Anguttara Nikaya III.39
Sukhamala Sutta
Refinamento
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Nota: As edições da Pali Text Society separam este
discurso em dois discursos – III.38 e III.39 – divididos onde se encontra o
triplo asterisco (***). Edições asiáticas tratam como um discurso apenas,
numerado como III.39. O verso autobiográfico ao final da Segunda metade – que é
idêntico ao verso que conclui AN V.57 – se encaixa perfeitamente com a parte
autobiográfica contida na primeira metade do discurso, sugerindo que a intenção
é de que ambos permaneçam juntos.
***
“ Bhikkhus, Eu vivi em refinamento, o maior refinamento, refinamento
total. Meu pai mandou construir no nosso palácio lagos com flores de lótus: um
onde floresciam lótus vermelhas, outro
onde floresciam lótus brancas, outro onde floresciam lótus azuis, tudo em meu
beneficio. Eu não usava outro sândalo que não fosse de Benares. Meu turbante
era de Benares, como era minha túnica, minha roupa de baixo e minha capa. Uma
sombrinha branca era mantida sobre mim durante o dia e noite para proteger-me
do frio, calor, poeira, sujeira e orvalho.
“ Eu tinha três palácios: um para a estação fria, um para a estação
quente e um para a estação das chuvas. Durante os quatro meses da estação das
chuvas eu era entretido no palácio para
a estação das chuvas por menestréis e não havia nenhum homem entre eles, e eu
não saia nunca do palácio. Enquanto que os serviçais, trabalhadores e
empregados nas casas de outras pessoas eram alimentados com sopa de lentilhas e
arroz quebrado, na casa do meu pai os serviçais, trabalhadores e empregados
eram alimentados com trigo, arroz e carne.
“ Apesar de ter sido favorecido com essa boa sorte, com tal total
refinamento, o pensamento me ocorreu: ‘Quando uma pessoa sem instrução, uma
pessoa comum, sujeita ao envelhecimento, que não superou o envelhecimento, vê
um outro que está envelhecido, ela fica horrorizada, repelida e enojada, sem
se dar conta, de que ela também está sujeita ao envelhecimento, que não superou
o envelhecimento. Se eu – que estou sujeito ao envelhecimento, que não superei
o envelhecimento – ficasse horrorizado, repelido e enojado vendo uma pessoa
que é velha, isso não seria digno.’ Notando isso, a [típica] embriaguez de um
jovem com a juventude desapareceu completamente.
“ Apesar de ter sido favorecido com essa boa sorte, com tal total
refinamento, o pensamento me ocorreu: ‘Quando uma pessoa sem instrução, uma
pessoa comum, sujeita a enfermidade, que não superou a enfermidade, vê um outro
que está enfermo, ela fica horrorizada, repelida e enojada, sem se dar
conta, de que ela também esta sujeita à
enfermidade, que não superou a enfermidade. Se eu – que estou sujeito à
enfermidade, que não superei a enfermidade – ficasse horrorizado, repelido e enojado vendo uma pessoa que está enferma, isso não seria digno.’ Notando isso,
a [típica] embriaguez de uma pessoa saudável com a saúde desapareceu completamente.
“ Apesar de ter sido favorecido com essa boa sorte, com tal total
refinamento, o pensamento me ocorreu: ‘Quando uma pessoa sem instrução, uma
pessoa comum, sujeita à morte, que não superou a morte, vê um outro que está
morto, ela fica horrorizada, repelida e enojada, sem se dar conta, de que ela também esta sujeita à morte, que
não superou a morte. Se eu – que estou sujeito à morte, que não superei a morte
– ficasse horrorizado, repelido e enojado vendo uma pessoa morta, isso não seria digno.’ Notando isso,
a [típica] embriaguez de uma pessoa viva com a vida desapareceu completamente.
***
“ Bhikkhus, existem esses três tipos de embriaguez. Quais três?
Embriaguez com a juventude, embriaguez com a saúde, embriaguez com a vida.
“ Embriagado pela embriaguez da juventude uma pessoa sem instrução, uma
pessoa comum engaja no comportamento corporal impróprio, comportamento verbal
impróprio e comportamento mental impróprio. Tendo engajado no comportamento
corporal impróprio, no comportamento verbal impróprio, no comportamento mental
impróprio, ela – na dissolução do corpo, após a morte – renasce num estado de privação, num destino
infeliz, nos reinos inferiores, até mesmo no inferno
.
“ Embriagado pela embriaguez da saúde uma pessoa sem instrução, uma
pessoa comum engaja no comportamento corporal impróprio, comportamento verbal
impróprio e comportamento mental impróprio. Tendo engajado no comportamento
corporal impróprio, no comportamento verbal impróprio, no comportamento mental
impróprio, ela – na dissolução do corpo, após a morte – renasce num estado de privação, num destino
infeliz, nos reinos inferiores, até mesmo no inferno
.
“ Embriagado pela embriaguez da vida uma pessoa sem instrução, uma
pessoa comum engaja no comportamento corporal impróprio, comportamento verbal
impróprio e comportamento mental impróprio. Tendo engajado no comportamento
corporal impróprio, no comportamento verbal impróprio, no comportamento mental
impróprio, ela – na dissolução do corpo, após a morte – renasce num estado de privação, num destino
infeliz, nos reinos inferiores, até mesmo no inferno
.
“ Embriagado pela embriaguez da juventude, um Bhikkhu abandona o
treinamento e retorna para a vida inferior. Embriagado pela embriaguez da
saúde, um Bhikkhu abandona o treinamento e retorna para a vida inferior.
Embriagado pela embriaguez da vida, um Bhikkhu abandona o treinamento e retorna
para a vida inferior.
‘ Sujeito ao
nascimento, sujeito ao envelhecimento,
sujeito à morte,
pessoas comuns
sentem repulsa por aqueles que sofrem
por aquilo a que elas mesmas estão sujeitas.
E se eu sentisse repulsa
por seres sujeitos a essas coisas,
isso não seria digno,
vivendo como eles vivem.’
Enquanto mantinha essa atitude-
conhecendo o Dhamma
sem aquisições –
eu superei toda embriaguez
com a saúde, juventude e vida
como um que enxerga
na renúncia o descanso.
Para mim,
a energia foi estimulada,
a Libertação podia ser vista claramente.
Agora de nenhuma forma
poderia desfrutar de prazeres dos sentidos.
Tendo seguido a vida santa,
não retornarei.
Revisado: 8 Abril 2011
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