram: ‘Com certeza esse não é um ensinamento e
disciplina comuns, não é uma vida santa comum, para que o Príncipe Vipassi
raspasse o cabelo e a barba, vestisse os mantos de cor ocre e seguisse a vida santa.
Se o Príncipe fez isso, por que nós não deveríamos fazer o mesmo?’ E assim,
bhikkhus, uma grande multidão, com oitenta e quatro mil pessoas, tendo raspado
o cabelo e barba e vestido os mantos de cor ocre, seguiram a vida santa com o
Bodisatva Vipassi [11] E com essa
congregação o Bodisatva esmolava nos vilarejos, vilas e cidades reais.
2.17.
“Então, o Bodisatva Vipassi, tendo se retirado para um local isolado, pensou o
seguinte: ‘Não é apropriado que eu viva com uma multidão assim. Eu devo viver
só, afastado dessa multidão.’ Assim, depois de algum tempo ele deixou aquela
multidão e permaneceu só. As oitenta e quatro mil pessoas foram numa direção, o
Bodisatva noutra.
2.18.
‘Então, quando o Bodisatva estava só, num local afastado, ele pensou: ‘Este
mundo encontra-se num estado deplorável: há o nascimento e a decadência, há a
morte e o renascimento em outros estados. E ninguém sabe como escapar desse
sofrimento, esse envelhecimento e morte. Quando será encontrada a libertação
desse sofrimento, desse envelhecimento e morte?’
“Então,
bhikkhus, o Bodisatva pensou: ‘Com o quê estando presente, ocorre o
envelhecimento e morte? O que condiciona o envelhecimento e morte?’ Então, como
resultado do discernimento proveniente da atenção com sabedoria a compreensão
surgiu: ‘O nascimento estando presente, o envelhecimento e morte ocorre, o
nascimento condiciona o envelhecimento e morte.’[12]
“Então, ele pensou: ‘O quê condiciona o nascimento?’ E a compreensão
surgiu: ‘Ser/existir [13] condiciona o
nascimento’ ... ‘O quê condiciona o ser/existir?’ ... ‘O apego condiciona o
ser/existir’ ... ‘O desejo condiciona o apego’ ... ‘A sensação condiciona o
desejo’ ... ‘O contato condiciona a sensação’ ... ‘As seis bases dos sentidos
condicionam o contato’ ...’ A mentalidade-materialidade (nome e forma) condiciona as seis
bases dos sentidos’ ... ‘A consciência condiciona a mentalidade-materialidade (nome e forma).’
Então, o Bodisatva Vipassi pensou: ‘Com o quê estando presente, ocorre a
consciência? O que condiciona a consciência?’ Então, como resultado do
discernimento proveniente da atenção com sabedoria a compreensão surgiu: ‘A
mentalidade-materialidade (nome e forma) condiciona a consciência.’
2.19.
“Então, bhikkhus, o Bodisatva Vipassi pensou: ‘Esta consciência regressa até a
mentalidade-materialidade (nome e forma) e não vai mais além. Essa é a extensão do nascimento,
envelhecimento, morte, falecimento e renascimento, isto é, da
mentalidade-materialidade (nome e forma) como condição surge a consciência, da consciência como
condição surge a mentalidade-materialidade (nome e forma), da mentalidade-materialidade (nome e forma) como
condição surgem as seis bases dos sentidos, as seis bases dos sentidos
condicionam o contato, o contato condiciona a sensação, a sensação condiciona o
desejo, o desejo condiciona o apego, o apego condiciona o ser/existir, o
ser/existir condiciona o nascimento, o nascimento condiciona o envelhecimento,
morte, tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero. E assim toda essa massa
de sofrimento tem origem.’ E com este pensamento: ‘Origem, origem’, surgiu a
visão, surgiu o conhecimento, surgiu a sabedoria, surgiu o conhecimento verdadeiro, surgiu a
iluminação em relação a coisas nunca antes ouvidas.
2.20.
“Então, ele pensou: ‘Com o quê estando ausente, não ocorre o envelhecimento e
morte? Com a cessação do quê ocorre a cessação do envelhecimento e morte?’
Então, como resultado do discernimento proveniente da atenção com sabedoria a
compreensão surgiu: ‘Estando ausente o nascimento, o envelhecimento e morte não
ocorre. Com a cessação do nascimento ocorre a cessação do nascimento e morte’
... ‘Com a cessação do quê ocorre a cessação do nascimento?’ ... ‘Com a
cessação do ser/existir ocorre a cessação do nascimento’ ... ‘Com a cessação do
apego ocorre a cessação do ser/existir’ ... ‘Com a cessação do desejo ocorre a
cessação do apego’ ... ‘Com a cessação da sensação ocorre a cessação do desejo’
... ‘Com a cessação do contato ocorre a cessação da sensação’ ... ‘Com a
cessação das seis bases dos sentidos ocorre a cessação do contato’ ... Com a
cessação da mentalidade-materialidade (nome e forma) ocorre a cessação das seis bases dos
sentidos’ ... Com a cessação da consciência ocorre a cessação da
mentalidade-materialidade (nome e forma)’ ... ‘Com a cessação da mentalidade-materialidade (nome e forma)
ocorre a cessação da consciência.’
2.21.
“Então, o Bodisatva Vipassi pensou: ‘Eu encontrei o caminho do insight, (vipassana),
para a iluminação, isto é: cessando a mentalidade-materialidade (nome e forma) cessa a
consciência, cessando a consciência cessa a mentalidade-materialidade (nome e forma). Cessando
a mentalidade-materialidade (nome e forma), cessam as seis bases dos sentidos. Cessando as
seis bases dos sentidos, cessa o contato. Cessando o contato, cessa a sensação.
Cessando a sensação, cessa o desejo. Cessando o desejo, cessa o apego. Cessando
o apego, cessa o ser/existir. Cessando o ser/existir, cessa o nascimento.
Cessando o nascimento, envelhecimento,
morte, tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero, tudo cessa. Essa é a
cessação de toda essa massa de sofrimento.’ E com este pensamento: ‘Cessação,
cessação,’ surgiu a visão, surgiu o conhecimento, surgiu a sabedoria, surgiu o conhecimento verdadeiro, surgiu a
iluminação em relação a coisas nunca antes ouvidas.
2.22.
“Então, bhikkhus, numa outra ocasião o Bodisatva Vipassi permaneceu contemplando
a origem e cessação dos cinco agregados influenciados pelo apego: ‘Assim é o
corpo, esta é a sua origem, esta é a sua cessação; assim é a sensação ...;
assim é a percepção ...; assim são as formações mentais ...; assim é a
consciência, esta é a sua origem, esta é a sua cessação.’ Enquanto ele
contemplava a origem e cessação dos agregados influenciados pelo apego, depois
de não muito tempo, a sua mente se libertou de todas as impurezas sem deixar
nenhum vestígio.”
[Fim da
segunda recitação]
3.1.
“Então, bhikkhus, o Abençoado, um arahant, perfeitamente iluminado, Buda Vipassi
pensou: ‘E se eu agora ensinasse o Dhamma?’ Depois ele pensou: ‘Este Dhamma que
eu alcancei é profundo, difícil de ver e difícil de compreender, pacífico e
sublime, que não pode ser alcançado através do mero raciocínio, ele é sutil,
para ser experimentado pelos sábios. Mas esta população se delicia com a adesão,
está excitada com a adesão, desfruta da adesão. É difícil para uma população como
esta ver esta verdade, isto é, a condicionalidade isto/aquilo e a origem
dependente. E também é difícil de ver esta verdade, isto é, o cessar de todas
as formações, o abandono de todas aquisições, o fim do desejo, desapego,
cessação, Nibbana. Se eu fosse ensinar o Dhamma, os outros não me entenderiam e
isso seria fatigante, problemático para mim .’
3.2.
“Então, estes versos nunca antes ouvidos, ocorreram para o Buda Vipassi:
‘Isso que realizei, porque devo proclamá-lo?
Aqueles cheios de cobiça e raiva nunca compreenderão.
Este Dhamma vai contra a correnteza, sutil, profundo,
difícil de ver, ninguém, cego pela paixão, poderá vê-lo.’
‘Pensando
dessa forma, a mente do Buda Vipassi tendia à inação ao invés do ensino do
Dhamma. Então, bhikkhus, o Brahma Sahampati, sabendo com a mente dele o pensamento
na mente do Buda Vipassi pensou: ‘O mundo estará perdido, o mundo estará
destruído, já que a mente do Tathagata, um arahant, perfeitamente iluminado, se
inclina à inação ao invés do ensino do Dhamma.’
3.3.
“Então, com a mesma rapidez com que um homem forte pode estender o seu braço
flexionado ou flexionar o seu braço estendido, Brahma Sahampati desapareceu do
mundo de Brahma e apareceu na frente do Buda Vipassi. Ele arrumou o seu manto
externo sobre o ombro e juntou as mãos numa reverenciosa saudação, dizendo:
‘Venerável senhor, que o Abençoado ensine o Dhamma, que o Iluminado ensine o
Dhamma. Há seres com pouca poeira sobre os olhos que estão decaindo por não
ouvir o Dhamma. Há aqueles que entenderão o Dhamma.’
3.4.
“Então, o Buda Vipassi explicou, (conforme versos acima), porque ele estava se
inclinando pela inação ao invés do ensino do Dhamma.
3.5.-6. “E
Brahma Sahampati apelou uma segunda e uma terceira vez para que o Buda Vipassi
ensinasse ... Então, o Buda Vipassi, tendo ouvido o pedido de Brahma e por
compaixão pelos seres, inspecionou o mundo com o olho de um Buda. Inspecionando
o mundo com o olho de um Buda, ele viu seres com pouca poeira sobre os olhos e
com muita poeira sobre os olhos, com faculdades aguçadas e com faculdades
embotadas, com boas qualidades e com más qualidades, fáceis de serem ensinados
e difíceis de serem ensinados e alguns que permaneciam vendo medo e culpa no
outro mundo. Como num lago com flores de lótus azuis ou vermelhas ou brancas,
algumas flores de lótus que nascem e crescem n’água florescem imersas n’água
sem sair fora d’água, enquanto que outras flores de lótus, que nascem e crescem
n’água, pousam sobre a superfície d’água, e ainda outras flores de lótus, que
nascem e crescem n’água, sobem acima do nível d’água e permanecem sem serem molhadas pela água; assim também,
inspecionando o mundo com o olho de um Buda, ele viu seres com pouca poeira
sobre os olhos ...
3.7. “Então, sabendo o seu pensamento, Brahma se dirigiu ao Buda Vipassi
com estes versos:
Tal como alguém que
esteja no pico de uma montanha
é capaz de ver todas as pessoas embaixo,
da mesma forma, Oh sábio, sábio que tudo vê,
suba ao palácio do Dhamma.
Que o Conquistador da Tristeza inspecione esta raça humana,
engolfada na tristeza,
subjugada pelo nascimento e envelhecimento.
Levante-se, Oh herói,
vitorioso na batalha!
Oh líder da caravana, sem dívidas, saia pelo mundo.
Ensine o Dhamma, Oh Abençoado:
existem aqueles que irão compreender.’
E o Buda
Vipassi respondeu a Brahma com versos:
‘Para eles estão abertas as portas para o Imortal,
que aqueles com ouvidos mostrem agora a sua fé.
Pensando que seria problemático, Oh Brahma,
eu não falei o Dhamma sutil e sublime.’
Então, o
Brahma Sahampati pensou: ‘Eu criei a oportunidade para que o Abençoado ensine o
Dhamma.’ E depois de homenagear o Buda Vipassi, mantendo-o à sua direita, ele
então desapareceu.
3.8.
“Então, o Buda Vipassi pensou: ‘Para quem devo primeiro ensinar o Dhamma? Quem
irá compreender com rapidez este Dhamma?’ Então lhe ocorreu: ‘Khanda o filho do
Rei e Tissa o filho do capelão, que vivem na capital Bandhumati. Eles são sábios, inteligentes e possuem sabedoria; faz
muito tempo que eles possuem pouca poeira sobre os olhos. Se eu ensinar o
Dhamma primeiro para Khanda e Tissa, eles irão compreendê-lo com rapidez.’ E
assim o Buda Vipassi com a mesma rapidez com que um homem forte pode estender o
seu braço flexionado ou flexionar o seu braço estendido, desapareceu dali onde
ele estava, ao pé da árvore da iluminação e reapareceu na capital real
Bandhumati, no parque do gamo de Khema.
3.9. “O
Buda Vipassi disse para o guarda do parque: ‘Guarda, vá até Bandhumati e diga
para o Príncipe Khanda e o filho do capelão Tissa: “Senhores, o Abençoado
Vipassi, um arahant, perfeitamente iluminado, chegou em Bandhumati e está no parque
do gamo de Khema. Ele deseja vê-los.”’
“’Muito
bem, senhor,’ o guarda do parque disse e foi comunicar a sua mensagem.
3.10.
“Então, Khanda e Tissa, tendo arreado algumas finas carruagens saíram de Bandhumati na direção do parque do gamo de
Khema. Eles foram até onde as carruagens permitiam e depois desceram e
continuaram a pé até onde estava o Buda Vipassi. Ao chegar eles se
cumprimentaram e sentaram a um lado.
3.11.
“Então, o Buda Vipassi transmitiu o ensino gradual a Khanda e Tissa, isto é,
ele falou sobre a generosidade, sobre a virtude, sobre o paraíso; ele explicou
o perigo, a degradação e as contaminações dos prazeres sensuais e as vantagens
da renúncia. Quando ele percebeu que a mente de
Khanda e Tissa estava pronta, receptiva, livre de obstáculos, satisfeita, clara, com serena confiança, ele explicou o ensinamento particular dos Budas: o sofrimento, a sua
origem, a sua cessação e o caminho. Como um pano limpo, com todas as manchas
removidas, irá absorver um corante de modo adequado, assim também, enquanto
Khanda e Tissa estavam ali sentados, a visão imaculada do Dhamma surgiu neles:
“Tudo que está sujeito ao surgimento está sujeito à cessação.”
3.12. E
eles, tendo visto o Dhamma, realizado o Dhamma, compreendido o Dhamma,
examinado a fundo o Dhamma; superaram a dúvida, se libertaram da perplexidade,
conquistaram a intrepidez e se tornaram independentes dos outros na Revelação
do Mestre, disseram:
‘Magnífico,
Venerável Senhor! Magnífico, Venerável Senhor! O Abençoado esclareceu o Dhamma
de várias formas, como se tivesse colocado em pé o que estava de cabeça para
baixo, revelasse o que estava escondido, mostrasse o caminho para alguém que
estivesse perdido ou segurasse uma lâmpada no escuro para aqueles que possuem
visão pudessem ver as formas. Nós buscamos refúgio no Abençoado e no Dhamma.
Que o Abençoado nos dê a admissão na vida santa e a admissão completa!’
3.13. “E
assim o Príncipe Khanda e Tissa receberam a admissão na vida santa do Buda
Vipassi e eles receberam a admissão completa. Então, o Buda Vipassi os
instruiu, motivou, estimulou e encorajou com um discurso do Dhamma, mostrando o
perigo, a degradação e a contaminação das coisas condicionadas e o benefício de
Nibbana. E ao serem instruídos, motivados, estimulados e encorajados com esse
discurso, depois de não muito tempo, a mente deles se libertou de todas as
impurezas sem deixar nenhum vestígio.”
3.14. “E
uma grande multidão com oitenta e quatro mil pessoas de Bandhumati ouviram que
o Buda Vipassi estava no parque do gamo de Khema e que Khanda e Tissa haviam
raspado o cabelo e a barba, vestido os mantos de cor ocre e deixado a vida em
família e seguido a vida santa. E eles pensaram: ‘Com certeza esse não é um
ensinamento e disciplina comuns ... pelo qual o Príncipe Khanda e Tissa o filho
do capelão seguiram a vida santa. Se eles podem fazer isso na presença do Buda
Vipassi, porque nós também não?’ E assim aquela grande multidão com oitenta e
quatro mil pessoas saíram de Bandhumati
para o parque do gamo de Khema onde estava o Buda Vipassi. Ao chegarem eles o
cumprimentaram e sentaram a um lado.
3.15.
“Então, o Buda Vipassi transmitiu o ensino gradual para aquela multidão, isto
é, ele falou sobre a generosidade, sobre a virtude, sobre o paraíso; ele
explicou o perigo, a degradação e as contaminações dos prazeres sensuais e as
vantagens da renúncia. Como um pano limpo ... irá absorver um corante de modo
adequado, assim também, enquanto aquela multidão estava ali sentada, a visão
imaculada do Dhamma surgiu neles: “Tudo que está sujeito ao surgimento está
sujeito à cessação.”
3.16.
(igual ao verso 3.12)
3.17. “E
aquelas oitenta e quatro mil pessoas receberam a admissão na vida santa do Buda
Vipassi e elas receberam a admissão completa. Então, o Buda Vipassi as instruiu
... .(igual ao verso 3.13) depois de não muito tempo, a mente delas se libertou
de todas as impurezas sem deixar nenhum vestígio.
3.18.
“Então, o primeiro grupo de oitenta e quatro mil pessoas que havia seguido a
vida santa ouviu: o Buda Vipassi veio para Bandhumati e está no parque do gamo
de Khema, ensinando o Dhamma.”
3.19.-21.
“E tudo aconteceu da mesma forma que antes ... depois de não muito tempo, a
mente delas se libertou de todas as impurezas sem deixar nenhum vestígio.
3.22.
“Naquela época, na capital real Bandhumati, houve uma grande reunião com seis
milhões, oitocentos mil bhikkhus. E quando o Buda Vipassi havia se retirado
para o seu isolamento ele pensou: ‘Agora estão reunidos na capital esse grande
número de bhikkhus. E se eu lhes desse permissão: peregrinem, bhikkhus, pelo
bem-estar de muitos, para a felicidade de muitos, por compaixão pelo mundo,
para o bem, bem-estar e felicidade de devas e humanos. Que dois não sigam pela
mesma estrada. Ensinem, bhikkhus, o Dhamma que é admirável no início, admirável no meio,
admirável no final com o correto fraseado e significado. Revelem a vida santa que é
perfeita e imaculada. Há seres com pouca poeira sobre os olhos, que estão
decaindo por não ouvir o Dhamma. Há aqueles que entenderão o Dhamma. Mas ao
final de exatamente seis anos vocês devem se reunir na capital real Bandhumati
para recitar o código de disciplina.’”
3.23.
“Então, o Brahma Sahampati, sabendo com a mente dele o pensamento na mente do Buda
Vipassi com a mesma rapidez com que um homem forte pode estender o seu braço
flexionado ou flexionar o seu braço estendido, desapareceu do mundo de Brahma e
apareceu na frente do Buda Vipassi. Ele arrumou o seu manto externo sobre o
ombro e juntou as mãos numa reverenciosa saudação, dizendo: ‘Exatamente assim,
Venerável Senhor, exatamente assim, Abençoado! Que o Abençoado dê permissão
para que esta grande assembléia peregrine pelo mundo pelo bem-estar de muitos
... por compaixão pelo mundo ... Há seres com pouca poeira sobre os olhos, que
estão decaindo por não ouvir o Dhamma. Há aqueles que entenderão o Dhamma. E
nós também faremos o mesmo que os bhikkhus, ao final de seis anos nos
reuniremos na capital real Bandhumati para recitar o código de disciplina.’”
“Tendo dito
isso, o Brahma homenageou o Abençoado e mantendo-o à sua direita, desapareceu
em seguida.
3.24.-25.
“Assim, o Buda Vipassi saiu do seu isolamento e relatou aos bhikkhus o que
havia ocorrido.
3.26. “’Eu
permito, bhikkhus, que vocês peregrinem pelo bem-estar de muitos, para a
felicidade de muitos, por compaixão pelo mundo, para o bem, bem-estar e
felicidade de devas e humanos. Que dois não sigam pela mesma estrada. Ensinem,
bhikkhus, o Dhamma que é admirável no início, admirável no meio, admirável no final com o correto
fraseado e significado. Revelem a vida santa que é perfeita e imaculada. Há
seres com pouca poeira sobre os olhos, que estão decaindo por não ouvir o
Dhamma. Há aqueles que entenderão o Dhamma. Mas ao final de exatamente seis
anos vocês devem se reunir na capital real Bandhumati para recitar o código de
disciplina.’ E a maioria daqueles bhikkhus partiram naquele mesmo dia para
peregrinar pelo país.
3.27. “E
naquela época haviam oitenta e quatro mil albergues religiosos em Jambudipa.[14] E ao final do primeiro ano os devas
proclamaram: ‘Senhores, um ano se passou, restam cinco. Ao final de cinco anos
vocês devem retornar para Bandhumati para recitar o código de disciplina,’ e da
mesma forma ao final de dois, três, quatro e cinco anos. E quando seis anos
haviam-se passado os devas anunciaram: ‘Senhores, seis anos se passaram, agora
é o momento para ir para a capital real Bandhumati para recitar o código de
disciplina!’ E aqueles bhikkhus, alguns através dos seus próprios poderes e
alguns através dos poderes dos devas, todos no mesmo dia foram para Bandhumati para recitar o código de
disciplina.
3.28.
“Então, o Buda Vipassi transmitiu estes preceitos para os bhikkhus reunidos:
‘O autodomínio paciente é o maior sacrifício,
supremo é Nibbana, assim dizem os Budas.
Não é um contemplativo aquele que fere os outros,
não é um asceta aquele que fere os outros.
Evitar todo o mal, cultivar o bem,
purificar a própria mente: esse é o ensinamento dos Budas.
Não insultar, não magoar, contenção de acordo com as regras,
moderação ao comer, manter-se afastado,
dedicar-se à mente superior, esse é o ensinamento dos Budas.’
3.29.
“Certa vez, bhikkhus, eu estava em Ukkattha, no bosque de Subhaga, ao pé de uma
grande árvore Sal. Estando ali afastado me ocorreu: ‘Não há nenhum mundo que
não tenha sido visitado por mim há tanto tempo como aquele dos devas das
moradas puras. E se eu os visitasse agora?’ E assim, com a mesma rapidez com
que um homem forte pode estender o seu braço flexionado ou flexionar o seu
braço estendido, eu desapareci de Ukkattha e apareci entre os devas de Aviha. E
muitos milhares deles vieram me saudar e ficaram em pé a um lado. Então, eles
disseram: ‘Senhor, faz noventa e um éons desde que o Buda Vipassi surgiu no
mundo.’
“’O Buda
Vipassi nasceu como um khattiya e cresceu numa família khattiya. Ele pertencia
ao clã Kondañña. O tempo de vida dele foi de oitenta mil anos. Ele realizou a
perfeita iluminação ao pé de uma árvore padiri. Ele tinha o par de nobres
discípulos Khanda e Tissa. Ele tinha três congregações de discípulos: uma com
seis milhões e oitocentos mil, outra com cem mil e outra com oitenta mil
bhikkhus e nessas três congregações todos eram arahants. O seu acompanhante
pessoal era o bhikkhu Asoka. O seu pai era o Rei Bandhuma, a sua mãe era a
Rainha Bandhumati e a capital real do Rei Bandhuma era Bandhumati. A renúncia
do Buda Vipassi foi assim, a sua vida santa foi assim, a sua busca foi assim, a
sua perfeita iluminação foi assim e assim ele girou a roda.
“’E nós,
senhor, que vivemos a vida santa sob o Buda Vipassi, tendo nos libertado dos
desejos sensuais, renascemos aqui.”
3.30. “Da
mesma forma muitos milhares de devas vieram ... (referindo-se de modo semelhante
a Sikhi e os outros Budas conforme o verso 1.12). Eles disseram: ‘Senhor, neste
éon afortunado o Buda surgiu no mundo. Ele nasceu como um Khattiya ... ele pertence ao clã Gotama; na
época dele o tempo de vida é curto, limitado e passageiro: é raro que alguém
viva até os cem anos. Ele realizou a perfeita iluminação ao pé de uma
figueira-dos- pagodes; ele tem o par de nobres discípulos Sariputta e
Moggallana; ele tem uma congregação de discípulos, mil duzentos e cinqüenta
bhikkhus e essa única congregação consiste apenas de arahants; o seu
acompanhante pessoal é Ananda; o seu pai é o Rei Suddhodana, a sua mãe foi a
Rainha Maya e a capital real é Kapilavatthu. A renúncia do Abençoado foi assim,
a sua vida santa foi assim, a sua busca foi assim, a sua perfeita iluminação
foi assim e assim ele girou a roda. E nós, senhor, que vivemos a vida santa sob
o Abençoado, tendo nos libertado dos desejos sensuais, renascemos aqui.’
3.31.-32.
“Então, eu fui com os devas do Aviha até os devas do Atappa e com eles até os
devas do Sudassa e com eles até os devas do Sudassi e com todos eles até os
devas do Akanittha. E muitos milhares deles vieram me saudar e ficaram em pé a
um lado. Então, eles disseram: ‘Senhor, faz noventa e um éons desde que o Buda
Vipassi surgiu no mundo. ... (igual aos versos 3.29-30).
3.33. “E
assim é, bhikkhus, que tendo penetrado o elemento do Dhamma, o Tathagata se
recorda dos Budas do passado que realizaram o Parinibbana, eliminaram [o
emaranhado da] proliferação, cortaram o desejo, deram fim ao ciclo e superaram
todo o sofrimento; ele se recorda dos nascimentos deles, dos seus nomes, dos
seus clãs, dos seus pares de discípulos, das suas congregações: ‘Esses
Abençoados nasceram assim, foram chamados assim, o clã deles era assim, as suas
virtudes eram assim, o estado deles [de concentração] era assim, a sabedoria
deles era assim, a sua permanência [nas realizações] era assim, a libertação
deles foi assim.”
Isso foi o
que disse o Abençoado. Os bhikkhus ficaram satisfeitos e contentes com as palavras
do Abençoado.
Notas:
[1] Igual ao MN 123.6. [Retorna]
[2] Dhammata: aquilo que está em consonância com o Dhamma como
lei universal. [Retorna]
[3] Este é um dos infernos. [Retorna]
[4] Os Quatro Grandes Reis. [Retorna]
[5] Todas essas coisas, de acordo com DA são simbólicas. O permanecer com os pés, (pada),
com firmeza sobre o solo, foi o presságio da sua realização das quatro bases para o poder espiritual,
(iddhipadani). Voltar-se para o norte denota ir além e superar a multidão. Os sete passos a aquisição dos sete fatores da iluminação,
(bojjhanga). O pára-sol branco, a obtenção do pára-sol da libertação. A inspeção dos
quadrantes, a obtenção da omnisciência desobstruída. O pronunciamento do líder do rebanho denota
a irreversível colocação em movimento da Roda do Dhamma e a declaração do último nascimento é o rugido do leão
daquele que será um Arahant. [Retorna]
[6] Então, essa luminosidade aparece duas vezes, na concepção e no
nascimento de um Bodisatva.[Retorna]
[7] Essas marcas são tratadas em mais detalhes no DN
30. Veja também as notas nesse sutta. [Retorna]
[8] Relacionado com vipassana, insight. [Retorna]
[9] Antepuram: tem o sentido literal de aposentos íntimos e em
geral significa o harém. De acordo com o verso 1.38, os atendentes de Vipassi
eram todas mulheres. DA diz que ele as dispensou e ficou só, lamentando, ‘como
se o seu coração tivesse sido dilacerado por esta primeira flecha.’ [Retorna]
[10] Esta é uma convenção usada com o significado de ‘um grande número’ [Retorna]
[11] Vipassi é pela primeira vez chamado Bodisatva, agora, depois de ter
seguido a ‘vida santa’. [Retorna]
[12] A compreensão da origem dependente, (paticca-samuppada):
neste sutta, bem como no DN 15, apenas os elos 3-12 são mencionados. [Retorna]
[13] Bhava: o processo de ser/existir ou devir.
Isto também corresponde aos primeiros dois elos do ciclo da origem dependente
não mencionados neste sutta, que representam o processo de devir numa vida
passada. [Retorna]
[14] ‘Terra do jambo-rosa,’ isto é, Índia. [Retorna]
Revisado: 14 Setembro 2013
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